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quinta-feira, 14 de março de 2019

Ponte Costa e Silva é 'rebatizada' [ilegalmente] em homenagem a Marielle Franco

 [Alterar o nome da ponte Costa e Silva para o nome da vereadora psolista não tem valor legal - ao contrário, infringe a legislação sob o assunto e representa um desrespeito ao ex-presidente. Cabe também ao GDF adotar as providências para obrigar as 'pichadoras' a retirar as pichações e ao pagamento de multa.

As pichadoras também desobedeceram decisão judicial o que é crime.

Quanto a Olga Benário além de ser ex-mulher de um comunista era, bem antes de Hitler assumir o governo da Alemanha, notória terrorista.

Duvidam? leiam o livro Olga, de Fernando de Moraes e saberão mais sobre a terrorista.]

Ativistas feministas e o Movimento Olga Benário 'rebatizaram' a Ponte Costa e Siva para lembrar um ano da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.  A Ponte Costa e Silva foi "rebatizada" com o nome de Marielle Franco na madrugada desta quinta-feira (14/3), quando completa um ano da execução da vereadora carioca e do motorista Anderson Gomes. Quem passou pela ponte nas primeiras horas do dia pôde ver que a placa com o nome da ponte estava alterada  

A intervenção foi realizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário. "É um protesto para cobrarmos, das devidas instituições, o esclarecimento desse crime, porque a gente sabe que ele foi mandado e não pode ficar impune", disse, ao Correio, Thais Oliveira, integrante do grupo.

Segundo Thais, o grupo programou, para a data, homenagens a Marielle Franco por todo o país. Na ação em Brasília, a Ponte Costa e Silva não foi escolhida por acaso. "Escolhemos justamente por ela ter sido renomeada e agora levar o nome de um ex-presidente que foi conivente com o assassinato e com a tortura de diversas pessoas, inclusive mulheres, no nosso país", afirmou. "A ponte já passou pelo nome Honestino Guimarães que, como Marielle, é um exemplo de luta para a gente", acrescentou. 

O grupo também pendurou uma faixa na ponte com referências ao presidente Jair Bolsonaro e à ação de milícias. "Por Marielle queremos justiça, não aceitamos presidente da milícia", dizia a mensagem. O movimento também se manifestou por meio de uma mensagem no Facebook. "No dia em que se completam 365 dias do assassinato da vereadora Marielle Franco, o povo ainda não conseguiu a resposta da pergunta: 'Quais foram os mandantes do crime?'. Desde essa atrocidade, em que também foi morto Anderson Gomes, Marielle se tornou um símbolo ainda maior de luta e resistência de mulheres em todo o Brasil e no mundo."

Troca de nomes
O nome da ponte provoca debates não é de hoje. Originalmente chamada de Ponte Monumental, por Oscar Niemeyer, a estrutura teve o nome alterado no governo de Ernesto Geisel, ditador militar que queria homenagear um de seus antecessores no regime de exceção, Artur da Costa e Silva.

Em 2015, após aprovação de um projeto de lei do deputado distrital Ricardo Vale (PT), passou a se chamar Honestino Guimarães, em homenagem ao estudante da Universidade de Brasília assassinado pela ditadura. retorno do nome para Costa e Silva foi decidido em novembro do ano passado, pelo Conselho Superior do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territóriosapós ação popular das procuradoras Bia Kicis, hoje deputada federal (PSL-DF) e Cláudia Castro. 

Correio Braziliense


 

domingo, 10 de março de 2019

A turma da Lava Jato criou uma fundação

Os doutores da força-tarefa superestimaram sua força e extrapolaram suas tarefas

Em setembro passado, a Petrobras e o governo americano assinaram um acordo pelo qual a empresa encerrou seus litígios com os órgãos reguladores daquele país. Era um espeto de US$ 2,95 bilhões. Nessa negociação acertou-se que o equivalente a R$ 2,5 bilhões seriam pagos às “autoridades brasileiras”. Em dois momentos o acordo se refere às “Brazilian authorities” como destinatárias do dinheiro.

