Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador segunda onda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador segunda onda. Mostrar todas as postagens

domingo, 4 de abril de 2021

Projeções - Alon Feuerwerker

Análise Política

E o Brasil chegou a 10% da população adulta vacinada com pelo menos uma dose do imunizante contra o SARS-CoV-2. É pouco perto do número necessário para atingir a imunidade de rebanho, mas não deixa de ser um dado reconfortante para quem foi vacinado, suas famílias e amigos.


Do outro lado da moeda, nunca tivemos tantos casos, internações, pacientes em UTIs, mortos. Números trágicos da segunda onda de Covid-19. Mas, se a vacinação continuar pelo menos no ritmo atual, é possível que daqui a poucos meses estejamos assistindo ao despencar dessas curvas.

Segundo acompanhamento de instituições do mercado financeiro, há uma possibilidade real de todos com mais de 50 anos que desejem se vacinar terem tomado pelo menos uma dose até o final de abril. E até o final de setembro todos com mais de 20 anos.

Se essa projeção otimista realizar-se, e tomara que se realize, além das vidas salvas - sempre o mais importante - teríamos números fortes da economia no terceiro trimestre deste ano. Uma necessidade, diante do alto desemprego (leia), mesmo com os bons números do Caged (leia).

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

sábado, 5 de dezembro de 2020

Poderia ser pior? - Nas Entrelinhas

Não temos um plano efetivo de vacinação em massa por parte do Ministério da Saúde, cujo titular é um general de divisão da ativa, especialista em logística

Não gosto de análises catastróficas nem do quanto pior, melhor. Prefiro a teoria das duas hipóteses do humorista Aparíccio Apporelly, o Barão de Itararé, descrita por Graciliano Ramos em Memórias do Cárcere. O escritor alagoano deliciava-se com as anedotas e os comentários espirituosos do jornalista gaúcho, encarcerado durante a ditadura de Getúlio Vargas. Com sua voz pastosa e hesitante, dono de um “otimismo panglossiano”, o Barão sustentava que tudo ia bem e poderia melhorar, fundado numa demonstração de que diante de cada situação haveria sempre uma pior: “Excluía-se uma, desdobrava-se a segunda em outras duas; uma se eliminava, a outra se bipartia, e assim por diante, numa cadeia comprida”, explicava Graciliano. Com a palavra, o próprio Apporelly quando estava preso:

“Que nos poderia acontecer? Seríamos postos em liberdade ou continuaríamos presos. Se nos soltassem, bem: era o que desejávamos. Se ficássemos na prisão, deixar-nos-iam sem processo ou com processo. Se não nos processassem, bem: à falta de provas, cedo ou tarde nos mandariam embora. Se nos processassem, seríamos julgados, absolvidos ou condenados. Se nos absolvessem, bem: nada melhor, esperávamos. Se nos condenassem, dar-nos-iam pena leve ou pena grande. Se se contentassem com a pena leve, muito bem: descansaríamos algum tempo sustentados pelo governo, depois iríamos para a rua. Se nos arrumassem pena dura, seríamos anistiados, ou não seríamos. Se fôssemos anistiados, excelente: era como se não houvesse condenação. Se não nos anistiassem, cumpriríamos a sentença ou morreríamos. Se cumpríssemos a sentença, magnífico: voltaríamos para casa. Se morrêssemos, iríamos para o céu ou para o inferno. Se fôssemos para o céu, ótimo: era a suprema aspiração de cada um. E se fôssemos para o inferno? A cadeia findava aí. Realmente. Realmente ignorávamos o que nos sucederia se fôssemos para o inferno. Mas, ainda assim, não convinha alarmar-nos, pois essa desgraça poderia chegar a qualquer pessoa, na Casa de Detenção ou fora dela”.

O raciocínio irônico do Barão de Itararé é altamente filosófico e serve para qualquer situação. Por exemplo, para a turma enrolada na Lava-Jato, que agora assiste, de tornozeleira eletrônica ou no xadrez, o ex-juiz Sergio Moro ser contratado como especialista em combate à corrupção por um grande escritório de consultoria que presta serviços à Odebrecht. Como se sabe, Emilio Odebrecht, para salvar a empresa e aliviar a cana de seu filho, Marcelo Odebrecht, negociou uma delação premiada com o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que quase implodiu o sistema político brasileiro. Alguns imaginam que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff pavimentou o caminho para a eleição de Jair Bolsonaro; não, essa estrada foi asfaltada pelo escândalo da Petrobras e o uso generalizado de caixa dois nas campanhas eleitorais.

