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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Protesto contra o governo federal e o PT leva milhares às ruas em todo país - atos foram maiores que os de abril, mostrando viés de alta

Atos atraem 879 mil pessoas em 205 cidades; adesão é maior que em abril e menor do que março

As manifestações contra o governo federal e o PT levaram 879 mil pessoas às ruas neste domingo em pelo menos 205 cidades distribuídas por todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal, de acordo com o G1. Nenhum incidente grave foi registrado. Em comparação aos atos de 12 de abril, os protestos deste domingo tiveram mais pessoas, mas menos em relação aos de 15 de março. 
 
No Rio e em São Paulo manifestantes começaram a aparecer pela manhã. Em São Paulo, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), 350 mil pessoas foram às ruas protestar neste domingo. O número é superior ao verificado no ato do dia 12 de abril, quando foi registrada a presença de 275 mil pessoas, mas inferior ao do protesto de 15 de março, que teve 1 milhão. Eles ocuparam pelo menos dez quarteirões da Avenida Paulista. Além de protestarem contra o governo federal, os manifestantes também marcharam em apoio às investigações da Operação Lava-Jato, que apura crimes de corrupção na Petrobras. O senador tucano José Serra circulou entre os manifestantes por cerca de uma hora, mas não discursou.

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No Rio, o comando policial declarou que não iria auferir público "por conta dos constantes desencontros do número estimado por organizadores e da própria PM". Na cidade maravilhosa, as cores da bandeira nacional deram o tom em faixas e camisetas, num ato que durou cerca de três horas. Assim como em São Paulo, o juiz Sérgio Moro também foi lembrado e elogiado, e um dos carros de som trazia uma faixa onde se lia “Je suis Moro” ("Eu sou Moro"). Outro assunto lembrado durante o protesto foi o julgamento das contas da campanha de Dilma pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Cartazes pediam aos ministros do TCU — que deram 15 dias para a petista responder sobre as irregularidades que reprovassem as contas de 2014 da presidente.
 
Com seis carros de som, a orla de Copacabana, na Zona Sul, foi tomada por manifestantes e chamou a atenção de turistas. Os argentinos Ramiro Rivas, de 41 anos, e Marcela Yranzo, de 39, ficaram boquiabertos diante da faixa pedindo intervenção militar. Hospedados no Othon desde sexta-feira, os turistas lamentaram a posição: - Esses perderam a cabeça. Mas é o que acontece quando as pessoas se cansam. Começam a pedir coisas que não fazem sentido - disse Rivas, fazendo fotos.


Ainda no Rio, houve confrontos entre críticos do governo e transeuntes que defenderam o governo do PT. O GLOBO flagrou três confusões desse tipo, em que os que se posicionavam a favor do governo Dilma tiveram que sair escoltados do local por policiais militares. Em Brasília, um boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário foi levado para o ato. Além disso, uma cela improvisada trazia bonecos de papelão identificados como José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil), João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT), Nestor Cerveró (ex-diretor de relações internacionais da Petrobras), Lula e Dilma. A noite, o Instituto Lula enviou nota afirmando que o ex-presidente foi preso na ditadura "porque defendia a liberdade de expressão e organização política". Ainda segundo o texto, "o povo brasileiro sabe que ele só pode ser acusado de ter promovido a melhora das condições de vida e acabado com a fome de milhões de brasileiros, o que para alguns, parece ser um crime político intolerável. Lula jamais cometeu qualquer ilegalidade antes, durante ou depois de seus dois governos", termina o texto. 

De acordo com a PM, 25 mil pessoas foram até a sede do governo com cartazes que pediam a saída de Dilma da Presidência. O número de manifestantes, no entanto, não surpreendeu o governo. Durante a semana, auxiliares de Dilma vinham monitorando as redes sociais para ter uma dimensão dos protestos. A avaliação era de que a pacificidade e o tamanho das manifestações garantem um ambiente mínimo de estabilidade política. O Palácio do Planalto está tratando dos protestos como algo "normal" e democrático". A orientação dada aos integrantes do governo é evitar qualquer tipo de provocação.

Apesar do pedido, parlamentares petistas estão tratando dos protestos que ocorrem em todo o país como "CarnaCoxinha", caso do senador Humberto Costa (PT-PE), que usou o Twitter para publicar uma foto de manifestantes de Minas Gerais dizendo "Não adianta isolar o Cunha. Hoje somos milhões de Cunhas". De legenda da foto, Costa escreveu: Resumo do "CarnaCoxinha".

Por volta das 15 horas, sob chuva fraca e temperatura próxima de 2º graus, cerca de 20 mil pessoas se reuniram no Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Nas redes sociais, o ato teve a adesão de 66 mil pessoas. O saldo final foi de 30 mil. A adesão foi inferior às manifestações contra o governo de março e abril. A marcha foi acompanhada por 400 policiais militares, segundo o Comando de Policiamento da Capital. O ato iniciou no Parque Moinhos de Vento e se deslocou até a sede da Polícia Federal, distante cerca de 4 quilômetros. A maioria dos manifestantes gaúchos ostentava cartazes pedindo o impeachment ou a renúncia da presidente. Outros ainda defenderam a volta da monarquia, uma intervenção militar constitucional e menos impostos.

Não houve em Porto Alegre, no entanto, referências ao governador José Ivo Sartori (PMDB), que atrasou salários do funcionalismo público em julho e promete enviar à Assembleia, ainda esta semana, um pacote com elevação da carga tributária. Ainda na capital gaúcha, um evento contrário ao impeachment de Dilma Rousseff, chamado de "Coxinhaço", também está previsto para ocorrer neste domingo à tarde, no bairro Cidade Baixa. Em Maceió, o ato contra o governo Dilma reuniu 12 mil pessoas. Os manifestantes passaram pelo edifício do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em Ponta Verde, bairro nobre da cidade, onde lavaram as calçadas. Os gritos de "Fora Renan", "Desce Renan" e "Xô corrupção" ganharam força a medida que os manifestantes chegavam perto da casa do senador.

