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sexta-feira, 28 de julho de 2023

Esquerda radical MST incorpora defesa do aborto e linguagem neutra - Gazeta do Povo

Gabriel de Arruda

Esquerda radical

MST incorpora defesa do aborto e linguagem neutra

MST ampliou aulas sobre feminismo em acampamentos| Foto: MST /Divulgação
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A reforma agrária e o aborto não possuem qualquer ligação aparente. Mas, cada vez mais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem incorporando essa e outras causas chamadas “progressistas” ao seu repertório.

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Se nunca esconde o seu alinhamento ideológico com a esquerda radical, o MST que em sua origem tinha vínculos com a Igreja Católica parece estar cada vez mais à vontade para adotar pautas que tradicionalmente não eram tratadas como relevantes pelos movimentos de inspiração marxista, geralmente mais preocupados com a tarefa de derrotar o modelo econômico capitalista.

Neste mês, por exemplo, a página oficial do MST publicou um artigo em que as autoras dão recomendações de como convencer as mulheres da “classe trabalhadora” a apoiar a legalização do aborto. “Essa é uma tarefa urgente que deve estar na agenda dos movimentos sociais e também nos campos institucionais”, diz o texto assinado por Delana Corazza e Angélica Tostes. O artigo elenca a religiosidade do povo brasileiro como um obstáculo à descriminalização do aborto, e faz recomendações de como se comunicar com as mulheres das classes mais baixas.

E esse é apenas o exemplo mais recente de como, à medida que a causa da reforma agrária perde relevância em um país cada vez mais urbano, o movimento se torna cada vez mais apegado a temas que têm zero relação com a distribuição de terras no campo.

Ou seja: pessoas pobres e sem instrução formal são atraídas para o movimento por causa da esperança na obtenção de terras, mas acabam sendo usadas como público cativo para a propagação ideias que nada têm a ver com o tema.

Arco-íris e socialismo
Ainda em 2019, o MST lançou uma publicação especial sobre os “LGBT Sem Terra”. Nela, o grupo admite que sua meta final é o socialismo, mas afirma que o tema da sexualidade é útil na busca por esse objetivo. “Hoje, enxergamos a diversidade sexual como parte dessa luta e da resistência no atual contexto político, dando materialidade ao projeto popular que carrega consigo o sonho da terra e dos seres humanos livres”, afirma o material, que também é mais direto logo adiante: “Hoje, um arco-íris se soma ao vermelho de nossa bandeira para construirmos juntos uma sociedade socialista, livre da opressão e exploração”.

A publicação explica que a aproximação com a população LGBT começou em 2015, com o primeiro seminário “O MST e a Diversidade Sexual”. Para o MST, a culpa da homofobia, claro, é do capitalismo. “A LGBTfobia, assim como o machismo, são manifestações concretas de um sistema de dominação, opressão e exploração, localizado na relação entre capitalismo e patriarcado”, diz o texto.

Neste ano, o MST passou a fazer parte da “Campanha Permanente Contra a LGBTI+fobia no Campo”. O movimento também organizou, na capital paulista, uma festa do Orgulho LGBT que recebeu o nome de “Close & Luta”.

A guinada progressista inclui até a adoção da linguagem neutra. “Queremos que nos mantenham vivos, vivas e vives”, disse Kelvin Nícolas, do Coletivo Nacional LGBTI+ do MST, em um artigo publicado em junho deste ano pela organização.

Aulas de feminismo em acampamento
Recentemente, o MST tem ampliado a sua agenda. A entidade agora promove oficinas sobre feminismo (sempre sob a ótima marxista). Uma das turmas reuniu 75 mulheres em um acampamento de Viamão (RS) para dicas de como enfrentar o patriarcado. Na visão do movimento, “o marxismo se une ao debate do feminismo a partir do momento em que traz em seus estudos a origem das diferenças de classes e a opressão da classe trabalhadora e faz repensar como as mulheres são oprimidas pelo sistema capitalista da propriedade privada”.

A organização também tem dado mais ênfase à pauta racial. Em 2020, sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o MST ajudou a propagar a tese incorreta — de que o Estado brasileiro promove um “genocídio da juventude negra.” O grupo também exaltou Malcolm X, o ativista americano que, nos anos 1960, defendeu o uso da violência no combate à segregação racial.