Pandemia
Mas, voltemos à teoria das duas hipóteses. O ano da pandemia do novo coronavírus está acabando, porém a covid-19 recrudesceu. Há uma corrida mundial para conter a segunda onda na Europa e nos Estados Unidos, que é repetição do que ocorreu com a gripe espanhola, 100 anos atrás. Agora, além do isolamento social, estarão sendo utilizadas vacinas em caráter emergencial. No Brasil, em razão do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e da mentalidade castrense do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, estamos numa guerra entre o governo federal, que comprou a vacina de Oxford, inglesa, que será produzida pela Fundação Oswaldo Cruz, e o governo de São Paulo, que adquiriu a vacina chinesa CoronaVac, cuja fabricação será iniciada pelo Instituto Butantan. Há, também, uma vacina russa, a Sputnick V, adquirida pelo governo do Paraná. [detalhe bobo, irrelevante: Oxford e Coronavac, indicam vacinas cuja produção SERÁ INICIADA (sendo acaciano: futuro) a Sputnick V já está sendo aplicada na Rússia, não se sabe em qual fase sua aprovação está na Anvisa. De tudo se conclui que a notícia de uma guerra tendo como abertura o Barão de Itararé é mais uma tirada genial do articulista Luiz Carlos Azedo.]

Entretanto, não temos um plano efetivo de vacinação em massa por parte do Ministério da Saúde, cujo titular é um general de divisão da ativa, especialista em logística, que será o grande responsável [sic] pelo atraso da campanha de vacinação. No momento, sua grande preocupação é negar a existência de uma segunda onda da pandemia, sabotar as medidas de isolamento social e atrasar a liberação da vacina chinesa. Vidas não importam, afinal, não existe guerra sem defuntos. E onde aplica-se a teoria das duas hipóteses? Ao comparar o número de mortos com os que sobreviveram à covid-19, graças aos esforços heroicos dos profissionais da saúde.

Nas últimas 24 horas, houve 776 mortes, somando 175.307 óbitos desde o começo da pandemia. A média móvel de mortes no Brasil, nos últimos sete dias, foi de 544. Desde o começo da pandemia, 6.487.516 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 50.883 desses casos confirmados nas últimas 24 horas. Em média, nos últimos sete dias, houve 40.421 novos diagnósticos por dia, a maior desde agosto, que registrou 40.526 mortes. O aumento no número de casos foi de 37%. A pandemia recrudesceu nos seguintes estados: PR, RS, SC, ES, MS, AC, AP, RO, CE, PB, PE, RN e SE. [o recrudescimento é o reflexo dos contágios ocorridos no feriadão do inicio de novembro; das eleições realizadas em 15 de novembro aditivado pelo segundo turno do dia 30p.p.

Lembrando que as aglomerações ao longo do mês de novembro, sem o uso de  máscaras, tiveram continuidade  pela realização de comícios. E, para facilitar a vida dos arautos do pessimismo a pane ocorrida no sistema de informática do Ministério da Saúde, represou o número de casos de contágio e mortes, forçando uma divulgação com atraso e 'aumentando' o número de casos - o que causou intensa alegria nos que conseguiram a graduação como  contadores de cadáveres na primeira onda e esperam a segunda para a pós.

Após o dia 10 de dezembro será comprovada a inexistência da segunda onde.]

