Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Mostrando postagens com marcador AIDS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador AIDS. Mostrar todas as postagens
segunda-feira, 13 de abril de 2020
Cloroquina sem paixão - Fernando Gabeira
Marcadores:
AIDS,
azitromicina,
bala de prata,
cloroquina sem paixão,
coquetel,
Fake News,
hidroxicloroquina,
Hospital do Coração,
Índia,
internet,
José Serra,
Kaletra,
ministro da Saúde,
patentes,
Remdesivir
segunda-feira, 23 de março de 2020
Um vírus na era digital - Fernando Gabeira
Depois de seis anos viajando, às vezes mais de mil quilômetros por
semana, minha única aventura agora foi dar uma volta de bike pela Lagoa. Ainda há poucas pessoas caminhando ou correndo. Um corredor usando
máscara azul gritou para mim: “Cadê a máscara?” Tive vontade de voltar e
mostrar para ele meu pequeno frasco de álcool gel. Mas evitei
aproximações. Da Lagoa iria para o isolamento total.
No dia seguinte, vi a entrevista de vários membros do governo usando máscara. Lembrei-me do corredor da Lagoa. Ele a usava com naturalidade, parecia uma extensão natural do seu rosto. Mas o governo, por seu lado, ao invés me dar a certeza de que estava brigando com o coronavírus, parecia estar brigando com a máscara. No centro da mesa, o grande timoneiro, irritado com o incômodo, acabou deixando a máscara pendurada na orelha, como um brinco. Quando falou que ainda não havia vacina, temi que acrescentasse um felizmente, porque terraplanistas acham vacina e rock and roll coisas do demônio.
Não vou me deter nos Bolsonaros. É perda de tempo. O Brasil não vai derrotar o vírus com panelaços. A família adora comprar briga para encobrir sua profunda incapacidade. Quando não a encontra aqui, não hesita em buscá-la na China.
Quando um ministro de máscara e tipoia anunciou que o governo iria ajudar o Nordeste, percebi que havia uma grande lacuna na mesa. Onde estava o homem encarregado da Ciência e Tecnologia?
Na Lua?
Todas as esperanças de cura estão na Ciência. Mas a possibilidade de atenuar o impacto destrutivo do coronavírus está também na tecnologia. O Brasil tem 230 milhões de smartphones. Ao falar sobre isso na TV, fui contatado por uma empresa que trabalha no Porto Digital de Recife. Ela se chama Wololo e criou uma plataforma de rede verticalizada na qual algumas fontes passam informações úteis e necessárias e fazem de cada usuário um propagador. Isto deveria ser examinado pelo Ministério da Saúde, que vê aumentar em milhões as suas consultas.
Mas a ideia que mencionei na TV era outra. Pensei num aplicativo que contivesse algumas variáveis tais como a existência de febre, tosse, dificuldade respiratória, idade, doença crônica, através do qual fosse possível monitorar milhares de pessoas. Na Coreia do Sul, quando se localiza um caso, através do GPS é possível monitorar também pessoas que estejam num raio de cem metros.
Soube que há discussões no Porto Digital sobre a produção de respiradores em 3D. Mas são propostas ainda muito ousadas. E sei também que os Estados Unidos estão deslocando todo o seu aparato de controle de terrorismo para buscar saídas tecnológicas de controle da pandemia. Não tenho dúvida de que muitos problemas de privacidade vão surgir desse esforço. É preciso tratá-los com cuidado para não ameaçar as liberdades individuais.
[não pode ser olvidado:
- somos radicalmente contra o comunismo, mas a verdade tem que ser dita.
A China que não tem lá grande apreço pelas liberdades individuais, praticamente conteve a peste Covid-19;
Já a Itália que prioriza as liberdades individuais encontra grandes dificuldades no controle da Covid-19, e só após reduzir o apreço pelas liberdades exageradas, começa a ter êxito na redução da mortandade.]
As possibilidades de aumentar o controle da epidemia através dos smartphones são muito grandes. Imagine se for necessário determinar quarentena para pessoas que chegam do exterior.
Como garantir que isso é realmente cumprido?
O smartphone pode ser uma espécie de tornozeleira eletrônica do bem. Sei que estou divagando meio solitariamente na minha reclusão voluntária. No entanto, os dois ministros que considero sensatos, Mandetta e o general Braga Netto, e tocam a crise poderiam estimular a sociedade a criar possibilidades de ajuda através de aplicativos e criar um núcleo no governo para receber propostas e fazer uma triagem.
Da mesma forma, Braga Netto poderia orientar o Itamaraty, perdido em batalhas ideológicas, a dar um informe sobre o que está sendo feito na Coreia do Sul, em Israel e nos Estados Unidos. Ao lado do vetor científico, é preciso criar uma iniciativa tecnológica que não se esgota na telemedicina, que, por sinal, já deveria estar regulamentado há muito tempo. Quando a Aids chegou ao Brasil, a ciência teve um papel decisivo e rumamos rapidamente para o coquetel antiviral e sua distribuição gratuita.
De novo, estamos diante de um grande desafio, mas, da Aids para cá, houve um grande salto tecnológico. Quando surgiu o primeiro paciente de Aids no Brasil, procurei o governo para dar o alarme. Fui tratado como um romântico sonhador. Não importa muito se o gato é maluco ou careta: o importante é que ele pegue o rato.
Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista
Artigo publicado no jornal O Globo em 23/03/2020
No dia seguinte, vi a entrevista de vários membros do governo usando máscara. Lembrei-me do corredor da Lagoa. Ele a usava com naturalidade, parecia uma extensão natural do seu rosto. Mas o governo, por seu lado, ao invés me dar a certeza de que estava brigando com o coronavírus, parecia estar brigando com a máscara. No centro da mesa, o grande timoneiro, irritado com o incômodo, acabou deixando a máscara pendurada na orelha, como um brinco. Quando falou que ainda não havia vacina, temi que acrescentasse um felizmente, porque terraplanistas acham vacina e rock and roll coisas do demônio.