Doutrinação nas escolas
A ampliação da agenda ideológica do MST também preocupa porque tende a se refletir nas escolas mantidas em acampamentos dos sem-terra. Se antes o currículo já era contaminado pela apologia ao pensamento de Che Guevara e pela defesa dos ideais socialistas, a carga ideológica tende a se tornar mais explícita conforme o MST adota novas pautas progressistas.

O MST mantém cerca de 2 mil escolas em acampamentos. São unidades públicas de ensino, mas geridas com um certo grau de autonomia pelos próprios assentados. Segundo o movimento, aproximadamente 200.000 crianças frequentam essas unidades de ensino.

O professor Bráulio Porto de Mattos, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, diz que o MST se aproveita da indiferença de gestores locais.Tamanha a audácia do MST, que eles pressionam as prefeituras para que eles possam definir o currículo e o perfil do professor das escolas municipais”, afirma.

Jean-Marie Lambert, professor emérito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), diz que a pauta do MST vai além da redistribuição de terras e envolve uma redefinição do que seria a natureza humana. “O que eles estão propondo é um novo modelo antropológico. É um projeto de poder, com certeza, mas não um projeto de poder no sentido marxista clássico. É um projeto de mudança antropológica”, ele afirma.

Lambert diz ainda que o MST enxerga a educação como uma ferramenta a serviço da revolução. “É uma doutrinação similar à que acontece nas outras escolas públicas, mas potencializada. Estamos falando de uma espécie de reeducação ideológica clássica”, ele diz.

O movimento tenta também avançar no ensino superior. Recentemente,Universidade Federal de Pelotas confirmou estar avaliando a criação de um curso de Medicina que, na prática, atenderia sobretudo membros do MST.

 

Em maio, a Câmara dos Deputados instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar irregularidades cometidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A CPI do MST tem como objetivo “investigar a atuação do MST, do seu real propósito, assim como dos seus financiadores”.

Gabriel de Arruda, colunista - Gazeta do Povo - Vida e Cidadania

 

 

terça-feira, 31 de maio de 2022

A farsa da linguagem “neutra” - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

linguagem neutra

Veteranos do curso de Letras da UFMG recepcionam calouros com uso da linguagem neutra. -  Foto: Reprodução

A linguagem “neutra”, que tanto encanta burocratas de RH, gerentes de marketing inclusivos e demais devotos de “pautas” definidas por eles mesmos como “progressistas”, é um tipo de estupidez francamente incomum. Em geral, esse tipo de anomalia germina nos lixões mentais onde se cultivam e se colhem as ideias vadias.  
No caso, porém, a mania de eliminar o feminino e o masculino da gramática portuguesa vem de onde se espera que venha justamente o contrário – as escolas secundárias e as universidades, cujo dever perante a sociedade é promover o avanço do conhecimento, da cultura e da lógica. É para isso que são pagas. Se for para propagar o erro e a ignorância, elas perdem o sentido. É o que está acontecendo.
 
A linguagem do “todes” e do “iles”, que tanto prospera hoje em dia nas cerimônias de formatura de universidades e no credo ideológico de escolas de gente rica, é antes de tudo um erro de português – seria mais o menos como ensinar, na aritmética, que 2 + 2 são 22, ou que o ângulo reto ferve a 90 graus. 
 Não há, realmente, como sair disso: usar o feminino e o masculino é um requisito fundamental do português, idioma oficial do Brasil e, mais do que tudo, a língua que o povo brasileiro fala no seu dia a dia, de maneira livre, natural e sem nenhuma imposição vinda de cima ou de fora.

O cidadão fala o português da maneira como aprende em casa, como lhe vem à cabeça e como está acostumado a falar em sua vida: não pode, simplesmente, ser obrigado a falar de um modo diferente. Querer impor o contrário é uma violência. Acima de tudo, é contra a lógica. Nossos catedráticos e outros altos pedagogos querem que os bebês sejam chamados de ”menines”. Tudo bem: mas é menino ou menina? Xeque-mate.

