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domingo, 3 de setembro de 2023

Psicologia - A reeducação de Jordan Peterson - Flavio Gordon

Vozes - Gazeta do Povo


O psicólogo e ex-professor da Universidade de Toronto Jordan Peterson.| Foto: Reprodução/YouTube

No texto A Crise na Educação, a filósofa Hannah Arendt diz que a base do totalitarismo é uma concepção pedagógica da política. Em suas palavras:  “A educação não pode desempenhar nenhum papel na política porque na política se lida sempre com pessoas já educadas. Aqueles que se propõem a educar adultos, o que realmente pretendem é agir como seus guardiões e afastá-los da atividade política. Como não é possível educar adultos, a palavra ‘educação’ tem uma ressonância perversa em política – há uma pretensão de educação quando, afinal, o propósito real é a coerção sem uso da força.”

Se, como diz a filósofa, não é possível educar adultos nesse sentido (o que significa infantilizá-los e tutelá-los), imagine então tentar educar logo um adulto como o psicanalista Jordan Peterson, um dos mais importantes intelectuais públicos da atualidade, cujos livros são best-sellers e cuja audiência nas redes sociais atinge a casa dos milhões de seguidores? 
Pois é exatamente o que o movimento woke canadense pretende fazer, imitando, no seu estilo cultural passivo-agressivo, os projetos stalinistas e maoístas de reeducação política dos opositores.

    O Canadá tornou-se um pesadelo woke, uma espécie de trem fantasma reunindo todas as aberrações político-ideológicas da esquerda mundial contemporânea

Tudo começou em janeiro deste ano, quando, após receber denúncias sobre o mau comportamento de Peterson nas redes sociais – que consistia basicamente em expressar opiniões não alinhadas às do establishment progressista mundial –, o Conselho de Psicólogos da Província de Ontário (CPO) exigiu do profissional que passasse por um programa de reeducação e treinamento de mídia a fim de não perder a sua licença e, consequentemente, a sua prerrogativa de clinicar. 
O documento do CPO acusava-o de “falta de profissionalismo em manifestações públicas nas redes sociais e durante participação num podcast [de Joe Rogan]”. Em vista disso, Peterson deveria aceitar submeter-se a “trabalhar com profissionais para rever, refletir sobre e corrigir a minha postura professional em manifestações públicas”. E também “completar o Programa de Coaching”, cuja regra era a de que “o coach pode, a seu critério, requisitar do educando a permanência mais ou menos duradoura no programa”, com base na avaliação de seu progresso educacional.
 
Os parâmetros oficiais também determinavam que Peterson deveria concordar que “se o coach fornecer qualquer informação desfavorável sobre a minha prática”, o comitê de reeducação política poderia abrir novas investigações sobre a sua conduta. O psicanalista deveria subscrever ainda a seguinte declaração: “Entendo que, caso o coach não apresente um relatório final atestando que as preocupações acima descritas foram remediadas a contento em vista do interesse público, não serei reconhecido como tendo completado o programa”. Em outras palavras, Peterson deveria submeter-se a um processo de reeducação – ademais, pago do próprio bolso – cuja duração seria determinada única e exclusivamente pela vontade dos educadores. 
Além disso, em sua comunicação com o CPO, ele foi orientado a buscar um advogado e concordar com todas as condições estabelecidas, sob pena de perda da licença. 
Em lugar de garantir a competência técnica do profissional, o que estaria em sua alçada, o comitê de psicologia woke buscava forçar a adesão a uma certa ortodoxia política, agindo como polícia do pensamento e fiscal da linguagem.

Em 4 de janeiro de 2023, Peterson publicou a peça totalitária em sua rede social, com o seguinte comentário: “Eis as demandas para a minha reeducação. Já anunciei formalmente a minha recusa em aquiescer”. No mesmo dia, publicou um artigo no jornal canadense National Post, prometendo “arriscar a sua licença para escapar da reeducação na mídia social”.

Mas quais foram os delitos tão gravas cometidos por Peterson, capazes não apenas de ameaçar a reputação da psicologia canadense, como prejudicar os seus clientes e o público geral? Simples
Como ele vem fazendo publicamente desde 2016 – quando despontou para a fama ao se posicionar contra o uso compulsório dos pronomes de gênero –, Peterson havia se posicionado contra a esquerda. 
Além de retuitar as opiniões do líder conservador Pierre Polievre contra o lockdown, criticara o primeiro-ministro Justin Trudeau e parte de sua equipe, além de se posicionar frequentemente contra a ideologia de gênero e, em especial, à banalização das terapias de “redesignação de gênero” para crianças e adolescentes. Note-se que nada disso tinha a ver com sua atuação clínica, mas com o seu posicionamento político e o seu exercício de cidadania.
 
