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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Temer cria a segurança como passe de mágica

O oposto do antigovernismo primário é um pró-governismo inocente, que aceita todas as presunções de Michel Temer a seu próprio respeito. Em matéria de segurança pública, isso inclui concordar que Temer adotará, como prometeu, “todas as providências necessárias para enfrentar e derrotar o crime organizado e as quadrilhas” que infernizam o Rio de Janeiro. Mais: por meio do recém-criado Ministério Extraordinário da Segurança Pública, Temer, como um super-herói de quadrinhos, levará segurança ao resto do país, cumprindo uma missão que parecia inalcançável para gestores humanos. Tudo isso nos dez meses que restam de mandato ao super-presidente. [Temer pelo menos está fazendo alguma coisa - este Blog está entre os que acham a intervenção federal no estilo decretado por Temer, uma intervenção 'meia-sola', mas é melhor fazer alguma coisa do que ficar encontrando formas do tempo passar sem que percebam a omissão do Governo; tudo, menos a omissão.]

Nos últimos dias, Temer e seus operadores políticos dedicaram-se a implantar no setor da segurança pública um clima de passe de mágica. Nesta terça-feira, esgotou-se a fase do espalhafato. Hipnotizada, a plateia espera pelo grande ato. Pesquisas feitas sob encomenda do Planalto revelaram que o intervencionismo redentor de Temer foi aprovado por mais de 80% dos cariocas. 

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 A esse índice corresponde uma extraordinária expectativa. Que não será saciada por uma mágica convencional. Não basta a Temer retirar coelhos da cartola. O presidente terá de retirar cartolas de dentro dos coelhos.
Dois atos encerraram a fase dos preparativos. Num, o general-interventor Walter Braga Netto apresentou no Rio o seu plano de trabalho. Noutro, Raul Jungmann assumiu em Brasília o posto de ministro Extraordinário da Segurança Pública. Em ambos ficou evidente a violência não é boa matéria prima para mágicas.

Dez dias depois de ter sido arrancado das férias para assumir as funções de ''governador'' da segurança do Rio, Braga Netto decepcionou quem esperava que ele se incorporasse ao espetáculo. Confirmando seu perfil técnico, o general não manuseou nem coelhos nem cartolas. Produziu algo muito parecido com um anticlímax. [insistimos em lembrar que os 'especialistas' em intervenção federal, querem adivinhar o que o interventor vai fazer para que possam criticar;
tudo indica que o interventor optou por fazer em vez de dizer que vai fazer; e, para aqueles desavisados que insistem em considerar as ações da intervenção que ainda não começou, violadoras dos direitos de alguns - as supostas violações só incomodam a bandidos e aos que os defendem - destacamos que além de interventor federal, nomeado pelo presidente da República e convalidado pelas duas Casas do Poder Legislativo, o general Braga Netto continua sendo o comandante do Comando Militar do Leste e conta com o apoio dos seus pares.]
 
Falando para jornalistas ávidos por uma manchete impactante, o general pôs-se a discorrer sobre miudezas. Vai combater os “gargalos” da segurança. Cuidará da melhoria da frota, da valorização dos policiais, do reforço da corregedoria… Ah, sim, neste primeiro momento, os comandos das polícias não serão trocados. A propósito, não haverá ocupações espetaculares e longevas de favelas por tropas militares. Apenas as operações pontuais, dessas que já viraram parte da paisagem do Rio, como o Pão de Açúcar. [para os representantes da mídia que esperavam um cronograma de todas as ações que o general desenvolverá durante a intervenção - ações que certamente serão ditadas pelas necessidades dos eventos a serem enfrentados - com certeza a entrevista foi decepcionante.]

Discursando para uma audiência que incluía autoridades dos três Poderes, Raul Jungmann expôs um diagnóstico tão preciso quanto trágico da (in)segurança pública no país. Começou expondo o pesadelo que faz do Brasil uma usina de mortes violentas: 61 mil assassinatos por ano. E terminou evocando Martin Luther King no célebre discurso ''I have a dream''. O ministro disse que seu sonho é viver num Brasil em que as crianças possam brincar nas ruas e as pessoas possam caminhar pelas cidades sem medo. Coisa difícil de ser obtida em dez anos. Que dirá em dez meses!  No caso do governo Temer, o que espanta não é a hipocrisia eleitoreira. A politicagem pelo menos é algo esperado de um presidente denunciado e investigado por corrupção. O que assusta mesmo é quando o desespero leva brasileiros ingênuos a acreditarem que o presidente não está sendo cínico quando diz que combaterá e derrotará o crime organizado e as quadrilhas.

Logo que os efeitos temporários do cinismo forem substituídos pelo império da lógica, Temer estará em apuros. [algo a se ver. Uma certeza existe: o general Braga Netto vai surpreender. A dúvida é se surpreenderá agradavelmente aos que desejam o fracasso da intervenção ou desagradará àqueles e surpreenderá de forma extremamente agradável aos que querem o fim da criminalidade no Rio.] Mas ninguém sabe quanto tempo vai durar o efeito da anestesia que mantém a plateia hipnotizada, à espera da cartola que sairá de dentro do coelho. Temer torce para que sua mágica dure pelo menos até 31 de dezembro de 2018.

Blog Josias de Souza
 

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