Fica, desde logo, um problema insolúvel: por acaso as escolas e as universidades vão passar a reprovar, nos exames, os alunos que escreverem ou falarem o português correto? 
Os devotos da “abolição de gêneros” não admitem que se chame uma mulher de “ela” e um homem de “ele”, mas nos manuais de gramática portuguesa está escrito que é isso, exatamente isso, o que as pessoas devem fazer, se quiserem se expressar no idioma nacional.

Como é que fica, então? Os militantes da “linguagem neutra” vão chamar o Ministério Público para processar criminalmente os infratores por atos contra a democracia, o igualitarismo e as “causas identitárias”? Ou, pior ainda, por “homofobia” – crime “equivalente ao racismo”? Será que vão apresentar um projeto de lei no Congresso para impor a sua nova língua à população?

Tudo isso é um completo absurdo, mas é assim que os responsáveis pelas universidades e escolas secundárias querem que seja. Não vão conseguir, é claro. O que chama a atenção, nessa história toda, não é o efeito concreto da fantasia que querem impor; ninguém vai começar a falar “ile”, “bem vinde” e outras cretinices do mesmo tipo, porque ninguém consegue obrigar um povo a falar uma língua que não é a sua.

Língua não é produto de alguma cerebração intelectual processada em agências de publicidade
, e sim da vontade, da prática e da inclinação da população em falar de uma determinada maneira. A “linguagem neutra”, nesse sentido, tem as mesmas possibilidades de sucesso que o esperanto, e demais tentativas de se criar línguas artificiais. O que impressiona, mesmo, é o tamanho da farsa.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Bolsonaro critica decisão de Fachin sobre linguagem neutra: 'O que ele tem na cabeça?' - O Globo

O presidente Jair Bolsonaro criticou o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), por suspender uma lei estadual que proibia a utilização da chamada linguagem neutra em escolas. Bolsonaro questionou "que ministro é esse" e "o que ele tem na cabeça". [ótimas perguntas.]

Leia mais:  Partidos já têm disputa entre parlamentares e presidenciáveis por verbas do fundo eleitoral

Após ser eleito com 57.797.847 votos, Jair Bolsonaro recebeu a faixa presidencial de Michel Temer em 1º de janeiro Foto: Evaristo Sá / AFP

Após ser eleito com 57.797.847 votos, Jair Bolsonaro recebeu a faixa presidencial de Michel Temer em 1º de janeiro Foto: Evaristo Sá / AFP

A declaração ocorreu em entrevista à Jovem Pan News, gravada no sábado e exibida nesta segunda-feira. O presidente disse que a lei suspensa por Fachin seria de Santa Catarina, mas na realidade era de Rondônia. A decisão ainda precisa ser confirmada pelo resto dos ministros da Corte.

Um decreto de Santa Catarina com teor semelhante também foi questionado no STF, mas essa ação tem outro relator e ainda não foi analisada. — Se eu não me engano, Santa Catarina… Sim, Santa Catarina. Tem uma lei lá que foi sancionada pelo governador proibindo a linguagem neutra. O que o ministro Fachin fez? Acho que foi o Fachin. Deu uma liminar contra essa lei que estava lá em Santa Catarina proibindo a linguagem neutra — afirmou Bolsonaro na entrevista.

O presidente, então, atacou o ministro do STF: — Que país é esse? Que ministro é esse do Supremo Tribunal Federal? O que ele tem na cabeça? O que ele… É "eu quero"? Virou "eu quero", "eu não quero"?

A "linguagem neutra", ou "linguagem inclusiva", — que inclui termos em que os artigos masculinos e femininos são substituídos pelas letras "x" ou "e" — visa a combater preconceitos linguísticos. [a tal linguagem neutra contraria frontalmente acordo ortográfico internacional e legislação federal que disciplinam o IDIOMA OFICIAL (artigo 13 da CF) adotado no Brasil. Ao nosso entendimento, qualquer legislação municipal, estadual e federal mudando o IDIOMA OFICIAL já nasce morta.]

Em sua decisão, tomada em novembro do ano passado, Fachin disse ver risco "imenso" de que a lei, caso fosse imediatamente aplicada, pudesse calar "professores, professoras, alunos e alunas". A lei seria julgada no plenário virtual do STFsistema pelo qual cada ministro vota pela plataforma eletrônica, sem necessidade de se reunirem —, mas o ministro Nunes Marques apresentou um pedido para levar o caso para julgamento físico, o que ainda não tem data para ocorrer.