Não vou me deter nos Bolsonaros. É perda de tempo. O Brasil não vai derrotar o vírus com panelaços. A família adora comprar briga para encobrir sua profunda incapacidade. Quando não a encontra aqui, não hesita em buscá-la na China.
Quando um ministro de máscara e tipoia anunciou que o governo iria ajudar o Nordeste, percebi que havia uma grande lacuna na mesa. Onde estava o homem encarregado da Ciência e Tecnologia?
Na Lua?
Todas as esperanças de cura estão na Ciência. Mas a possibilidade de atenuar o impacto destrutivo do coronavírus está também na tecnologia. O Brasil tem 230 milhões de smartphones. Ao falar sobre isso na TV, fui contatado por uma empresa que trabalha no Porto Digital de Recife. Ela se chama Wololo e criou uma plataforma de rede verticalizada na qual algumas fontes passam informações úteis e necessárias e fazem de cada usuário um propagador. Isto deveria ser examinado pelo Ministério da Saúde, que vê aumentar em milhões as suas consultas.
Mas a ideia que mencionei na TV era outra. Pensei num aplicativo que contivesse algumas variáveis tais como a existência de febre, tosse, dificuldade respiratória, idade, doença crônica, através do qual fosse possível monitorar milhares de pessoas. Na Coreia do Sul, quando se localiza um caso, através do GPS é possível monitorar também pessoas que estejam num raio de cem metros.
Soube que há discussões no Porto Digital sobre a produção de respiradores em 3D. Mas são propostas ainda muito ousadas. E sei também que os Estados Unidos estão deslocando todo o seu aparato de controle de terrorismo para buscar saídas tecnológicas de controle da pandemia. Não tenho dúvida de que muitos problemas de privacidade vão surgir desse esforço. É preciso tratá-los com cuidado para não ameaçar as liberdades individuais.
[não pode ser olvidado:
- somos radicalmente contra o comunismo, mas a verdade tem que ser dita.
A China que não tem lá grande apreço pelas liberdades individuais, praticamente conteve a peste Covid-19;
Já a Itália que prioriza as liberdades individuais encontra grandes dificuldades no controle da Covid-19, e só após reduzir o apreço pelas liberdades exageradas, começa a ter êxito na redução da mortandade.]
As possibilidades de aumentar o controle da epidemia através dos smartphones são muito grandes. Imagine se for necessário determinar quarentena para pessoas que chegam do exterior.
Como garantir que isso é realmente cumprido?
O smartphone pode ser uma espécie de tornozeleira eletrônica do bem. Sei que estou divagando meio solitariamente na minha reclusão voluntária. No entanto, os dois ministros que considero sensatos, Mandetta e o general Braga Netto, e tocam a crise poderiam estimular a sociedade a criar possibilidades de ajuda através de aplicativos e criar um núcleo no governo para receber propostas e fazer uma triagem.
Da mesma forma, Braga Netto poderia orientar o Itamaraty, perdido em batalhas ideológicas, a dar um informe sobre o que está sendo feito na Coreia do Sul, em Israel e nos Estados Unidos. Ao lado do vetor científico, é preciso criar uma iniciativa tecnológica que não se esgota na telemedicina, que, por sinal, já deveria estar regulamentado há muito tempo. Quando a Aids chegou ao Brasil, a ciência teve um papel decisivo e rumamos rapidamente para o coquetel antiviral e sua distribuição gratuita.
De novo, estamos diante de um grande desafio, mas, da Aids para cá, houve um grande salto tecnológico. Quando surgiu o primeiro paciente de Aids no Brasil, procurei o governo para dar o alarme. Fui tratado como um romântico sonhador. Não importa muito se o gato é maluco ou careta: o importante é que ele pegue o rato.
Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista
Artigo publicado no jornal O Globo em 23/03/2020
Marcadores:
AIDS,
álcool gel,
Coreia do Sul,
Estados Unidos,
gato,
general Braga Netto,
GPS,
Israel,
Mandetta,
rato,
smartphone,
Um vírus na era digital,
vacina,
Wololo
terça-feira, 17 de março de 2020
O xadrez do coronavírus - Nas entrelinhas
“Economistas como Mônica de Bolle e André Lara Resende, antes mesmo do coronavírus, já haviam questionado a absolutização do aspecto fiscal”
Shahmat em persa quer dizer rei (shab) morto (mat), o antigo nome do
xadrez. Por corruptela, e não por acaso, o final do jogo virou
xeque-mate (checkmate, em inglês). Foi inventado por um grão-vizir, que
criou um tabuleiro com 64 quadros, vermelhos e pretos, cuja peça mais
importante era o rei; a segunda peça, o próprio grão-vizir, que foi
substituído pela rainha com passar dos anos. É um mistério a razão de um
rei aceitar um jogo no qual o objetivo era matá-lo, mas o fato é que o
xadrez encantou toda a corte, inclusive o monarca. O rei gostou tanto da
invenção que pediu ao grão-vizir para determinar sua própria
recompensa.
Conta-nos o físico Carl Sagan, num artigo intitulado O tabuleiro de xadrez persa (Bilhões e bilhões, Companhia de Bolso), que o grão-vizir desejou apenas uma recompensa aparentemente modesta: apontando para o tabuleiro com oito colunas e oito filas, pediu ao rei que lhe fosse dado um único grão de trigo no primeiro quadrado, dois no segundo, quatro no terceiro e assim por diante, dobrando sempre as quantidades. O rei achou a recompensa muito insignificante e protestou, oferecendo joias, odaliscas, palácios, mas o grão-vizir recusou. Só desejava os montes de trigo.
Entretanto, quando o administrador do celeiro real começou a contar os graus, o rei teve uma surpresa muito desagradável. O número de grãos começou pequeno: 1, 2, 4, 8, 16, 32 (…) e foi crescendo, 128, 256, 512, 1024… Quando chegou na última das 64 casas do tabuleiro, era de quase 18,5 quintilhões. Quanto pesa cada grão de trigo? Se cada um tiver um milímetro, pesariam 75 milhões de toneladas métricas, muito mais do que havia nos armazéns reais. “Se o xadrez tivesse cem quadrados (dez por dez), em vez de 64, a quantidade de grãos teria pesado o mesmo que a Terra”, compara Carl Sagan. Os persas foram pioneiros na matemática.