No protesto paulista, a preocupação era com possíveis desdobramentos violentos. Em frente ao Instituto Lula, em São Paulo, manifestantes ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) começaram a chegar para fazer vigília de apoio ao ex-presidente. Uma viatura da PM manteve uma escolta no prédio, que semanas atrás foi alvo de uma bomba. Em Belo Horizonte, seis mil pessoas se concentraram na Praça da Liberdade. Em rápida passagem pelo local, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu o fortalecimento das instituições e disse que “não importa o tamanho da manifestação, porque a indignação hoje é enorme”. Aécio chegou a ser carregado e chamado de presidente por parte dos manifestantes.
Em Salvador, cerca de cinco mil pessoas participaram do ato no Farol da Barra. Em Curitiba 60 mil pessoas foram às ruas. A marcha na capital paranaense começou no início da tarde no Centro, e terminou por volta das 17h.

BANDEIRA CONFECCIONADA EM UMA SEMANA

Maurício Bento, 24 anos, coordenador do Movimento Brasil Livre, informou que a bandeira "Impeachment Já!", vista em atos em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife e Porto Alegre possui 100 metros de comprimento por 5 metros de largura. Segundo o coordenador, a bandeira foi feita em uma semana pelos integrantes do movimento. - Tivemos a ideia de fazer a bandeira com a palavra impeachment, porque a marcha é pelo fora Dilma. Alguns jornalistas diziam que a demanda não estava clara. Então fizemos essa bandeira. A gente quer que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, coloquem o pedido de impeachment em votação - declarou.

PROTESTO É UM TERMÔMETRO PARA O PLANALTO
A presidente Dilma Rousseff recebeu no início da noite de hoje, no Palácio da Alvorada, um grupo pequeno de ministros, entre eles Aloizio Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Comunicação Social) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para avaliar os atos pelo país. 

Mais cedo, os três ministros já estavam na Esplanada dos Ministérios acompanhando a manifestação. Em nota curta, o ministro Edinho Silva falou em normalidade:  - O governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática - afirmou.

 As manifestações foram impulsionadas pela crise econômica, pela convulsão política que toma conta de Brasília e, sobretudo, pelas denúncias de corrupção ligadas à Operação Lava-Jato. Grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), Revoltados OnLine e o Vemprarua.net mobilizaram as redes sociais nas últimas semanas para encher as ruas com brasileiros que estão descontentes com os rumos do governo federal.

 As manifestações vão servir como termômetro para o Planalto e a oposição definirem os próximos passos no xadrez da crise política. Após uma semana em que o governo Dilma reagiu e obteve algumas vitórias, como o adiamento do julgamento pelo TCU das contas de Dilma e a reaproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros, a mobilização popular mostrará quem hoje está mais forte.

Fonte: O Globo 


Conta de luz fica mais cara. Otários elegem Dilma e todos os brasileiros - inclusive os que desprezam a presidente - pagam a conta da incomPTncia dela e do Perda Total

R$ 1,4 BILHÃO para o consumidor  pagar; inclui os imbecis que votaram na Dilma quanto aos que nunca votaram nela nem no seu maldito partido 
 
Mais um rombo assombra o setor elétrico, resultado da crise hídrica e das mudanças de regras nos últimos anos. Com poucas chuvas desde o ano passado e o baixo nível dos reservatórios, as geradoras das hidrelétricas já projetam prejuízos de R$ 13 bilhões a R$ 20 bilhões neste ano. Essas usinas são obrigadas a reduzir sua geração de energia para preservar o nível dos reservatórios, cumprindo determinações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Com isso, precisam recorrer ao mercado livre, usado por grandes consumidores do setor e no qual a energia está mais cara, para honrar todos os contratos de fornecimento com as distribuidoras.
 
Isso tem criado uma guerra de liminares na Justiça — já são 22 até o momento. A maior parte das geradoras, com exceção das empresas do grupo Eletrobras, obteve o direito na Justiça de pagar apenas 5% dessa energia extra adquirida no mercado. Isso porque esses 5% são o chamado risco de racionamento (ou hidrológico) do setor. O restante (acima desses 5%) não está sendo pago pelas geradoras graças a liminares.

Assim, com esse respaldo judicial, as empresas não vêm liquidando todos seus contratos na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Em junho, o nível de inadimplência chegou ao recorde de 47,28%. Ou seja, deixou de ser honrado R$ 1,4 bilhão dos R$ 2,99 bilhões. E há o risco, apontam especialistas do setor, de mais esse descompasso no setor elétrico ser repassado ao consumidor final, que já vem sofrendo com o aumento médio de 50% nas tarifas somente neste ano.

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PRAZO DE CONCESSÃO PODE SER AMPLIADOAs geradoras argumentam que a garantia do abastecimento não é risco hidrológico e, por isso, não têm obrigação de bancar esses custos adicionais com geração a partir de fontes mais caras (térmicas a óleo e a gás). O presidente da Abrage, associação das geradoras, Flavio Neiva, disse que as perdas das usinas estavam estimadas em R$ 20 bilhões neste ano. Mas, por causa da redução do uso das térmicas mais caras (movidas a óleo diesel), anunciada na semana passada pelo governo, esse prejuízo pode cair para R$ 13 bilhões. Neiva tem esperanças que, em breve, o governo apresente uma solução. — Está se caminhando para encontrar uma solução para essa questão. Em 2012 (quando houve uma renegociação dos contratos de concessão por pressão da União), para conseguir promover redução nas tarifas de energia elétrica, o governo ordenou a geração máxima das hidrelétricas, que fez com que os reservatórios caíssem de quase 80% para 28% em 2012. Os reservatórios não se recuperaram, e as geradoras estão sendo obrigadas a pagar essa conta. As geradoras não podem pagar sozinhas por isso. Esses custos com outras fontes de geração são para garantir o abastecimento, não é risco hidrológico. Por isso, as liminares — disse Neiva. [o valor da conta cai com a redução do uso das térmicas, mas, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas também caem e vem o racionamento. Escolham senhores consumidores?]
 

Segundo especialistas, é vital resolver o impasse com as geradoras. Sem isso, arriscam eles, o sistema elétrico pode ter uma crise sistêmica e a inadimplência chegar a 100%. Consultorias como a Safira e a Thymos acreditam que o volume de contratos não liquidados deve aumentar. Todo setor espera para esta semana que um acordo seja costurado entre os agentes do setor e o governo. Segundo, uma proposta em análise é o aumento do prazo de concessão das usinas hidrelétricas e até mesmo retirar o chamado risco hidrológico das usinas e repassar para todo o sistema. — Aumentar o período de concessões não é o essencial, porque não resolve o problema de caixa a curto prazo das geradoras. Outra alternativa em estudo é repartir esse custo entre todos os agentes após ultrapassar o limite de 5% — disse essa fonte.

