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sexta-feira, 20 de março de 2020

Coisa de doido - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

País parado e o vírus matando pessoas e empresas. É hora de o ‘03’ chutar a China?

Enquanto o ministro Luiz Henrique Mandetta contrariava a percepção geral e chamava o presidente de “grande timoneiro” da reação ao coronavírus, indiretamente comparando Jair Bolsonaro a Mao Tsé-Tung na revolução cultural chinesa, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) dava mais uma canelada infantil, mas doída, na China, principal parceiro comercial do Brasil. Ao falar da pandemia, o “03” acusou que “a culpa é da China”.
[Um único comentário e lembrando o óbvio:
- o presidente JAIR BOLSONARO não pode ser responsabilizado pelos atos de seu filho - são CPFs diferentes, conforme disse Bolsonaro pai.
O pai não pode punir o seu pimpolho. Sendo maior de idade, vacinado e independente, o pai não tem mais a autoridade paterna para eventual correção/punição.
Sendo parlamentar, não está sujeito a ser punido pelas leis brasileiras que conferem impunidade... epa, imunidade. 
Aliás, mesmo sendo a frase um desastre, não configura crime. 
Fato é que a China ontem à noite, através de sua embaixada em Brasília,mudou o tom, mantendo as críticas ao parlamentar, mas com elogios ao presidente Bolsonaro.
Esclarecedor foi o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, quando disse:
"O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo. Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?", indagou Mourão durante uma entrevista à "Folha de S. Paulo".]

Assim, o deputado piorou ainda mais as coisas não só para o papai, que não anda nos seus melhores dias, mas principalmente para o Brasil, que está parado, com Bolsas derretendo, dólar disparando, as pessoas trancadas em casa, os shoppings, academias, bares e restaurantes fechados e as empresas em sistema de “home office”, num ambiente internacional de tragédia. O pai Jair demorou a compreender e se interessar por essa chatice chamada realidade. E o filhote Eduardo ainda está no mundo da lua.  “Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa”, sugeriu o ex-quase embaixador do Brasil em Washington e atual presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, papagaiando o que o ídolo Donald Trump diz nos Estados Unidos. E não é que bolsonaristas e terraplanistas compram fácil, fácil, essa versão do complô chinês para devastar o mundo? Coisa de doido.

Pouco diplomático, vá lá, mas com boa dose de razão, o embaixador chinês em Brasília reagiu e não dourou a pílula. Classificou as palavras do deputado de “extremamente irresponsáveis” e matou dois coelhos com uma cajadada só, ao dizer que o filho do presidente, “ao voltar de Miami, contraiu um vírus mental que está infectando a amizade entre nossos povos”.


Se fosse fato isolado, já seria grave, mas é mais grave ainda com o Brasil precisando preservar cada tostão e cada parceiro, e porque não foi uma novidade. A birra dos Bolsonaro com o país asiático vem de longe. Desde a campanha, Jair Bolsonaro e o depois chanceler Ernesto Araújo atacavam e ironizavam a China. Essa China que, no primeiro ano do governo, comprou US$ 65,4 bilhões do Brasil, é vital para o agronegócio e a balança comercial brasileira.

Por tudo isso, a reação contra a manifestação do “03” e a favor da parceria com a China se espalhou como vírus. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu desculpas aos chineses pela instituição. O interino do Senado, Antonio Anastasia, apresentou “respeito, solidariedade e desculpas”, em nome da Casa. O governador João Doria classificou de “lamentável e irresponsável” o post do deputado. A bancada ruralista, que é (ou era?) bolsonarista, deu um pulo.

No fim, até o vice Hamilton Mourão se meteu, ao declarar que o deputado não representa o governo e sua fala só teve essa enorme repercussão pelo sobrenome de Sua Excelência. Cá entre nós, não é a primeira vez que generais do governo têm de apagar incêndios criados pelos Bolsonaro com a China. O próprio Mourão e o chefe do GSI, Augusto Heleno, agora contaminado pela covid-19, já estão calejados.

Quem entrou na contramão, cobrando retratação não do autor da pancada, mas de quem revidou? Ora, ora, o chanceler Araujo, que acusou o embaixador chinês de “ferir a boa prática diplomática”. Será que foi da própria cabeça? Ou ele recebeu ordens do presidente? É essa pergunta que não quer calar entre diplomatas brasileiros, estupefatos.


Isso tudo, gente, quando o vírus já contaminava centenas de brasileiros e adentrava os Poderes da República, os mortos já somavam sete, os panelaços de protesto ainda ecoavam nas cidades e nos ouvidos palacianos e o risco de quebradeira de empresas e de perda de empregos apavorava o País inteiro. É ou não coisa de louco?

