Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador FGV. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador FGV. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Apostar no Rio de Janeiro


Temos alguns meses para encontrar formas de continuidade da intervenção federal na segurança do estado que se ajustem aos termos de uma guerra irregular


Grandes desastres geram às vezes grandes mudanças. O sofrimento excessivo desperta energias transformadoras. Seremos nós capazes de algo assim? Mirar para além dos lamentos e das acusações neste lamaçal infeliz em que nos metemos?  Aposto que, apesar da confusão reinante, uma grande aliança pode se formar nos próximos meses para perseguir objetivos de interesse comum. Melhor dizendo, aposto em alianças, no plural, que se ampliam e se restringem, conforme o assunto e a região. Para começar, sugiro quatro temas que poderiam ser objeto dessas concertações.

Enfrentar a guerra que nos destrói. Estamos em guerra. Não a guerra convencional, entre Estados e exércitos, mas uma guerra pós-moderna, que escapa ao padrão anterior. De um lado, temos o Estado, com suas forças, e de outro estão atores não estatais que se misturam pelos territórios. Guerras assim assumem diferentes perfis, com terroristas, guerrilheiros ou narcotraficantes, que navegam com desenvoltura pelos mercados ilícitos.  Essas guerras são de longa duração, como se vê no Afeganistão, na Colômbia ou no Rio de Janeiro. Fala-se delas como uma “guerra irregular”, que exige novas estratégias. Segundo especialistas militares, o confronto armado não é decisivo neste tipo de conflito. As batalhas se repetem, em baixa intensidade e alto sofrimento, mas não levam a uma solução.

As forças da lei vencem batalhas, mas não ganham a guerra. De fato, a tática decisiva é isolar os poderes paralelos das comunidades em que se criam. Isto implica trabalho social específico. E mais, sem o respeito às populações onde os poderes paralelos se acham, não há como isolá-los e derrotá-los. Por outro lado, novas formas de cooperação entre as Forças Armadas e as polícias precisam ser desenhadas, para além dos termos da Constituição de 1988.  Temos alguns meses para encontrar formas de continuidade da intervenção federal na segurança do Rio que se ajustem aos termos de uma guerra irregular. Encontrar formas de cooperação entre Forças Armadas e polícias que não repitam o modelo autoritário dos anos 70, nem caiam nas limitações das Garantias da Lei e da Ordem.

Reduzir as desigualdades, fonte maior das injustiças que semeiam o rancor. Isto exige programas de inclusão urbanística das favelas e periferias. Racionalizar a mobilidade urbana e intermunicipal. Revolucionar a educação básica, que sofre condições lamentáveisChegar junto da juventude que está fora da escola e do trabalho lícito. As intervenções com os nem nem” são baratas e eficazes. São ações indispensáveis para paulatinamente esvaziar o criadouro dos soldados do crime.  Retomar o crescimento econômico, pois fica difícil reduzir desigualdades quando mergulhados em depressão. 

Inteligência não falta. A Firjan, a FGV e outros centros têm os planos desenhados. Tudo indica que a indústria do petróleo ganha novo alento.  A indústria do turismo pode brilhar de Paraty a Campos de Goytacazes, nas Serras e nos parques. O turismo carece sobretudo de uma política de segurança especializada, o que é viável, a curto prazo. A indústria criativa é outra vocação que nos devolve o desejo do futuro.  Restaurar a autoridade do Estado e de seus servidores. O Estado desmoralizado não encara esta guerra, não reduz as desigualdades, não promove o crescimento. O desequilíbrio fiscal e a crise da Previdência agravam a situação. Recuperar o Estado exige múltiplas terapias. A inteligência também existe, mas a opinião pública é defensiva. Falta ganhar os amantes dos bens públicos para que se engajem na salvação do nosso estado.  Que o debate eleitoral não nos arraste de volta ao teatro de horrores. Que o debate nos ajude a produzir ao menos consensos parciais, que abram caminhos.



 Rubem César Fernandes, antropólogo - O Globo

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Porta-voz do Covil luloptista, Folha diz que o PT vê no bandoleiro Boulos substituto de Lula, o maior ladrão do Brasil. Faz sentido

Dirigentes do PT detectaram sinais de que Guilherme Boulos, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), está se preparando para ocupar o lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando ele sair de cena. Boulos tem deixado claro que não pretende disputar a próxima eleição presidencial se Lula estiver no páreo, mas a avaliação na cúpula petista é que não existem hoje no partido sucessores que vistam tão bem como Boulos o figurino de líder de massas.