As tarifas para o consumidor, que já sofreram um aumento médio de 50% neste ano, terão mais reajustes em 2016. A estimativa dos especialistas aponta para uma alta entre 8% e 10% no próximo ano, apenas como resultado do uso intenso das usinas térmicas, do sistema de bandeiras tarifárias — atualmente na cor vermelha, a mais cara — e dos empréstimos concedidos às distribuidoras no ano passado. João Carlos Mello, presidente da Thymos, destaca que as geradoras deverão ter uma perda de cerca de R$ 20 bilhões neste ano com o custo extra da energia comprada no mercado de curto prazo: — É uma equação complicada para ser resolvida. Existe a possibilidade de isso ser repassado ao consumidor. A estimativa é que, hoje, 20% dos contratos não estão lastreados. Como as usinas só estão pagando 5%, quem vai arcar com os 15% restantes? É preciso uma solução. O que não pode é o mercado ficar parado.

RISCO DE REPASSE PARA O CONSUMIDOR
Paulo Cunha, consultor da FGV Energia, diz que esse impasse precisa ser resolvido imediatamente, diante do grande volume de calote: — O setor vive uma crise aguda. Essa inadimplência já era esperada e precisa ser resolvida. A questão é o governo fechar um acordo para evitar o repasse ao consumidor. Nos anos anteriores, houve aporte do Tesouro, mas hoje não é possível com o ajuste fiscal. Os bancos já estão muito expostos no setor com os empréstimos feitos às distribuidoras no ano passado, e a renda do brasileiro não suporta mais aumentos na luz. Por isso, há uma dificuldade maior hoje para resolver isso. E o risco real é chegar ao consumidor. [não podemos esquecer que o Tesouro fazendo aportes a conta também cai sobre o contribuinte, que nada mais é que um consumidor, só que mais espoliado mais espoliado.]
 
O gerente de regulação do Grupo Safira Energia, Fábio Cuberos, ressalta que o nível de inadimplência em junho (último dado disponível) é o maior da história do setor. Em maio, o calote havia sido de 18,17%, cerca de R$ 460 milhões. Segundo ele, há riscos de os números chegarem a 100%, se não houver uma solução. Ele lembra que, até então, o maior nível de calote havia sido registrado em agosto de 2012, com 21,9% dos contratos não honrados, no valor de R$ 134 milhões. — As geradoras estão obtendo liminares para não pagarem esses custos extras de energia. Quando uma geradora deixa de pagar, o restante desse custo é dividido entre as outras geradoras. E, para evitar esse valor adicional que não estava previsto em seu fluxo de caixa, outras geradoras entraram na Justiça. Por isso, há tantas ações — disse Cuberos.

O Ministério de Minas e Energia disse que vem trabalhando com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e agentes do setor para equacionar o problema. “A apresentação de uma solução condensada deve ocorrer em breve, o que fará com que as liminares percam sua razão de ser e o mercado volte à normalidade”. A CCEE e a Aneel não responderam.
Charles Lezi, presidente da Abragel, que reúne as pequenas centrais hidrelétricas, argumenta que a culpa dos preços altos no mercado livre não são causados só pela falta de chuvas, mas também pelo custo das térmicas. Assim, explica, as geradoras não podem arcar com essas despesas. — Por isso, o nosso argumento é que nessa conta não há apenas o risco de não ter chuvas. E resolver esse impasse é um desafio — admitiu Lezi

Fonte: O Globo

domingo, 16 de agosto de 2015

Protestos ocorrem no DF e em pelo menos 24 Estados - Um boneco inflável de 12 metros mostra 'Lula presidiário'

Acompanhe os protestos de 16 de agosto pelo Brasil

Reportagens, vídeos e monitoramento das redes sociais registram as manifestações deste domingo

Maior concentração acontece na Avenida Paulista, em São Paulo. Palácio do Planalto monitora atos espalhados pelo país

 16 de agosto: em Brasília, 'homenagem' aos presos no petrolão

Protesto contra o governo do PT e fora Dilma em Brasília, DF, neste domingo (16)(VEJA.com/VEJA.com)

Uma cadeia simbolizando os petistas e autoridades presas pela Operação Lava Jato foi levada pelos manifestantes em Brasília. Acompanhados dos dizeres 'Minha Casa Minha Vida', estão atrás das grades o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. 

Os três estão detidos originalmente em Curitiba por suspeitas de terem recebido propina desviada de contratos fraudados na petroleira. Na encenação nos protestos de hoje, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula aparecem ao lado dos três presos - mas de fora da cadeia.  

(Laryssa Borges, de Brasília)
 

 

Manifestações pelo País testam novo fôlego político de Dilma

Terceira onda de protestos, convocados em 251 cidades, coloca à prova arranjo costurado pelo Palácio do Planalto e pelo presidente do Senado para reduzir crise e afastar risco de impeachment

Com a crise política dando sinais de trégua, o governo avalia que as manifestações contra a presidente Dilma Rousseff hoje serão menores que os protestos de março e abril, mas nem por isso menos preocupantes. Embora as ameaças de impeachment tenham esfriado nesta semana, após ações do Palácio do Planalto, do Senado e até do Judiciário, o temor é de que haja confronto nas ruas, provocando um clima de instabilidade no País.
Os movimentos que lideram os protestos fazem outra aposta. Avaliam que as manifestações subirão de patamar e serão mais incisivas. Segundo eles, 251 cidades serão palco dos atos.

Números à parte, a percepção do Planalto é que a nova leva de passeatas virou uma prova de fogo para Dilma e o PT. Se o movimento for incipiente, o governo poderá respirar mais aliviado, tentar virar a página da crise e do ajuste fiscal e montar uma “agenda positiva”, apesar da Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de corrupção na Petrobrás. Se a temperatura das ruas for mais alta, porém, o diagnóstico pode ser perigoso.