Além de se manifestar em jornais, revistas e nas suas redes sociais, Jordan Peterson também entrou com um processo contra o CPO junto ao Tribunal de Divisão de Ontário. 
A decisão do recurso saiu no último dia 23 de agosto, e, posto que infame, não chega a ser surpreendente. 
O tribunal decidiu contra Peterson, concluindo que o CPO tem o direito de chantagear o psicanalista antiwoke e corrigir a sua visão de mundo subversiva. “O dr. Peterson não pode ter tudo ao mesmo tempo: não pode falar como membro de uma profissão regulamentada sem assumir a responsabilidade pelo risco de causar dano, algo inerente à sua condição” – decretou o juiz Paul Schabas, falando em nome da corte.
 
Como dissemos acima: não surpreende. Como bem descreveu o repórter Steven Edginton para o britânico The Telegraph, o Canadá tornou-se um pesadelo woke, uma espécie de trem fantasma reunindo todas as aberrações político-ideológicas da esquerda mundial contemporânea. 
No fim das contas, é mesmo isso que se espera de um país comandado pelo filho espiritual de Fidel Castro, o qual já admitiu “admirar em alto grau a China, porque a sua ditadura básica tem permitido aos chineses dar uma guinada em sua economia e dizer ‘precisamos ser mais sustentáveis’... ‘precisamos começar a investir em energia solar’”. 
O Canadá é resultado do vazamento laboratorial do vírus totalitário chinês.  
E, na condição de um irredutível guerreiro da liberdade, Jordan Peterson decerto não escaparia da mira dos liberticidas.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Flávio Gordon,
colunista -Gazeta do Povo  - VOZES

 

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

O TSE SERIA UM TRIBUNAL SUPERIOR OU INFERIOR? - Sérgio Alves de Oliveira

Se esse essa  frase tivesse saído  da boca de alguém, o mais provável é que teria sido de autoria de uma conhecida  "filósofa" que frequentemente diz coisas desse tipo: "se não é superior tem de ser inferior; e se não é inferior tem de ser superior".

Pois é  exatamente esse tipo de raciocínio que teremos que enfrentar pela  redação "salada-de-frutas" dada pelos Constituintes de 1988 aos órgãos da Justiça brasileira, a partir do artigo 92 da Constituição. 
E mesmo com as  dezenas de emendas,"reparos", e "remendos" feitos na Constituição desde que ela  entrou em vigor,em 1988,essa questão não ficou devidamente resolvida. 
E tais "emendas","reparos" e "remendos" na Constituição são tantos que se consultarmos "constituição federal" no site "www.planalto.gov.br""poderemos observar que o texto original da Constituição de 88  tem muito mais "riscos" do que letras, palavras e frases.
 
Somado à "inflação" legislativa, que despeja enxurradas da leis todos os dias, essa deve ser a principal razão pela qual o tribunal "guardião da constituição" , julgando conforme a própria vontade, não segundo a lei, repete Louis XIV,parafraseando "L'État C'Est Moi" (O Estado Sou Eu), para  "Je Suis La Loi" (eu sou a lei).
 
Nos termos do artigo 92 da Constituição,"São órgãos do Poder Judiciário,(I) -o Supremo Tribunal Federal;(I-A)-o Conselho Nacional de Justiça;(II)-o Superior Tribunal de Justiça; (II-A)-o Tribunal Superior do Trabalho; (III)--os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; (IV)-os Tribunais e Juízes do Trabalho; (V)-os Tribunais e Juízes Eleitorais; (VI)-os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.".
 
Ora,segundo o artigo 92 da CF, enquanto o Supremo Tribunal Federal-STF é o órgão  "máximo" da Justiça Brasileira, acima de todos os outros, os únicos "Tribunais Superiores" relacionados nesse artigo são o Superior Tribunal de Justiça - STJ, e o Tribunal Superior do Trabalho -TST. Não há nesse dispositivo constitucional  enquadramento do Tribunal Superior Eleitoral-TSE como algum  "tribunal superior".
 
Mas parece que o constituinte acabou se "arrependendo" de omitir o TSE no tipo "tribunal superior",no artigo  92 da CF, e logo após resolveu "promovê-lo" a "tribunal superior" no artigo 118: "São órgãos da Justiça Eleitoral: (I) O Tribunal "Superior"Eleitoral ;(II)-os Tribunais Regionais Eleitorais;(III)-os Juízes Eleitorais; (IV)-as Juntas Eleitorais".
O que vale mais nessa "confusão" constitucional? Afinal de contas o TSE é ou não um tribunal superior? [a salada redacional é complicada, visto que no próprio art. 92, V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; e VI os Tribunais e Juízes Militares; já os Tribunais Superiores das duas Justiças, são criados nos artigos 118 e 122, respectivamente. Sendo que as duas justiças não integram o CNJ.
A redação do texto constitucional em comento é tão complicada que Alexandre Garcia costumava chamar de 'buraco negro' alguma coisa esquecida. Então, usando as técnicas de Nelson Jobim o assunto era 'enfiado' na CF,  de qualquer jeito.]

Essa questão não mereceria ser melhor esclarecida  após a "pomposa" e recente solenidade de posse da Presidência e Vice do TSE?
 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Argentina lulista acelera rumo ao destino venezuelano - Gazeta do Povo

Os preços dispararam na Argentina e o novo iPhone já é vendido a um milhão de pesos! Isso para quem consegue encontrar o produto, já que somente uma rede de eletrodomésticos possui o aparelho em estoque.