Nas discussões internas, dirigentes petistas dizem que tanto a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do partido, como Lindbergh Farias (RJ), líder no Senado, poderiam pegar o bastão, mas lembram que eles não são unanimidade no PT e enfrentam problemas na Justiça.

O projeto Boulos é de longo prazo. Mesmo que Lula seja impedido pelos tribunais de disputar a eleição de 2018, petistas não veem o líder do MTST como opção imediata. Nesse cenário, acham que ele poderia entrar na corrida presidencial como candidato do PSOL, como já se cogita na sigla.[natural, por ser sabido que os dejetos sempre procuram os esgotos.
Lindbergh talvez cumpra uma pena alternativa, mas Gleisi vai bater coxa durante algum tempo em uma penitenciária feminina e Lula, mesmo Deus lhe concedendo vida longa, purgará enjaulado até próximo de completar oitenta janeiros. ]

Recessão econômica provocada pela dupla corrupta Lula-Dilma foi a mais intensa desde 1980, aponta FGV


Após uma longa recessão, a atividade econômica brasileira entrou num período de expansão a partir do primeiro trimestre de 2017, mas a retomada tem sido mais lenta do que nos períodos de crise registrados no passado, segundo avaliação do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (Codace/FGV).

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 8,6% em 11 trimestres de recessão. Em reunião na última sexta-feira, o Codace, órgão independente criado pela FGV para acompanhar os ciclos da economia, identificando períodos de expansão e retração, marcou o quarto trimestre de 2016 como o fim da recessão. O ciclo de retração tinha começado no segundo trimestre de 2014.
"Além de a recessão terminada no quarto trimestre de 2016 ter sido longa e intensa, o Comitê avaliou que a recuperação tem se mostrado até aqui lenta em comparação com o padrão observado nas saídas de recessões anteriores", declarou o Codace em comunicado divulgado nesta segunda-feira.

O comitê avaliou que a recessão de 2014-2016 foi a mais longa entre as nove datadas pelo órgão a partir de 1980, empatada com a de 1989-1992. A perda acumulada pelo PIB também foi a mais intensa da série histórica, mas muito similar com a queda de 8,5% do PIB na recessão de 1981-1983. O cálculo teve como base os dados das Contas Nacionais apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 


sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A retomada da harmonia

Foi tensa, polêmica e cansativa a sessão da última quarta-feira no Supremo Tribunal Federal. Com legítimos argumentos jurídicos e uma boa dose de malabarismos verbais travestidos de tecnicismo, os ministros da mais alta corte de Justiça do País concluíram que cabe ao Parlamento avalizar decisões do STF que punam cautelarmente, com o afastamento do cargo, parlamentares no exercício de seus mandatos. Não foi uma decisão fácil. Cinco ministros votaram contra e o voto de desempate foi proferido pela presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia. Sensata, embora vacilante, ao declarar o veredicto, a ministra restabeleceu, ainda que temporariamente, a indispensável harmonia entre os poderes constituídos. A postura equilibrada da ministra, no entanto, lhe colocou como alvo de rigorosas críticas da direita, do centro e da esquerda. Mas, jurista experiente, Cármen Lúcia sabe que não está no comando do STF para ser popular e sim para defender a Constituição e assegurar o estado Democrático de Direito, independentemente do currículo dos cidadãos que compõem os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.


Parte significativa dos petardos disparados contra a presidente do STF afirma que o veredicto da quarta-feira deturpa o conceito da imunidade parlamentar e favorece a condenável prática da impunidade, uma vez que deputados e senadores envolvidos em delitos poderiam, em tese, serem protegidos por seus pares. É verdade que no Legislativo assim como no Judiciário o chamado espírito de corpo costuma se sobressair, mas usar essa distorção para atacar a decisão tomada pelo Supremo na semana passada não passa de discurso populista de ocasião. O STF não determinou que parlamentares não sejam atingidos pelas decisões do Judiciário. Ficou estabelecido é que as decisões cautelares que impliquem em afastamento do cargo, obtido pelo voto popular, é que deverão ser avalizadas pela Câmara ou pelo Senado.

Na verdade, o que assegura a impunidade e gera enorme e justificada indignação popular é a lentidão com que o Judiciário trata das questões envolvendo as autoridades detentoras de foro privilegiado, entre elas deputados, senadores e também membros do Judiciário. Levantamento feito pela FGV Direito do Rio de Janeiro mostra que na Suprema Corte respondem a inquéritos já instaurados 33 senadores e 152 deputados eleitos em 2014. Além desses, há casos que tramitam pelos gabinetes do STF há mais de cinco anos sem que sejam levados a julgamento ou a imposição de medidas cautelares. 