Em janeiro deste ano, o doutor Deltan Dallagnol e outros 11 procuradores da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba assinaram um acordo com a Petrobras pelo qual o dinheiro que deveria ir para as “autoridades brasileiras” foi para uma conta aberta numa agência da Caixa Econômica de Curitiba em nome do Ministério Público Federal. Seria razoável supor que os R$ 2,5 bilhões fossem para a conta do Tesouro Nacional, nome de fantasia da Bolsa da Viúva, mas, afinal de contas, eles, como os diretores de hospitais, também são autoridades.

Os doutores da força-tarefa superestimaram sua força e extrapolaram suas tarefas. Superestimaram seus poderes colocando sob sua jurisdição um dinheiro que deveria ir para o Tesouro. Exorbitaram suas tarefas quando estabeleceram que metade dos R$ 2,5 bilhões seja transformado num fundo para financiar uma fundação de direito privado. Ela ainda não existe, mas, segundo os procuradores, seus recursos “serão destinados ao investimento social em projetos, iniciativas e desenvolvimento institucional de entidades idôneas que reforcem a luta da sociedade brasileira contra a corrupção, inclusive para a proteção e promoção de direitos fundamentais afetados pela corrupção, como os direitos à saúde, à educação e ao meio ambiente, dentre outros”. Tudo, enfim.

O ervanário, correspondente ao orçamento da Universidade de Campinas, foi burocraticamente apropriado para sustentar uma fundação de natureza privada. Se essa tivesse sido a combinação da Petrobras com o governo americano, seria o jogo jogado. Em nenhum momento os procuradores de Curitiba ou mesmo a Procuradoria-Geral da República são mencionados no acordo americano. No item 7 do acordo firmado pelo Ministério Público com a Petrobras, os doutores dizem que “as autoridades norte-americanas 'consentiram'" em que os recursos “sejam satisfeitos com base no que for pago (...) conforme acordado com o Ministério Público Federal”.

Seja qual for o significado desse “satisfeitos”, esse consentimento não consta do acordo. Vá lá que tenham combinado noutra sala. Pode sobrar para o lado americano da combinação. No item seguinte está escrito que “conforme previsto no acordo com a Security Exchange Commission (a CVM americana) e o Departamento de Justiça, na ausência de acordo com o Ministério Público Federal, 100% do valor acordado com as autoridades americanas será revertido integralmente para o Tesouro norte-americano”.

Isso não consta do texto mencionado. Lá está escrito que o dinheiro voltará para o Tesouro americano se a Petrobras não o entregar às autoridades brasileiras. Nada a ver com “acordo com o Ministério Público Federal”. A turma da Lava Jato acha que pode tudo. Pode até nomear um procurador aposentado para presidir essa fundação milionária. Talvez possa, mas fica feio.

Serviço: Todos os documentos mencionados neste texto podem ser consultados no site Migalhas.


FACHIN TRAVOU A FESTA
Talvez a turma da Lava Jato possa tudo, mas num caso semelhante ao da apropriação burocrática dos R$ 2,5 bilhões do acordo da Petrobras, o ministro Edson Fachin travou a festa.

O Ministério Público Federal queria destinar o butim amealhado pelo casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura ao Fundo Penitenciário Nacional. Eles deviam R$ 6 milhões em multas e repatriaram US$ 21,8 milhões de contas que mantinham no exterior, alimentadas por empreiteiras.

FACHIN FOI CLARO
“O valor deve ser destinado ao ente público lesado, ou seja, a vítima, aqui compreendida não necessariamente como aquela que sofreu diretamente o dano patrimonial, mas aquela cujo bem jurídico tutelado foi lesado. No caso, a Administração Pública.”

Fachin mandou que o dinheiro da multa também fosse para a Viúva, “cabendo a ela e não ao Poder Judiciário, inclusive por regras rigorosas de classificação orçamentária, definir, no âmbito de sua competência, como utilizará essa receita”.

(...)


VIVANDEIRAS
Seja qual for a leitura que se faça da frase de Bolsonaro —“democracia e liberdade só existem quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”—, fica uma pergunta: e quando elas não a querem, o que entra no lugar? [na maior parte das vezes um bom governo, melhor do que o retirado - basta ver o quanto o Brasil melhorou após 31 mar 1964 e o quanto piorou quanto o governo voltou para a democracia representada por uma tal de Nova República.]

