Glaucielle Dias foi aprovada no concurso da Polícia Federal em 2018. Imagens comparando sua aparência no exame de heteroidentificação e nas redes sociais começaram a circular na internet há alguns dias
Glaucielle da Silva Dias, também conhecida como Glau Dias nas redes sociais, divulgou, nesta quinta-feira (17/9), um vídeo no qual se defende da acusação de ter fraudado a seleção de cotistas em concurso da Polícia Federal em 2018. Na gravação, ela diz ser "negra parda" e que não fez "nada de errado" (clique e assista).
Há alguns dias, começou a circular na internet uma foto que mostra Glaucielle no exame de heteroidentificação, que serve para constatar que os candidatos inscritos para as vagas de cotistas são, de fato, negros. A aparência da influenciadora digital na ocasião foi comparada com outras imagens, colhidas de suas redes sociais. Por ela aparecer, na foto tirada pela banca do concurso, com o cabelo ondulado e a pele mais escura, internautas a acusaram de ter fraudado o sistema de cotas.
Ela diz que a foto que circula nas redes foi tirada pela própria banca examinadora, a Cespe/UnB, e que cinco pessoas estavam na sala no momento e que coube a eles autorizá-la a disputar uma das vagas de cotistas. Ela chama de absurda a afirmação de que se pintou e diz que as fotografias podem alterar a cor de pela das pessoas. Ela, então, mostra fotos de familiares para mostrar que a mãe e a avó são negras. Diz ainda que vem de uma família pobre, que sempre estudou em escolas públicas e que sofreu preconceito racial durante toda a vida.
Teria sido o preconceito que a fez não gostar de sua aparência, o que a levou a alisar o cabelo e a fazer plásticas, inclusive no nariz. "Sempre sofri preconceito com minha aparência, com meu cabelo, meu nariz. É meu direito mudar meu cabelo e meu nariz", argumenta. Glaucielle diz ainda que negros não são apenas aqueles retintos, de pele mais escura.
"Eu sou negra sim. Negro não é só o retinto. Se você sofreu preconceito, sofreu discriminação em algum momento da sua vida, você é sim. Eu nunca vou falar pra mim que sou branca. Eu não sou. Isso seria renegar minha origem. Sou negra parda", afirma Glaucielle, que ainda cita o jogador Neymar e a cantora Beyoncé como exemplos de pessoas negras que aparecem com a pele mais clara em fotos.
Exoneração
Ela também nega que a fraude tenha levado à sua exoneração. Glaucielle diz que ela e o noivo decidiram sair do serviço público para se dedicar a uma empresa familiar. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 3. No documento, consta que o desligamento ocorreu a pedido. Por
fim, ela diz que tomará medidas legais contra os que a ofenderam.
"Quando você ofende aquele meu cabelo, você ofende meu cabelo de
verdade"
O Cespe-Cebraspe, banca organizadora do concurso disse, em nota, repudiar qualquer tentativa de fraudar o sistema de cotas e que sua função é, em caso de suspeitas de ilegalidade, encaminhar os dados para a autoridade policial, que deverá fazer uma investigação.
Correio Braziliense, MATÉRIA COMPLETA
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