É essa lentidão, provocada muitas vezes por um extraordinário número de recursos, que inviabiliza a punição àqueles que delinquiram e agiram contra os interesses do eleitor e do País. A história do deputado Paulo Maluf ilustra isso muito bem. Na última terça-feira, a primeira turma do STF manteve a condenação a que o deputado foi submetido de sete anos, nove meses e dez dias de cadeia pelos crimes de lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos durante o período em que foi prefeito de São Paulo, entre 1993 e 1996. Ainda cabe recurso e Maluf continua zombando dos brasileiros. O deputado deixou a Prefeitura de São Paulo há 21 anos e até agora não foi punido. Isso é impunidade e ela se dá sob as barbas da mais alta corte de Justiça do País. [importante no julgamento em comento é ter a serventia de lembrar que as leis são impessoais, portanto, não podem ser usadas com o fim específico (as vezes até adaptadas) de punir determinado transgressor.
Um exemplo que sempre salto aos olhos é o caso da punição criada pelo falecido ministro Teori Zavascki, especialmente para punir o deputado Eduardo Cunha.
O então ministro entendeu que Cunha deveria deixar de ser deputado e sabendo ser impossível sua cassação pelo STF, decidiu criar a figura da 'suspensão do mandato parlamentar' (punição inexistente na legislação pátria), decretou a punição e o Supremo desrespeitando todo o ordenamento jurídico, incluindo e principalmente a Carta de 88,  referendou tal absurdo.]

Fonte: Mario Simas Filho,  diretor de redação da revista ISTOÉ  

 

domingo, 13 de agosto de 2017

Maia critica proposta de fundo público de R$ 3,6 bilhões para eleições

Segundo o presidente da Câmara, a ideia inicial seria que o fundo partidário fosse transitório e sua transformação em permanente na reforma política é 'grave'

O presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia, criticou nesta sexta-feira (11) a proposta de criação de um fundo partidário no valor de R$ 3,6 bilhões para financiamento das eleições a partir de 2018. A proposta consta de relatório aprovado na noite da última quarta pela comissão da reforma política na Câmara, que também inclui a mudança do sistema eleitoral para o distritão, em substituição às eleições proporcionais. 

[Maia reclama de algo que ele pode consertar - ainda que de forma indireta - além de ter competência para decidir quando levar a matéria a Plenário, poderá retardar o seu envio ao Senado e assim impedir que ela já regule as eleições de 2018.
Basta apenas ter peito para assumir sua posição.]
Segundo Maia, a ideia inicial seria que o fundo partidário fossse transitório, com o valor sendo reduzido progressivamente, mas houve mudanças de última hora no texto que fixou o montante de forma permanente. Maia disse que a proposta é "muito grave", porque configura em sinalização ruim do parlamento à sociedade, principalmente em momento de dificuldade do governo em manter suas contas públicas sob controle e prestes a elevar sua meta de rombo fiscal. 

Maia não indicou quando a proposta de reforma política será colocada em votação no plenário da Câmara. Se aprovadas até setembro, as novas regras já valerão para a eleição de 2018. "A reforma política não parece a melhor. O texto aprovou como permanentes questões que deveriam ser transitórias. O texto original era para que o fundo fosse reduzido ao longo do tempo. A sociedade não concorda com esse valor alto. Como permanente, acho muito grave", disse Maia, em seminário da FGV, no Rio. 
 
DISTRITÃO
Maia também criticou a adoção do sistema chamado distritão sem que se aprove a chamada cláusula de barreira, que é mecanismo que visa a redução do número de partidos com acesso a financiamento público. No distritão, são eleitos os parlamentares com as maiores votações, o que eliminará a chamada eleição proporcional, na qual um candidato bem votado contribui para eleição de outros candidatos da legenda ou da coligação. 

Especialistas dizem que o distritão irá favorecer políticos mais conhecidos e com mais recursos para fazer campanha. Maia disse que a reforma que foi posta não é boa, mas disse que o Supremo Tribunal Federal proibiu o financiamento privado de campanha de forma muito abrupta, e agora os partidos estão em busca de modelo para se financiar.
"O distritão sem cláusula de desempenho alto [cláusula de barreira] e sem financiamento privado é ruim", disse. 