Luiz Carlos Azedo, jornalista - Nas Entrelinhas - Correio Braziliense

 


sábado, 31 de outubro de 2020

Segunda onda – Folha de S. Paulo

Opinião

Retomada de pandemia na Europa abala mercados e ameaça recuperação do Brasil

Outubro termina com a notícia de que a Europa cresceu bem mais do que o esperado no terceiro trimestre do ano. Quase ao mesmo tempo, as maiores economias da zona do euro anunciam a volta de medidas sanitárias estritas a fim de evitar aglomerações e um descontrole ainda maior da pandemia — agora em sua segunda onda. [antes que queiram fechar tudo no Brasil, devem considerar que as eleições municipais estão gerando grandes aglomerações, estas sim, podem provocar um 'suspiro' da peste, com aumento do caso de contágios.
Duas coisas difíceis de entender:
1 - o que motiva um país em situação econômica dificil, há mais de vinte  anos   - realizar eleições a cada dois anos?
Eleições gerais a cada quatro anos, reduziriam substancialmente despesas que influem negativamente na contenção dos gastos públicos, e atenderiam perfeitamente as necessidades democráticas de eleições livres.
2 - qual o motivo de em uma situação excepcional  de pandemia, uma peste que só agora começa a ceder no Brasil, manter as eleições municipais em 2020?
O adiamento para 2022 além de reduzir os gastos públicos, auxiliariam na contenção de aglomerações advindas de comícios e ajudariam a consolidar o fim da contaminação pelo coronavírus = queiram ou não, ainda não existe uma vacina para conter a peste.]

O Produto Interno Bruto conjunto dos países que adotam a moeda comum elevou-se em 12,7% do segundo para o terceiro trimestre, embora siga 4,3% menor que no mesmo período do ano passado. Segundo as previsões de governos e bancos centrais da região, ademais, haverá nova recessão no quarto trimestre deste 2020. O Banco Central Europeu já indicou que vai promover nova rodada de estímulo à economia no final do ano. Resta agora apenas esperar que a segunda onda e a recaída na recessão sejam tão breves e brandas quanto possível.

Os sinais da retomada do contágio apareceram no início de setembro, e o aumento do número de mortes ganhou velocidade desde então. Na União Europeia, o número de óbitos por milhão de habitantes era de 0,82 no início de outubro, de 1,23 em meados do mês e de 2,86 nesta sexta (30) — acima da taxa brasileira, de 2 por milhão, e da americana, de 2,43.
Ainda no mês, um indicador econômico que antecipa o desempenho do PIB já mostrava contração, pois o declínio do setor de serviços —o maior em qualquer economia moderna— apagou o ainda bom resultado da indústria. Com os novos lockdowns, o resultado será notavelmente pior em novembro.
A situação da atividade nos Estados Unidos é ligeiramente melhor que na Europa, com queda do PIB de 2,9% em relação ao ano passado (dados do terceiro trimestre).

Já a situação epidêmica é algo incomparável —no conjunto, o país vive uma espécie de terceira onda, sem que tenha jamais controlado a doença de modo que os europeus o fizeram em julho e agosto. Os mercados financeiros, em parte também estressados por causa da eleição americana, refletem o medo de grave recaída recessiva. Na média mundial, as Bolsas tiveram a pior semana desde março. Como seria de esperar, o Brasil sofre o contágio, por ora, nos mercados. Fragilizado pela epidemia e pela paralisia da política econômica, pode ver sua recuperação abalada, ao menos em parte, pela retração nos EUA e na Europa.

O aperto das condições financeiras, refletido em altas do dólar e das taxas de juros de longo prazo, pode ser maior, dada a tensão mundial renovada. A turbulência é agravada pela incerteza quanto ao Orçamento e as reformas —enquanto da política sanitária de Jair Bolsonaro nada se pode esperar.

Opinião - Folha de S. Paulo



sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Três notícias - Alon Feuerwerker

 Análise Política

A boa notícia do dia foi a criação líquida de empregos em setembro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É o melhor setembro da série histórica (leia). O saldo no ano ainda é negativo, mas a tendência de recuperar pelo menos em parte as perdas da pandemia parece real.