O físico norte-americano usou a fábula para chamar a atenção para a importância de se levar em conta os números exponenciais na análise da escala dos mais variados assuntos, da Aids à proliferação de armas nucleares. É o caso da pandemia de coronavírus, que chegou ao Brasil para ficar, pois a chamada “transmissão comunitária” já começou em São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois estados com a maior e melhor rede de saúde do país. Todos os estudos até agora mostram que o crescimento geométrico do número de casos aumenta a letalidade da doença, que se propaga muito rapidamente deixando em colapso os sistemas de saúde, como aconteceu na Itália, até que algo interrompa a proliferação da Covid-19. É um jogo de xadrez com a morte, como ilustra foto do filme O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman.
A solução chinesa, que adotou medidas radicais de confinamento e isolamento, foi a mais eficaz para conter a escalada do coronavírus. Alguns países asiáticos, porém foram bem-sucedidos com medidas intermediárias. A Coreia do Sul conseguiu controlar a doença e reduzir sua letalidade para 0,6%. Por quê? Por causa da qualidade do sistema de saúde e do gerenciamento da crise. Estatisticamente, de cada 100.000 pessoas doentes, 20.000 necessitarão hospitalização, dos quais 5.000 de UTI e 1.000 máquinas de respiração. No Brasil, se a epidemia atingir essa escala, será o caos no sistema de saúde, que já é pressionado por outros fatores: acidentes de trânsito, balas perdidas, acidentes domésticos, outras epidemias, tentativas de feminicídio.
Darwinismo
Para mitigar a progressão da epidemia, é preciso adotar seriamente a distância social. É o que países como Irã, França, Espanha, Alemanha, Suíça e EUA terão que fazer para reduzir a taxa de transmissão de 2,5% para 1% e neutralizar a curva exponencial. A Itália foi obrigada a confinar a população e restringir drasticamente a circulação de pessoas porque entrou em colapso; melhor fazer quase isso antes do colapso. Essa é a questão posta na mesa pelos sanitaristas para os governantes aqui no Brasil. Para a economia, teria menos impacto uma epidemia de curta duração com alta letalidade, um perverso darwinismo social: sobreviveriam os mais saudáveis; muito idosos, cardiopatas, diabéticos e pessoas com baixa imunidade faleceriam numa escala muito maior do que a registrada até agora. A taxa de mortalidade na China está hoje entre 3,6% e 6,1%, dependendo da região, mas converge para aproximadamente 3,8% e 4%, mais do que o dobro da estimativa atual e 30 vezes mais do que a gripe.
Para a sociedade, porém, a melhor solução é “achatar” a curva, retardando a propagação da epidemia, o que tem muito mais impacto na economia. É aí que algumas questões que estão na ordem do dia precisam ser levadas em conta. Por exemplo, o veto ao aumento para um salário-mínimo do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que hoje garante meio salário-mínimo para cada idoso ou deficiente sem renda, exatamente os que terão mais dificuldades para enfrentar a epidemia. O que é mais importante, a vida dessas pessoas ou o Teto de Gastos, num cenário em que o mundo deve entrar em recessão por causa do coronavírus? Alguns economistas, como Mônica de Bolle e André Lara Resende, antes mesmo do coronavírus, já haviam questionado a absolutização do aspecto fiscal na política econômica do ministro Paulo Guedes, mas esse era um assunto blindado no Congresso. Agora, não é mais. Como vivemos numa democracia e o Brasil é uma federação, ninguém vai segurar governadores e prefeitos na hora que o povo exigir medidas mais enérgicas para conter a
propagação do coronavírus.
Luiz Carlos Azedo - Nas Entrelinhas - Correio Braziliense
Conta-nos o físico Carl Sagan, num artigo intitulado O tabuleiro de xadrez persa (Bilhões e bilhões, Companhia de Bolso), que o grão-vizir desejou apenas uma recompensa aparentemente modesta: apontando para o tabuleiro com oito colunas e oito filas, pediu ao rei que lhe fosse dado um único grão de trigo no primeiro quadrado, dois no segundo, quatro no terceiro e assim por diante, dobrando sempre as quantidades. O rei achou a recompensa muito insignificante e protestou, oferecendo joias, odaliscas, palácios, mas o grão-vizir recusou. Só desejava os montes de trigo.
Entretanto, quando o administrador do celeiro real começou a contar os graus, o rei teve uma surpresa muito desagradável. O número de grãos começou pequeno: 1, 2, 4, 8, 16, 32 (…) e foi crescendo, 128, 256, 512, 1024… Quando chegou na última das 64 casas do tabuleiro, era de quase 18,5 quintilhões. Quanto pesa cada grão de trigo? Se cada um tiver um milímetro, pesariam 75 milhões de toneladas métricas, muito mais do que havia nos armazéns reais. “Se o xadrez tivesse cem quadrados (dez por dez), em vez de 64, a quantidade de grãos teria pesado o mesmo que a Terra”, compara Carl Sagan. Os persas foram pioneiros na matemática.
O físico norte-americano usou a fábula para chamar a atenção para a importância de se levar em conta os números exponenciais na análise da escala dos mais variados assuntos, da Aids à proliferação de armas nucleares. É o caso da pandemia de coronavírus, que chegou ao Brasil para ficar, pois a chamada “transmissão comunitária” já começou em São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois estados com a maior e melhor rede de saúde do país. Todos os estudos até agora mostram que o crescimento geométrico do número de casos aumenta a letalidade da doença, que se propaga muito rapidamente deixando em colapso os sistemas de saúde, como aconteceu na Itália, até que algo interrompa a proliferação da Covid-19. É um jogo de xadrez com a morte, como ilustra foto do filme O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman.