Na Argentina lulista, a nota de maior valor não é suficiente para comprar uma simples garrafa de óleo! Eis o valor necessário para levar esse item básico da cozinha: mais de mil pesos!  Em dois anos de governo lulista, o setor aéreo também vai sendo destruído: 17 companhias aéreas deixaram de operar na Argentina e Buenos Aires perdeu conexão com 18 cidades.

O governo argentino quer multar supermercados que estiverem com gôndolas vazias. Querem jogar a culpa do desabastecimento no setor privado, como sempre fez a Venezuela.  Essas são algumas das manchetes apenas nesta semana. Em jornais latinos. A imprensa brasileira prefere fingir que a Argentina nem mais existe, pois lembrar de sua existência é o suficiente para enterrar todas as narrativas contra o governo Bolsonaro.

Afinal, a Argentina seguiu os protocolos da “ciência” na pandemia, fechou tudo, e foi muito elogiada por nossa mídia por isso. Resultado? Inflação de cerca de 70% em 2022! Como responsabilizar Bolsonaro pelas dificuldades econômicas no Brasil quando se compara nosso país com seu vizinho lulista?

Os argentinos já estão mega arrependidos do que fizeram nas últimas eleições, trazendo de volta a turma do Foro de SP, a companheira do PT Cristina Kirchner.  
Protestos no Dia da Independência este fim de semana mostraram o grau da revolta popular. 
Mas agora parece tarde: os isentões que escolheram a abstenção vão ter de engolir o socialismo por mais alguns anos, e a destruição econômica não é garantia de mudança política, como a Venezuela demonstrou – o aparelhamento das instituições poderá estar completo até a próxima eleição.

O Papa Francisco, que não consegue esconder sua inclinação esquerdista e disse recentemente ter uma relação “humana” com o ditador Raúl Castro, de Cuba, afirmou que se renunciasse ao cargo no Vaticano não voltaria a morar na Argentina. A destruição causada pela esquerda foi tanta que nem o papa mais esquerdista dos últimos tempos quer retornar ao seu próprio país de origem!

Mas não faltam no Brasil artistas e “intelectuais” tentando mirar no exemplo argentino, ao defender a volta de Lula ao poder. Anitta declarou seu voto no ex-presidiário, alegando que a prisão pode servir para a ressocialização” do marginal e que bandido também é gente. Uma filósofa!

E não custa lembrar de Zélia Duncan, que lamentou o fato de que a Argentina tinha um presidente durante a pandemia, ao contrário do Brasil com Bolsonaro.
 A mesma Zélia Duncan que confundiu um tripé com um fuzil, sendo alvo de chacota por parte do presidente. 
A elite global enxerga guarda-chuva no lugar de fuzil quando marginais traficantes surgem armados nas imagens. 
Mas juram que Bolsonaro empunhou um fuzil, quando havia apenas um tripé de câmera em suas mãos.

É essa patota que quer a volta do PT, para que o Brasil possa se tornar mais parecido com a Argentina, que a cada dia se torna mais parecida com a Venezuela, conforme o próprio Bolsonaro previu.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quinta-feira, 26 de março de 2020

Esse coronavírus é danado de esperto - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Pandemia

Dois aviões de carga e passageiros já decolaram para o Peru a fim de repatriar brasileiros. Eles vão pousar em Cusco. Eu vi algumas gravações de brasileiros que lá estão fazendo esse apelo e o governo brasileiro está atendendo. É aquela velha história de não deixar ninguém para trás. Os americanos, ingleses, alemães fazem isso, e nós também fazemos isso. É a solidariedade brasileira. 

Vírus esperto
A primeira vítima do coronavírus a ter alta aqui em Brasília é uma advogada de 48 anos. Ela provavelmente foi infectada em um seminário no início de março. Fizeram novamente o teste, passou o ciclo e deu negativo para a doença. Ela disse que só sentiu dor de cabeça e cansaço. O meu avô me dizia, quando eu ficava gripado, que não adianta tomar remédio, vai passar. As doenças têm um ciclo, que pode ser de sete, 10 ou 12 dias.

É muito esperto esse vírus. Quando uma pessoa saudável pega coronavírus pode até não ter sintomas, mas ela pode infectar outros e assim chega em uma pessoa mais fragilizada.  Para interromper o ciclo da doença é preciso que nós continuemos lavando bem as mãos e mantendo distância de outras pessoas, embora elas pareçam estar saudáveis.

A vítima fatal mais jovem do coronavírus tinha 25 anos. Era um paulistano, motorista de aplicativo, que sofria de bronquite e foi essa doença que fez com que ele morresse, lamentavelmente. As mortes pelo vírus no Brasil estão concentradas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Medo é mau conselheiro  É um grande dilema que estamos passando: outros estados que não registram muitos casos de coronavírus devem ou não parar? 
Porque se parar a economia significa que teremos uma recessão violenta ou uma depressão econômica, o que seria ainda pior. A gente fica entre um e outro.