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Risco de pandemia - Nas entrelinhas

São dois problemas: um é genético, como as bactérias, os coronavírus estão em permanente evolução; o outro, a escala demográfica da China, com quase 1,386 bilhão de habitantes”


Radicado em São Paulo, o médico chinês Peter Liu, em vídeos postados nas redes sociais, afirma que a China perdeu o controle sobre a epidemia do coronavírus. Atribuiu a informação a sua irmã, deputada estadual em Pequim, no mesmo dia em que a capital chinesa registrava a primeira morte devido à doença. Segundo ele, as autoridades da cidade de Wuhan falharam pela demora em fechar as fronteiras: “Quando decidiram fechar, já haviam saído 300 mil pessoas de Wuhan para o mundo, para a China inteira”, afirmou. “A minha irmã falou que na China todas as cidades estão infectadas, em todas as cidades têm pessoas que já têm o problema”, completou.
[Extremamente lamentável e preocupante a ainda incipiente epidemia do coronavírus na China. 
Primeiramente, lamentável e preocupante para a própria China, além do potencial risco para milhares, ou mesmo milhões, de vidas humanas, há o grande prejuízo que para a economia chinesa - apesar do grave inconveniente de ser comunista, a China caminha a passos largos para a liderança mundial;
Na sequência,  para os demais países do mundo, que além do elevado risco de morte de seres humanos, terão sérios problemas econômicos. 
A China já admite que ocorreu falha, atraso, no fechamento das fronteiras de Wuhan - o que, teoricamente, colocou 300.000 "bombas" humanas em circulação na China e no mundo.

Não podemos deixar de pensar se o coronavírus tivesse surgido no Brasil; 
a China, apesar da já reconhecida demora, conseguiu de forma célere fechar uma cidade com 7.500.000 de habitantes  e grande centro comercial e econômico;
também, suspendeu as comemorações do  Ano Novo chinês, as viagens internas e externas, mesmo assim, o risco foi reduzido, mas, permanece;


Imagine se o problema é no Brasil e fosse preciso suspender, vamos ousar supor, o carnaval. De imediato, protestos ocorreriam, verdadeira rebelião e partindo a decisão do Poder Executivo, haveria uma grita geral do demais Poderes, do MP e pedidos de liminares à Justiça Federal para suspender a medida preventiva e essencial para contar a peste.

Protestos seriam apresentados pelo Poder Legislativo, cogitando até mesmo do 'impeachment' presidencial, juízes concederiam liminares - muitas seriam referendadas por instâncias superiores - alegando que a suspensão feria a liberdade dos cidadãos brasileiros expressarem sua alegria.

Por tudo isso, apesar de lamentar e desejar que a epidemia seja contida, antes de se tornar  pandemia,  temos que reconhecer que é melhor para o mundo que seja na China - onde, apesar do comunismo, as autoridades possuem e podem exercer autoridade.
A China é um dos poucos países do mundo em condições de conter o coronavírus - da parte dos brasileiros e demais países do mundo, nos resta pedir a Deus para conter a peste e, concomitantemente, adotar medidas preventivas.]  

Ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como “elevado” o risco internacional de contaminação pelo novo coronavírus. Retificou a avaliação feita anteriormente pela própria instituição, que assumiu o “erro de formulação” ao apontar o risco como “moderado”. Até o começo da tarde, os dados oficiais apontavam 81 mortes e mais de 2,7 mil pacientes infectados. A epidemia de coronavírus na China gerou drásticas restrições ao transporte de pessoas e mercadorias, paralisia do turismo e queda do consumo,e já ameaça agravar a desaceleração da economia chinesa.

Pequim adotou medidas de confinamento sem precedentes: em plenas festividades do Ano Novo chinês, o governo suspendeu as viagens organizadas na China e para o exterior, um duro golpe para o turismo. Wuhan virou “cidade proibida”, embora seja um “hub logístico” e centro de produção de automóveis da província de Hubei. Nela está instalada a Dongfeng, segunda fabricante automotiva chinesa, que tem parcerias com as francesas Renault e PSA, com fábricas instaladas na região. Produz 1,7 milhão de veículos. O setor automotivo gera negócios de mais de 58 bilhões de dólares por ano.

Os coronavírus (CoV) são uma grande família viral, conhecidos desde meados dos anos 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. Infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves e moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Alguns coronavírus, porém, podem causar síndromes respiratórias graves, como a que ficou conhecida pela sigla SARS ( Severe Acute Respiratory Syndrome). SARS é causada pelo coronavírus associado à SARS (SARS-CoV), sendo os primeiros relatos na China em 2002.

Evolução
O SARS-CoV se disseminou rapidamente para mais de doze países na América do Norte, América do Sul, Europa e Asia, causando em torno de 800 mortes, antes da epidemia global de SARS ser controlada em 2003. Em 2012, foi isolado outro novo coronavírus, distinto daquele que causou a SARS, na Arábia Saudita e, posteriormente, em outros países do Oriente Médio, na Europa e na África. Por isso, a doença passou a ser designada como síndrome respiratória do Oriente Médio, cuja sigla é MERS (Middle East Respiratory Syndrome). Agora, surgiu outro coronavírus na China.


De acordo com as investigações em andamento, o novo coronavírus pode ter origem em serpentes ou morcegos, porém não existe consenso entre os cientistas sobre isso. Coronavírus diferentes podem sofrer mutações e se recombinar, dando origem a agentes inéditos. Pulando entre espécies animais (os hospedeiros), eles eventualmente chegam aos seres humanos. É um processo que tem semelhanças com o que acontece na gripe. Na gripe suína, um porco pegou o vírus de aves e, na recombinação de vírus diferentes dentro do animal, surgiu um H1N1 que conseguiu migrar para os seres humanos.

