Sentença do TRF-4 rivaliza com o fracasso do petista nas eleições de 89, 94 e 98
MOMENTO ESPECIAL NA LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO
Em julgamento muito técnico, a defesa do ex-presidente vê suas teses serem desmontadas por argumentos bastante concretos Ficou provado que a linha de politização das acusações adotada pela defesa do ex-presidente só funciona para animar militância
‘A maior derrota de Lula’
A
confirmação da condenação de Lula em segunda instância, por corrupção e
lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, não encerra a
carreira política do ex-presidente, porém é um revés de gigantesca
magnitude. A unanimidade dos três votos, muito técnicos, dados pelos
desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), na
aceitação do veredicto do juiz Sergio Moro, de Curitiba, da Lava-Jato,
ainda permite pelo menos um recurso. Mas, por certamente retirá-lo das
eleições de outubro, por meio da Lei da Ficha Limpa, e mantê-lo
inelegível por oito anos — Lula só recupera os direitos políticos ao
completar 81 anos —, a sentença é a maior derrota da vida do
ex-presidente, rivalizando com o fracasso nas disputas pela Presidência
da República com Fernando Collor (1989), em segundo turno, e as duas
perdas, em primeiro, para FH (94 e 98).
A condenação de Porto Alegre é mais aguda por não ser política, mas se tratar de punição criminal por corrupção e lavagem de dinheiro, algo nunca antes ocorrido com um ex-presidente da República. Embora a militância bata bumbos para amplificar a tese sectária de que seu líder foi vítima de um tribunal de exceção — finge-se não saber o que é um verdadeiro tribunal de exceção —, a realidade é bem outra. Luiz Inácio Lula da Silva teve o direito de defesa respeitado, como tem acontecido nos demais processos na Lava-Jato. Mas o sectarismo rejeita qualquer argumento objetivo, e até formulou a tese autoritária de que o julgamento só seria legítimo se absolvesse Lula.
Também em Porto Alegre, a defesa do ex-presidente, feita pelo advogado Cristiano Zanin, manteve o tom da politização: todo o processo é repleto de erros, cheio de evidências de que não importam provas, com a intenção deliberada de condenar o grande líder popular, para retirá-lo das urnas de outubro. Ou seja, a defesa de Lula continua a ser feita para animar a militância, não com a finalidade de convencer juízes. Parece considerar inevitável a condenação final de Lula neste e em outros processos, e por isso trata de ajudar na construção da imagem de um mártir das causas populares, conveniente para quem não sabe fazer outra coisa na vida a não ser política.
MATÉRIA COMPLETA, clique aqui
A condenação de Porto Alegre é mais aguda por não ser política, mas se tratar de punição criminal por corrupção e lavagem de dinheiro, algo nunca antes ocorrido com um ex-presidente da República. Embora a militância bata bumbos para amplificar a tese sectária de que seu líder foi vítima de um tribunal de exceção — finge-se não saber o que é um verdadeiro tribunal de exceção —, a realidade é bem outra. Luiz Inácio Lula da Silva teve o direito de defesa respeitado, como tem acontecido nos demais processos na Lava-Jato. Mas o sectarismo rejeita qualquer argumento objetivo, e até formulou a tese autoritária de que o julgamento só seria legítimo se absolvesse Lula.
Também em Porto Alegre, a defesa do ex-presidente, feita pelo advogado Cristiano Zanin, manteve o tom da politização: todo o processo é repleto de erros, cheio de evidências de que não importam provas, com a intenção deliberada de condenar o grande líder popular, para retirá-lo das urnas de outubro. Ou seja, a defesa de Lula continua a ser feita para animar a militância, não com a finalidade de convencer juízes. Parece considerar inevitável a condenação final de Lula neste e em outros processos, e por isso trata de ajudar na construção da imagem de um mártir das causas populares, conveniente para quem não sabe fazer outra coisa na vida a não ser política.
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Lula teve a condenação confirmada, por votos dos três desembargadores do TRF-4, cheios de argumentos objetivos e provas que desmontam posições da defesa — a partir das mais de 400 páginas do detalhado voto do relator João Pedro Gebran Neto, o primeiro a sancionar o veredicto de Sergio Moro. Houve até acréscimo da pena de Lula, por Gebran, de nove anos e meio para 12 anos e um mês de prisão, sob o correto argumento de que o cargo de Lula é um agravante. Proposta aceita pelos dois outros juízes.