Dilma desautorizou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, que na quinta-feira convocou um “exército” de “armas na mão” contra tentativas de se afastar a presidente, em ato no Planalto. Duas horas depois, foi cobrado pela presidente, que considerou a declaração “desastrosa”, por incitar a violência e atear fogo na crise na semana em que a tese da ruptura perdeu força. O sindicalista disse que havia usado uma “figura de linguagem”. No dia seguinte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Freitas “errou” de forma involuntária. [não se iludam: a Dilma só desautorizou o estúpido e pelego pau mandado da CUT por ver que a mancada havia sido pior do que ela revelar de público sua paixão pela mandioca.]

São Paulo
Pouco antes do meio-dia, manifestantes já se concentravam na região da Avenida Paulista, no centro de São Paulo. A via estava fechada ao trânsito de veículos. Apesar disso, às 14h, ainda havia vários pontos vazios, como em frente ao próprio MASP, tradicional ponto de aglomeração. Perto das 16h, os manifestantes ocupavam por volta de dez quarteirões. O movimento, entretanto, era claramente menor do que nos protestos de março e abril de 2015. A Polícia Militar informou que faria a contagem e divulgaria os números no fim da tarde.
A bandeira verde e amarela com a frase "Impeachment já", presente em diversas capitais do Brasil, também marcou presença no protesto em São Paulo.
A antropóloga e professora aposentada Joana Rios, de 68 anos, diz que o impeachment é pouco. Ela foi ao protesto em SP para pedir a intervenção militar. "Se conclamada pelo povo, a intervenção é constitucional", disse. "No tempo da ditadura as universidades eram muito melhores que as de hoje", defendeu. Junto a ela estão dois netos - Lucas, de seis anos, e Tomás, de 3. A manifestação, ao menos no início, tem caráter familiar e participantes de classe média alta.
O hino "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré ganhou uma nova versão no carro de som do movimento Pátria Amada, estacionado na avenida Paulista. "Dilma, vá embora, que o Brasil não quer você. E leve Lula junto, vagabundos do PT".

O empresário Geraldo Coutinho, 47 anos (foto), resolveu assumir o apelido dado pelos críticos dos protestos. Fantasiou-se de coxinha e disse: "Faremos um exército de coxinhas."

Curitiba Na capital do Paraná, a manifestação iniciou pouco depois das 14 horas. Na região central da cidade, onde se realizam os principais atos políticos no Estado, o Movimento Brasil Livre saiu em passeata para a Boca Maldita. A PM informou que aproximadamente 20 mil pessoas estiveram em todo o trajeto. Anacleto Chamano, 69 anos, foi às ruas para protestar contra a corrupção. "Muitas pessoas não têm educação, saúde e outros serviços por causa do dinheiro da corrupção, que vai para outros lugares, o bolso de muita gente do governo e dos políticos", reclamou.
Brasília
Segundo a PM, na manhã deste domingo, cerca de 25 mil pessoas se reuniam em Brasília para protestar contra o governo. Segundo os organizadores, eram 80 mil. A Polícia Militar colocou 2 mil homens na Esplanada dos Ministérios para acompanhar os atos. Eles foram aplaudidos pelos manifestantes quando chegaram ao local. Pouco antes das 14h, o movimento já estava praticamente encerrado.
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Janot continua nas mãos de Renan

Janot vai ao gabinete de Renan na segunda. Ou: Sobre encontros republicanos e acertos não republicanos

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, investigado na Operação Lava Jato, recebe em seu gabinete, na próxima segunda, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, indicado pela presidente Dilma para um segundo mandato de dois anos. O nome dele tem de ser aprovado pelo Senado.

Até havia alguns dias, Renan estava em guerra com o Palácio do Planalto. A indisposição era tal que ele chegou a devolver uma Medida Provisória. O ajuste fiscal, à diferença do que muitos pensam, travou foi no Senado, não na Câmara. Às possibilidades de diálogo com o governo, Renan reagia com ironia. Solicitou rede nacional de rádio e televisão para criticar o ajuste fiscal.

A coisa não parava por aí. A quem quisesse ouvir, mas nunca de público, Renan antevia uma situação difícil para Janot no Senado. Nunca chegou a prometer uma derrota, mas antecipava, quando menos, um resultado meio vexaminoso.

De repente, como em “Os Lusíadas”, um valor — que valor? mais alto se alevantou, Renan se tornou a âncora da estabilidade, fala do longo prazo como se o amanhã fosse favas contadas, reúne-se até com ministro da Fazenda para debater suposta agenda de crescimento.

Renan está convicto de que não será denunciado por Janot, contando, na pior das hipóteses, com uma denúncia mixuruca, facilmente recusável pelo Supremo. A esta altura, o nome de Janot não corre mais riscos, e há a fundada esperança de que o presidente do Senado reverta três votos negativos para Dilma no TCU: Bruno Dantas, Raimundo Carreiro e Vital do Rêgo.

Republicanismo Então tá… Janot vai ser sabatinado pelo Senado, e o encontro pode ter, digamos, um caráter institucional. Em si, uma reunião como essa, prevista na agenda, não tem nada demais. O que não pode acontecer, também em tese, são acertos nada republicanos que dispensem até mesmo reuniões, certo?

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

[enganam-se os que julgam que Renan é mais forte que Cunha e se enganam mais ainda os que acham que Janot já está livre de Renan.
Nada disso:
- Rodrigo Janot se livrou de Dilma, que não pode cancelar a indicação que fez para um segundo mandato do atual procurador-geral.
Mas, Renan pode impedir que Janot seja procurador pela segunda vez, pode impedir que a indicação da Dilma se concretize.
Tem dois caminhos:
- simplesmente pode não marcar a data da sabatina - é competência do presidente do Senado determinar a data da sabatina e votação do nome do Janot. Não ocorrendo a sabatina e votação até setembro, Janot não continuará procurador-geral e será indicado um interino para substituir até que o Senado aprove ou rejeite o nome do atual procurador. NO caso de rejeição Dilma deverá indicar outro;
- o outro caminho é Renan utilizar seu poder sobre os senadores para que rejeitem o nome de Janot - a votação será em sessão secreta e por maioria simples dos senadores presentes.
A tarefa é fácil, já que o Senado é comprovadamente hostil ao governo Dilma - recentemente um projeto que Dilma não queria aprovado, foi aprovado por 62 votos a ZERO.