São dois problemas: um é genético, como as bactérias, os coronavírus estão em permanente evolução; o outro, a escala demográfica da China, com quase 1,386 bilhão de habitantes, o que faz de qualquer erro de planejamento econômico ou de políticas públicas uma tragédia nacional. O governo chinês corre contra o tempo para evitar que a epidemia se alastre ainda mais e se torne uma pandemia, mas o coronavírus já afeta os negócios e a imagem dos chineses. Enquanto tenta encontrar uma vacina eficaz, a China se fecha novamente para o mundo.

Um exemplo de como a escala da China pune o erro de forma dramática foi o Grande Salto para Frente (1958-1962), um programa de profundas reformas de Mao Tsé-tung, cujo objetivo era acelerar a marcha para o comunismo. As Comunas Populares reuniam cerca de 20 mil a 30 mil pessoas, criando uma unidade social, agrícola, industrial, administrativa, cultural, médica e militar. O resultado dessa estratégia, porém, foi a desorganização da economia e a fome em massa, que matou pelo menos 18 milhões de chineses. Alguns estudos, porém, sugerem que o número de mortos foi mais próximo de 55,6 milhões.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense  


segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Veríssimo e seu método oculto - Renato Sant’Ana

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


A Folha de S. Paulo, em 06/01/2020, publicou uma entrevista com Luis Fernando Veríssimo, a qual, apesar de bem desenxabida, teve a utilidade de escancarar o obscurantismo ideológico que o entrevistado representa e sua apetência para propagar mistificações. Em tom de jornalzinho de grêmio estudantil (perguntas juvenis, respostas frívolas) e com o entrevistador Roberto Dias, profissional respeitável, comportando-se mais como "tiete" do que como jornalista, a reportagem não fez mais do que disseminar crenças ideológicas.
[inserção sob responsabilidade do Blog Prontidão Total]
A frase mais representativa da entrevista, por ocultar o maior embuste, é esta pérola do Veríssimo: "Talvez ingenuamente, eu não entendo como uma pessoa que enxerga o país à sua volta, vive suas desigualdades e sabe a causa das suas misérias pode não ser de esquerda." A falsidade escondida nas entrelinhas da frase pode ser assim traduzida: "quem tem senso de justiça é de esquerda. E quem não é de esquerda não é justo." Nada pode ser mais falso! É falta de honestidade intelectual de Veríssimo, insinuar, como fez, que a esquerda tem o monopólio da solidariedade, da ética e da justiça.

E é ironia de mau gosto, aventar a própria ingenuidade: Veríssimo nada tem de ingênuo e ele sabe disso muito bem! Pois foi a esquerda quem instituiu a corrupção como método no Brasil. E culminou com a maior recessão da história do país, empobrecendo a nação, um desastre que vai precisar muitos anos para ser desfeito. Quem se identifica com a esquerda, que é antes um movimento, mais do que partido ou ideologia, conscientemente ou não, colabora com o esforço revolucionário de implantar o totalitarismo.

Vale o exemplo. Como bem sabe Veríssimo, a Venezuela, há mais de 20 anos, vive sob o tacão da esquerda, que, naquele país, causou a mais desesperadora crise humanitária: fome, desemprego, desabastecimento, hiperinflação, destruição do setor produtivo, cerceamento das liberdades individuais, com presos políticos e tortura, etc. Será que Veríssimo não sabe que a Venezuela, antes que Hugo Chaves a empurrasse para o abismo esquerdista, era o país política e economicamente mais estável da América Latina?

Ora, quem pensa um pouco não entende como uma pessoa, enxergando a desigualdade e a miséria da Venezuela, pode ser de esquerda. É preciso ser muito ingênuo (não é o caso de Veríssimo) ou desonesto para, conhecendo a história dos movimentos revolucionários de esquerda, seguir defendendo o indefensável. Mais de 76 milhões de chineses foram mortos pelo regime comunista entre 1949 e 1987, além dos 3,5 milhões de civis que o Partido de Mao Tsé-Tung já tinha assassinado antes de consumar a revolução chinesa (totalizando 80 milhões). E, na União Soviética, a revolução comunista matou 62 milhões de pessoas entre 1917 e 1987.

Ou seja, são mais de 140 milhões de mortos em apenas duas revoluções de orientação esquerdista! Sem contar os milhões em outras tantas! Mas, contrariando todas as evidências, a "santidade da esquerda" é uma mentira repetida à exaustão, quase sempre nas entrelinhas (mensagem subliminar), que é para driblar a crítica e se fixar como verdade. É o consabido ensinamento de Paul Joseph Goebbels (nazista, ministro da propaganda de Hitler): uma mentira insistentemente repetida acaba impondo-se como verdade. Pois Veríssimo e seus confrades esquerdistas seguem à risca essa doutrina. É método de poder.