No relatório, são citados os entendimentos entre o presidente da OAS, Léo Pinheiro, Lula e Marisa Letícia, diretamente ou por meio de representantes do PT, como João Vaccari Neto, também ainda preso, em torno do imóvel do Guarujá. Da mesma forma que aconteceu nas transações de corrupção com a Odebrecht, o trânsito do dinheiro sujo era acompanhado por uma conta corrente, na qual, no caso da OAS, o custo do tríplex e das obras de melhorias no imóvel foi debitado de propinas geradas em negócios da empreiteira com a Petrobras, de óbvio conhecimento de Lula e companheiros. O relator reservou um capítulo do voto para descrever como, por exemplo, Paulo Roberto Costa, “Paulinho”, foi colocado na diretoria da Petrobras por interferência direta de Lula, para atuar, com outros, no esquema de geração de propinas em contratos com empreiteiras amigas.
À medida que este processo tramitava — há outros, como o do sítio de Atibaia —, era fermentada na militância, também fora do país, a falsa constatação, alardeada pelo próprio Lula, de que ele era processado sem provas. Balela. Se forem analisados os autos sem as lentes do viés político e ideológico, encontra-se o passo a passo de como um singelo apartamento na orla do Guarujá, construído e comercializado por meio de uma cooperativa de bancários (Bancoop), foi adquirido em nome de Marisa Letícia, mulher de Lula, e, depois, com o marido no poder, terminou metamorfoseado no tríplex do prédio.
As provas podem ser consultadas. Mas a militância não se interessa por elas, prefere manter a fé no líder carismático. Existe documento rasurado que atesta a tentativa de encobrir o upgrade do imóvel, de um apartamento simples para um tríplex. Também há registros de imagens de Lula em visita ao novo imóvel, na companhia do presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, ainda preso, que se incumbiu de concluir o prédio depois que a Bancoop quebrou e não finalizou a obra. Por que tanta benemerência a Lula? Votos dos três desembargadores de Porto Alegre explicam em detalhes. Além de Gebran, Leandro Paulsen, revisor do relatório de João Pedro Gebran, e Victor Laus.
Em 2010, O GLOBO noticiou que a família Lula da Silva tinha um imóvel no prédio, fato confirmado pela Presidência. Houve visitas da família ao tríplex do prédio Solaris, ex-Mar Cantábrico, na época da Bancoop. Obras foram contratadas para atender ao desejo dos futuros moradores, mesmo que, formalmente, o imóvel continuasse, na escritura, sendo da OAS. Por quê? O próprio Léo Pinheiro depôs que a dissimulação foi pedida em nome de Lula. Três andares requeriam um elevador interno, e assim foi feito. O imóvel também recebeu uma nova e moderna cozinha.
Outros calvários jurídicos aguardam Lula. Um deles, o sítio de Atibaia, também próximo à cidade de São Paulo, mas no interior. Talvez uma herança do tempo de militância sindical na juventude, Lula não gosta de aparecer em escrituras de imóveis que usufrui. Caso deste sítio, em que costumava passar fins de semana e que terminou preparado por empreiteiras — Odebrecht e OAS —, para abrigar o ex-presidente nos momentos de lazer. Piscina, adega etc. Este é outro processo, mas há uma conexão dele com o do tríplex que condenou o ex-presidente em segunda instância: as cozinhas dos dois imóveis foram compradas pela OAS no mesmo fornecedor. Não faltam mesmo provas.
Do julgamento no TRF-4, fica a frase do procurador Maurício Gotardo Gerum, representante, no julgamento, do Ministério Público Federal:
— Lamentavelmente, Lula se corrompeu.
Editorial - O Globo
Sentença do TRF-4 rivaliza com o fracasso do petista nas eleições de 89, 94 e 98
Por O Globo
A confirmação da condenação de Lula em segunda instância, por corrupção
e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, não encerra a
carreira política do ex-presidente, porém é um revés de gigantesca
magnitude. A unanimidade dos três votos, muito técnicos, dados pelos
desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), na
aceitação do veredicto do juiz Sergio Moro, de Curitiba, da Lava-Jato,
ainda permite pelo menos um recurso. Mas, por certamente retirá-lo das
eleições de outubro, por meio da Lei da Ficha Limpa, e mantê-lo
inelegível por oito anos — Lula só recupera os direitos políticos ao
completar 81 anos —, a sentença é a maior derrota da vida do
ex-presidente, rivalizando com o fracasso nas disputas pela Presidência
da República com Fernando Collor (1989), em segundo turno, e as duas
perdas, em primeiro, para FH (94 e 98).