É aquela história da filósofa Philippa Foots, um guarda-chave está vendo um trem em alta velocidade e percebe que se o trem continuar vai atropelar cinco trabalhadores que estão na linha do trem. E se ele conseguir desviar, somente um trabalhador será atropelado. O que ele vai fazer?  É terrível pensar nisso agora, mas vamos tomar as decisões corretas com serenidade porque o medo apavora e não é bom conselheiro. Vamos nos livrar do medo e enfrentar com coragem essa situação.

 LEIA TAMBÉM:   Virose, - Virose, neurose e psicose. É uma rima, não é solução

Não dá para parar de produzir riqueza porque senão vai ser pior. Vai chegar um momento em que não haverá mais recursos nem para pagar a folha de pagamento do funcionalismo público federal e muito menos para as empresas privadas.  
Há ideias de reduzir os salários do setor público; 
de dar um bônus para todos de maneira igual, inclusive para o setor público, tanto Judiciário, Legislativo quanto Executivo; 
e de congelar os salários até que tudo volte ao normal.

Todos estão atentos com isso. Já há pessoas saindo da crise aqui no Brasil. Como disse aquele naturalista inglêsou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



domingo, 19 de janeiro de 2020

Congresso paga R$ 30 mi a filhas solteiras de ex-parlamentares e ex-servidores - O Estado de S. Paulo





Lei de 1958 garante benefício a 194 filhas de ex-parlamentares e servidores; uma delas foi processada por não informar que tinha marido

A Câmara e o Senado pagam pensões mensais de até R$ 35 mil a filhas solteiras de ex-parlamentares e ex-servidores. Previsto numa lei sancionada por Juscelino Kubitschek em março de 1958, o benefício atende até hoje 194 mulheres e custa, por ano, R$ 30 milhões o equivalente ao dinheiro necessário para construir 500 casas populares do Minha Casa Minha Vida. A norma foi derrubada em 1990, mas foi mantido o privilégio para quem já estava na folha de pagamento.

Denúncias de pagamento indevido não faltam. No mês passado, a Polícia Legislativa passou cinco dias no Rio para investigar o estado civil de uma pensionista. A notificação partiu do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou inconsistências no registro da beneficiada a partir de cruzamentos de bases de dados.  Num relatório sobre a viagem, um agente da Polícia Legislativa escreveu que, após uma “exaustiva” investigação, descobriu que a mulher tinha um marido. A pensionista foi indiciada por estelionato em inquérito sigiloso encaminhado ao Ministério Público Federal

Pelos critérios do Congresso, a pensão deve ser paga até a filha se casar, ter uma união estável ou conseguir um emprego público permanente. Mesmo quando completa 21 anos, a filha solteira mantém o direito. Uma das maiores pensões do Congresso é paga à filha de um ex-analista do Senado. Desde 1989, ela ganha R$ 35.858,94 por mês, em valores brutos. Outras 29 mulheres recebem, cada uma, R$ 29.432,27 de pensão por serem dependentes de ex-servidores da Casa. Todas estão incluídas na categoria “filha maior solteira” na folha de pagamento.  Na relação de beneficiárias da Câmara está a filha de um ex-deputado por São Paulo, que morreu em 1974, após nove anos de atuação legislativa. Solteira no cadastro da Câmara, a pensionista Helena Hirata mora há 49 anos em Paris e recebe R$ 16.881,50 por mês. Filósofa e pesquisadora, ela atua num centro de pesquisa da capital francesa.  

Ao Estado, a pesquisadora admitiu não depender da pensão e ter outras fontes de renda, inclusive como aposentada do centro de pesquisas francês. Disse, ainda, que o montante era automaticamente repassado à mãe dela. “Ela faleceu em 2016 e desde então a pensão fica na minha conta”, afirmou Helena, de 73 anos. É o mesmo valor da pensão que ganha a filha de um ex-deputado federal do antigo Estado da Guanabara, unidade da federação extinta há 44 anos. Empossado em 1967, o parlamentar morreu três anos depois e a sua herdeira entrou no cadastro de pensionistas, de onde nunca mais saiu. 
 
Câmara e Senado dizem que dependem das pensionistas para atualizar cadastro
Tanto a Câmara quanto o Senado admitem que dependem das próprias pensionistas para atualizar os cadastros. “O Senado fiscaliza, anualmente, a condição de ‘solteira’ das pensionistas por meio do recadastramento anual obrigatório que elas realizam, sob risco de suspensão ou cancelamento da pensão”, informou a Casa em nota. A Câmara não respondeu ao pedido de esclarecimento.  A pensão para filhas solteiras não é benefício exclusivo do Legislativo. Desembolsos também são feitos para pensionistas da União e do Judiciário. Até 2014, a despesa total custava R$ 2,2 bilhões, incluindo pensões civis e militares. O valor foi levantado em auditoria recente feita pelo TCU. 
 
Em 2016, a Corte de Contas apontou 19 mil pagamentos com suspeitas de serem indevidos para filhas solteiras mapeadas em 121 órgãos da administração pública direta federal.  A fiscalização ocorreu porque o TCU foi confrontado com denúncias de irregularidades na Câmara. As suspeitas estavam tanto na outorga quanto na manutenção de pensões especiais a filhas de ex-servidores e de ex-parlamentares. 
 