Uma má notícia do dia, pelo menos para quem curte o Carnaval de rua no Rio de Janeiro, é a decisão de não fazer a festa em 2021 (leia).Os responsáveis chegaram à conclusão de que sem a vacina não tem como. Quem é que fiscalizaria o distanciamento social no Carnaval? [com certeza os jornalistas que se especializaram em contar cadáveres durante a pandemia, encontrariam uma forma de se aglomerarem gritando: 'os especialistas recomendam, evitar aglomeração'.
Afinal, o salário é bom e o patrão está buscando motivos para cortar custos.
E um ano sem Carnaval fará bem ao Brasil - será uma forma de pagar as muitas ofensas que são feitas diariamente aos valores religiosos, especialmente os da FÉ CATÓLICA,  conforme preceitos da IGREJA CATÓLICA  APOSTÓLICA ROMANA.
Vale lembrar que os países da Europa e de outros continentes que não seguiram o tal isolamento e distanciamento sociais, não se deixaram dominar pela paranóia do fecha tudo, não estão sendo atingidos pela segunda onda e a primeira foi uma meia onda.
Graças a DEUS, o Brasil está tranquilo, já que o longo platô facilitou o alcance da imunidade de rebanho ]. 

Uma notícia preocupante, já de alguns dias, é a força da segunda onda de contágios pelo SARS-CoV-2 na Europa. Será o caso de torcer e rezar para que o fenômeno não replique por aqui. Se replicar, o efeito na economia será direto, ainda mais num ambiente de forte dispersão política.

Essas três notícias são quase uma síntese. A economia está retomando, mas não retomará completamente sem que a vida volte ao normal. E estamos longe disso. E qualquer tentativa de volta à normalidade depende em última instância da vacina. O resto é o resto.

[Sobre as eleições nos EUA, temos que rezar e torcer para que no próximo dia 4 não aconteça a tragédia que muitos desejam = Trump perder.

Confiamos que a força dos democratas não é o que apregoam, ao contrário,   Biden perderá mais feio do que a Clinton.

Recomendamos ler: Está chegando a hora ].

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


quarta-feira, 30 de setembro de 2020

A segunda onda - Nas entrelinhas

Alguma transferência de renda precisa ser assegurada à população mais pobre no próximo ano, e o Congresso precisa encontrar uma saída. O governo não quer cortar na própria carne

Tudo indica que realmente está havendo uma segunda onda da pandemia na Europa — principalmente na Inglaterra, na Espanha e na Itália —, mas não se pode afirmar, ainda, que o mesmo esteja ocorrendo no Amapá, no Amazonas e em Roraima, onde o número de casos voltou a subir. A média nacional de transmissão da pandemia abaixo de 1/1 indica que o pior já passou, realmente, embora o número de casos confirmados continue muito alto. A sensação é de que estamos no meio de uma montanha russa, que parece não tem fim. São 142, 2 mil mortes e 4,7 milhões de casos confirmados até ontem, número só ultrapassado pelos Estados Unidos.

A média móvel de mortes nos últimos sete dias foi de 678 óbitos, o que dá uma média de 28 mortos por hora. Mas é um número 15% menor do que o da semana anterior, o que realmente representa um alento. O presidente Jair Bolsonaro não está nem aí para essa discussão sobre segunda onda, naturalizou o número de mortes como fizeram os generais e políticos italianos em Trento e Trieste, até que a História, muitos anos depois, cobrou-lhes a responsabilidade. Já comentei esse assunto por aqui, mas não custa relembrar. Quando a Itália entrou na I Guerra Mundial, em 1915, ao lado da “Entente” (aliança entre França, Inglaterra e Rússia), os políticos e militares italianos acreditavam que seria uma oportunidade de libertar Trento e Trieste do jugo estrangeiro e declararam guerra ao Império Austro-Húngaro. Centenas de milhares de jovens foram recrutados e lançados à batalha.

No primeiro confronto, porém, o exército inimigo manteve as suas linhas de defesa de Izonso e o ataque foi contido. Morreram 15 mil italianos. Na segunda batalha, foram 40 mil mortos; na terceira, 60 mil. Os italianos lutaram “por Trento e por Trieste” em mais oito batalhas, até que, em Caporreto, na décima-segunda, foram derrotados fragorosamente e empurrados pelas forças austro-húngaras às portas de Veneza. Citado no livro Homo Deus, de Yuval Noah Harari (Companhia das Letras), o episódio ficou conhecido como a síndrome “Nossos rapazes não morreram em vão”. Foram contabilizados 700 mil italianos mortos e mais de 1 milhão de feridos ao final da guerra.