A condenação de Porto Alegre é mais aguda por não ser política, mas se
tratar de punição criminal por corrupção e lavagem de dinheiro, algo
nunca antes ocorrido com um ex-presidente da República. Embora a
militância bata bumbos para amplificar a tese sectária de que seu líder
foi vítima de um tribunal de exceção — finge-se não saber o que é um
verdadeiro tribunal de exceção —, a realidade é bem outra. Luiz Inácio
Lula da Silva teve o direito de defesa respeitado, como tem acontecido
nos demais processos na Lava-Jato. Mas o sectarismo rejeita qualquer
argumento objetivo, e até formulou a tese autoritária de que o
julgamento só seria legítimo se absolvesse Lula.
Também em Porto Alegre, a defesa do ex-presidente, feita pelo advogado
Cristiano Zanin, manteve o tom da politização: todo o processo é repleto
de erros, cheio de evidências de que não importam provas, com a
intenção deliberada de condenar o grande líder popular, para retirá-lo
das urnas de outubro. Ou seja, a defesa de Lula continua a ser feita
para animar a militância, não com a finalidade de convencer juízes.
Parece considerar inevitável a condenação final de Lula neste e em
outros processos, e por isso trata de ajudar na construção da imagem de
um mártir das causas populares, conveniente para quem não sabe fazer
outra coisa na vida a não ser política.
Lula teve a condenação confirmada, por votos dos três desembargadores
do TRF-4, cheios de argumentos objetivos e provas que desmontam posições
da defesa — a partir das mais de 400 páginas do detalhado voto do
relator João Pedro Gebran Neto, o primeiro a sancionar o veredicto de
Sergio Moro. Houve até acréscimo da pena de Lula, por Gebran, de nove
anos e meio para 12 anos e um mês de prisão, sob o correto argumento de
que o cargo de Lula é um agravante. Proposta aceita pelos dois outros
juízes.
No relatório, são citados os entendimentos entre o presidente da OAS,
Léo Pinheiro, Lula e Marisa Letícia, diretamente ou por meio de
representantes do PT, como João Vaccari Neto, também ainda preso, em
torno do imóvel do Guarujá. Da mesma forma que aconteceu nas transações
de corrupção com a Odebrecht, o trânsito do dinheiro sujo era
acompanhado por uma conta corrente, na qual, no caso da OAS, o custo do
tríplex e das obras de melhorias no imóvel foi debitado de propinas
geradas em negócios da empreiteira com a Petrobras, de óbvio
conhecimento de Lula e companheiros. O relator reservou um capítulo do
voto para descrever como, por exemplo, Paulo Roberto Costa, “Paulinho”,
foi colocado na diretoria da Petrobras por interferência direta de
Lula, para atuar, com outros, no esquema de geração de propinas em
contratos com empreiteiras amigas.
À medida que este processo tramitava — há outros, como o do sítio de
Atibaia —, era fermentada na militância, também fora do país, a falsa
constatação, alardeada pelo próprio Lula, de que ele era processado sem
provas. Balela. Se forem analisados os autos sem as lentes do viés
político e ideológico, encontra-se o passo a passo de como um singelo
apartamento na orla do Guarujá, construído e comercializado por meio de
uma cooperativa de bancários (Bancoop), foi adquirido em nome de Marisa
Letícia, mulher de Lula, e, depois, com o marido no poder, terminou
metamorfoseado no tríplex do prédio.
As provas podem ser consultadas. Mas a militância não se interessa por
elas, prefere manter a fé no líder carismático. Existe documento
rasurado que atesta a tentativa de encobrir o upgrade do imóvel, de um
apartamento simples para um tríplex. Também há registros de imagens de
Lula em visita ao novo imóvel, na companhia do presidente da empreiteira
OAS, Léo Pinheiro, ainda preso, que se incumbiu de concluir o prédio
depois que a Bancoop quebrou e não finalizou a obra. Por que tanta
benemerência a Lula? Votos dos três desembargadores de Porto Alegre
explicam em detalhes. Além de Gebran, Leandro Paulsen, revisor do
relatório de João Pedro Gebran, e Victor Laus.
