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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Risco de mortes em regiões onde policiais em serviço são assassinados aumenta 3,5 vezes no dia seguinte



Autora do estudo considera que reação é uma "forma de resposta" dos agentes pelas mortes dos colegas de farda



— Se quiser, entre para a PM, mas compre também um caixão. Em breve você vai estar nele.

O desabafo de Gilma Viríssimo no enterro do filho, o cabo Djalma Virissimo Pequeno baleado ao tentar impedir um assalto no shopping Jardim Guadalupe, na Zona Norte —, resume a brutal realidade em que vive a Polícia Militar do Rio. Somente no mês de outubro, nove PMs foram assassinados. Neste ano, já são 119 mortos e 363 feridos (234 em serviço). A mesma corporação que é vítima da perda crescente de agentes carrega sobre os ombros o peso de outro número, também alarmante: segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), entre janeiro e setembro de 2017, foram registrados 813 homicídios cometidos por policias. A força dos números levou a pesquisadora Terine Husek Coelho, mestranda do Laboratório de Análises da Violência da Uerj, a estudar uma possível relação entre eles.

O resultado do estudo feito com base em estatísticas do próprio ISP mostra que no dia seguinte ao assassinato de um policial em serviço, as chances de um outro agente de segurança matar alguém na região em que aconteceu o crime aumenta 3,5 vezes. Nas primeiras horas após o homicídio, a probabilidade chega a ser cinco vezes maior. Ou seja, a violência acaba gerando mais violência. 


O estudo “Medindo forças: A vitimização policial no Rio de Janeiro” comparou assassinatos de policiais e autos de resistência entre 2010 e 2015. O objetivo de Terine era verificar se, após a morte de um PM, a violência aumentava na região do crime. [a violência aumenta pela sensação de PODER que estimula os criminosos a acreditarem, a cada vez que um policial é assassinado, que podem vencer a Polícia.

Com essa crença, cada vez que a Polícia aborda um marginal ele reage e os policiais são obrigados a usar a força necessária para conter o bandido, ação que na maior parte das vezes - para felicidade da sociedade - resulta no abate do bandido.

E tem que ser assim. O policial tem que ter presente (e as pessoas de BEM aceitarem) que entre morrer um bandido ou um policial, que morra o bandido.

Bandido bom é bandido morto.

Cada vez que um policial for assassinado deve, na região próxima em que o policial tombou, morrer pelo menos cinco bandidos.
O bandido, repetimos mais uma vez, tem que aprender que cada vida de policial tem que ser compensada pelo abate do no mínimo cinco bandidos. Tem que ser didático.]

VINGANÇA, MEDO E ESTRESSE
Ela analisou 373 assassinatos de policiais e 3.521 mortes ocorridas em operações realizadas perto dos locais dos episódios. Além disso, fez 32 entrevistas com policiais militares que atuam no front e com seus comandantes. Segundo a pesquisadora, os dados e os depoimentos confirmam que há uma relação direta de causa-efeito na rotina da polícia:  — Quando um PM morre em combate ou numa emboscada, a tropa sente que tem de dar uma resposta, e ela tende a ser uma operação que acaba causando mortes. Essa resposta tem várias raízes: vingança, medo e a sensação de que, se não houver uma reação, bandidos atacarão com mais força. 

 

 

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