O acórdão atacou pagamentos a filhas solteiras que eram, ao mesmo tempo, beneficiárias e detentoras de atividades remuneradas nos setores público e privado. O TCU entendeu que a “dependência econômica” deveria ser comprovada para que os benefícios fossem mantidos. Qualquer remuneração superior ao teto do INSS representaria independência financeira e, portanto, no entendimento da Corte, suspenderia a pensão.   A interpretação do TCU fez com que os órgãos federais, inclusive o Congresso, suspendesse as pensões. Na prática, porém, pouca coisa mudou. As beneficiárias passaram a pleitear a manutenção das pensões no Supremo Tribunal Federal (STF) e foram atendidas. 
 
Em setembro de 2019, o ministro Edson Fachin, do STF, suspendeu o acórdão do TCU e manteve a interpretação original da lei. Ele decidiu que devem perder o benefício apenas as pensionistas que casarem ou assumirem “cargo público permanente”.
 
‘Nunca dependi dessa pensão’, diz filósofa sobre benefício pago pelo Congresso
Helena Hirata é uma entre as 194 mulheres que recebem pensão por serem filhas solteiras de ex-parlamentares 
 
Entre as 194 mulheres que recebem pensão por ser filhas solteiras de ex-parlamentares e de ex-servidores está um filósofa que vive há quase meio século em Paris, onde estabeleceu uma carreira voltada a pesquisar, entre outras coisas, discrepâncias salariais na remuneração entre homens e mulheres. Helena Hirata alega nunca ter dependido da pensão, mas mesmo assim aceita receber a benesse há 46 anos.   Filha do ex-deputado federal por São Paulo João Sussumu Hirata, a pesquisadora de 73 anos admitiu ao Estado que recebe o benefício de R$ 16,8 mil mensais – R$ 218,4 mil por ano –, pagos pelos cofres da Câmara. Mesmo dizendo que não considera justo o privilégio, justifica o recebimento dos valores sob o argumento de que foi orientada pelo advogado nesse sentido.  


Em O Estado de S. Paulo, leia MATÉRIA COMPLETA

 

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Moro lança mais uma pá de cal sobre a sepultura da intercePTação fracassada = 'o escândalo que encolheu'

[Cada depoimento de Moro ao Congresso, equivale a uma pá de cal sobre a sepultura do 'o escândalo que encolheu', parido pela intercePTação fracassada]

“Moro construiu sua imagem pública sobre os pilares do mito do herói de Homero: a grandiosidade e a singularidade. Aspirava à imortalidade, comportava-se como um semideus da Justiça”

O “homem cordial”, de Sérgio Buarque de Holanda, não é bem aquilo que o senso comum deduz à primeira vez que se depara com o conceito-chave de sua obra seminal, Raízes do Brasil. A expressão “cordial” não indica apenas bons modos e gentileza, vem de “cordis”, em latim, ou seja, relativo a coração. Para Buarque, o brasileiro não suporta o peso da própria individualidade, precisa “viver nos outros”. A apropriação afetiva do outro seria um artifício psicológico e comportamental predominante na sociedade brasileira, parte integrante do nosso processo civilizatório.

A cordialidade “pode iludir na aparência”, explica Buarque. A polidez do “homem cordial” é organização da defesa ante a sociedade. “Detém-se na parte exterior, epidérmica, do indivíduo, podendo mesmo servir, quando necessário, de peça de resistência. Equivale a um disfarce que permitirá a cada qual preservar inatas suas sensibilidades e suas emoções.” O brasileiro dispensa as formalidades, pretende estreitar as distâncias, não suporta a indiferença, prefere ser amado ou odiado.

Em grande parte, a “fulanização” da política brasileira vem desse viés antropológico, embora nossas instituições políticas sejam surpreendentemente robustas, como destacou recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao comentar a relação do presidente Jair Bolsonaro com o Legislativo: os partidos são fracos, mas o Congresso é forte. De certa maneira, as redes sociais potencializaram essas características do “homem cordial”. Num primeiro momento, nas relações interpessoais; depois, no processo político, principalmente nas disputas eleitorais.
Bolsonaro e sua antítese, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado e está preso, exacerbam essas características da política brasileira. Ambos flertam com o populismo, buscam aproximação afetiva com aliados e eleitores, protagonizam a exacerbação das paixões políticas. Ambos se enquadram no “tipo ideal” da obra de Sérgio Buarque, se analisarmos com esse olhar o papel de cada um na vida nacional.

E o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que ontem estava sendo sabatinado na Câmara, por sua atuação heterodoxa, digamos assim, na Operação Lava-Jato? Pelas próprias características de seu trabalho como juiz federal, seu comportamento formal e circunspecto não se enquadra nesse tipo ideal do “homem cordial”. Ou melhor, não se enquadrava, até serem reveladas as conversas que mantinha com os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato.