Nunes Marques é o relator da ações que questionam o decreto catarinense, mas ainda não tomou uma decisão. A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério da Educação (MEC) se manifestaram nesse processo, pedindo a manutenção do decreto.

A lei de Rondônia e o decreto de Santa Catarina não são iguais. A norma rondoniense, na qual o governo não se manifestou, proíbe a linguagem neutra "na grade curricular e no material didático de instituições de ensino públicas ou privadas, assim como em editais de concursos públicos". O decreto catarinense, por sua vez, veda "novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa, em contrariedade às regras gramaticais consolidadas", nos concursos públicos e nos documentos oficiais dos órgãos da administração pública e das instituições de ensino.

Política - O Globo


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O conto do vigário - Revista Oeste

Ex-presidente Lula abraçando o ex-governador Geraldo Alckmin | Foto: Reprodução Instagram 
 
Acertos políticos, de um modo geral e segundo ensina a experiência, são tramoias entre quadrilhas e entre quadrilheiros para encher o próprio bucho; 
O perdedor, invariavelmente, é o povo extorquido o tempo todo por eles. Mas, desta vez, em termos de desastre moral em estado puro, estão dando um capricho poucas vezes visto neste país, num ambiente político onde já se viu de tudo. Não existe um átomo de sinceridade em nenhuma das preces que Alckmin está dirigindo a Lula. Até outro dia, ele dizia os piores horrores em relação ao seu possível futuro chefe — e de lá para cá não aconteceu absolutamente nada capaz de apagar nenhuma das realidades que provocaram cada um desses horrores. 
 
Os fatos que tornaram Lula o ex-presidiário que ele é hoje não sumiram; continuam todos aí, do mesmo tamanho, mas Alckmin decidiu que eles não existem mais. Lula não acredita em nenhum agrado que recebe do parceiro, mas aceita todos; para quem já foi pedir a obtenção de Paulo Maluf, esses poemas ao fingimento são a coisa mais natural do mundo. Eis aí, à vista de todos, o maior conto do vigário que está sendo aplicado no eleitor brasileiro na presente campanha eleitoral.

Alckmin, que já disse em público que Lula é ladrão, deixou 15 milhões de desempregados e quebrou o Brasil, está disposto agora, para ganhar uma vice, a se ajoelhar na frente de um criminoso condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em terceira e última instâncias. Está dizendo que aceita a volta das gangues que, segundo ele próprio, quebraram a Petrobras. Está dando o seu aval às invasões de terra do MST, que prega a destruição do agronegócio e já se vê governando o Brasil ao lado de Lula a partir de outubro de 2022. Está chamando de volta os empreiteiros de obras que confessaram crimes e devolveram dinheiro roubado — e que estão desesperados para poder roubar de novo. Está se colocando a favor da censura, que Lula promete implantar com o seu “controle social dos meios de comunicação.Está aceitando que a população pague os seus jatinhos de campanha, com os R$ 6 bilhões que a bandidagem política nacional acaba de roubar do Erário através do seu “Fundo Eleitoral”. Está fazendo de conta que é um devoto das causas femininas, negras, índias, homossexuais ou da “linguagem neutra” — em suma, está disposto a qualquer coisa. Desse jeito ainda acaba aparecendo na parada gay.

Na última vez que se candidatou a alguma coisa, nas eleições presidenciais de 2018, Alckmin ficou com 4% dos votos

Lula, nessa trapaça, não precisa dar nada, nem mudar nada — com Alckmin de vice, ou com qualquer outro, vai fazer exatamente o que quer. Se Alckmin (com o incentivo de sua turma) imagina a si mesmo como alguma espécie de contrapeso para o esquerdismo, a irresponsabilidade e o estilo Lula de lidar com o dinheiro público, está cometendo um ato aberto de megalomania. Lula, na verdade, anuncia em plena luz do sol, o tempo todo, que pretende piorar em relação ao que foi. 
Quer mais gasto do governo — para “os pobres”, é claro, mas quem vai se dar bem, como sempre, não tem nada de pobre. Quer mais estatal, mais obra tipo estádio-para-copa-do-mundo, mais Venezuela. Quer vender as reservas internacionais do país, para fazer, segundo diz, “distribuição de renda”. Quer uma economia parecida com a da Argentina, um dos governos que mais contam com a sua admiração no presente momento. Quer entupir o serviço público, mais uma vez, com empregos para a companheirada do PT e dos seus subúrbios. 
Quer mais invasão de terra. Quer voltar a distribuir diretorias da Petrobras — e por aí afora. Alckmin vai ter de querer tudo isso, também. Aliás, ao formar uma chapa com Lula e o PT, estará aceitando formalmente cada uma dessas coisas, e quantas mais vierem.
 