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo. 
E-mail: sentinela.rs@uol.com.br
Publicado no Blog Alerta Total - Jorge Serrão

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Como o Ocidente adotou o Pequeno Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung

Nota de Olavo de Carvalho: Dos saudosistas do maio de 1968, que o vêem como um momento memorável na história da liberdade e dos direitos humanos, não há UM SÓ que se lembre do ponto essencial: o símbolo unificador daquela porcaria era o Livrinho Vermelho dos Pensamentos do Presidente Mao e sua inspiração imediata a Revolução Cultural Chinesa, iniciada dois anos antes, em que o governo de Pequim usava massas de jovens “enragés” como tropa de choque para perseguir, humilhar, torturar e matar milhares de adversários do regime. (Publicada no Diário Filosófico em 6 de janeiro.)

Em 1968, uma publicação da Guarda Vermelha instruiu os cientistas a seguirem a determinação de Mao Zedong: “Seja resoluto, não tema sacrifícios e supere todas as dificuldades para conquistar a vitória”. Sem a orientação do grande líder, o conhecimento especializado não era válido e poderia ser perigosamente enganador. Exemplos de ciência revolucionária abundavam na época. Em um relato, um soldado que treinava para ser um veterinário achava difícil castrar porcos. Estudar as palavras de Mao permitiu-lhe superar essa reação egoísta e deu-lhe coragem para realizar a tarefa. Em outro conto inspirador, os pensamentos de Mao inspiraram um novo método para proteger as plantações do mau tempo: ao fazerem foguetes e dispara-los no céu, os camponeses conseguiram dispersar as nuvens e evitar as tempestades de granizo.

Quando a publicação da Guarda Vermelha apareceu, o Pequeno Livro Vermelho de Mao foi publicado em número suficiente para fornecer uma cópia a todo cidadão chinês em uma população de mais de 740 milhões. No auge de sua popularidade, de meados da década de 1960 até meados da década de 1970, foi o livro mais impresso do mundo. Nos anos entre 1966 e 1971, mais de um bilhão de cópias da versão oficial foram publicadas e as traduções foram emitidas em três dúzias de idiomas. Houve muitas reimpressões locais, edições ilícitas e traduções não autorizadas. Embora não seja possível estimar números exatos, o texto deve estar entre os mais distribuídos em toda a história. Na opinião de Daniel Leese, um dos colaboradores do Pequeno Livro Vermelho de Mao, o volume perde apenas para a Bíblia” em termos de circulação impressa.

Originalmente o livro foi concebido para uso interno pelo exército. Em 1961, o ministro da defesa, Lin Biao – nomeado por Mao depois que o ocupante anterior do cargo havia sido demitido por expressar críticas sobre o desastroso Grande Salto Para a Frente – instruiu o jornal do exército, o PLA Daily, a publicar uma citação diária de Mao. Reunindo centenas de trechos de seus escritos e discursos publicados e apresentando-os sob rubricas temáticas, a primeira edição oficial foi impressa em 1964 pelo departamento político geral do Exército Popular de Libertação no design de vinil vermelho resistente à água que se tornaria icônico.

Com suas palavras destinadas a serem recitadas em grupos e a interpretação correta dos pensamentos de Mao sendo determinada pelos comissários políticos, o livro tornou-se o que Leese descreve como “o único critério da verdade” durante a Revolução Cultural. Depois de um período de “guerras de citações anárquicas”, quando foi utilizado como uma arma em uma variedade de conflitos políticos, Mao encerrou o uso descontrolado do livro. Começando no final de 1967, a lei marcial foi imposta e o PLA foi nomeada “a grande escola” para a sociedade chinesa. A citação ritual do livro tornou-se comum como forma de exibir conformidade ideológica; os clientes nas lojas intercalavam seus pedidos com citações ao fazer suas compras. Longas penas de encarceramento foram aplicadas a qualquer pessoa acusada de danificar ou destruir uma cópia do que se tornou um texto sagrado.


Publicado na New Statesman.
Tradução: Cássia H.
Revisão: dvgurjao
http://tradutoresdedireita.org


MATÉRIA COMPLETA em  Editorial MSM

domingo, 25 de junho de 2017

Maconha e legalização: antes de falar asneiras, se informe

Se você fumou maconha (ou queimou, cheirou, injetou), por favor, leia este texto.
Mas não pegue no volante, porque a erva está relacionada ao aumento do número de colisões fatais, com o dobro de chances de acontecerem. No estado do Colorado, EUA, onde a droga é liberada, os acidentes aumentaram 100% de 2007 a 2012, segundo um estudo feito pelo diretor do Instituto de Política de Drogas e professor-assistente no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Flórida. Também em Washington, mais do que dobraram os acidentes de trânsito fatais provocados por maconheiros depois que a droga foi legalizada, saltando de 8% em 2013 para 17% em 2014. Não obstante, o limite máximo de Tetra-hidrocanabinol (THC) estabelecido para se dirigir com segurança é extremamente arbitrário e mais difícil de ser mensurado do que o definido para o álcool. 