O semideus
Moro construiu sua imagem pública sobre os pilares do mito do herói da Ilíada de Homero: a grandiosidade e a singularidade. Aspirava à imortalidade, comportava-se como um semideus da Justiça. Mas tinha uma existência verdadeira, que pressupõe também a volta para casa, a vida normal — até que a situação exigisse outro gesto glorioso e individual, de grande bravura. O herói semideus faz coisas sobre-humanas, mas não é imortal.

A filósofa Hannah Arendt, em A Condição Humana, discorrendo sobre o mito do herói, destaca que a sua coragem antecede as grandes batalhas, tem a ver com disposição de agir e falar, se inserir no mundo e começar uma história própria. O herói não é necessariamente o homem de grandes feitos, equivalente a um semideus; pode ser um indivíduo comum que se insere e se destaca no mundo por meio do discurso e da ação. O herói é sempre aquele que se move quando os outros estão paralisados. Precisa fazer aquilo que outro poderia ter feito, mas não fez; ou melhor, o que deixaram de fazer.


Moro se tornou uma personalidade nacional graças à Lava-Jato, na qual só se pronunciava nos autos. Mas era aplaudido e cumprimentado nas ruas. Representava os órgãos de controle do Estado e a ética da responsabilidade, que zelam pela legitimidade dos meios empregados na ação política. Cumpriu um papel estratégico na luta em defesa da ética na política, vetor decisivo para o resultado das eleições passadas. Contra Moro, Lula não tinha a menor chance; seria preso, como foi, pelo juiz durão.

Depois das eleições, convidado por Bolsonaro para ser ministro da Justiça, Moro manteve-se na crista da onda, mas deixou de ser o juiz “imparcial”. Esse atributo agora foi posto em xeque. As revelações do site The Intercept Brasil sobre supostas trocas de mensagens entre Moro e procuradores da Lava-Jato em Curitiba sugerem a intervenção indevida do então juiz federal na condução da operação, inclusive com a indicação de possíveis testemunhas. O cristal de seu pedestal de herói foi trincado por conversas banais nas redes sociais. O mito do herói ainda sobrevive, mas já não é a mesma coisa: Moro virou um político, sujeito a todos os ritos da luta política e do jogo democrático. A vida real está revelando a face oculta de mais um “homem cordial”.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

domingo, 16 de junho de 2019

O autoengano de Moro e Deltan

Ministro acredita (ou faz que acredita) que a forma apaga o conteúdo

Essência do vazamento é seu conteúdo

Uma semana depois da divulgação das conversas do juiz Sergio Moro com o procurador Deltan Dallagnol pelo site The Intercept Brasil, consolidou-se a linha de defesa do governo segundo a qual o que houve ali foi um crime. Trata-se de uma magnífico exercício de autoengano. Foi praticado um crime na forma, mas a essência do episódio está no seu conteúdo. A divulgação dos Pentagon Papers, em 1971, decorria de um indiscutível crime contra a segurança nacional dos Estados Unidos, pois os documentos que contavam a ação americana no Vietnã eram secretos e foram roubados. A Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou a tentativa do governo de proibir a sua divulgação.

[destaque necessário: FATOS:
- violar sigilo telefônico e de comunicações telemáticas é crime, segundo a legislação brasileira em vigência, deve ser obedecida - obedecer as leis não é uma opção e sim um DEVER;
- a Constituição Federal estabelece que provas adquiridas por meios ilícitos não são válidas;
- até o presento momento, não existe provas ou mesmo indícios de que as conversas são autênticas, podem ter sido forjadas;
- ainda que não fosse crime violar, roubar, conversar privadas, ainda que as conversas sejam autênticas, o conteúdo das mesmas não apresenta nada que possa indicar que ocorrem fraudes no processo que condenou o ladrão Lula e outros bandidos.

O processo do triplex se destacar por ser o processo mais analisado do Brasil, quiçá do mundo - todas as instância do Judiciário comprovam que tudo transcorreu dentro da legalidade.]

Governantes inventam (e fingem que acreditam) coisas incríveis. O governo petista e seu comissariado desqualificavam o conteúdo das colaborações de alguns de seus companheiros e cúmplices com a Lava Jato de Sergio Moro denunciando a forma como os procuradores obtinham as confissões (encarcerando os suspeitos). Em junho de 2015 a presidente Dilma Rousseff disse: “Não respeito delator”. O autoengano petista custou o mandato a Dilma e a liberdade a Lula, bem como aos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci.

Um ano depois da fala de Dilma, Sergio Moro lembrou a Deltan Dallagnol que a Lava Jato estava há “muito tempo sem operação”. (Dias depois foi para a rua a Operação Arquivo X.) Na mesma conversa, o juiz ofereceu ao procurador o nome de uma “fonte séria” que “estaria disposta a prestar a informação”. (Não devia ser séria porque oferecia informações que não se materializaram sobre o filho de Lula. Além disso, não topou falar.) À época não se sabia que o juiz Moro e o procurador Dallagnol tinham tamanha fraternidade. Sabe-se agora, graças ao The Intercept Brasil. Em 2015 autoenganavam-se empreiteiros e petistas. Hoje, quem acredita (ou faz que acredita) que a forma apaga o conteúdo é o ministro Moro.