A solução chinesa, que adotou medidas radicais de confinamento e isolamento, foi a mais eficaz para conter a escalada do coronavírus. Alguns países asiáticos, porém foram bem-sucedidos com medidas intermediárias. A Coreia do Sul conseguiu controlar a doença e reduzir sua letalidade para 0,6%. Por quê? Por causa da qualidade do sistema de saúde e do gerenciamento da crise. Estatisticamente, de cada 100.000 pessoas doentes, 20.000 necessitarão hospitalização, dos quais 5.000 de UTI e 1.000 máquinas de respiração. No Brasil, se a epidemia atingir essa escala, será o caos no sistema de saúde, que já é pressionado por outros fatores: acidentes de trânsito, balas perdidas, acidentes domésticos, outras epidemias, tentativas de feminicídio.
Darwinismo
Para mitigar a progressão da epidemia, é preciso adotar seriamente a distância social. É o que países como Irã, França, Espanha, Alemanha, Suíça e EUA terão que fazer para reduzir a taxa de transmissão de 2,5% para 1% e neutralizar a curva exponencial. A Itália foi obrigada a confinar a população e restringir drasticamente a circulação de pessoas porque entrou em colapso; melhor fazer quase isso antes do colapso. Essa é a questão posta na mesa pelos sanitaristas para os governantes aqui no Brasil. Para a economia, teria menos impacto uma epidemia de curta duração com alta letalidade, um perverso darwinismo social: sobreviveriam os mais saudáveis; muito idosos, cardiopatas, diabéticos e pessoas com baixa imunidade faleceriam numa escala muito maior do que a registrada até agora. A taxa de mortalidade na China está hoje entre 3,6% e 6,1%, dependendo da região, mas converge para aproximadamente 3,8% e 4%, mais do que o dobro da estimativa atual e 30 vezes mais do que a gripe.
Para a sociedade, porém, a melhor solução é “achatar” a curva, retardando a propagação da epidemia, o que tem muito mais impacto na economia. É aí que algumas questões que estão na ordem do dia precisam ser levadas em conta. Por exemplo, o veto ao aumento para um salário-mínimo do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que hoje garante meio salário-mínimo para cada idoso ou deficiente sem renda, exatamente os que terão mais dificuldades para enfrentar a epidemia. O que é mais importante, a vida dessas pessoas ou o Teto de Gastos, num cenário em que o mundo deve entrar em recessão por causa do coronavírus? Alguns economistas, como Mônica de Bolle e André Lara Resende, antes mesmo do coronavírus, já haviam questionado a absolutização do aspecto fiscal na política econômica do ministro Paulo Guedes, mas esse era um assunto blindado no Congresso. Agora, não é mais. Como vivemos numa democracia e o Brasil é uma federação, ninguém vai segurar governadores e prefeitos na hora que o povo exigir medidas mais enérgicas para conter a
propagação do coronavírus.
Luiz Carlos Azedo - Nas Entrelinhas - Correio Braziliense
Marcadores:
AIDS,
Alemanha,
armas nucleares,
asiáticos,
Carl Sagan,
checkmate,
Darwinismo,
Espanha,
França,
grão-vizir,
Ingmar Bergman,
Irã,
joias,
O Sétimo Selo,
O xadrez do coronavírus,
odaliscas,
palácios,
persa,
Suíça
quinta-feira, 12 de março de 2020
Cavaleiros do Apocalipse - Nas entrelinhas
“Uma crise de relacionamento entre o presidente da República e o Congresso pode pôr tudo a perder. Bolsonaro subestima a pandemia de coronavírus”
O Apocalipse, o último livro da Bíblia, foi escrito por João, um dos quatro evangelistas — os outros são Mateus, Marcos e Lucas —, por volta de 95 d.C., na pequena ilha grega de Patmos, no mar Egeu. São visões aterradoras, nas quais quatro cavaleiros espalham fome, guerra e peste. Anjos trombeteiam castigos e catástrofes. Há trovões, relâmpagos e terremotos; chuvas de granizo, fogo e sangue. Pragas terríveis se disseminam, como vorazes gafanhotos e venenosos escorpiões. João prevê um confronto final entre Deus e o diabo, entre o bem e o mal. Para muitos, relata o fim do mundo, embora esse não seja o juízo dos teólogos cristãos. Em grego, apocalipse significa “revelação”, ou seja, o desvendamento de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus, o chamado juízo final: Deus manda os maus para o inferno e os bons para o paraíso.Em 1348, a peste negra chegou à Península Itálica; para muitos, era o apocalipse. Foi uma das mais trágicas epidemias que assolaram o mundo ocidental. Assim como a Aids, que nesta semana registrou os dois primeiros casos de cura, a peste negra foi considerada um castigo divino contra os hábitos pecaminosos da sociedade. Originária das estepes da Mongólia, onde pulgas hospedeiras da bactéria Yersinia Pestis infectaram diversos roedores, que entraram em contato com zonas de habitação humana e se instalaram nos animais domésticos e nas peças de roupa. A peste foi disseminada pela chamada Rota da Seda e pelo comércio do Mediterrâneo. O intercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente, reativado desde o século XII, explica a rápida propagação da doença pela Europa.
Não se tinha conhecimento, à época, para entender a doença, tanto sua variação bubônica, que atacava o sistema linfático, como a pneumônica, que atacava diretamente o sistema respiratório. Desconhecendo as origens biológicas da doença, muitos culpavam os judeus, os leprosos e os estrangeiros pela peste negra, embora as condições de vida e higiene nos ambientes urbanos do século XIV fossem grandes propulsoras da epidemia. Nas cidades medievais, lixo e esgoto corriam a céu aberto, atraindo insetos e ratos portadores da peste. A falta de higiene pessoal facilitava a propagação da epidemia, que se instalava por períodos de quatro a cinco meses. Cidades eram abandonadas ou se fechavam completamente, em quarentena. Um terço da população morreu.