A resposta simples é que se vai para uma ditadura, mas isso não é tudo. Vai-se também para um período de anarquia militar. Na ditadura das louvações de Bolsonaro, a anarquia instalou-se na madrugada de 2 de abril, quando o general Costa e Silva nomeou-se ministro da Guerra. Sucederam-se sedições. Em 1965, o marechal Castello Branco foi obrigado a editar o Ato Institucional nº 2, que acabou com a eleição para presidente e governadores. Em 1968, Costa e Silva foi (com gosto) levado a baixar o AI-5. Em 1969, impedindo a posse do vice-presidente Pedro Aleixo para instalar a Junta Militar dos “Três Patetas”. [se Pedro Aleixo tomasse posse seria volta, institucionalizada, da bagunça desmontada em 31 março 64.]

Em outubro de 1977, no último suspiro da anarquia, o ministro Sylvio Frota achou que emparedaria o presidente Ernesto Geisel. Foi demitido. O então capitão Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional, deve se lembrar desses dias, pois era um jovem ajudante de ordens de Frota. O capitão Bolsonaro deixou o Exército em 1988, com a carreira comprometida por atos de indisciplina. Como paisano, deve evitar uma carapuça lançada em 1964 pelo marechal Castello Branco quando apontou para as “vivandeiras alvoroçadas, (que) vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do Poder Militar”.

(...)

 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Bolsonaro busca sintonia com seus eleitores ao citar de homenagear presidentes militares em discurso

Bolsonaro cita e homenageia presidentes militares em discurso

Em posse do novo diretor da Itaipu Binacional, presidente fez homenagem aos generais que comandaram as ditaduras militares do Brasil e do Paraguai

[na solenidade,  o que levou ao desespero os que não se conformam com o fato de Bolsonaro ser o presidente do Brasil - quase 58.000.000 de votos -  é que TUDO que ele falou em seu discurso é verdadeiro.]

O presidente Jair Bolsonaro fez uma homenagem aos generais que comandaram as ditaduras militares do Brasil e do Paraguai. Em discurso de posse do novo diretor da Itaipu Binacional, general Joaquim Luna e Silva, Bolsonaro disse que a usina só saiu do papel devido ao papel dos militares. O tratado que deu origem à usina foi assinado em 1974, e a hidrelétrica começou a produzir energia em 1984. "Eu queria, se me permitem, recordar, relembrar aqueles que realmente foram responsáveis por essa obra. Isso tudo, as primeiras tratativas começaram ainda lá atrás, no governo do marechal Castelo Branco", disse o presidente.
Em seu discurso, Bolsonaro disse que Castelo Branco foi eleito em 11 de abril de 1964 e que tomou posse em 15 de abril daquele ano, "tudo à luz da Constituição vigente naquele momento". O presidente não mencionou o fato de que, depois do golpe militar, em 31 de março de 1964, os presidentes eram escolhidos pela cúpula do regime e, somente depois disso, eleitos indiretamente por um colégio eleitoral. Além disso, a Constituição de 1946 não previa ruptura democrática. Bolsonaro mencionou ainda tratativas que continuaram durante o governo dos presidentes Costa e Silva, que sucedeu Castelo Branco, e Garrastazu Médici. A obra, na avaliação de Bolsonaro, "realmente saiu do papel e tomou corpo" durante o governo de Ernesto Geisel. Ao "saudoso e querido" João Figueiredo, último presidente do regime militar, Bolsonaro disse que coube a inauguração da primeira turbina. Nenhum presidente civil foi mencionado no discurso.
Bolsonaro aproveitou ainda para homenagear o general Alfredo Stroessner, ditador que governou o Paraguai entre 1954 e 1989. O pai do atual presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, conhecido como Marito, foi secretário particular de Stroessner.
"Mas Marito, isso tudo não seria suficiente se não tivesse do lado de cá um homem de visão, um estadista, que sabia perfeitamente que o seu país, Paraguai, só poderia prosseguir e progredir se tivesse energia. Então aqui também a minha homenagem ao nosso general Alfredo Stroessner", disse.