Ele afirmou que, no caso da proposta de distritão com financiamento público e sem cláusula de barreira, deveria haver mecanismos para garantir a fidelidade partidária. Políticos com muito voto poderiam criar seus próprios partidos, multiplicando ainda mais a quantidade de legendas no país. "Senão vamos ter 513 partidos e isso não é bom", disse.


DISTRITAL MISTO
O único ponto da proposta elogiado por Maia foi a aprovação do voto distrital misto a partir de 2022. Nesse sistema, metade do parlamento é formado por candidatos de distritos dentro dos Estados. A outra metade será formada por uma lista fechada dos partidos.
A ideia é que o distritão, aprovado pela comissão para 2018, seja uma transição para o distrital misto em 2022. "O sistema eleitoral atual faliu e tudo caminha para termos o distrital misto em 2022. A transição que não está boa", disse. 

Fonte: Folha de S. Paulo - Blog do Reinaldo Azevedo

 

 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Incerteza política abala a confiança do consumidor

A expectativa das famílias e o ímpeto de compra começaram refletir a piora no cenário político. A confiança do consumidor caiu 1,9 ponto em junho, apurou o índice da FGV, agora em 82,3 pontos. A crise do governo provocou uma reação negativa em cadeia na perspectiva dos entrevistados.

O abalo maior foi na visão das famílias sobre o futuro. A parte do índice que mede as expectativas recuou 2,9 pontos em um mês. A pior influência no resultado veio das perspectivas sobre a situação financeira das famílias, com queda de 5,6 pontos. A confiança, mesmo com os altos e baixos recentes, apresentava tendência de melhora. Apesar do mergulho de junho, em um ano o índice avançou 9,5 pontos.

Os próximos dados sobre atividade vão revelar se a desconfiança de fato se converteu em encolhimento do consumo. Mas os primeiros sinais são negativos. A FGV coletou informações de 1.929 domicílios.


Fonte: Blog da Miriam Leitão 

 

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Minha vida virou um inferno, diz Guido Mantega

O ex-ministro afirma que teme ser preso, pois é o principal cuidador da mulher, que trata um câncer no intestino

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega disse que sua vida virou um inferno após ter sido preso no ano passado, acusado de pedir 5 milhões de reais ao empresário Eike Batista para pagar dívidas de campanhas petistas. Em entrevista para o jornal Folha de S.Paulo, Mantega admitiu que teme ser preso novamente. “Sim, tenho temor. Eu sou a principal pessoa que cuida da minha mulher, que dá sustentação psicológica para ela. Temo o que aconteceria com ela se eu fosse preso. Se você olhar as acusações, as provas, elas são frágeis, não se sustentam. Eu espero que a Justiça faça justiça”, afirmou.

No dia em que sua prisão foi determinada, Mantega acompanhava a mulher, Eliane, que faria uma cirurgia no hospital Albert Einstein. Ela trata um câncer no intestino desde 2011. Os policiais foram recebidos pelo filho do ex-ministro, de 15 anos. “Sabe o que é uma entrada da polícia às 6h da manhã na sua casa, inesperadamente? É um choque porque eles pegam testemunhas entre os vizinhos, pegaram até na padaria. É uma desmoralização. Você imagina o vexame, na sua casa, um monte de jornalista, “tá sendo preso””, disse ele na entrevista.

Mantega negou ter participado de esquema de corrupção em que teria sido citado pelos delatores Marcelo Odebrecht, Monica Moura e João Santana. Ele diz que os delatores criaram “ficções” para conseguir fechar delação premiada, inventando histórias “inverossímeis” e sem provas.  “[…] Para você conseguir uma delação, tem que entregar pessoas do alto escalão do governo. Um ou dois presidentes [da República] e um ou dois ministros. De certa forma é uma exigência. E aí fala do ministro sem provas”, afirmou.

Ele diz que tem feito projetos na FGV. “Mas é só um trabalho interno. Não estou dando aula. Participo de seminários fechados, pequenos. Praticamente perdi a minha reputação, com mentiras, diga-se de passagem, seja na área econômica, seja nessa questão. A minha vida virou um inferno.”