Deterioração
O coronavírus não é uma simples gripe, antes fosse; pode até ser menos letal que a dengue, mas não é uma “fantasia” da mídia mundial, como disse o presidente Jair Bolsonaro. Faz parte de uma grande família viral, isolada pela primeira vez em 1937. No entanto, somente em 1965, o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil semelhante a uma coroa. Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias de leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas a maior população de risco. O problema é que o novo coronavírus (Covid-19), descoberto em 31/12/19, após casos registrados na China, se propaga mais rápido, por hospedeiros assintomáticos, não tem vacina nem medicação específica e mata os pacientes de baixa imunidade, principalmente idosos e portadores de doenças crônicas. Agora, já virou uma pandemia, conforme anunciou, ontem, a Organização Mundial de Saúde.
Em circunstâncias iguais a de outros países, o Brasil teria todas as condições de evitar uma grave epidemia, a partir das medidas preventivas que estão sendo tomadas pelo Ministério da Saúde. A doença está atingindo pessoas de alta renda, que chegaram de viagens ao exterior; o problema é a doença sair do controle e se propagar de forma generalizada, num país com áreas urbanas muito degradadas, de condições sanitárias medievais. A outra face do problema é o impacto que a epidemia está tendo na economia mundial, que pode até entrar em recessão, ainda mais depois da crise do petróleo provocada pela guerra de preços e produção entre Arábia Saudita e Rússia.
Aqui, esse impacto deveria ser mitigado por medidas econômicas e financeiras mais eficientes, porém, uma crise de relacionamento entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso pode pôr tudo a perder. O presidente da República, que subestima a epidemia, não cumpre acordo com o Congresso e convoca uma manifestação para pressioná-lo a não votar os projetos que o próprio Executivo encaminhou ao parlamento. Em resposta, o Congresso resolve jogar para a arquibancada e derrota o veto de Bolsonaro ao aumento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o salário mínimo destinado a idosos e deficientes, o que pode representar um aumento de despesas de R$ 7 bilhões a R$ 20 bilhões, dependendo de quem faz a conta. Ou seja, o cenário se deteriora na saúde, na política e na economia. E os cavaleiros do Apocalipse? Deixa pra lá… [o POST abaixo deste, tem fotos de dois cavaleiros do Apocalipse, sorridentes, felizes, comemorando mais uma vitória contra o Brasil e os brasileiros.
Uma boa notícia: a China já está desmontando os hospitais construídos para tratamento dos pacientes do Covid-19 = devido a redução dos casos, aqueles hospitais precisam ser adaptados para tratamentos dos doentes 'comuns'.]
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense
Marcadores:
AIDS,
cavaleiros do Apocalipse,
estepes,
estrangeiros,
ilha grega,
inferno,
judeus,
Juízo Final,
leprosos,
Mar Egeu,
Mediterrâneo,
Mongólia,
paraíso,
Patmos,
Península Itálica,
revelação,
Rota da Seda
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
A Desumanização - O Estado de S.Paulo
Elena Landau
Este governo teima em separar, desunir e antagonizar
A Desumanização é o título de um lindo livro de Valter Hugo Mãe. Em
tempos de discussão sobre gravidez precoce, sua leitura é imperdível.
Mostra numa escrita quase poética as consequências cruéis da falta de
acolhimento familiar nesses casos. [fica a dúvida se a falta de acolhimento familiar é da mãe que quer ter o filho ou é a recusa em acolher a aborteira = assassina.] Roubei para usar aqui no seu sentido
literal. Cai como uma luva para ilustrar a falta de humanidade deste
governo, intolerante aos diferentes dele.
Presidente, filhos, ministros e colaboradores perderam a censura e com
ela a cortesia. Pode ser bom que revelem o que realmente pensam, sem
disfarces. Mas choca porque estão no comando de políticas públicas para
todos os brasileiros, e não apenas seus eleitores. Políticas que
deveriam ser desenhadas para integrar, unir, gerar oportunidades a quem
não tem. Essa é a essência do liberalismo. Mas este governo teima em separar, desunir e antagonizar. Cada vez parecem se sentir mais à vontade para suas impropriedades, e
vão subindo o tom. Não é só o conteúdo que ofende, mas a forma, que
amplifica a ofensa. Gestos impróprios na porta do Palácio, # com
palavrões, xingamentos a seguidores nas redes sociais. A agressividade
dos seus apoiadores é estimulada pelo exemplo de cima, transformando a
internet em uma praça de guerra.
Não deveria ser surpresa. Afinal, Bolsonaro começou sua campanha na
votação do impeachment homenageando Ustra. Nada mais desumano e covarde
que a tortura.
Todo dia é um 7 a 1. Compartilham ataque covarde e sexista a uma
jornalista. Outra foi mandada de volta para o Japão. Debocham das
aparências das mulheres. Aplaudem vídeos nos quais o homossexualismo é
apresentado como origem de perversidades e dizem que portadores de HIV
pesam no orçamento. Se divertem quando jornalista do “círculo do poder”
faz chacota de brasileiro em palestra. [houve alguma confusão no comentário, já que HIV e homossexualismo não estão relacionados.]
O Goebbels tupiniquim só foi demitido, a contragosto do chefe, porque se
sentiu tão à vontade que saiu do armário. Na Fundação Palmares está
alguém que acha que a escravidão foi uma bênção para os negros. [mais um fato que a interpretação escolhida é sempre a que pode induzir o leitor a considerar racista o comentáiro.
1º - Ver racismo no comentário do a época titular da Fundação Palmares, não tem o menor sentido - por ele ser um afrodescendente.
Além do que se nos despirmos de preconceitos de qualquer natureza, constataremos que os afrodescendentes que vivem no Brasil, majoritariamente os aqui nascidos, são em sua quase totalidade descendentes de escravos - não fosse a realidade, as cotar já sem sentido, discriminatórias, perderiam toda e qualquer razão de existirem, ainda que tal razão seja mínima.