O ex-governador já teve voto em São Paulo, principalmente no interior — sempre surrando o PT, por sinal. 
Hoje seu verdadeiro patrimônio eleitoral é um mistério. 
Na última vez que se candidatou a alguma coisa, nas eleições presidenciais de 2018, ficou com 4% dos votos. 
Quantos eleitores vai trazer para Lula, se for agora o seu vice? 
Os analistas políticos garantem que sua posição terá, para a candidatura de Lula, a mesma importância do movimento de rotação da Terra. 
Vamos ver. Ele precisa entrar na chapa, primeiro, e depois mostrar serviço. De qualquer forma, sendo ou não sendo o candidato a vice, o que vai sobrar dessa salada é a espetacular farsa que ele, Lula, e as forças que o apoiam montaram para bater a carteira de votos do eleitor brasileiro.

Leia também “Lula está sem promessas”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Allan dos Santos: defesa aciona Comissão Interamericana de DH

Defesa citou atos do ministro Alexandre de Moraes

O jornalista Allan dos Santos apresentou uma denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) nesta quinta-feira, 9. A CIDH é órgão da Organização dos Estados Americanos.

Allan pediu à CIDH que seja expedida medida cautelar contra o Estado brasileiro para revogação de decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no inquérito que apura supostas fake news. No âmbito da investigação, Moraes determinou a prisão do jornalista e expediu medidas judiciais que culminaram no fim do portal de notícias Terça Livre. “Cabe lembrar que a ordem de Alexandre de Moraes deixou cerca de 50 colaboradores do Terça Livre TV sem o salário ao bloquear as contas bancárias da empresa”, informou a defesa do jornalista.

Na petição endereçada à CIDH, o jornalista solicitou ainda que a CIDH recomende a revogação das intervenções de Moraes nos processos em que Allan pleiteia reparação à sua honra contra outros órgãos de imprensa.

Inquérito contra Allan dos Santos é considerado inconstitucional por juristas

Em entrevista a Oeste, a jurista e deputada estadual Janaina Paschoal criticou o inquérito das fake news. “Esse inquérito subverte todas as regras inerentes ao devido processo legal”, constatou. Janaína se diz especialmente preocupada com a criminalização da palavra. “Aproveito para lembrar que as pessoas alcançadas por essa operação têm me atacado pesadamente”, acrescentou.

Dircêo Torrecillas Ramos, jurista e membro da Academia Paulista de Letras Jurídicas, concorda que não compete ao STF apurar, denunciar e julgar.  “Investigações, por exemplo, cabem à Polícia Federal, de acordo com o artigo 144, parágrafo 1º, inciso 1, da Constituição Federal”, exemplificou.

“Denúncias precisam ser feitas pela Procuradoria-Geral da República ou pelo Ministério Público Federal. Na sequência, um pedido é enviado ao STF”, disse. “A defesa será exercida por um advogado e cabe ao Supremo apenas julgar os casos. O STF não tem o direito de abrir uma investigação criminal como a das fake news“.

Nunes Marques quer julgamento sobre linguagem neutra no plenário físico

Leia também: “O ministro sem fronteiras”, artigo de J.R. Guzzo publicado na Edição 89 da Revista Oeste


terça-feira, 23 de novembro de 2021

Linguagem neutra é ‘inaceitável’, diz Aldo Rebelo - Revista Oeste

Cristyan Costa

Ex-ministro criticou ainda o Supremo Tribunal Federal 

O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo afirmou que a linguagem neutra é um “atentado à sociedade nacional”. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de criar outra língua e inventar palavras para impor à sociedade outra forma de cultura.