Fonte:  Revista VEJA


 

sábado, 9 de julho de 2016

A piora na vida dos mais pobres = a volta da miséria

VEJA revisitou brasileiros cuja realidade havia melhorado em 2010 e constatou na vida real o que as estatísticas registram no papel: a fome voltou a rondar as mesas, e os sonhos, como o de fazer faculdade, deram lugar ao medo do desemprego

A previsão constava de um estudo do Ipea feito em 2010: em 2016, dizia, a miséria daria traço no Brasil - a pobreza extrema estaria "praticamente superada" e se transformaria em uma insignificância estatística. Havia razão para tanto otimismo. Naquele ano, o último do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o crescimento do PIB havia fechado em 7,5%, o maior desde 1986. Mais de 13 milhões de brasileiros já tinham desembarcado da extrema pobreza, e o poder de compra do salário mínimo havia aumentado quase 10% ao ano, no período compreendido entre 1995 e 2008. Passados seis anos, no entanto, o Brasil anda de marcha a ré. Novos estudos, estes coordenados por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), indicam que os miseráveis - aqueles que não deveriam mais existir em 2016 - estão, na verdade, prestes a aumentar.

Um dos dados que mostram a iminência desse fenômeno é a queda inédita e simultânea de dois índices importantes no último trimestre de 2015: o da renda da população e o da "taxa de equidade", que mede quanto o país está mais igual - e, portanto, menos desigual. Ambos compõem o índice de bem-estar social da FGV. As duas quedas, da renda e da equidade, decorrem dos mesmos fatores, afirma Neri: "A inflação leva dois terços da culpa e a falta de emprego, incluindo o informal, é responsável pelo outro terço".

Até o fim de 2016, a renda per capita dos brasileiros deve recuar quase 10% em relação a 2014, aponta outro estudo da FGV. Será a segunda maior queda em 116 anos. Pior que esse tombo, apenas o do triênio 1981-1983, também marcado por uma crise econômica grave. Segundo um estudo da consultoria Tendências, a derrocada vai levar 7,8 milhões de brasileiros de volta à pobreza e seu entorno. Se o país não voltar a crescer até 2018, haverá mais pessoas nessa situação do que em 2005, ainda nos primeiros anos do governo Lula, prevê a consultoria.

No mês passado, VEJA percorreu cidades do Ceará, Bahia e Minas Gerais para revisitar brasileiros que em 2010 falaram à revista sobre seus planos e esperanças. O título da reportagem era "A vida melhorou". Nesta apuração, no entanto, o que se viu foi a confirmação, na vida real, daquilo que registram os indicadores econômicos. Para todos os entrevistados, a vida piorou.

Compre a edição desta semana no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no iba clube.

 

domingo, 24 de janeiro de 2016

Um barril de erros

Quando o petróleo despenca, é inevitável pensar no tempo irremediavelmente perdido pelo erro de mudar o marco regulatório. Foram suspensas as rodadas que traziam investidores para o país entre 2008 e 2013, para fazer a mudança do modelo de concessão para partilha. Nesse período, o barril subiu e ficou acima de US$ 100. O mundo buscava novas fontes de produção e estava interessado no pré-sal.

Hoje, o panorama é outro. O preço despencou e oscila na casa de US$ 20 a US$ 30, a Petrobras está superendividada, sem caixa, precisando vender ativos. A corrupção atingiu a empresa, se espalhando por todos os campos em desenfreadas prospecções. A petrolífera está anêmica e tem a obrigação de ser operadora de todos os campos. É por isso que especialistas fazem o diagnóstico de que só há duas opções para o pré-sal: continuar dependente da Petrobras e atrasar investimentos ou ser feita alteração de regras para atrair outras empresas. Apesar da queda dos preços, o setor de óleo e gás poderia ajudar a recuperação do país. Mas, a exemplo do que aconteceu com a energia elétrica, a área sofre os efeitos das intervenções desastradas dos governos Lula e Dilma.

O diretor executivo da Accenture Strategy, Daniel Rocha, líder da área de Energia da consultoria no Brasil, mapeou o setor em estudo feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele explica que o modelo de partilha adotado pelo governo Lula ainda gera muitas dúvidas entre os investidores, mesmo seis anos após a sua aprovação. No ritmo em que está, o país não consegue se tornar autossuficiente na área de óleo e gás antes de 2022. Continuará tendo fortes déficits comerciais na energia, com muita importação de petróleo leve, gás natural, gasolina, diesel e outros tipos de derivados. Não acho que seja necessário rever o modelo porque isso provocaria mais paralisia. Mas é fundamental alterar regras, como o conteúdo nacional, que não tem dado resultado, e também a obrigatoriedade da Petrobras ser operadora em todos os campos — afirmou Rocha.