Pelo menos é o que afirmam o British Medical Journal e a AAA Foundation for Traffic Safety.
O que é tetra-hidrocanabinol (THC)?
THC é o principal componente ativo da maconha que tem mecanismo semelhante ao de uma substância produzida no organismo, chamada Anandamida. Ambas ativam receptores canabinóides tipo 1 (CB1) no cérebro, gerando, entre outros processos, um aumento na liberação de dopamina em algumas regiões cerebrais. Contudo, ao contrário da Anandamida, o THC leva de 5 a 8 dias para ser expelido totalmente do sangue, sendo algumas vezes mais potente. O problema, então, é que níveis elevados de dopamina alteram a atividade cerebral, levando a alucinações, delírios, acessos de ira e pânico e à diminuição da percepção de tempo e espaço, alguns dos sintomas típicos da esquizofrenia e do transtorno afetivo bipolar.


Esquizofrênicos ouvem vozes que incitam o suicídio, ficam sem expressão afetiva, têm visões horripilantes. 
Pessoas com transtorno bipolar alternam entre períodos intensos de depressão e euforia. E a maconha aumenta exponencialmente o risco de se desenvolver ambos os transtornos na fase que vai da adolescência aos 35 anos, segundo estudo da American Medical Association, maior organização americana de médicos e de estudantes de medicina. O estudo chama-se Cannabis Use and Earlier Onset of Psychosis. E também há outro, da mesma associação, cujo título é Neuropsychological Permormance in a Long-term Cannabis Users.

O THC vicia?
Sim.
Segundo alguns estudos, dentre eles o Adverse Health Effects of Marijuana Use, do New England Journal of Medicine, 9% das pessoas que experimentaram maconha apenas UMA VEZ tornaram-se dependentes, e de 25 a 50% das que fazem uso diário também.


E a maconha medicinal?
A maconha tem pelo menos 400 componentes químicos
, embora a grande maioria deles ainda careça de explicação científica acerca de seus efeitos no organismo. Assim, as pesquisas sobre o tema concentram-se em apenas alguns destes compostos, como é o caso do THC, já tratado acima, e do Canabidiol, ou CBD. Alguns estudos sugerem que o CBD não desencadeia efeitos psicoativos e é válido para o tratamento de inúmeras doenças como a esclerose múltipla, dores neuropáticas, câncer, epilepsia e mal de Parkinson. O importante em relação ao assunto, portanto, é entender que a maconha tem diversos componentes, sendo alguns deles psicoativos e outros não. 


Os primeiros, como é o caso do THC, geram dependência e acarretam graves disfunções ao sistema neurológico. Os segundos, tal qual o CBD, vêm apresentando efeitos benéficos no tratamento de patologias. Logo, pagar um traficante em troca de maconha ou utilizar os componentes psicoativos da erva é completamente diferente de procurar um médico para que ele receite um medicamento com um componente isolado, não-psicoativo, que foi testado e aprovado por organizações médicas e agências de saúde no mundo inteiro.

A liberação das drogas acaba com o tráfico e com a violência?
É fácil supor que a descriminalização das drogas acabaria com a violência e com o tráfico, mas um traficante não está no ramo porque tem um apreço especial pelos entorpecentes. Traficante de verdade sequer fuma maconha. Ele planta, refina, distribui e comercializa porque isso rende lucros exorbitantes. Assim, um indivíduo que dedica sua vida a um crime hediondo e a outros que precisa cometer para sobreviver não deixaria de ser bandido porque recebeu autorização estatal para vender drogas. A escolha pelo tráfico é (i)moral antes de ser empreendedora e, por isso mesmo, nada garante que um traficante pediria aposentadoria da vida criminosa porque recebeu chancela do Estado.


No mais, a “droga legalizada” seria muito mais cara do que a “droga ilícita”, porque sobre ela incidiria todo o aparato legal de qualquer atividade econômica, aí incluídos direitos trabalhistas, processos, arrecadação tributária, etc. Então é óbvio que, para manter seus lucros, o traficante seguiria com sua atividade fora da burocracia que fatalmente seria criada com a legalização. Por outro lado, se o Estado monopolizasse para si o comércio, também nada faz supor que os traficantes iriam à falência, já que um bandido será sempre bandido e, portanto, escolherá outro ramo para investir na seleção quase infinita de crimes disponíveis no submundo.

Por isso é que a criminalidade também não diminuiria com a descriminalização. Pelo contrário. Aumentariam não só os crimes de outras modalidades cometidos pelos traficantes como aqueles derivados do vício das pessoas, tais quais agressões e furtos; sem contar a guerra entre os próprios traficantes, que seguiria intacta, como mostram os dados do Observatório Nacional Sobre Violência e Criminalidade do Ministério do Interior, do Uruguai: só no primeiro semestre, os assassinatos saltaram de 139, em 2013 (ano da liberação), para 154 em 2015, sendo 43% desse total oriundo do acerto de contas entre traficantes. No total para 2015, o país teve recorde histórico de homicídios, com 272 mortes

A liberação diminui o consumo?
Acreditar que a descriminalização levaria à redução do consumo é tão ingênuo e desonesto quanto supor que o número de estupros diminuiria se o estupro fosse liberado. É que esse argumento remete à (falsa) ideia de que a repressão leva os usuários a consumirem mais, muito embora a realidade venha exaustivamente demonstrando que a liberação das drogas ELEVA o consumo.