Em novembro de 1971 a filósofa Hannah Arendt publicou um artigo intitulado “Mentindo na Política: Reflexões sobre os Papéis do Pentágono” e nele cuidou do mecanismo do autoengano. Ela disse o seguinte: “O autoengano pressupõe que a distinção entre a verdade e a falsidade, entre a realidade e a fantasia, desaparece numa cabeça que se desligou dos fatos. No campo político, onde o segredo e a dissimulação sempre desempenharam um importante papel, o autoengano é o perigo por excelência: o enganador autoenganado perde todos os contatos, não só com seu público, mas com o mundo real”.
(...)


BALCÃO DA LANCHONETE
Frase colhida num balcão de lanchonete:
“Quando ele gravava, podia. Agora que grampearam ele, é crime”.

AUSTERIDADE
O filho de um alto morubixaba de Brasília resolveu viajar para o Rio. Seu pai, avarento e austero, disse-lhe que fosse de ônibus.
Ele foi, seguido pelo carro dos seguranças.

(...)

ORDEM NO PALÁCIO
Alguém precisa avisar ao presidente Bolsonaro que não deve receber quadros do segundo escalão do governo sem o conhecimento dos ministros a quem eles são subordinados.
Às vezes isso é feito em nome de velhas amizades, mas o amigo pensa que está com a bola cheia e acaba segurando fio desencapado.

BOLO SEM CEREJA
A saída do regime de capitalização do projeto de reforma da Previdência tirou a cereja do bolo que a banca ajudou a assar.
Ela continuará apoiando a reforma, mas chorará em segredo. Até mesmo porque é duvidoso que a mutilação tenha sido uma boa ideia.

RECORDAR É VIVER
Nos 30 anos da repressão aos estudantes que estavam na praça da Paz Celestial, os organizadores das manifestações de Hong Kong deverão calibrar a radicalização de suas palavras de ordem.
oje sabe-se que Deng Xiaoping decidiu acabar com o acampamento e reorientar o governo em abril. Os estudantes acharam que tinham pista livre e radicalizaram. Em maio Deng chamou a tropa e deu sinais de que derrubaria. Em junho baixou o chanfalho.
Na política chinesa, três meses equivalem a uma fração de segundos em outras terras.

CONTA DA PETROBRAS
Vem aí uma conta pesada para a Petrobras. Assim como fizeram, com sucesso, os investidores americanos, alguns fundos brasileiros prejudicados pelas malfeitorias ocorridas na Petrobras, querem ser indenizados.
Por enquanto, a conta (parcial) está em R$ 58 bilhões.
A burocracia da empresa e a União empurram o caso com a barriga e hoje há uma disputa para se saber se o processo deve ser submetido à Câmara de Arbitragem ou mandado para a Justiça. O caso está no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde a relatora Nancy Andrighi já se decidiu pela arbitragem. Se essa tese prosperar a sentença pode sair ainda neste ano.

(...)


Elio Gaspari, jornalista - O Globo - Folha de S. Paulo

domingo, 30 de dezembro de 2018

Não entre de otário na agenda bobalitária


O Governo Bolsonaro vai começar. Tudo indica que iremos nos irritar e nos divertir com o previsível show de horrores da oposição burra. A agenda do ativismo bobalitário será confrontada pela pauta conservadora de Bolsonaro. Ideólogos de esquerda vão apanhar mais que massa de pizza. Celebridades papagaias terão faniquitos. Mas os bolsonaristas não podem repetir, às avessas, o papo furado dos adversários (ou inimigos)... Por isso, o problema da ideologia merece um amplo debate/embate. Sobretudo, uma discussão baseada em um novo conceito que desenvolvemos em 2007. Vamos refletir sobre a “ideocracia”. Tal conceito vai muito além da conhecida, mas indevidamente estudada “ideologia”. 


E a ex-presidente, escarrada, foi demitida definitivamente pelo leitor mineiro da vida pública -  também seu amigo e colega de assassinatos, o aloprado Fernando Pimentel (tão sem noção que nos tempos de guerrilha quando tentava realizar um sequestro e foi atropelado pelo carro do 'quase' sequestrado.

O cara continua tão desgovernado que comunicou oficialmente seu não comparecimento à posse do Bolsonaro - qual a utilidade do futuro presidiário petista caso compareça ao evento?ser vaiado.)]

Ideocracia é a aplicação prática dos modelos ideológicos para a conquista e manutenção do poder. São Maquiavel sabe do que estamos falando...

Governado por “ideologias ou ideocracias fora do lugar”, o mundo parece um espaço reprodutor de erros e vícios, em que o ser nasce condenado, cresce sufocado e reprimido. Nele, o próprio ser violentado pratica a violência e reproduz a opressão do sistema. O ser se destrói existencialmente. Enfim, condena-se à morte em vida. E o ciclo de opressão e violência parece se perpetuar – como se fosse intrínseco ao ser humano. Será que é? Eis a questão.