Comparem a vida que levam no Brasil com a de grande parte da população dos países africanos dos quais vieram seus antepassados. A deles, aqui, é superior - educação, saúde, emprego,as vezes, devido as cotas, até mais vantajosas que a de muitos descendentes de outras raças;
2º - Os compradores de escravos não eram quem capturavam os futuros escravos, que eram capturados por seus irmãos de raça, em guerras tribais e vendidos como escravos a quem oferecesse o menor preço.]
Um ministro, que nos remete ao personagem Justo Veríssimo, acha que pobre não sabe poupar, destrói o meio ambiente e não pode ir a Miami. Vivem numa bolha. E partilham das mesmas ideias.
1º - Ver racismo no comentário do a época titular da Fundação Palmares, não tem o menor sentido - por ele ser um afrodescendente.
Além do que se nos despirmos de preconceitos de qualquer natureza, constataremos que os afrodescendentes que vivem no Brasil, majoritariamente os aqui nascidos, são em sua quase totalidade descendentes de escravos - não fosse a realidade, as cotar já sem sentido, discriminatórias, perderiam toda e qualquer razão de existirem, ainda que tal razão seja mínima.
Comparem a vida que levam no Brasil com a de grande parte da população dos países africanos dos quais vieram seus antepassados. A deles, aqui, é superior - educação, saúde, emprego,as vezes, devido as cotas, até mais vantajosas que a de muitos descendentes de outras raças;
2º - Os compradores de escravos não eram quem capturavam os futuros escravos, que eram capturados por seus irmãos de raça, em guerras tribais e vendidos como escravos a quem oferecesse o menor preço.]
Um ministro, que nos remete ao personagem Justo Veríssimo, acha que pobre não sabe poupar, destrói o meio ambiente e não pode ir a Miami. Vivem numa bolha. E partilham das mesmas ideias.
Tudo isso é condenável, não porque atrapalha andamento das reformas ou
nos faz passar vergonha em fóruns internacionais. A falta de empatia,
combinada com uma tendência autoritária, é perigosa.Os exemplos desses despautérios são muitos. Vou me concentrar na questão
da Aids, porque revela não só preconceito, mas total falta de preparo
para analisar e implementar políticas públicas
O programa brasileiro de prevenção e tratamento da Aids é reconhecido
mundialmente pela sua excelência. Iniciado em meados dos anos 90,
permitiu reverter as projeções mais pessimistas do início daquela
década. O plano se baseia em distribuição gratuita de medicamentos e camisinha;
testes gratuitos; profilaxia para a pré-exposição de pessoas que se
relacionam com infectados. Há muito preconceito nessa área. A testagem é
importante para reduzir o risco de transmissão e fundamental para
melhorar a qualidade e expectativa de vida do portador. Exames para
diabetes e colesterol são feitos com naturalidade, já HIV não faz parte
da rotina, mas deveria. A prevenção é a chave.
Quando o coquetel foi descoberto, em 1995, o Brasil e a África do Sul
tinham a mesma porcentagem de sua população infectada pelo HIV. Os dois
países seguiram estratégias diferentes. Hoje são 10% de sul-africanos,
maiores de 15 anos, portadores. Porcentual que aplicado ao Brasil
equivaleria a 17 milhões, em lugar dos 800 mil brasileiros infectados
hoje. É resultado da distribuição gratuita de medicamentos, que reduzem a
carga viral e a transmissão. São milhões de vidas poupadas. A distribuição de medicamentos custa aos cofres públicos apenas R$ 1,8
bilhão ao ano. Seria importante registrar também as despesas evitadas
para tratamento da doença no SUS. A quebra de patentes e o uso de
genéricos permitiu a redução sistemática do custo dos medicamentos
antirretrovirais, que significa hoje menos de 0,06% dos gastos públicos
anuais.
Apesar disso, o presidente Bolsonaro declarou em entrevista que “pessoa
com HIV é despesa para todo o Brasil”. Faz dobradinha com o ataque ao
jornalista com “cara de homossexual terrível”. [insistimos que a mídia sempre que noticia algum comentário do presidente Bolsonaro, procura apresentar com a roupagem mais prejudicial ao Governo Federal.
FATO: qualquer doente, seja de uma simples gripe a outra moléstia mais grave (não estamos esquecendo que nem sempre uma gripe é uma doença simples) incluindo HIV, problemas cardíacos, diabetes, etc, atendido pela saúde pública é uma despesa para todo o Brasil - já que despesa pública é coberta com recursos públicos = dinheiro de todos os brasileiros.
Mas, sendo possível, apresentar a versão que possa comprometer a imagem do presidente Bolsonaro, junto aos brasileiros incautos, se apresenta.]
Todo tratamento, de qualquer doença, é despesa, seja pressão alta,
diabetes ou sarampo. Com sua forma peculiar de fazer política pública, a
declaração foi baseada no relato de uma obstetra amiga. Palpite
caseiro. Ao ser cobrado pela imprensa, deu uma banana para os
jornalistas. Por todo conjunto de sua obra, parece evidente que o
problema do presidente com o HIV não é o custo do tratamento. Já é lugar comum apontar as impropriedades ditas por este governo. Às
vezes, voltam atrás, mas, na maioria dos casos, colocam a
responsabilidade na imprensa. As falas são sempre retiradas do contexto.
A culpa é sempre dos outros.
Mas as palavras ficam. [e a interpretação pode mudar todo o sentido da mensagem, que o autor quis transmitir.
Elena Landau, economista e advogada - Economia - O Estado de S. Paulo
Marcadores:
A Desumanização,
AIDS,
camisinha,
Fundação Palmares,
gravidez precoce,
HIV,
homossexualismo,
internet,
Japão,
Justo Veríssimo,
Miami,
obstetra,
praça de guerra,
pressão alta,
sul-africanos,
tortura,
Ustra
segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
A China está próxima - Fernando Gabeira
Ainda adolescente comprei meu primeiro manual de jornalismo.