Por exemplo: em 2001, Portugal alterou a lei que criminalizava o uso de drogas, permitindo aos usuários portarem “a quantidade necessária para um consumo médio individual durante dez dias”, que seria algo próximo a 15g de cocaína ou 20g de maconha. Mas uma comparação entre os dados coletados no estudo Sinopse Estatística, do Serviço de Intervenção em Comportamentos de Vício e Dependências (SICAD) em 2001 e em 2014, demonstra o aumento substancial do consumo de drogas, especialmente de maconha e entre adultos de 24 a 35 anos, de 12,9% para 15,9%.

Também outra publicação, o Relatório Europeu Sobre Drogas, publicado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), revela que o consumo de maconha entre estudantes de 15 a 16 anos subiu de 8% em 2001 para 16% em 2016. E ambos os estudos asseveram que o uso de drogas não só em Portugal, mas em toda a Europa, segue aumentando cada vez mais, inclusive com novos tipos de substâncias surgidas recentemente no mercado.
Mas nem só no Velho Continente o consumo de drogas têm aumentado após a legalização.
No Uruguai, que em 2013 flexibilizou as leis sobre o uso dando ao Estado o controle sobre a produção, consumo e distribuição de maconha, além de permitir o auto-cultivo, o consumo de maconha aumentou consideravelmente entre 2011 e 2015 nas três métricas utilizadas pela Junta Nacional de Drogas (JND), que publicou a VI Encuesta Nacional en Hogares sobre Consumo de Drogas. Entre pessoas de 15 a 65 anos, o consumo por toda a vida passou de 20 para 23%. Nos últimos 12 meses, de 8,3 para 9,3%. 
E nos últimos 30 dias, de 4,9 para 6,3%. Isso tudo sem contar com os dados do Instituto Técnico Forense, que recebe as drogas apreendidas pelas operações policias. Eles demonstram que a liberação da maconha aumentou o consumo de outras substâncias psicoativas, como o ecstasy e a cocaína, baseado na quantidade cada vez maior de apreensões dessas drogas. Em 2014, foram aprendidos apenas 40 gramas de ecstasy. Um ano depois, 17 kilos. Por fim, também o Ministério da Saúde uruguaio, em parceria com a JND, apresentou novos dados sobre a apreensão de drogas sintéticas no país, demonstrando que houve um aumento de 7 vezes em relação aos anos anteriores.

A quem interessa a liberação?
Para onde quer que se olhe, a questão das drogas nada tem a ver com garantias individuais ou com saúde pública. Na década de 50, Mao Tse-Tung já proibia o ópio em território nacional sob a alegação de não contaminar o próprio povo, embora tenha entupido os países vizinhos com a droga, isto é, fez dela um armamento químico de guerra. 

Sessenta anos mais tarde, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA divulga que, em 2015, morreram 52 MIL pessoas por overdose de drogas no país, uma cifra aterrorizante se considerarmos que em regiões de guerra, como a Faixa de Gaza, morrem cerca de 35 mil pessoas ao ano. Nos EUA, portanto, as drogas já são armamentos de destruição em massa, assim como eram na China maoísta, embora com uma singela diferença: a droga chinesa enfraquecia e matava os inimigos; a droga americana enfraquece e mata o próprio povo.

O lobby pela liberação das drogas é e sempre foi uma tentativa de usar a população como cobaia para projetos de engenharia social concebidos por intelectuais, burocratas e magnatas de esquerda, usando os entorpecentes como instrumentos de destruição e dominação física e psicológica. Tanto é assim que a própria Open Society Foundation, de George Soros, diz que a política de descriminalização das drogas em Portugal “é o segundo de uma série de relatórios do Programa Global de Políticas sobre Drogas” da fundação. E onde tem George Soros tem sacanagem.

Este é um artigo introdutório sobre o tema. Pretendo avançar na discussão tanto quanto seja possível.

Rafael C. Libardi é estudante do curso de medicina pela PUC-SP, pesquisador de temas relacionados a saúde, drogas, política e colaborador do site Estudos Nacionais, onde o presente artigo foi publicado originalmente.

 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Resultados do Terrorismo

Quando as massas não estão dispostas a empreender a luta armada, não basta que o partido esteja”.(Chou-En-Lai)

Em 1974, quando a Guerrilha do Araguaia foi desmantelada, nenhum Serviço de Inteligência, em todo o mundo, teria coragem de vaticinar que 14 anos depois o povo cativo da Europa Oriental, nas ruas, com um mínimo de sangue, mas com muito suor e lágrimas, derrubaria o socialismo real, cujo modelo a esquerda radicalizada tupiniquim deseja importar para o Brasil. Tampouco que logo depois, em dezembro de 1991, a bandeira vermelha com a foice e o martelo seria arriada definitivamente do Kremlin, marcando o fim da Pátria do Socialismo e o encerramento de uma era histórica.
Ficha de Dilma no DOPS
No Brasil, os terroristas, assaltantes de bancos, de casas comerciais, e até de residências, os“justiçadores” de companheiros, os seqüestradores de autoridades e de aviões, portadores da “verdade científica” do marxismo-leninismo-stalinismo-trotskismo-pensamento de Mao-Tsetung e Henver Hoxa, foram anistiados. Anistia significa esquecimento. Prova do esquecimento é o fato de que, hoje, alguns estão no Poder, em órgãos do Executivo e do Legislativo. Alguns são ou foram governadores e prefeitos.