“É algo importado. Não é linguagem neutra, o que estão querendo impor é outra língua”, disse, durante um seminário organizado pelo instituto do ex-comandante do Exército Eduardo Villas-Boas, na sexta-feira 19. “O que estão querendo fazer não é o uso das palavras existentes. É a criação de uma outra língua, de um outro idioma”, observou Rebelo. “Não é o problema do gênero, é a tradição, a cultura”, acrescentou o ex-ministro.

Rebelo criticou ainda o Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, o ministro Luiz Edson Fachin restabeleceu o uso do “dialeto não binário” em escolas públicas e privadas de Rondônia. Para Rebelo, o STF age como “uma corte dos costumes, dos comportamentos”. “Aqui no Brasil, essa agenda tomou conta do mercado, pelas corporações que estão nisso, da mídia, de certa forma o Legislativo vai entrando nisso e o Judiciário nem se fala.

Comunista crítico da linguagem neutra
Ex-PCdoB, PSB e Solidariedade, Rebelo disse que o país mergulhou em um processo de desorientação quando a agenda do crescimento perdeu sentido diante da “agenda identitária e da guerra cultural”.

Leia também: “A estupidez da linguagem neutra”, reportagem publicada na Edição 62 da Revista Oeste


domingo, 21 de novembro de 2021

A linguagem neutra e a laicidade brasileira

Thiago Rafael Vieira e Jean Marques Regina
 
Na quinta feira, 18 de novembro, recebemos a notícia de que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, decidiu de forma liminar, na Ação Direta de Inconstitucionalidade 7.019, suspender lei do estado de Rondônia que proíbe a denominada “linguagem neutra” na grade curricular e no material didático de instituições locais de ensino, públicas e privadas e nos editais de concursos públicos. A polêmica em torno dessa questão é a substituição da gramática que conhecemos, da norma culta, com palavras identificadas pelo gênero, como “todas elas” e “todos eles” pelo pronome neutro. [será que a suprema decisão também revogou o acordo ortográfico e o tratado internacional que adotaram uma ortografia unificada para a língua portuguesa, entre os países signatários?]

A linguagem neutra e a laicidade brasileira
                                          Foto: Pexels/Pixabay

A onda agora, de uma minoria barulhenta, é que todas as palavras diferenciadas pelo gênero masculino e feminino sejam substituídas pelo “gênero neutro”: todes elxs.                                                                          E a decisão liminar do ministro entende que isso é uma possibilidade, por ser um fruto da liberdade de expressão.                                                     Ele afirmou que: “proibir que a pessoa possa se expressar livremente atinge sua dignidade, portanto, deve ser coibida pelo Estado”.[óbvio que o 'expressar livremente' deve ser interpretado de forma restritiva quando se referir a um apoiador do presidente Bolsonaro.]

É a religião quem responde às perguntas essenciais da vida humana e, por isso, a laicidade colaborativa é o ponto de partida para pensar como resolver problemas como a tentativa de imposição do gênero neutro na linguagem

Essa situação nos mostra por que é importante pensar a educação na laicidade colaborativa brasileira. Visualizar a educação com uma ótica amplificada é fruto da perspectiva de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus e, por isso, nosso sistema educacional deve ser acessível e de boa qualidade.
Imaginem o impacto que uma mudança dessas (gênero neutro) causaria no sistema de estudos de muitos estudantes em todo o país?      Precisamos pensar a educação de forma inteligente e conservar aquilo que é essencial. Jordan Peterson arremata esta questão ao falar sobre os pronomes neutros indicando que “os pronomes fazem parte de uma categoria linguística fechada, eles não mudam”.                                          O leitor percebe que se trata de instrumento de identificação, criado, não em vão, para compor a língua portuguesa: é uma ferramenta de distinção e estrutura de linguagem firmada no parâmetro curricular nacional.

Tão importante quanto a educação, a economia e o fenômeno religioso também devem ser alvos de nossa observação. São três áreas constantemente atacadas – de impasses ideológicos na economia até as inúmeras tentativas de enterrar a liberdade religiosa no Brasil. É a religião quem responde às perguntas essenciais da vida humana e, por isso, a laicidade colaborativa é o ponto de partida para pensar como resolver problemas como a tentativa de imposição do gênero neutro na linguagem. Uma pessoa que não tem mais certeza de qual o seu papel no mundo e que de qual é o seu gênero não pode ditar regras para todas as outras que sabem quem são, onde estão e para onde pretendem ir.