Em 2010, O GLOBO noticiou que a família Lula da Silva tinha um imóvel
no prédio, fato confirmado pela Presidência. Houve visitas da família ao
tríplex do prédio Solaris, ex-Mar Cantábrico, na época da Bancoop.
Obras foram contratadas para atender ao desejo dos futuros moradores,
mesmo que, formalmente, o imóvel continuasse, na escritura, sendo da
OAS. Por quê? O próprio Léo Pinheiro depôs que a dissimulação foi pedida
em nome de Lula. Três andares requeriam um elevador interno, e assim
foi feito. O imóvel também recebeu uma nova e moderna cozinha.
Outros calvários jurídicos aguardam Lula. Um deles, o sítio de Atibaia,
também próximo à cidade de São Paulo, mas no interior. Talvez uma
herança do tempo de militância sindical na juventude, Lula não gosta de
aparecer em escrituras de imóveis que usufrui. Caso deste sítio, em que
costumava passar fins de semana e que terminou preparado por
empreiteiras — Odebrecht e OAS —, para abrigar o ex-presidente nos
momentos de lazer. Piscina, adega etc. Este é outro processo, mas há uma
conexão dele com o do tríplex que condenou o ex-presidente em segunda
instância: as cozinhas dos dois imóveis foram compradas pela OAS no
mesmo fornecedor. Não faltam mesmo provas.
Do julgamento no TRF-4, fica a frase do procurador Maurício Gotardo
Gerum, representante, no julgamento, do Ministério Público Federal:
— Lamentavelmente, Lula se corrompeu.
Leia mais: http://www.josenildomelo.com.br/news/editorial-a-maior-derrota-de-lula-o-globo/
Sentença do TRF-4 rivaliza com o fracasso do petista nas eleições de 89, 94 e 98
Por O Globo
A confirmação da condenação de Lula em segunda instância, por corrupção
e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, não encerra a
carreira política do ex-presidente, porém é um revés de gigantesca
magnitude. A unanimidade dos três votos, muito técnicos, dados pelos
desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), na
aceitação do veredicto do juiz Sergio Moro, de Curitiba, da Lava-Jato,
ainda permite pelo menos um recurso. Mas, por certamente retirá-lo das
eleições de outubro, por meio da Lei da Ficha Limpa, e mantê-lo
inelegível por oito anos — Lula só recupera os direitos políticos ao
completar 81 anos —, a sentença é a maior derrota da vida do
ex-presidente, rivalizando com o fracasso nas disputas pela Presidência
da República com Fernando Collor (1989), em segundo turno, e as duas
perdas, em primeiro, para FH (94 e 98).
A condenação de Porto Alegre é mais aguda por não ser política, mas se
tratar de punição criminal por corrupção e lavagem de dinheiro, algo
nunca antes ocorrido com um ex-presidente da República. Embora a
militância bata bumbos para amplificar a tese sectária de que seu líder
foi vítima de um tribunal de exceção — finge-se não saber o que é um
verdadeiro tribunal de exceção —, a realidade é bem outra. Luiz Inácio
Lula da Silva teve o direito de defesa respeitado, como tem acontecido
nos demais processos na Lava-Jato. Mas o sectarismo rejeita qualquer
argumento objetivo, e até formulou a tese autoritária de que o
julgamento só seria legítimo se absolvesse Lula.
Também em Porto Alegre, a defesa do ex-presidente, feita pelo advogado
Cristiano Zanin, manteve o tom da politização: todo o processo é repleto
de erros, cheio de evidências de que não importam provas, com a
intenção deliberada de condenar o grande líder popular, para retirá-lo
das urnas de outubro. Ou seja, a defesa de Lula continua a ser feita
para animar a militância, não com a finalidade de convencer juízes.
Parece considerar inevitável a condenação final de Lula neste e em
outros processos, e por isso trata de ajudar na construção da imagem de
um mártir das causas populares, conveniente para quem não sabe fazer
outra coisa na vida a não ser política.