Todavia, uma minoria desses ex-terroristas, apoiada por alguns políticos e por órgãos reconhecidamente infiltrados por comunistas (a expressão correta seria: pelos ainda comunistas), buscam promover o ‘julgamento’ público, num ato explícito de revanchismo, daqueles que, constitucionalmente, os combateram, defendendo a Pátria. Nesse sentido, promovem eventos de ‘denúncia de torturadores’, na tentativa de derrotarem, hoje, por outros meios - ditos pacíficos - os que os derrotaram.[infelizmente, apesar do heroísmo, amor a Pátria e dedicação ao combate dos porcos terroristas, os MILITARES e AGENTES DE SEGURANÇA que combateram na guerrilha não agiram com a energia necessária e que foi empregada, e bem empregada, pelos que combateram os porcos guerrilheiros da guerrilha rural, especialmente a Guerrilha do Araguaia: tivesse sido usado contra os guerrilheiros urbanos a mesma energia, todos, ou quase todos, teriam sido excluídos e hoje muitos não estariam governando o Brasil e buscando o revanchismo.]

Nenhuma alusão, no entanto, é feita, por ninguém, aos que perderam suas vidas em decorrência da violência armada que as esquerdas declararam ao regime. Seus nomes não são recordados; suas famílias não promovem passeatas; nada reclamam da Pátria e nada reivindicam ao Estado e a seus governantes, a não ser um mínimo de coerência.

Esses nomes não devem ser esquecidos, desde o primeiro, Carlos Argemiro Camargo, sargento do Exército, morto por um grupo de terroristas comandados pelo coronel reformado do Exército Jefferson Cardim de Alencar Osório, em 28 de março de 1966, no Paraná, até o último, Otávio Gonçalves Moreira Junior, delegado da polícia de São Paulo, em férias no Rio de Janeiro, metralhado em Copacabana, ao sair da praia, por terroristas da ALN, PCBR e VAR-PALMARES, em 25 de fevereiro de 1973.

Durante as operações desenvolvidas na guerra suja do Araguaia, por cerca de 2 anos, para debelar a guerrilha que o PC do B tentou implantar na região, as Forças Armadas sofreram 9 baixas. Antes da morte de qualquer guerrilheiro, dois militares foram mortos: sargento Mario Ibrahim da Silva e cabo Odílio Cruz Rosa; posteriormente um outro desapareceu - soldado Francisco Valdir de Paula -; e 6 foram feridos (três Oficiais, dois Sargentos e um Cabo). Estes terão seus nomes preservados.

Os terroristas, no entanto, nas guerrilhas urbana e rural, não se limitaram a matar os que, constitucionalmente, defendiam o que eles denominavam de “ditadura militar”. Foram mais longe. “Julgaram” e mataram vários de seus companheiros, “justiçados”, não por terem cometido qualquer crime. Foram assassinados sob a acusação empírica de “fraqueza ideológica”, o que era considerado “um perigo em potencial” para as Organizações. Ou seja, aqueles que abandonaram ou pensavam abandonar o “centralismo democrático” e ousaram pensar com suas próprias cabeças foram considerados “perigosos” e pagaram com a vida, pois, algum dia, em algum momento, poderiam colaborar com o “inimigo de classe”. Foram eles:

- Antonio Nogueira da Silva Filho, da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (Var-Palmares), condenado ao “justiçamento” em 1969 (a “sentença” não foi efetivada por ter o “condenado” fugido para o exterior); 

- Geraldo Ferreira Damasceno, militante da Dissidência da Var-Palmares (DVP), “justiçado” em 29 de maio de 1970, no Rio de Janeiro;

- Ari Rocha Miranda, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), “justiçado” em 11 de junho de 1970 por seu companheiro Eduardo Leite (“Bacuri”), durante uma “ação”, em São Paulo; [este porco chamado Bacuri foi um dos mais cruéis guerrilheiros, cruéis e covardes, mas, felizmente, antes de ser abatido teve tempo e estímulo bastante para pensar nos seus crimes.]