Por que isso aconteceu? Por que a autocrítica não é o forte dos militares nem dos políticos. Depois de perder a primeira batalha de Izonzo, havia duas opções: admitir o erro e assinar um tratado de paz com o Império Austro-Húngaro, que enfrentava outros três exércitos poderosos; ou continuar a guerra e apelar para o patriotismo. Prevaleceu a segunda, porque a primeira tinha o ônus de ter que explicar para os pais, as viúvas e os filhos dos 15 mil mortos de Izonso por que eles morreram em vão.

Bolsonaro não teme um segundo ciclo da covid-19, já anda criticando o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), que estuda fazer um novo lockdown para conter o aumento do número de casos na capital do Amazonas, que desmente a tese de que já haveria “imunização de rebanho” no estado. [destaques:
- nos países em que está ocorrendo a 'imunidade de rebanho, o crescimento de casos é constante - já o de Manaus é sobe e desce, típico dos ajustes de contagem que, percentualmente, são relevantes, dado o reduzido número absoluto de casos;
- ainda não há vacina, o fecha tudo, para tudo, já acabou e os números começaram a cair = IMUNIDADE DE REBANHO.
Com uma participação mais efetiva de medicação preventiva e curativa - neste caso nos primeiros dias.] não surgiu vacina, 
O presidente da República naturalizou as mortes por covid-19, a “gripezinha”, e culpa governadores e prefeitos pelo desemprego em massa. Na sua avaliação, a política de isolamento social é responsável pela desorganização da economia e não o novo coronavírus, como acreditam sanitaristas e economistas.

Renda Cidadã 
Na verdade, teme — com razão — uma segunda onda de desemprego, maior do que a primeira, em decorrência da recessão e do fim do auxílio emergencial. Mesmo com a flexibilização do isolamento social na maioria das cidades — a razão da lenta queda do número de casos e de mortes —, a atividade econômica não se recuperou nos níveis esperados. O governo arrecada menos, os investidores foram embora, e muitas atividades econômicas deixaram de existir, por falta de consumidores. Houve uma revolução nos hábitos pessoais, com grande impacto na mobilidade urbana, fazendo com que muitos negócios desaparecessem.

É nesse contexto que a discussão sobre o Renda Cidadã, o programa que Bolsonaro pretende lançar para substituir o Bolsa Família, está sendo posta. Existe um ingrediente eleitoral inequívoco, cuja digital é a extinção do Bolsa Família, mas a preocupação de Bolsonaro com a situação das pessoas que ficaram sem trabalho e perderão toda a renda faz sentido. Alguma transferência de renda precisa ser assegurada à população mais pobre do país no próximo ano, e o Congresso precisa encontrar uma saída. O governo não quer cortar na própria carne, reduzindo gastos desnecessários — está mais do que provado que existem — e privilégios do serviço público; prefere meter a mão nos precatórios, empurrando as dívidas judiciais para as calendas, e pongar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaçao Básica (Fundeb), desviando recursos para o Renda Cidadã.

[Post um tanto quanto pessimista; felizmente, a competência, lucidez e sobriedade do articulista, o mantiveram na linha da verdade, não atribuindo ao presidente Bolsonaro a responsabilidade pela secura e incêndios no cerrado do DF, tentação a que grande parte da mídia não resistiu]. 

O curioso nessa história é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, passou de cavalo a burro. Antes, era a política econômica que ditava as propostas do governo, aos políticos cabia defendê-las no Congresso; agora, são os líderes do governo na Câmara e no Senado que dão as cartas, a equipe econômica corre atrás de soluções técnicas para viabilizá-las, o que geralmente não acontece. As reformas tributária e administrativa colapsaram. O mercado está reagindo: alta do dólar e queda na Bovespa. Os investidores estão cada vez mais cabreiros com o Brasil.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


quinta-feira, 18 de junho de 2020

Entre a recuperação e a segunda onda - Carlos Alberto Sardenberg


Sim, há boas notícias nas maiores economias do planeta. Nos Estados Unidos, a maior de todas, as vendas do varejo subiram quase 18% em maio, praticamente zerando as perdas dos dois meses anteriores. Foram criados 2,5 milhões de empregos, o que está longe de cobrir as perdas anteriores, mas é uma boa virada. Na China, as atividades estão em clara aceleração. Entre os grandes, teve a maior queda no PIB do primeiro trimestre, mas exatamente porque foi a primeira a cair na pandemia. Saiu antes, de modo que seu PIB do segundo trimestre deve ser melhor do que nos outros grandes.