As 
ideocracias nos fazem perder a noção da realidade objetiva. As verdades subjetivas distorcem as coisas, explicam falsamente a realidade e alimentam os conflitos individuais e coletivos. As ideocracias e suas ideologias, sempre com o intuito de “salvar o ser humano”, nascem e evoluem neste cenário de controle, dominação e manipulação. No fim das contas, as ideocracias e suas ideologias querem o poder. Não necessariamente o poder para a felicidade humana.

Para que servem as 
Ideocracias? As ideologias (conjunto de idéias)são usadas como mecanismos políticos de dominação, controle e manipulação das massas, através da padronização e simplificação das idéias. Já as ideocracias são os modelos ideológicos aplicados para a conquista e manutenção do poder. As ideocracias e suas idéias influenciam o meio “bio-psicossocial”. Atuam sobre a “vida” e a mente dos seres organizados socialmente. Ideologia é "um conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas". O conceito de ideologia precisa ficar bem claro, para que seja compreendido seu emprego ideocrático.

Muitos autores definem ideologia como sinônimo de “visão de mundo”. Mas isto nem sempre é exato. Costuma-se conceituar visão de mundo como a perspectiva com a qual um indivíduo, uma comunidade ou uma sociedade enxergam o mundo e seus problemas, em um dado momento da história, reunindo em si uma série de valores culturais e o conhecimento acumulado daquele período histórico em questão. Mas as ideologias vão além da visão, sobretudo em um mundo controlado por oligarquias financeiras e seus restritos “clubes” de poder.  A ideologia é um fenômeno histórico-social decorrente do modo de produção. Karl Marx desenvolveu uma teoria da ideologia concebendo-a como uma forma de falsa consciência cuja origem histórica ocorre com a emergência da divisão entre trabalho intelectual e manual. É a partir deste momento, desta alienação, segundo Marx, que surge a ideologia. Ela é derivada de agentes sociais concretos (os ideólogos ou intelectuais), que tornaram autônomo o mundo das idéias. Desta forma, os ideólogos ou intelectuais teriam invertido a realidade.

De linha marxista, a filósofa Marilena Chauí caracteriza a ideologia como um mascaramento da realidade social que permite a legitimação da exploração e da dominação. “Por intermédio dela, tomamos o falso por verdadeiro, o injusto por justo”. Marx acreditava que a ideologia cria uma “falsa consciência” sobre a realidade que visa a reforçar e perpetuar a dominação. Já
Antônio Gramsci , conceitua que a ideologia não é enganosa ou negativa em si, constituindo qualquer ideário de um grupo de indivíduos. Não é à toa que os modelos de pensamento gramscianos se mostram tão adequados aos diferentes sistemas ideocráticos aplicados no mundo atual. Por sua vez, Louis Althusser retoma a linha original de Marx, definindo que a ideologia é materializada nas práticas das instituições. Desta forma, o discurso, como prática social, seria a “ideologia materializada” na prática.

Também de linha marxista, o psicólogo e sociólogo Erich Fromm sempre se mostrou profundamente impressionado pelo que ele via como uma poda da liberdade humana, pelo modo como as pessoas se submetiam, inconscientemente, a desempenhar papeis mecânicos dentro da sociedade exclusivista estruturada na ideologia do capitalismo. Vale conferir o conceito de Erich Fromm, exposto em seu livro "
A revolução da esperança por uma tecnologia humanizada(Círculo do Livro, São Paulo s/data. 190p.)":   "As ideologias são idéias formuladas para consumo público, satisfazendo a necessidade que todos têm de aliviar sua consciência culpada, na crença de que elas agem em favor de algo que lhes parece bom ou conveniente. As ideologias são mercadorias de pensamento já prontas, divulgadas pela imprensa, oradores e ideologistas a fim de manipular a massa do povo para finalidades que nada têm a ver com a ideologia, e que muitas vezes são exatamente o oposto”.

Erich Fromm pega na veia: “Essas ideologias são muitas vezes manufaturadas "ad hoc". Por exemplo, quando uma guerra é popularizada sendo descrita como guerra de libertação ou quando ideologias religiosas são usadas para racionalizar o status quo político”. Viram como é legal usar o raciocínio da esquerda contra ela própria?

A Oligarquia Financeira Transnacional, que controla o mundo, usa as ideologias do capitalismo, do socialismo, da globalização ou da “pqp” como melhor lhe convém para dominar as nações e exercer o poder do dinheiro. O grande desafio do mundo contemporâneo é entender os mecanismos ideocráticos e sua influência sobre os indivíduos e as sociedades. Quem ignorar a ideocracia será uma presa fácil de seus modelos ideológico. É bom ficar esperto, para não ser devorado pelas “ideocracias fora do lugar”.
Repito: São Maquiavel que nos ajude e guarde! Não merecemos ser feitos de otário pelas ideocracias e por seus agentes de ativismo, principalmente as estrelas artísticas e outras subcelebridades menos votadas.


PS – O artigo deste domingão é uma atualização do texto publicado neste Alerta Total em 14 de maio de 2007 – “Os perigos da Ideocracia”. 

Leia também o artigo de Renato Sant’Ana: Ativismo Agendado