- Antonio Lourenço, militante da Ação Popular (AP), “justiçado” em fevereiro de 1971, no Maranhão; 
- Marcio Leite Toledo, da Ação Libertadora Nacional (ALN), “justiçado” em 23 de março de 1971 por seu companheiro Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz;

- Amaro Luiz de Carvalho (“Capivara”), militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e, posteriormente, do Partido Comunista Revolucionário (PCR), “justiçado” em 22 de agosto de 1971, em Recife, Pernambuco, dentro do presídio onde cumpria pena;

- Carlos Alberto Maciel Cardoso, da Ação Libertadora Nacional (ALN), “justiçado” em 13 de novembro de 1971, no Rio de Janeiro;

- Francisco Jacques Moreira de Alvarenga, da Resistência Armada Nacionalista (RAN), “justiçado” em 28 de junho de 1973 dentro do colégio em que era professor, por um comando da Ação Libertadora Nacional (ALN). Maria do Amparo Almeida Araujo, então militante da ALN e hoje presidente do “Grupo Tortura Nunca Mais”, em Pernambuco, participou dos levantamentos preliminares que propiciaram o “justiçamento” que ela diz não saber quem praticou (depoimento da mesma no livro “Mulheres que Foram à Luta Armada”, do jornalista Luiz Maklouf, 1998), embora, é evidente que para que o “justiçamento” pudesse ser efetuado, ela devesse passar esses levantamentos para alguém;

- Salatiel Teixeira Rolins, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), “justiçado” em 22 de julho de 1973 por militantes do PCBR. Segundo Jacob Gorender - que em 1967 foi um dos fundadores do PCBR -, em seu livro “Combate nas Trevas”, os assassinos não poderiam intitular-se “militantes do PCBR”, pois, nessa época, “o PCBR não mais existia”.

Na Guerrilha do Araguaia (1972-1974), foram “justiçados” pelo PC do B: 

- “Mundico” – Rosalino Cruz Souza, guerrilheiro; Osmar, Pedro Mineiro, João Pereira e João Mateiro, moradores da região. Estes, por suposta colaboração com as Forças Armadas.

Alguns desses “justiçadores” estão aí, alguns desempenhando funções públicas.

Deve ser recordada também a morte, na Guerrilha do Araguaia, da Cadela Coroa - citada em uma série de reportagens publicadas pela imprensa em 1996 - também “justiçada”, de acordo com as leis da guerrilha, por ter-se transformado em um perigo em potencial.

Conforme matéria publicada no jornal “Arauto” – informativo do Clube de Aeronáutica – de julho de 1996, a Cadela Coroa era uma espécie de mascote, dado seu apego aos membros doDestacamento A da guerrilha. Em 1972, todavia, ocorreu um fato que iria selar o destino deCoroa: com a chegada dos militares à área, os terroristas tiveram que se embrenhar na selva eCoroa, que acabara de dar cria, acompanhou-os. Mas, movida pelo sentimento materno, todos os dias sumia do acampamento e andava diversos quilômetros para amamentar os filhotes que deixara para trás.

A partir daí, os bravos terroristas do Destacamento A passaram a encará-la não como a melhor amiga do homem, mas como uma ameaça, pois, afinal, os militares poderiam seguí-la e chegar até eles. Por isso, decidiram que ela deveria ser “justiçada”, por ter-se tornado potencialmente perigosa. Por sorteio, a tarefa coube ao guerrilheiro “Zezinho”- Micheas Gomes de Almeida, que a matou a facadas, pois não podia ser a tiros que chamariam a atenção.

Morte semelhante - recorde-se - à do tenente Alberto Mendes Junior, morto a coronhadas de fuzil por Carlos Lamarca, no Vale da Ribeira, em maio de 1970, também para não despertar a atenção da tropa que o perseguia.
 
Vamos imaginar que a história tivesse ocorrido ao contrário. Caso a Cadela Coroa tivesse sido morta, digamos, pela tropa das forças legais. O fato teria, então, sido apontado como mais uma prova de que as Forças Armadas “atuaram como bárbaros”, como disse o Sr. João Amazonas, em depoimento no Congresso Nacional.

Não teriam faltado os protestos de uma ONG qualquer, mantida não se sabe por quem, dedicada à defesa dos direitos das cadelas amigas de guerrilheiros. Seria lançada, possivelmente, outra edição, atualizada, do “Brasil, Nunca Mais”, acrescentando o nome de Coroa. Tudo isso com o indispensável aval e aplausos do grupo filantrópico, de utilidade pública, “Tortura Nunca Mais”.

Intelectuais de esquerda viriam a público protestar, com crônicas dominicais nas páginas dos principais jornais, entrevistas na TV, poesias e outros meios que dispusessem. Finalmente, surgiria um cineasta, já com um roteiro pronto e os protagonistas escolhidos para contar a história de mais uma vítima do “terrorismo de Estado”. As cenas externas, com clips levados ao ar no horário nobre das televisões, seriam rodadas no Araguaia.

Finalmente, uma Comissão de Cães Mortos ou Desaparecidos seria criada, cujos integrantes também viajariam para o Araguaia, acompanhados por experts estrangeiros, em busca das ossadas de Coroa que, se encontradas, seriam levadas para a Unicamp. Os recursos financeiros para tudo isso não seriam problema. Aliás, essa tarefa poderia ser encampada,agora em 2014, pela © Omissão da Verdade que, evidentemente, encontraria uma forma de culpar a repressão pela morte da Coroa...


Por: Carlos I. S. Azambuja é Historiador - Do Blog Alerta Total