Lula teve a condenação confirmada, por votos dos três desembargadores
do TRF-4, cheios de argumentos objetivos e provas que desmontam posições
da defesa — a partir das mais de 400 páginas do detalhado voto do
relator João Pedro Gebran Neto, o primeiro a sancionar o veredicto de
Sergio Moro. Houve até acréscimo da pena de Lula, por Gebran, de nove
anos e meio para 12 anos e um mês de prisão, sob o correto argumento de
que o cargo de Lula é um agravante. Proposta aceita pelos dois outros
juízes.
No relatório, são citados os entendimentos entre o presidente da OAS,
Léo Pinheiro, Lula e Marisa Letícia, diretamente ou por meio de
representantes do PT, como João Vaccari Neto, também ainda preso, em
torno do imóvel do Guarujá. Da mesma forma que aconteceu nas transações
de corrupção com a Odebrecht, o trânsito do dinheiro sujo era
acompanhado por uma conta corrente, na qual, no caso da OAS, o custo do
tríplex e das obras de melhorias no imóvel foi debitado de propinas
geradas em negócios da empreiteira com a Petrobras, de óbvio
conhecimento de Lula e companheiros. O relator reservou um capítulo do
voto para descrever como, por exemplo, Paulo Roberto Costa, “Paulinho”,
foi colocado na diretoria da Petrobras por interferência direta de
Lula, para atuar, com outros, no esquema de geração de propinas em
contratos com empreiteiras amigas.
À medida que este processo tramitava — há outros, como o do sítio de
Atibaia —, era fermentada na militância, também fora do país, a falsa
constatação, alardeada pelo próprio Lula, de que ele era processado sem
provas. Balela. Se forem analisados os autos sem as lentes do viés
político e ideológico, encontra-se o passo a passo de como um singelo
apartamento na orla do Guarujá, construído e comercializado por meio de
uma cooperativa de bancários (Bancoop), foi adquirido em nome de Marisa
Letícia, mulher de Lula, e, depois, com o marido no poder, terminou
metamorfoseado no tríplex do prédio.
As provas podem ser consultadas. Mas a militância não se interessa por
elas, prefere manter a fé no líder carismático. Existe documento
rasurado que atesta a tentativa de encobrir o upgrade do imóvel, de um
apartamento simples para um tríplex. Também há registros de imagens de
Lula em visita ao novo imóvel, na companhia do presidente da empreiteira
OAS, Léo Pinheiro, ainda preso, que se incumbiu de concluir o prédio
depois que a Bancoop quebrou e não finalizou a obra. Por que tanta
benemerência a Lula? Votos dos três desembargadores de Porto Alegre
explicam em detalhes. Além de Gebran, Leandro Paulsen, revisor do
relatório de João Pedro Gebran, e Victor Laus.
Em 2010, O GLOBO noticiou que a família Lula da Silva tinha um imóvel
no prédio, fato confirmado pela Presidência. Houve visitas da família ao
tríplex do prédio Solaris, ex-Mar Cantábrico, na época da Bancoop.
Obras foram contratadas para atender ao desejo dos futuros moradores,
mesmo que, formalmente, o imóvel continuasse, na escritura, sendo da
OAS. Por quê? O próprio Léo Pinheiro depôs que a dissimulação foi pedida
em nome de Lula. Três andares requeriam um elevador interno, e assim
foi feito. O imóvel também recebeu uma nova e moderna cozinha.
Outros calvários jurídicos aguardam Lula. Um deles, o sítio de Atibaia,
também próximo à cidade de São Paulo, mas no interior. Talvez uma
herança do tempo de militância sindical na juventude, Lula não gosta de
aparecer em escrituras de imóveis que usufrui. Caso deste sítio, em que
costumava passar fins de semana e que terminou preparado por
empreiteiras — Odebrecht e OAS —, para abrigar o ex-presidente nos
momentos de lazer. Piscina, adega etc. Este é outro processo, mas há uma
conexão dele com o do tríplex que condenou o ex-presidente em segunda
instância: as cozinhas dos dois imóveis foram compradas pela OAS no
mesmo fornecedor. Não faltam mesmo provas.
Do julgamento no TRF-4, fica a frase do procurador Maurício Gotardo
Gerum, representante, no julgamento, do Ministério Público Federal:
— Lamentavelmente, Lula se corrompeu.
Leia mais: http://www.josenildomelo.com.br/news/editorial-a-maior-derrota-de-lula-o-globo/
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