Seu autor, Fraser Bond, trazia algumas boas lições práticas. Mas de uma
de suas lições, jamais me convenceu. Bond dizia que a morte de um cão na
sua rua é mais notícia do que um terremoto na China. Nada estremece mais seu argumento do que a aparição do coronavírus em
Wuhan, a sétima cidade da China, e casos já registrados em vários
países do mundo. Ele usou o exemplo do terremoto porque certamente ainda
não havia tanta integração no mundo quanto agora, o que transforma a
segurança biológica numa agenda internacional inescapável.
O Brasil, como todos os outros países, está em alerta. Isso é essencial num momento em que não é novo. O surgimento de vírus devastadores tem sido uma constante, possivelmente pela degradação do meio ambiente. É correto olhar para a China neste momento. No entanto, para não desapontar Fraser Bond, não podemos esquecer o que acontece perto do nós. Foi com esse espírito que levantei semana passada algumas dúvidas sobre o que acontece em Rondônia, mais precisamente no Presídio Monte Cristo. Segundo as notícias, ali quase 100% dos prisioneiros sofriam de sarna. Mas recentemente a situação se agravou, e os prisioneiros têm uma doença que dá a eles a sensação de estarem sendo comidos por dentro.
Era necessário que o governo criasse um núcleo médico capaz de diagnosticar essa doença e tratá-la imediatamente. Argumentar que são bandidos, escolheram esse caminho, é muito pobre não só do ponto de vista humano, como irresponsável diante da segurança biológica do país. [defendemos que as penas sejam severas, sejam cumpridas na integralidade, mas, se impõe que os prisioneiros sejam tratados como seres humanos - o que inclui, sem limitar, assistência médica.
Mas, tem um detalhe que não pode ser olvidado:
enquanto algumas centenas de prisioneiros padecem de moléstias em cadeias atulhadas, milhares de brasileiros, ou mesmo milhões padecem as portas dos hospitais aguardando vaga para um exame urgente ou mesmo um simples atendimento de emergência.
Hoje mesmo o DF-TV, noticiou que em Brasília - DF tem uma senhora que aguarda um exame neurológico na rede pública de saúde há 'apenas' quatro anos;
Saúde sob a responsabilidade do governador Ibaneis Rocha, a quem lembramos que ele está conseguindo ser pior que a soma do impiorável, representado pelas administração Agnelo e Rolemberg e que exames de saúde são sempre urgentes, especialmente na área neurológica, cardíaca, cerebral, etc, etc.
A administração Ibaneis Rocha, em todas as áreas, destacando SAÚDE, INSEGURANÇA PÚBLICA, EDUCAÇÃO, TRANSPORTES, etc, está conseguindo transformar o CAOS em CAOS CAÓTICO e o PIORAR o IMPIORÁVEL.
Já o prisioneiro Marcola - chefão do PCC e condenado a mais de 300 anos de prisão - parou parte de Brasília para ser submetido a uma colonoscopia - exame de urgência, importante para o diagnóstico do câncer.
Diante da verdade apresentada, cabe a pergunta:
priorizar o atendimento em presídios (até mesmo levando presos de importância a clínicas para exames) ou aos milhões que padecem as portas dos hospitais?]
Os presídios, mesmo os de segurança, não são ilhas totalmente isoladas. Neles, trabalham funcionários em turnos diferentes. Isto significa que se relacionam com as suas famílias. Além disso, há visitas, advogados, inúmeras pessoas que ficam expostas a um perigo. Como estou em outra parte do Brasil no momento, tenho mais perguntas do que respostas sobre essa doença no presídio de Roraima. Não vi notícias sobre o exame desses presos, o possível diagnóstico da doença.
É um agravamento da sarna?
Outra doença completamente diferente?
O que dá a eles a sensação de serem comidos?
Seria uma bactéria?
Tem nome? É preciso examinar as pessoas que trabalham no presídio?
Nossas demandas sobre uma política de segurança biológica ainda são centradas na transparência. Chernobyl foi um caso típico de negação das regras do jogo. A China também às vezes é acusada de não revelar as verdadeiras dimensões de algumas doenças. Lembro-me de que na aparição dos primeiros casos de Aids no Brasil, falava-se que era localizado e atacava apenas a minoria. Felizmente, superamos essas limitações e chegamos a uma política nacional respeitada até fora do país. Mas o front é muito diversificado. Durante alguns anos, enfrentamos a dengue. Depois apareceram a chicungunha e a zika, esta bastante pesquisada depois de uma passagem assustadora no Nordeste.
Menos falada, a chicungunha também é uma doença séria. Entrevistei alguns atingidos por ela, em Sergipe. Fiquei impressionado com as queixas sobre dores, algumas estendendo-se por um ano. Apesar de suspeitas, não se pode afirmar ainda que o coronavírus surgiu na crista de algum desequilíbrio ambiental. Mas é evidente que uma política ambiental destrutiva quase sempre vem ao lado de um desinteresse pela segurança biológica. No Brasil, Paulo Guedes acha que a degradação ambiental é produzida pela pobreza. Mas, na verdade, é a pobre compreensão do problema pelo governo que pode agravar a crise ambiental. Da mesma forma, quando se fala em princípio de precaução, aqui a ideia é de um velho que sai de guarda-chuva num dia ensolarado.
Mas não é isso, o mundo mudou, ficou muito mais perigoso, interligado. O velho professor de jornalismo não sabia disso na sua época. Ignorar essa realidade hoje só torna o mundo mais perigoso ainda. No entanto, o momento já é também de esperar que, além da transparência, os governantes sejam julgados por sua capacidade de antecipação. Não se pode comparar a doença no presídio com um coronavírus na China. Mas o alarme na segurança biológica não deve se prender a algum vírus devastador e misterioso.
Fernando Gabeira, jornalista - Blog do Gabeira
Artigo publicado no jornal O Globo em 26/01/2020
O Brasil, como todos os outros países, está em alerta. Isso é essencial num momento em que não é novo. O surgimento de vírus devastadores tem sido uma constante, possivelmente pela degradação do meio ambiente. É correto olhar para a China neste momento. No entanto, para não desapontar Fraser Bond, não podemos esquecer o que acontece perto do nós. Foi com esse espírito que levantei semana passada algumas dúvidas sobre o que acontece em Rondônia, mais precisamente no Presídio Monte Cristo. Segundo as notícias, ali quase 100% dos prisioneiros sofriam de sarna. Mas recentemente a situação se agravou, e os prisioneiros têm uma doença que dá a eles a sensação de estarem sendo comidos por dentro.