A União Europeia está voltando, mas ainda naquela fase em que os números de atividade não são tão ruins quanto o esperado e os anteriores. Mas esta fase do menos ruim é o primeiro passo para começar a melhorar. Aliás, nestes dias, os países da comunidade estão abrindo as fronteiras comuns, o que vai estimular o turismo local, importante setor para França, Espanha, Itália e Grécia. O Japão …. bem, o Japão é o de sempre. Uma dificuldade histórica para acelerar o crescimento, mas está voltando ao normal. Boa parte desse movimento resulta do inédito esforço feito pelos bancos centrais e pelos governos. O Federal Reserve, Fed, está comprando bilhões de dólares em títulos vinculados a fundos, de bancos e agora passa a comprar papéis de dívida diretamente de empresas privadas. Uma tremenda injeção de crédito e caixa.

O BC do Japão anunciou a concessão de crédito de até US$ 1 trilhão. O Banco Central da Europa, sob o comando da Christine Lagarde, abriu os cofres. E a Alemanha concordou em colocar dinheiro público para apoiar suas empresas, seus cidadãos e, mais importante, os países mais pobres da comunidade. A China, como sempre, também oferece poderosos estímulos.  Na verdade, a intensidade dessas medidas de proteção e o volume de dinheiro empregado são muito maiores do que foi feito na recessão de 2009. O pessoal pensa: se deu certo naquela ocasião (o PIB dos EUA, por exemplo, subiu 2,6% em 2010, zerando a queda do ano anterior) por que não daria agora?

Esse panorama é o que estimula os mercados financeiros e faz com que as empresas da economia real considerem voltar aos negócios. O que atrapalha? Qual a grande diferença em relação a 2009/10? O medo da segunda onda do novo coronavírus. Assusta o que acontece em Pequim, que estava praticamente normalizada. Agora, bairros fechados, viagens limitadas, escolas fechadas pelo aparecimento de novos casos locais. Houve aumento das porcentagens de contágio na Flórida e no Texas, dois importantes estados que se adiantavam na abertura. A Europa está entrando agora numa abertura mais ousada. E aí? Outra onda? Esse é o fator que limita a retomada: saber que o vírus continua entre nós.

Por isso têm tanto impacto econômico as estimulantes notícias sobre avanços em pesquisas de vacinas e de tratamentos. A conclusão de que o corticoide dexametasona, existente no mercado e barato, reduz a letalidade foi recebida com mais atenção no mercado financeiro.   Conclusão, essa balança – esse vai, não vai – só acaba mesmo quando tivermos a vacina e um tratamento eficaz para todos. Mas que o mundo está saindo do buraco, isso está. Não quer dizer que todos os países sairão da mesma maneira. A recuperação depende diretamente do modo como se administrou a crise de saúde. Alguns governos foram mais rápidos e mais eficientes, outros se atrasaram, como na Itália, Espanha e França – embora tenham corrigido a rota com o lockdown completo.

O Brasil?
Com a diversidade de sempre. Sem qualquer crise, o sistema de saúde dos estados do Norte e Nordeste é pior do que no Sul/Sudeste. Também tem sido irregular a atuação de governadores e prefeitos. Mas o que nos faz falta mesmo é uma política nacional. Dia desses, o pessoal do Planalto informou que o presidente Bolsonaro não vai nomear um novo ministro da Saúde enquanto não passar a pandemia. Seria para não jogar o sujeito na fogueira. O que nos leva à ridícula conclusão: não pode ter ministro da Saúde porque tem uma crise na saúde. [no Brasil em que o combate à pandemia foi judicializado tem sentido: o Ministério da Saúde age de forma nacional, atuação em todo o Brasil e o Supremo decidiu que as ações em estados e municípios ficariam a cargo dos governadores e prefeitos.
O que o MS iria fazer? para qualquer ação teria que pedir autorização prévia àquelas autoridades.] 
Aí fica difícil.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

