“Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada” disse Lula para
Dilma Rousseff, em diálogo vadio captado por uma escuta da Lava Jato em 4 de
março de 2016. Nessa época, Lula dizia estar “assustado com a República de
Curitiba.” Hoje, condenado em segunda instância a 12 anos e 1 mês de cadeia, o
personagem vive em pânico com a hipótese de ser trancafiado no Complexo
Médico-Penal de Pinhais, o presídio paranaense onde se encontram os
corruptos da Lava Jato.
Mas conta com a benevolência do tribunal que insultou
para permanecer em liberdade. E está prestes a ser atendido, conforme já foi
comentado aqui. Ao programar para
breve a rediscussão da regra que permite a prisão de larápios condenados em
duas instâncias judiciais, o Supremo Tribunal Federal revela que o principal
problema não é a incapacidade da sociedade de reconhecer a a altivez de sua
Corte Suprema. O verdadeiro problema é que a Corte, menos suprema do que seria
desejável, é incapaz de demonstrar-se altiva.
Depois de
aprovar —em duas votações— o início da execução das penas na segunda instância,
o Supremo trama adiar as prisões no mínimo até o julgamento de recursos
ajuizados numa terceira instância: o STJ, Superior Tribunal de Justiça.
O recuo vinha sendo ensaiado desde que a Lava Jato invadiu os salões da
oligarquia política. Materializando-se agora, nas pegadas da goleada de 3 a 0
sofrida pelo pajé do PT no TRF-4, a novíssima norma pode ser batizada de “Regra
Lula”. É como se o Supremo se alistasse voluntariamente à volante petista, que
esculhamba o Judiciário e prega a “desobediência civil”. Consumado o processo
de auto desmoralização, bastará a um magistrado permanecer agachado no plenário
do Supremo para ser considerado um ministro de grande estatura.
No grampo em que lamentou a falta de valentia do Supremo, Lula
conversava com Dilma sobre o depoimento que prestara à Polícia Federal após ser
conduzido coercitivamente por ordem de Sergio Moro. Reclamava da súbita
impotência dos poderes. A íntegra da conversa pode ser ouvida lá no alto. Vai
reproduzido abaixo o trecho que exibe com mais nitidez o que Lula tem por dentro
quando está fora de si.
“Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um
Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente
acovardado. […] Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do
Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no
compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar.
Sinceramente, eu tô assustado com a República de Curitiba.”
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