Procuradora-geral anexou parecer a uma das ações que discutem benefício
Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal
(STF) na quarta-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu
o pagamento do auxílio moradia a integrantes do Ministério Público Federal
(MPF). O documento foi anexado a uma das ações que discutem o benefício e que
foram pautadas para serem julgadas no no dia 22 de março.
O auxílio-moradia, pago mesmo a quem tem imóvel na cidade onde trabalha ou a quem mora lá
há anos, na prática eleva rendimentos de procuradores, promotores e juízes,
fazendo com que muitos deles ganhem mais do que o teto constitucional do
funcionalismo público, hoje em R$ 33,7 mil. Para a
procuradora-geral, o auxílio compensa a falta de residência oficial, entendida
como "obrigação do Estado":
"A
leitura da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público mostra que o legislador
incluiu entre os direitos dos membros do parquet (Ministério Público) a
desoneração, mesmo que parcial, em matéria de moradia. Ao dizer que, onde não
houver residência oficial, é devido o auxílio, deixou claro que a verba
compensa os que não receberam residência oficial condigna, assumida como
obrigação do Estado", escreveu Raquel Dodge.
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Depois,
acrescentou: "Não há, enfim, desvirtuamento da finalidade indenizatória
pelo fato de a verba não distinguir membros proprietários de imóveis residenciais
dos que não o são; com efeito, em ambas as situações o membro assume ônus
pecuniário (pelo pagamento de aluguel, no caso dos não-proprietários, ou pela
imobilização de haveres próprios, no outro) que não haveria se disponível a
residência oficial."
Para
mostrar que não se trata de salário disfarçado, a procuradora-geral destaca que
nem todos recebem o benefício. Embora a grande maioria tenha direito, quem tem
residência oficial à disposição ou é casado com alguém que já receba auxílio
moradia não tem esse direito. Dodge ressalta também que os aposentados não
recebem o benefício. [convenhamos que seria o fim da picada o juiz aposentado ter direito a auxílio-moradia; nem no Brasil, país dos cara de pau, uma coisa dessas pode ser sequer cogitada.
Embora não convença ninguém, a ilustre procuradora-geral tenta justificar o absurdo do magistrado com imóvel próprio, na cidade em que trabalha, receber o auxílio-moradia; não conseguiu, nem tentou, explicar o caso do magistrado casado com alguém que receba auxílio-moradia receber também o benefício - caso que virou exemplo o do juiz Marcelo Bretas, que ele e a esposa, ambos juízes, recebem cada um o seu beneficio, além de proprietários de imóvel na cidade em que trabalham.]
A ação
questionando o benefício previsto em uma resolução do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) foi apresentada pela Associação Nacional dos
Servidores do Ministério Público (Ansemp). Em parecer, a Advocacia-Geral da
União (AGU) também foi contra o benefício, uma vez que o auxílio moradia seria
na verdade um complemento de salário, e não uma indenização de fato.
Dodge
argumenta que o tema não diz respeito aos interesses dos associados da Ansemp,
assim a ação deve ser rejeita sem sequer ser analisada. Diz ainda que o tipo de
ação escolhida para questionar o benefício não é o mais adequado para isso.
Argumentou também que, ao contrário do que alegado pela Ansemp, o CNMP tem sim
poder de regulamentar o auxílio moradia. [salvo engano, altamente improvável, os associados da Ansemp são cidadãos e contribuintes.
Assim, o uso do dinheiro público, ou uso irregular, diz respeito a eles.]
O Globo
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