Por esse cenário, vale o convite para todos os leitores e assinantes da Gazeta do Povo: estejam sempre atualizados e busquem instrução. Uma entidade que, juntamente com a Gazeta do Povo, tem esse objetivo é o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR), que está promovendo, na próxima semana (25 e 26 de novembro), o 2.º Congresso Brasileiro de Direito Religioso, com o tema “Economia, educação e o fenômeno religioso na laicidade colaborativa brasileira”.

Dentre as autoridades convidadas, contaremos com o ex-ministro da Justiça e da Advocacia-Geral da União André Mendonça; o governador do estado de Goiás, Ronaldo Caiado; os autores da obra Direito Religioso e Laicidade Colaborativa Brasileira, Thiago Rafael Vieira e Jean Marques Regina; o professor da USP David Azevedo; a secretária nacional da Família, Ângela Vidal Gandra Martins; o reverendo, ex-chanceler do Mackenzie e doutor em Filosofia Davi Charles Gomes; o Ph.D. pela Universidade Gregoriana Marcus Boeira; o presidente da mantenedora da UniEvangélica, Augusto Ventura; o professor e autor de diversas obras, como O Abuso do Poder Religioso, Valmir Nascimento Milomem, o professor, doutor em Direito e procurador federal Marcel Simões; a coordenadora de Liberdade Religiosa no MMFDH, Natammy Bonissoni; o diretor do seminário Martin Bucer, reverendo Franklin Ferreira; e o diretor do Ministério Fiel, pastor Tiago Santos, dentre muitos outros! As temáticas abordadas serão: Laicidade brasileira colaborativa; Direito Religioso e relações de trabalho; Liberdade religiosa e economia; Teologia e filosofia – A era secular.


Thiago Rafael Vieira/Jean Marques Regina - Gazeta do Povo - VOZES

quinta-feira, 22 de julho de 2021

O PORTUGUÊS NÃO É O IDIOMA DE GRUPINHO ALGUM! - Percival Puggina

Copia, traduz e cola. Se você olhar de perto, verá que todos os exotismos das pautas identitárias da esquerda brasileira chegam até nós por esse mecanismo. Copia o que outros países estão fazendo, passa no Google Translator, copia a versão em português e cola na cartilha.Não ria, leitor. É assim mesmo e isso torna tudo mais grave, mostrando haver uma orquestração internacional, uma regência, uma estratégia e um grito de ordem: “Os fundamentos da cultura ocidental precisam ser destruídos!”.  

A linguagem neutra de gênero, ou linguagem não binária, é das mais agressivas e arrogantes dentre essas bandeiras. Muitas delas visam a domar a linguagem porque quem controla a linguagem controla o pensamento e sua expressão. A língua portuguesa, quinta mais falada no mundo, é patrimônio cultural de 260 milhões de pessoas, em nove países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.), sem pertencer às conveniências de grupinho algum. Foi o idioma que aprendemos da voz de nossos pais. Com ele nos comunicamos, fazemos negócios, estabelecemos relações, amamos, consolamos. É em português que pensamos, falamos com Deus, nos alegramos e sofremos. Em português multiplicamos nossos bens culturais, e fazemos piadas, e criamos trocadilhos.

Respeitem esse riquíssimo patrimônio que herdamos de nossos antepassados! E se ele chega até nós modificado por idiossincrasias regionais e pela própria ação do tempo, essas mudanças são naturais, independem do querer de quem quer que seja. Menos ainda são pautas políticas com intuitos destrutivos e inspiração exógena! Idiomas sofrem variações, sim; jamais dessa natureza. Há sotaques diversificados, mudanças  na  ortografia, mas a pressão no sentido de acabar com os gêneros gramaticais comuns a todas as línguas latinas é dos atos mais prepotentes que já pude observar. Tal percepção decorre de saber que esse empenho é apenas outra cunha lançada para empurrar, contra a vontade nacional, a ideologia de gênero para dentro de nossas escolas. Também nisso não é iniciativa de gente daqui. Nasceu e se mantém na base do copia, passa no Google Translator, e cola.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sexta-feira, 16 de julho de 2021

Com Bolsonaro internado e Mourão em viagem, STF pode resolver impasse sobre Lira assumir Presidência - O Globo

Supremo Tribunal Federal ainda não se manifestou se o presidente da Câmara, Arthur Lira, estaria impedido de substituir provisoriamente o presidente da República

 [Abaixo detalhes sobre a causa do impasse =  o senador Calheiros, relator da CPI Covidão.]