Bolsonaro citou ainda trecho da Bíblia e disse que Marito é cristão, conservador e um homem de família. "Esses valores nos trouxeram até aqui e com a graça de Deus continuaremos juntos para o bem dos nossos povos", afirmou. "Esquerda, nunca mais", disse. O presidente disse que vai receber Marito em Brasília no dia 11 de março, em uma reunião bilateral. No encontro, os países devem tratar de assuntos como a própria revisão do Tratado de Itaipu, cujos termos se encerram em 2023, as duas pontes entre Brasil e Paraguai sobre o Rio Paraná, que serão pagas com recursos da usina, com custo repassado aos consumidores brasileiros. "Conte com o apoio do nosso governo para concretizarmos esse objetivo", disse.
Bolsonaro citou ainda uma parceria entre Brasil e Paraguai no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. O presidente citou o ministro da Justiça, Sergio Moro, e agradeceu ao Paraguai "por rapidamente mandar para nós brasileiros criminosos que agiam em seu Estado". Há dois anos e meio, por meio de um acordo firmado entre os dois países, o Paraguai tem deportado criminosos de facções procurados pela polícia e Justiça brasileiras.
 

Anne Warth - O Estado de S.Paulo
 
 

terça-feira, 20 de novembro de 2018

BOLSONARO E OS ECONOMISTAS 1: A equipe formada por Guedes tem preparo intelectual e coesão ideológica; os ultraliberais no comando

O time formado por Paulo Guedes para a área econômica, ampliando esse conceito para o comando das estatais, é intelectualmente preparado e tem coesão ideológica. 

É formado, sem dúvida, por liberais. Comece-se pelo óbvio, o chefe da turma: Paulo Guedes, que responderá por Fazenda, Planejamento e, se não houver mudança de rumo, Indústria e Comércio. Nesta segunda, foi indicado o futuro presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que disse o que, entendo, tem de ser dito sobre a Petrobras. Para o Banco Central, vai Roberto Campos Neto; para o BNDES, Joaquim Levy. Mansueto de Almeida será mantido na Secretaria do Tesouro. Ivan Monteiro, hoje no comando da Petrobras, pode ser indicado para a presidência do Banco do Brasil. 

Nesse particular sentido, é correto dizer que se está diante de uma configuração na tal equipe econômica como nunca houve no país desde a redemocratização. Ou, se quiserem, antes dela também. Não se pode dizer que os governos da ditadura militar tivessem exatamente uma orientação liberal. Não quando se sabe a paixão que os generais da ditadura mantinham por estatais, não é mesmo? O maior criador de empresas públicas do mundo atendia pelo nome de Ernesto Geisel. Se convicção liberal for igual a medidas de caráter liberal, vamos então experimentar os sucessos dessa visão de mundo em economia. Mas aí será preciso esperar um pouquinho para ver.
  Continua aqui



sábado, 4 de agosto de 2018

A anistia não deve ser revogada

Buscar em organismos internacionais uma muleta jurídica para revogar a lei de anistia poderá gerar ainda mais tensão política


No Brasil, o processo de transição do regime militar para a democracia adquiriu formas absolutamente originais, sem qualquer paralelo com os países do Cone Sul. Vale destacar também que os governos desses países desenvolveram políticas que os distinguiram em relação ao Brasil, no mesmo momento histórico. Ou seja, não é possível jogar no mesmo saco — como se diz popularmente — regimes tão díspares. Não custa ressaltar que a marca ideológica da presença dos militares na cena política nacional, desde a Proclamação da República, foi o positivismo — e a referência prática, concreta, teve no castilhismo gaúcho a  sua matriz.

É de conhecimento geral que tivemos um longo processo de transição que teve início com a distensão, ainda na presidência Ernesto Geisel. Mas os passos mais ousados foram dados no governo Figueiredo. A aprovação da anistia, em agosto de 1979, foi um importante marco. Permitiu realizar a transição de uma forma mais rápida, eficaz e sem traumas.  De tempos em tempos é recolocada a questão de revogar a lei de anistia. O argumento é que crimes teriam de ser apurados e punidos. A leitura passa pela ação dos órgãos de repressão e pelas graves violações dos direitos humanos contra centenas de brasileiros. Isso é fato, não se discute. Porém, deve ser também analisada a atuação dos grupos terroristas que mataram muitos brasileiros em atentados, assaltos a bancos e nos “justiçamentos.” Se é para judicializar a história, isso deve ocorrer para os dois lados.