Enganam-se também os que acham que Dilma está segura contando com o apoio do Renan.
Nada disso. Com Renan ao seu lado, Dilma é beneficiada que qualquer projeto que for aprovado na Câmara dos Deputados e desagrade ao governo, será bloqueado no Senado - é indiscutível a influência de Renan sobre os senadores.
Mas, da mesma forma, Cunha tem o poder de barrar na Câmara qualquer projeto do governo que for aprovado no Senado.

O desempate acontece e a favor do Eduardo Cunha na matéria que mais dói em Dilma: 
pedido de impeachment.

Os pedidos de impeachment são obrigatoriamente apresentados na Câmara dos Deputados e Eduardo Cunha detém o poder de decidir pelo arquivamento imediato ou encaminhar para análise - que está sujeita a influência do Cunha - e votação.
 É público e notório que o prestígio da Dilma entre os deputados é ZERO: 
recente votação de projeto contrário aos interesses do Planalto e da Dilma foi aprovado por 445 votos a favor - são 513 deputados.


Assim, um pedido de impeachment da Dilma, recebido pelo deputado Eduardo Cunha, com parecer favorável da Assessoria da Câmara e submetido ao Plenário receberá, com facilidade, desde que Cunha seja favorável, mais do que os 342 votos necessários a sua aprovação - 2/3 do total de deputados.

Uma vez aprovado o pedido na Câmara será encaminhado de ofício ao Senado,  que não poderá recusar seu recebimento - é obrigado a dar inicio ao processo de julgamento.
O primeiro passo é que a presidência do Senado Federal em todo o julgamento do 'pedido de impeachment', será exercida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal.
A presidente é imediatamente afastada do cargo.
Mesmo estado o Senado sob a presidência do Lewandowski, nada poderá ser feito para interromper o rito a ser seguido no julgamento.

Assim, se enganam redondamente os que pensam que o governo ao cooptar Renan, se garantiu. Nada disso.
Continua sem apoio no Congresso Nacional o que significa sem condições de aprovar nada - incluindo o ajuste fiscal;
Os pedidos de impeachment poderão ser recebidos e iniciado o devido processo.

Janot, não pode dar inicio ao processo contra Renan - que enquanto presidente do Senado  detém a marcha da sua aprovação ou reprovação para um segundo mandato.

Dilma, mais uma vez paga caro por mercadoria estragada.]



16 de agosto: Brasil vai às ruas pela terceira vez contra Dilma e o PT

Há protestos confirmados em todas as capitais. Em Brasília, classe política aguarda desfecho das manifestações – que podem definir os rumos da crise

O governo Dilma Rousseff enfrenta neste domingo o terceiro protesto popular em apenas oito meses do seu segundo mandato. Assombrados pelo fantasma da inflação - cujo índice já supera a popularidade da presidente -, diante do maior índice de desemprego em mais de cinco anos e perplexos com a magnitude do esquema de corrupção desvendado pela Operação Lava Jato, os brasileiros voltam às ruas para um ato que tem como mote a frase "Não vamos pagar a conta do PT". Em Brasília, a classe política está atenta às manifestações, que podem jogar novamente no fundo do poço um governo que ensaiou na última semana tentativas de emplacar uma agenda positiva.

Convocado pelos movimentos Brasil Livre, Vem Pra Rua e Revoltados On Line, os protestos deste domingo estão confirmados em mais de 200 cidades, segundo o líder do Vem Pra Rua, Rogério Chequer. O mapa das manifestações vai de Norte a Sul do país e inclui todas as capitais. "Espero que o Congresso reconheça o clamor popular, talvez num nível nunca antes visto na história deste país, e encaminhe um pedido de impeachment", afirma Chequer. Ele garante, contudo, que o foco dos protestos não será apenas o "fora Dilma", mas também a luta contra a corrupção. "O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem uma lista de 48 políticos suspeitos de envolvimento no petrolão. Exigimos saber o que será feito dela", completa.

Assim como nos demais protestos, a Avenida Paulista será o grande termômetro das manifestações. Os diferentes grupos que convocaram os atos antigoverno ficarão espalhados da seguinte maneira: Vem Pra Rua ficará na esquina da Avenida Paulista com a Rua Pamplona, o MBL, em frente ao Masp, e o Revoltados On-line, no cruzamento com a Augusta. A Polícia Militar vai aumentar o efetivo na região da Paulista e também nas estações de metrô, principal meio de chegada dos manifestantes ao local. Serão destacados 1.000 homens para o evento. Para evitar eventuais confrontos com grupos pró-PT, os participantes são orientados a não reagir a provocações, como explica Renan Haas, do Movimento Brasil Livre. "Não registramos qualquer ocorrência nos demais protestos e não será agora", afirma.

Se o primeiro protesto, em março, se deu de forma apartidária, agora o movimento conta com o apoio de lideranças da oposição. O PSDB chamou a população às ruas em inserções no rádio e na televisão - segundo a coluna Radar, de Lauro Jardim, o presidente do partido, senador Aécio Neves, pretende participar pessoalmente da manifestação. O deputado tucano Carlos Sampaio (SP) prevê um grande engajamento da população neste domingo. "O governo aposta que as manifestações não vão dar em nada. Mas vão, e será um baque para a presidente e sua base aliada, que tem se mantido cada vez mais distante desse governo", afirma o líder do PSDB na Câmara.

Para o peemedebista Leonardo Picciani (RJ), a tese de impeachment "perdeu um pouco de força". Ao longo da semana passada, o governo federal conseguiu respirar em meio à crise política: o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu estender a mão a Dilma com sua Agenda Brasil e o Tribunal de Contas da União concedeu mais tempo para o governo explicar as pedaladas fiscais. Além disso, o Planalto emplacou diversos encontros com movimentos de esquerda em busca de apoio à petista. "É preciso aguardar a dimensão dos protestos. O mundo não acaba depois de uma manifestação, mas é evidente que os protestos podem ter alguma influência e, principalmente, exigir uma maior ação para reagrupar a base e tomar medidas de recomposição", diz o deputado.

Mas a posição moderada não é unânime no partido. "Tudo no Brasil começa depois do dia 16. O dia 17 vai definir se nós vamos passar mais três anos e meio sangrando ou se nós vamos partir para uma alternativa de poder", afirma um peemedebista rebelde. Para Haas, "a voz das ruas justificará uma atuação mais drástica do Congresso". Já Chequer acredita que os recentes arranjos pró-Planalto são mais um motivo de indignação que levará os brasileiros às ruas. "Criou-se um sentimento de 'não vamos deixar isso acontecer'", afirma.