 "O impasse diz respeito a um entendimento adotado pelo próprio Supremo, em 2016, sobre o então presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL). O plenário, por maioria, validou liminar para dizer que réus em ações penais no STF não podem substituir o presidente e o vice caso os dois se ausentem do país, ainda que estejam liberados para comandar as duas Casas Legislativas federais."

Com a internação do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira e o vice-presidente Hamilton Mourão fora do país para a cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a linha sucessória diz que a cadeira da presidência da República deve ser ocupada pelo presidente da Câmara dos Deputados. [nossa pouca inteligência nos impede de entender os motivos de prestigiar a tal CPLP, enviando o vice-presidente da Republica para representar o Brasil; 
Em  excelente artigo, o escriba Sérgio Alves de Oliveira lembra o pouco valor que a turma da 'linguagem neutra' concede à Língua Portuguesa.   Confira: Que “frescura” é essa da linguagem neutra? - Sérgio Alves de Oliveira. ]

Há, no entanto, um impasse jurídico no Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da possibilidade de o atual presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), assumir a cadeira, que poderá ter que ser debatido diante do atual cenário. Segundo fontes do STF ouvidas pelo GLOBO, a tendência hoje na corte é adotar um posicionamento favorável à possibilidade de Lira assumir a Presidência da República. O impasse diz respeito a um entendimento adotado pelo próprio Supremo, em 2016, sobre o então presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL). O plenário, por maioria, validou liminar para dizer que réus em ações penais no STF não podem substituir o presidente e o vice caso os dois se ausentem do país, ainda que estejam liberados para comandar as duas Casas Legislativas federais.

 A situação de Lira gera dúvida por que em outubro de 2019, a Primeira Turma do STF recebeu uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que acusa o deputado e aliado do governo Bolsonaro de aceitar propina de R$ 106 mil do então presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Francisco Colombo, em troca de mantê-lo no cargo. A defesa de Lira recorreu.

Ministros ouvidos pelo GLOBO avaliam que, embora a denúncia tenha sido recebida, como o recurso da defesa ainda está pendente de julgamento, o presidente da Câmara não virou réu efetivamente - Lira, portanto, estaria apto a assumir a presidência. Uma outra ala de ministros entende, porém, que a partir do recebimento da denúncia o acusado torna-se réu, havendo o impedimento para que o deputado assuma a presidência. 

Na Corte, internamente, há a avaliação de que, caso Lira venha a assumir, o questionamento a respeito da possibilidade de que o deputado assuma será feito. Quando isso ocorrer, o plenário terá que se manifestar sobre o assunto. Caso a ação chegue ao STF durante o recesso, com pedido de liminar, a decisão caberá ou ao presidente da Corte, ministro Luiz Fux, ou à vice-presidente, ministra Rosa Weber, que assume o plantão já na semana que vem.

Ao GLOBO, a defesa de Lira sustenta que o presidente da Câmara não se torna réu até que a a Primeira Turma conclua a análise dos embargos de declaração, paralisada em novembro de 2020 por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli. "O presidente da Câmara está em plenas condições de assumir a cadeira caso seja necessário", afirmou o advogado Pierpaolo Bottini.

Embora o Supremo tenha decidido em 2016 sobre a situação de Renan Calheiros, ainda está pendente de conclusão a análise sobre o mérito da questão. Em 2017, um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes adiou a conclusão do julgamento da ação que discute se réus em ação penal perante o STF podem ou não substituir presidente da República. Quando o julgamento foi paralisado, já havia maioria para dizer que réus perante o STF não podem ocupar cargos que estão na linha de substituição da Presidência da República, mas conservam a titularidade de presidentes das suas respectivas Casas.

Caso Lira seja impedido de assumir, o próximo na linha sucessória é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que não é réu em ações penais. Com isso, ele ficaria livre para assumir o cargo temporariamente. 

Brasil - O Globo