Temer discutiu assunto com aliados e deve anunciar o titular do novo Ministério da Segurança Pública
A intervenção federal no Rio deverá ter os principais nomes da
cúpula da segurança pública definidos esta semana. O coronel Wolney
Dias, comandante da Polícia Militar, e delegado Carlos Leba, da Polícia
Civil, não deverão permanecer nos cargos. Para a sucessão dos dois, o
novo secretário de Segurança, general Richard Fernandez Nunes, quer
quadros internos. Inicialmente, chegou-se a cogitar a nomeação de um
militar do Exército para a PM. Mas a ideia acabou descartada. Um dos
motivos seria a necessidade de se ter pessoas com um histórico das
corporações para que seja possível realizar mudanças em um curto espaço
de tempo, já que a ação de tropas federais no estado deve ser concluída
no fim do ano.
Blindados da Polícia Militar dentro do QG da corporação - Guilherme Pinto / Agência O Globo
Hoje, o presidente Michel Temer prometeu anunciar quem
será titular do novo Ministério da Segurança Pública, cargo para o qual
disse ter “uns dez nomes” cotados. Ontem, Temer discutiu o assunto, no
Palácio do Jaburu, com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira
Franco (Secretaria-Geral), Torquato Jardim (Justiça), Raul Jungmann
(Defesa), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e com o
subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha.
O
general Richard Fernandez Nunes busca “fichas limpas” para as
principais funções no estado, já que um dos objetivos da intervenção é
combater desvios de conduta de agentes públicos. Nos bastidores do
Comando Militar do Leste (CML), um dos nomes mais citados para o comando
da PM é o do coronel Mário Sérgio Duarte, que está na reserva e já foi
comandante da corporação entre 2009 e 2011. Mário Sérgio já trabalhou
com o interventor, general Walter Braga Netto, no plano de segurança dos
Jogos Olímpicos de 2016 e é amigo pessoal do militar. Um fator,
entretanto, pesa contra a nomeação de Mário Sérgio: o coronel pediu
exoneração do cargo de comandante da PM após a prisão do tenente-coronel
Cláudio Oliveira, suspeito de ter planejado o assassinato da juíza
Patrícia Acioli, em 11 de agosto de 2011. Na época, Mário Sérgio assumiu
ter errado ao tirar Cláudio da área administrativa e apostado nele para
comandar o 7º BPM (São Gonçalo), onde a juíza atuava.
Outro nome com boa aceitação entre os militares é o do coronel
Aristeu Leonardo Tavares, também da reserva. Ele foi porta-voz da
Polícia Militar e tem a seu favor o fato de ser próximo de militares das
Forças Armadas, por conta dos cargos que ocupou nos últimos anos,
quando atuou no Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos,
como gerente regional em operações de segurança e, depois, como diretor
da Força Nacional de Segurança Pública. Fora da polícia, ele já atuou
como juiz de futebol.
Entre os candidatos a chefe de Polícia Civil, estão os delegados Rivaldo Barbosa e Rodrigo Oliveira. O primeiro é diretor da Divisão de Homicídios, enquanto Oliveira é chefe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Os dois já passaram pelas fileiras das Forças Armadas. Rivaldo foi militar da Aeronáutica e Oliveira, tenente.
Os
perfis são bem diferentes. Rivaldo foi subsecretário de Inteligência
durante a gestão do ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame,
mas se tornou conhecido da população investigando homicídios. Ele estava
à frente da DH na época do desaparecimento do ajudante de pedreiro
Amarildo de Souza, na Rocinha, em 2013. Já Rodrigo Oliveira se destaca
por ser extremamente operacional. É considerado um estrategista em
operações de campo. Em 2007, na Favela da Coreia, em Senador Camará, foi
baleado no pescoço. Todos os cotados foram procurados pelo GLOBO, e
negaram ter recebido convites.
O Globo
Entre os candidatos a chefe de Polícia Civil, estão os delegados Rivaldo Barbosa e Rodrigo Oliveira. O primeiro é diretor da Divisão de Homicídios, enquanto Oliveira é chefe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Os dois já passaram pelas fileiras das Forças Armadas. Rivaldo foi militar da Aeronáutica e Oliveira, tenente.
O Globo
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Floriano Peixoto Neto compara missão do Exército no Haiti à proposta aplicada ao Rio
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A intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro sinaliza que a questão
de deterioração da segurança regional extrapolou os limites da
Segurança Pública, passando a se constituir um evidente e gravíssimo
problema de Segurança Nacional. Essa decisão interventiva deveria
trazer, em seu conteúdo, elementos mais claros que oferecessem às tropas
segurança jurídica para as ações que terão de ser implementadas, como
ocorria no Haiti. É preciso, também, conceder às tropas interventoras um
amplo poder de polícia, para que possam atuar com mais liberdade de
ação. Isso seria a pressuposto lógico para se alcançar aquilo que se
pretende. Parece bastante razoável imaginar que o enfrentamento de
gangues armadas com fuzis, que levam terror aos locais onde vivem e
transitam pessoas do bem, deva ser executado com um poder de
enfrentamento de igual ou maior letalidade, ou corremos o risco de as
ações se tornarem inócuas.
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