Fonte: VEJA 
 

Manifestantes levam mandiocas a protesto contra o governo Dilma em Brasília

"Não tem cabimento uma pessoa que ocupa o cargo de presidente da República falar tanta besteira e a toda hora. Por isso trouxemos a mandioca", disse o advogado Edson de Araujo Lima

Um grupo de manifestantes críticos ao governo Dilma Rousseff levou um punhado de mandiocas ao protesto, em referência a um discurso da presidente. Na abertura dos jogos indígenas, em junho, falando de improviso no estádio Mané Garrincha, Dilma "saudou a mandioca"

O advogado Edson de Araujo Lima, que comprou a mandioca para distribuir entre os amigos que iriam ao protesto, defende novas eleições no País para "colocar alguém que saiba administrar".

"Não tem cabimento uma pessoa que ocupa o cargo de presidente da República falar tanta besteira e a toda hora. Por isso trouxemos a mandioca", disse Lima, lembrando outro discurso desastrado da presidente que disse que não fixaria uma meta para o programa Pronatec e prosseguiu sua fala dizendo que quando alcançasse a meta iria "dobrar a meta". 

 

Manifestantes fazem ato contra o governo em 16 estados e DF

Em São Paulo, manifestantes lotam neste momento a Avenida Paulista; no Rio, protesto foi menor, mas levou milhares de pessoas à praia de Copacabana pela manhã;

Manifestações contra o governo seguem pelo Brasil na tarde deste domingo

Em São Paulo, os primeiros manifestantes já começam a tomar a Avenida Paulista

 Manifestantes saem em passeata pela orla de Copacabana
Além das 25 mil pessoas que compareceram ao Congresso Nacional, em Brasília, neste domingo (16/08), outras cidades também registraram manifestações neste manhã e prometem continuar agitando o dia. Em São Paulo, os primeiros manifestantes já começam a tomar a Avenida Paulista. A expectativa é de que a capital paulista seja responsável pela maior manifestação do fim de semana. A Polícia Militar do estado, no entanto, já informou por meio de nota que não divulgará o número de pessoas no protesto.

 Fonte: CB
 

 

Cerveró revela que assinou contrato superfaturado para pagar dívidas da campanha de Lula

O ex-diretor da Petrobras está prestes a assinar acordo de delação premiada, no qual conta que os contratos foram direcionados à construtora Schahin com o propósito de saldar dívidas da campanha presidencial petista em 2006

No início de 2007, a Petrobras experimentava uma inédita onda de prosperidade estimulada pelas reservas recém-descobertas do pré-sal. O segundo mandato de Lula estava no começo. Com a economia aquecida e o consumo em alta, a ordem era investir. A área internacional da companhia, sob o comando do diretor Nestor Cerveró, aportou bilhões de dólares na compra de navios-sonda que preparariam a Petrobras para a busca do ouro negro em águas profundas. Em março daquele ano, uma operação chamou atenção pela ousadia. Sem discussão prévia com os técnicos e sem licitação, a estatal comprou uma sonda sul-coreana por 616 milhões de dólares. E, ainda mais suspeito, escolheu a desconhecida construtora Schahin para operá-la, pagando mais 1,6 bilhão de dólares pelo serviço. Um negócio espetacular - apenas para a empresa que vendeu a sonda e para a construtora, que tinha escassa expertise no ramo. A Lava-Jato descobriu que, como todos os contratos, esse também não ficou imune ao pagamento de propina a diretores e políticos. O escândalo, entretanto, vai muito mais além.

Em delação premiada, o operador Julio Camargo, que representava a Samsung na transação do navio-sonda Vitória 10 000, confessou ter pago 25 milhões de dólares em propinas a diretores e intermediários, incluindo aí o próprio Cerveró. Com o esquema em torno da sonda revelado, faltava descobrir o papel da Schahin na operação. E é exatamente Nestor Cerveró, preso em Curitiba e agora negociando a sua delação premiada, quem revela a parte até aqui desconhecida da história. Em um dos capítulos do acordo que está prestes a assinar com o Ministério Público, o ex-diretor da área internacional conta que os contratos de compra e operação da sonda Vitória 10 000 foram direcionados à construtora Schahin com o propósito de saldar dívidas da campanha presidencial de Lula, em 2006. E, por envolver o caixa direto da reeleição do petista, a jogada foi coordenada diretamente pela alta cúpula da Petrobras.

Nos primeiros relatos em busca do acordo, Cerveró contou que o PT terminou 2006 com uma dívida de campanha de 60 milhões de reais com o Banco Schahin, pertencente ao mesmo grupo que administrava a construtora. Sem condições de quitar o débito pelas vias tradicionais, o partido usou os contratos da diretoria internacional para pagar a dívida da campanha. Então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli incumbiu pessoalmente Cerveró do caso. O ex-diretor recebeu ordens claras para direcionar o contrato bilionário da sonda à Schahin. Uma vez contratada pela Petrobras, a empreiteira descontou a dívida do PT da propina devida aos corruptos do petrolão. Para garantir o silêncio sobre o arranjo, a Schahin também pagou propina aos dirigentes da Petrobras envolvidos na transação. Os repasses foram acertados pelo executivo Fernando Schahin, filho do fundador do grupo, Milton Schahin, e um dos dirigentes da Schahin Petróleo e Gás. Fernando usou uma conta no banco suíço Julius Baer para transferir a propina destinada aos dirigentes da estatal para o banco Cramer, também na Suíça. O dinheiro chegou a Cerveró e aos gerentes da área Internacional Eduardo Musa e Carlos Roberto Martins, igualmente citados como beneficiários dos subornos.

Além de amortizar as dívidas da campanha de 2006, o contrato da sonda Vitória 10 000 serviu para encerrar outro assunto nebuloso envolvendo empréstimos do Banco Schahin e o PT. A história remonta ao assassinato do prefeito petista Celso Daniel, em Santo André, em 2002. Durante o julgamento do mensalão, ao pressentir que seria condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal, Marcos Valério, o operador do esquema, tentou fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público. Em depoimento na Procuradoria-Geral da República, ele narrou a história que agora pode se confirmar no petrolão. Segundo Valério, o PT usou a Petrobras para pagar suborno a um empresário que ameaçava envolver Lula, Gilberto Carvalho e o mensaleiro preso José Dirceu na trama que resultou no assassinato de Celso Daniel.