Coluna publicada em O Globo - Economia 18 de junho de 2020


domingo, 17 de maio de 2020

Sacrifício perdido? - Alon Feuerwerker

Análise Política


A lógica por trás do isolamento social e dos lockdowns é simples. Ao evitar o contato entre as pessoas você faz cada infectado por SARS-CoV-2 infectar menos de um indivíduo. O tal R<1. Mas tem de ficar um certo tanto abaixo de 1 mesmo, para que quando as atividades reabrirem e o R subir ele continue abaixo de 1.

Nosso problema é que depois de dois meses de isolamentos, afastamentos e ensaios de lockdowns, tudo meia-boca, a sociedade já está cansada dos sacrifícios mas a precariedade da execução das medidas impediu baixarmos esse R o tanto que deveria ter sido baixado para permitir reentrada mais segura numa atmosfera da (quase) normalidade.

Ou seja, estamos arriscados a viver o pior dos mundos. Uma economia ferida por causa das medidas restritivas, mas que no entanto não foram nem de longe suficientes para a vida poder voltar a alguma normalidade sem corrermos o risco de uma segunda onda catastrófica de espalhamento da Covid-19.

Não quero ser pessimista, mas é uma possibilidade.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política

quinta-feira, 9 de abril de 2020

É preciso despolitizar o coronavírus - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Em meio a pandemia

Estudiosos dizem que o Brasil está se aproximando do pico do coronavírus. O país ainda não diminuiu a velocidade do contágio, mas pode estar perto de chegar ao ponto de saturação. Sendo assim, a crise epidêmica começa a regredir.

Isso já está acontecendo na Itália e na Espanha, tal como já aconteceu na China. Os Estados Unidos começam a dar sinais de melhora, principalmente em Nova York. São boas notícias, mas temos que tomar cuidado para não relaxar demais e vir aí uma segunda onda.

Ouça este conteúdo


O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL)está afrouxando as regras do isolamento social liberando algumas atividades. O governador de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), está reabrindo os bancos tomando os devidos cuidados.

Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro, acabou com a quarentena em 30 municípios onde nenhum caso de coronavírus foi notificado. Não há motivos para fazer quarentena nos lugares em que não houve ocorrência.

Entretanto, não podemos descuidar dos grupos de risco. Nesses estão: pessoas com doenças prévias, os idosos ou que tenha qualquer tipo de vulnerabilidade, como fumantes, cardiopatas e diabéticos. É preciso tomar cuidado com quem vem do exterior e evitar aglomerações. [defendemos que seja mantido o bloqueio total para a entrada de estrangeiros e os brasileiros que viajarem para o exterior devem ser impedidos de retornar até que cesse a pandemia.]
Alguns já falam em retomada da economia. Não vai haver os resultados catastróficos que estavam imaginando. Mas, é preciso despolitizar o vírus e acabar com o sensacionalismo que enfraquece a resistência das pessoas transmitindo medo e pânico.

O uso da cloroquina
Eu vi um depoimento de um médico da Amazônia que já teve malária 71 vezes e se tratou com cloroquina. Ele disse que para a malária a cura é 100%. Um médico estadunidense conseguiu curar todos os 699 pacientes com o medicamento. Outro médico de Nova York usou o remédio para algumas centenas de pessoas e houve somente uma morte, mas essa pessoa tinha 86 anos e outras doenças. Há uma grande esperança.

Pena que dois médicos que se recuperaram do coronavírus, em São Paulo – provavelmente por razões políticas –, Roberto Kalil e David Uip infelizmente não disseram se haviam usado cloroquina no tratamento.
David Uip disse que o caso dele não pode ser tomado como modelo. Se eu tiver diarréia e me curar com determinado chá, eu vou para todos os meus amigos o poder medicinal do chá.

Infelizmente está uma grande politização, mas há muita esperança de que a recuperação econômica vai vir antes do tempo imaginado aqui no Brasil e que os números de casos de coronavírus sejam menores do que o esperado.

Alexandre Garcia - Vozes - Gazeta do Povo