Era necessário que o governo criasse um núcleo médico capaz de diagnosticar essa doença e tratá-la imediatamente. Argumentar que são bandidos, escolheram esse caminho, é muito pobre não só do ponto de vista humano, como irresponsável diante da segurança biológica do país. [defendemos que as penas sejam severas, sejam cumpridas na integralidade, mas, se impõe que os prisioneiros sejam tratados como seres humanos - o que inclui, sem limitar, assistência médica.
Mas, tem um detalhe que não pode ser olvidado:
enquanto algumas centenas de prisioneiros padecem de moléstias em cadeias atulhadas, milhares de brasileiros, ou mesmo milhões padecem as portas dos hospitais aguardando vaga para um exame urgente ou mesmo um simples atendimento de emergência.
Hoje mesmo o DF-TV, noticiou que em Brasília - DF tem uma senhora que aguarda um exame neurológico na rede pública de saúde há 'apenas' quatro anos;
Saúde sob a responsabilidade do governador Ibaneis Rocha, a quem lembramos que ele está conseguindo ser pior que a soma do impiorável, representado pelas administração Agnelo e Rolemberg e que exames de saúde são sempre urgentes, especialmente na área neurológica, cardíaca, cerebral, etc, etc.
A administração Ibaneis Rocha, em todas as áreas, destacando SAÚDE, INSEGURANÇA PÚBLICA, EDUCAÇÃO, TRANSPORTES, etc, está conseguindo transformar o CAOS em CAOS CAÓTICO e o PIORAR o IMPIORÁVEL.
Já o prisioneiro Marcola - chefão do PCC e condenado a mais de 300 anos de prisão - parou parte de Brasília para ser submetido a uma colonoscopia - exame de urgência, importante para o diagnóstico do câncer.
Diante da verdade apresentada, cabe a pergunta:
priorizar o atendimento em presídios (até mesmo levando presos de importância a clínicas para exames) ou aos milhões que padecem as portas dos hospitais?]
Os presídios, mesmo os de segurança, não são ilhas totalmente isoladas. Neles, trabalham funcionários em turnos diferentes. Isto significa que se relacionam com as suas famílias. Além disso, há visitas, advogados, inúmeras pessoas que ficam expostas a um perigo. Como estou em outra parte do Brasil no momento, tenho mais perguntas do que respostas sobre essa doença no presídio de Roraima. Não vi notícias sobre o exame desses presos, o possível diagnóstico da doença.
É um agravamento da sarna?
Outra doença completamente diferente?
O que dá a eles a sensação de serem comidos?
Seria uma bactéria?
Tem nome? É preciso examinar as pessoas que trabalham no presídio?
Nossas demandas sobre uma política de segurança biológica ainda são centradas na transparência. Chernobyl foi um caso típico de negação das regras do jogo. A China também às vezes é acusada de não revelar as verdadeiras dimensões de algumas doenças. Lembro-me de que na aparição dos primeiros casos de Aids no Brasil, falava-se que era localizado e atacava apenas a minoria. Felizmente, superamos essas limitações e chegamos a uma política nacional respeitada até fora do país. Mas o front é muito diversificado. Durante alguns anos, enfrentamos a dengue. Depois apareceram a chicungunha e a zika, esta bastante pesquisada depois de uma passagem assustadora no Nordeste.
Menos falada, a chicungunha também é uma doença séria. Entrevistei alguns atingidos por ela, em Sergipe. Fiquei impressionado com as queixas sobre dores, algumas estendendo-se por um ano. Apesar de suspeitas, não se pode afirmar ainda que o coronavírus surgiu na crista de algum desequilíbrio ambiental. Mas é evidente que uma política ambiental destrutiva quase sempre vem ao lado de um desinteresse pela segurança biológica. No Brasil, Paulo Guedes acha que a degradação ambiental é produzida pela pobreza. Mas, na verdade, é a pobre compreensão do problema pelo governo que pode agravar a crise ambiental. Da mesma forma, quando se fala em princípio de precaução, aqui a ideia é de um velho que sai de guarda-chuva num dia ensolarado.
Mas não é isso, o mundo mudou, ficou muito mais perigoso, interligado. O velho professor de jornalismo não sabia disso na sua época. Ignorar essa realidade hoje só torna o mundo mais perigoso ainda. No entanto, o momento já é também de esperar que, além da transparência, os governantes sejam julgados por sua capacidade de antecipação. Não se pode comparar a doença no presídio com um coronavírus na China. Mas o alarme na segurança biológica não deve se prender a algum vírus devastador e misterioso.
Fernando Gabeira, jornalista - Blog do Gabeira
Artigo publicado no jornal O Globo em 26/01/2020
Marcadores:
A China está próxima,
AIDS,
Bond,
Chernobyl,
chicungunha,
coronavírus,
dengue,
Presídio Monte Cristo,
segurança biológica,
Sergipe,
terremoto,
Wuhan,
zika
domingo, 12 de novembro de 2017
10 principais causas de mortes no mundo
De AVC a acidente de trânsito: as 10 principais causas de morte no mundo
Das 56,4 milhões de mortes em todo o mundo em 2015, mais da metade (54%)
está vinculada ao ranking das 10 principais causas de mortes, segundo o
relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde). Diferentemente de anos
anteriores a Aids não integra a lista. Atualmente, o número de vítimas da Aids
é quase 8 vezes inferior ao índice de pessoas que morrem por causa de uma
doença cardíaca isquêmica.
1ª – Doença cardíaca isquêmica
Marcadores:
AIDS,
causas de mortes,
doença cardíaca isquêmica,
Organização Mundial da Saúde - OMS,
ranking
Assinar:
Postagens (Atom)