Valério contou aos procuradores que se recusou a fazer a operação e que coube ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula, socorrer a cúpula petista. Segundo ele, Bumlai contraiu um empréstimo de 6 milhões de reais no Banco Schahin para comprar o silêncio do chantagista. Depois, usou sua influência na Petrobras para conseguir os contratos da sonda para a construtora. O próprio Milton Schahin admitiu ter emprestado 12 milhões de reais ao amigo de Lula. "O Bumlai pegou, sim, um empréstimo, como tantas outras pessoas. Mas eu não sou obrigado a saber para que o dinheiro foi usado", disse recentemente à revista Piauí.

Eivada de irregularidades, a contratação da Schahin tornou-se alvo de investigação da própria Petrobras. A auditoria da estatal concluiu que a escolha da Schahin se deu sem "processo competitivo" e ocorreu a partir de índices operacionais de desempenho artificialmente inflados para justificar a contratação. Os prejuízos causados pela transação em torno da Vitória 10 000 foram classificados pelos técnicos como "problemas políticos", que deveriam ser resolvidos pela cúpula da estatal. Não fosse pela Lava-Jato, a trama que envolve a campanha de Lula e os contratos na Petrobras permaneceria oculta nos orçamentos cifrados da estatal. A Schahin, que vira seu faturamento saltar de 133 milhões de dólares para 395 milhões de dólares durante os oito anos de governo Lula, seguiria faturando sem ser importunada.

O cerco, porém, está se fechando. Os números das contas usadas no pagamento de propinas no exterior e até detalhes das viagens de Fernando Schahin à Suíça já foram entregues pelos ex-dirigentes da Petrobras aos procuradores. Apesar dos claros sinais de fraude no processo, o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli defendeu a compra da sonda ao depor como testemunha de defesa de Cerveró na Justiça. Procurados, os advogados de Cerveró disseram que não poderiam se pronunciar sobre o andamento do acordo de delação com o Ministério Público. Os demais citados negaram envolvimento no caso. Ao falar da ordem para beneficiar a Schahin, Cerveró reproduziu a frase que teria ouvido de Gabrielli: "Veio um pedido do homem lá de cima. A sonda tem de ficar com a Schahin". E assim foi feito. Cerveró ainda não revelou quem era o tal "homem".

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PT: de mais amado a mais odiado

Como o maior partido do país se tornou alvo dos maiores protestos desde o fora-Collor

Em 20 de junho de 2013, a avenida Paulista foi tomada por simpatizantes do Movimento Passe Livre (MPL) que comemoravam a queda do aumento da tarifa de transporte público, uma vitória da onda de protestos que durou 13 dias e se espalhou por todo o país. Atrás da massa, seguia um pequeno grupo de militantes petistas, que até então tinham participado timidamente dos atos, constrangidos pelo aumento decretado, na cidade, por um prefeito do partido.
 Manifestantes queimam bandeira do PT (Foto: Divulgação)
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Ao darem os primeiros passos, os petistas foram cercados por homens que se diziam “antipartido”. Após um bate-boca acalorado, a bandeira vermelha que carregavam foi agarrada e queimada. Em protesto ao gesto, chamado de “antidemocrático”, os simpatizantes do MPL se retiraram com os representantes de outras agremiações e as manifestações brasileiras, que se estenderiam ainda por semanas, passaram a ser protagonizadas, ainda que não somente, por um grupo mais conservador, o mesmo que no hoje exigirá o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

A batalha na Paulista foi simbólica. Ela mostrou que o Partido dos Trabalhadores havia perdido seu posto de grande mobilizador popular, adquirido nas décadas de 80 e 90. A vitória do MPL era a primeira conquista de movimentos populares que não contava com a participação ativa dos petistas em décadas. O episódio também deixava claro que o PT tampouco havida sido acolhido pelas camadas mais ricas e conservadoras, apesar de ter implementado, ao longo de sua década de poder, uma série de medidas que beneficiaram essa parcela da população. Criticada por todos os lados, Rousseff mergulharia em uma queda livre de aceitação popular, ao lado de seu partido.

Em março de 2013, três meses antes dos protestos, o PT era o partido preferido de 29% dos entrevistados pelo Instituto Datafolha. A agremiação, que aparecia a frente de todas as demais desde 1989, atingia seu ápice de aceitação. O Governo de Rousseff também nadava em maré favorável: era considerado ótimo ou bom por 65% das pessoas entrevistadas, um índice alavancado pelos programas sociais, como o Bolsa Família, e pelos índices positivos da economia. Neste mês, quando o instituto divulgou sua última pesquisa, apenas 8% dos brasileiros disseram considerar o governo Rousseff bom ou ótimo –uma rejeição recorde desde a redemocratização. E 9% dos brasileiros afirmaram preferir o PT, que ainda aparecia na dianteira, mas colado a PMDB e PSDB, ambos com 6% das preferências. A diferença que é tucanos e peemedebistas exibiam seu patamar histórico e relativamente estável em quase três décadas.

Manifestantes rasgam a bandeira do PT em 20 de junho de 2013. / Joel Silva (Folhapress)

O ódio pelo PT por parte de um segmento mais rico e conservador se tornou evidente e até perigoso— nas ruas. Três prédios ligados ao partido foram alvos de ataques de bombas caseiras e comprar um simples isqueiro vermelho se tornou passível de questionamentos raivosos, como presenciou o EL PAÍS. [esses ataques foram efetuados pela própria corja petralha para comprometer os adversários;
quebraram a cara, até os idiotas dos petistas não acreditaram. Se o ataque fosse para valer seria usado material mais potente.]