Se antes as rodadas de licitação ficaram congeladas pela mudança do modelo; hoje elas pouco acontecem porque a Petrobras não tem capacidade de investir: Mesmo com preços baixos, se houver segurança, haverá investimento. Isso pode ajudar o país a sair da crise, com o governo aumentando a arrecadação via bônus de assinatura, royalties e participação especial. A cadeia de produção é longa e pode ser reestruturada se as rodadas tiverem continuidade.

Daniel Rocha explica que o custo de US$ 8 na exploração do pré-sal divulgado pela Petrobras é apenas o lifting cost, ou seja, o quanto se gasta na extração do óleo nos campos atuais, que já estão operando. Mas o breakeven do modelo de negócio, ou seja, o preço mínimo para ter lucro, que inclui o investimento em novos campos, exploração e venda dos produtos, continua na casa de US$ 35 a US$ 40. [enquanto o petróleo BRENT, de qualidade superior ao do pré-sal,  tem o preço abaixo de US$ 30.]
 
Quando o estudo da Accenture e da FGV foi divulgado, em outubro do ano passado, os preços do petróleo do tipo brent estavam na casa de US$ 50. Esta semana, bateram em US$ 27. A estimativa da consultoria é de que aconteça uma recuperação nos próximos meses, mas existe um “teto” para o preço, em torno de US$ 50 a US$ 55. Isso porque somente o Irã será capaz de vender no mercado cerca de 600 mil barris/dia este ano, podendo elevar a produção para mais de 3 milhões no ano que vem. Além disso, a nova tecnologia de extração não convencional nos EUA consegue colocar em operação um campo paralisado em apenas três meses, respondendo rapidamente a um aumento dos preços. — Há a desaceleração da China, e o mundo está buscando cada vez mais a eficiência energética, para diminuir a dependência do petróleo. Isso muda as projeções de consumo — afirmou Daniel Rocha.

Por causa da política dos preços de combustíveis, o Brasil ficou com o pior nos dois mundos. Na era da alta cotação do petróleo, a Petrobras foi descapitalizada pelo subsídio populista à gasolina
Agora, com os preços baixos, a energia derruba a inflação no mundo inteiro, mas não no Brasil, e a Petrobras corre o risco levar outro prejuízo com a importação de outras empresas.

Foram decisões assim que enfraqueceram a maior companhia do país. A corrupção foi o verme que contaminou o organismo da petrolífera. A operação Lava-Jato faz parte da solução.

Coluna da Míriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo



quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Efeito da inflação entre os mais pobres é ainda mais perverso



A FGV estimou que, em 2015, a inflação dos mais pobres ficou em 11,52%, pior do que o 10,53% registrado pelo IPC, o índice completo. Os que ganham menos são os maiores prejudicados pela alta dos preços. Inflação sempre foi a grande concentradora de renda no Brasil, o que empobrece os pobres. Combatê-la é também uma política social.

Os mais pobres gastam uma parte maior da renda na compra de alimentos e o indicador da FGV leva isso em consideração. Os preços aumentam, e a renda de quem ganha menos fica ainda menor. No Plano Real, a inflação caiu e a redução do percentual de pobres foi forte naquele primeiro momento. Esse efeito distributivo positivo sempre foi negado pelo PT. O partido acha que o combate à inflação é de interesse dos banqueiros porque eleva os juros. Na verdade, a inflação baixa evita que os juros sejam elevados.

Aquela ideia praticada no primeiro mandato de que a taxa mais alta incentiva o crescimento é errada. Essa tese foi testada em momentos anteriores e fracassou várias vezes. A inflação destrói a capacidade de crescimento de um país porque reduz a renda e desorganiza a vida das empresas. O combate à alta dos preços deve estar sempre no centro de qualquer política econômica decente.

Para 2016, os especialistas têm dito que a taxa deve continuar próxima a 1% nos primeiros meses. É alta, mas um pouco menor que aquela registrada em 2014. Há a chance de o acumulado em 12 meses pelo índice oficial, o IPCA, recuar dos dois dígitos no primeiro trimestre. Vários especialistas acham que a inflação vai diminuir um pouco, mas terminará 2015 ainda acima do teto da meta, em torno de 7,5% e 8%. 

Mesmo confirmada a projeção de taxa um pouco menor em 2016, não será possível comemorar. A celebração tem que ser marcada para o dia em que o país atingir a meta de 4,5%. Será um conforto para a economia como um todo, em especial para os mais pobres, que vão sentir a vida melhorando.

Fonte: Blog da Miriam Leitão