Mas a insatisfação com o Governo também atinge suas bases. Dentre os que afirmavam preferir o PT, 40% disseram considerar o Governo atual ruim ou péssimo e 27% afirmaram que ele é regular. A rejeição é um sintoma do paradoxo que começou a afugentar muitos simpatizantes desde a primeira vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002: o partido que durante muitos anos alavancou as lutas populares dos trabalhadores agora era o que aumentava a tarifa de transportes públicos, o que promovia ajustes que afetavam os trabalhadores, e o que adotava uma política econômica similar a do “neoliberal” Fernando Henrique Cardoso (FHC), que na década de 90 era alvo da fúria dos petistas, que marchavam pela mesma Paulista aos gritos de “Fora já, fora já daqui. Fora FHC e o FMI [Fundo Monetário Internacional]”. Desde que chegou ao poder, o partido também teve sua imagem desgastada por se envolver com escândalos de corrupção, como o mensalão e o petrolão.

Outras bandeiras de segmentos históricos da sigla também ficaram em segundo plano. O Governo de Rousseff também foi o que menos demarcou terras indígenas e o que menos promoveu reforma agrária nos últimos 20 anos. “O PT, que surgiu como o partido dos pobres, da ética e das transformações sociais abandonou esse propósito ao chegar ao poder, em 2003”, afirma Frei Betto, um dos fundadores do partido, amigo de Lula, e coordenador no primeiro governo petista do programa Fome Zero, embrião do Bolsa Família. “O PT se afastou das suas bases e adotou uma política de consumismo populista, quando deveria promover seu objetivo de organizar a classe trabalhadora.”

A fórmula funcionou enquanto havia condições favoráveis para financiar esse modelo. O ex-presidente Lula, que governou até 2010, se beneficiou de um cenário internacional positivo, com o auge da China e o boom das matérias primas ao mesmo tempo em que ampliava o crédito popular que multiplicou o consumo dos brasileiros e ajudou a criar quase 20 milhões de empregos. Se vendia uma imagem de prosperidade que parecia não ter fim, inclusive após 2009, quando o mundo entrou em colapso com a crise financeira que começou nos EUA.

Ao suceder Lula, em 2011, Rousseff manteve a mesma política econômica, mas nem tudo funcionou como antes. As despesas públicas aumentaram para que o povo continuasse consumindo e a economia girando, e o cenário externo não voltou aos níveis de antes de 2008. A cobrança desse excesso de otimismo começou este ano, com as desconfianças sobre a capacidade de Rousseff de manipular a economia. A mandatária recorreu, então, a Joaquim Levy, um ministro de Economia de escola ortodoxa, para promover cortes, o ajuste fiscal, um paradoxo para os que defendiam seu Governo e um contraste inclusive com o prometido na campanha da reeleição.

A nova alma de 2002

Depois de alguns anos em que o partido acreditou poder ensaiar uma "nova matriz econômica", de caráter desenvolvimentista, com um pé na exploração do petróleo e corte de juros, o PT voltava à política econômica com a qual havia se comprometido em 2002. Foi nesse ano eleitoral, que antecedeu a primeira vitória de Lula, que o partido divulgou a Carta ao Povo Brasileiro, em que se comprometia com os “sólidos fundamentos econômicos”. O mesmo PT que perdeu a eleição presidencial de 1989 por se negar a fazer aliança com o fisiológico PMDB aliou-se em 2002 a José Sarney, o maior nome peemedebista na época. “Era um verdadeiro mergulho no pragmatismo tradicional brasileiro, cuja recusa fora antes bandeira do partido”, ressaltou o cientista político da USP André Singer, ex-ministro de Lula, em um artigo de 2010 em que analisa tais mudanças.

Com isso, a identidade petista mudou. A classe média, mais conectada à ideologia do partido, se afastou. E as camadas de baixa renda, beneficiadas por programas sociais e pelo crescimento econômico, se aproximou. Em 2010, o Datafolha apontava que a proporção dos apoiadores do PT situados à esquerda teria se reduzido 32%, ao passo que subiu 35% entre os mais à direita, ressalta Singer no artigo. A desconexão crescente com a alma original do partido levou o PT a perder para o PSDB, pela primeira vez, o posto de agremiação com a maior votação na legenda para a Câmara, nas eleições de 2014.

O descontentamento crescente explodiu após a reeleição de Rousseff, quando as investigações da Operação Lava Jato chegaram a nomes de peso do partido, como o tesoureiro João Vaccari Neto. A frente de esquerda que se uniu para assegurar a vitória dela, temendo a eleição de Aécio Neves, também recebeu um balde de água fria. Esperavam que o apoio, que se mostrou crucial na reta final do pleito, faria Rousseff  optar por uma guinada à esquerda em seu novo Governo. Mas ocorreu o oposto. A economia foi dada a Levy, em uma formação ministerial que incluía ainda Kátia Abreu, na Agricultura, uma ruralista contrária à reforma agrária.

Neste primeiro semestre, Rousseff realizou ainda um ajuste fiscal e cortes em direitos trabalhistas. Em meio a um Congresso conservador comandado pelo antipetista Eduardo Cunha, não teve forças, nem uma articulação política hábil, para aprovar a reforma eleitoral pedida pelo partido, que queria o fim do financiamento privado de campanha. 

 Também não conseguiu evitar a aprovação, em primeira votação, da redução da maioridade penal. “A ampla frente de esquerda, democrática, que conquistou a vitória de outubro, se afastou”, resume Paulo Skoromov, de 68 anos, sindicalista que presidiu a assembleia que fundou o partido, em 10 de fevereiro de 1980, no colégio Sion, em São Paulo. “A gente apoia a presidenta, até com a última gota de sangue, contra o golpe do impeachment. Mas é o que dizem: com Levy e Kátia Abreu fica difícil dizer que o Governo é meu.”

Como num último suspiro de confiança e diante do que acreditam ser uma ameaça maior, uma frente de esquerda formada por movimentos sociais e sindicatos promete voltar às ruas no próximo dia 20, quatro dias após a mobilização pró-impeachment. Para evitar o constrangimento de serem acusados de defenderem cegamente o Governo, fazem questão de enfatizar que pedirão respeito à democracia, mas também o fim do ajuste fiscal.

A pedido de Lula, a presidenta recebeu parte desses militantes no último dia 13, em Brasília, em um evento público. Guilherme Boulos, liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), foi convidado a assumir o microfone e, diante de uma Rousseff visivelmente desconfortável, avisou: “A agenda do Brasil é a da distribuição de renda, a de reformas sociais (...) Estaremos firmes e decididos nas ruas para defender essa agenda com unhas e dentes. A saída para o nosso país é com o povo e pela esquerda, presidenta”.

Fonte: El Pais