A questão central é que não tivemos, no momento adequado, quando da passagem do governo para os civis (1985), um processo que enfrentasse o passado recente de forma a construir valores democráticos. Um bom exemplo ocorreu na África do Sul com a criação, por Nélson Mandela, da Comissão Nacional da Verdade e da Reconciliação. Apresentar os fatos, discutí-los, ouvir as diferentes versões e a partir daí, com as lições da história, edificar uma sociedade democrática. Infelizmente, isso não ocorreu no Brasil. Ao invés de um Mandela, tivemos José Sarney, um presidente fraco e temeroso de enfrentar os dilemas da época. Buscar em organismos internacionais uma muleta jurídica para revogar a lei de anistia poderá gerar ainda mais tensão política. É muito mais eficaz discutir abertamente aquele momento histórico. E demonstrar que a urna é o caminho das mudanças e não um pau-de-arara ou uma bomba.


Marco Antonio Villa - historiador

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Não há sustentação legal na revisão da Lei da Anistia; no Supremo de hoje, no entanto, tudo é permitido, menos seguir o que se lê nas leis

Faz sentido falar-se em revisão da Lei da Anistia? Você quer que resposta? Caso se decida seguir os textos legais, a resposta é “não”. Mas, como se sabe, hoje em dia, no Supremo, tudo é permitido. Se a própria Constituição pode ser esbulhada, por que não o resto? Explico.

Os cretinos querem transformar essa questão numa disputa entre os que defendem torturadores e os que querem a sua punição. Vigarice! Trata-se de um confronto de posições, este sim, entre os que defendem as regras do estado democrático e de direito — e sei o que me tem custado essa posição hoje em dia — e os que acham que podem buscar atalhos e caminhos paralelos para fazer justiça.

Lei 6683, de 1979, a da Anistia, é clara: Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares.
§ 1º – Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.

A própria Emenda Constitucional nº 26, de 1985, QUE É NADA MENOS DO QUE AQUELA QUE CONVOCA A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE, incorporou, de fato, a anistia. Está no artigo 4º:
Art. 4º É concedida anistia a todos os servidores públicos civis da Administração direta e indireta e militares, punidos por atos de exceção, institucionais ou complementares. § 1º É concedida, igualmente, anistia aos autores de crimes políticos ou conexos, e aos dirigentes e representantes de organizações sindicais e estudantis, bem como aos servidores civis ou empregados que hajam sido demitidos ou dispensados por motivação exclusivamente política, com base em outros diplomas legais. § 2º A anistia abrange os que foram punidos ou processados pelos atos imputáveis previstos no “caput” deste artigo, praticados no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979.

Mais: o dispositivo constitucional que exclui a tortura dos crimes passíveis de anistia é de 1988, posterior, portanto, à Lei da Anistia, que é de 1979 e não pode retroagir.

Anistia não é absolvição, mas perdão político. Os pactos históricos produzem frutos, que empurram os países para um lado ou para outro. A Espanha juntou todas as forças políticas em favor de uma transição pacífica da ditadura franquista para a democracia, de que o “Pacto de Moncloa” (1977) é um símbolo. O midiático juiz Baltasar Garzón tentou fazer a história recuar quase 40 anos, mas a moderna sociedade espanhola rejeitou suas propostas. A África do Sul ficou entre punir todos os remanescentes do regime do apartheid e a pacificação. Escolheu o segundo caminho. Espero que o Brasil não escolha o confronto.

Blog do Reinaldo Azevedo 

[Fosse o Brasil um País sério, democrata e vivendo realmente sob o "estado democrático de direito", sequer falar em revisão da Lei da Anistia seria admitido, cogitado.
Só que o Brasil vive sob o furor legiferante do Poder Judiciário, especialmente dos 'supremos ministros' do STF,  que tudo podem.

Assim, para rever a Lei da Anistia, absolver os porcos esquerdistas que não foram neutralizados de forma definitiva durante o Governo Militar, basta que seis 'supremas excelências' decidam revogar a Lei da Anistia, punir os militares que combateram e venceram uma guerra suja - suja por escolha dos adversários, dos subversivos, dos terroristas, dos porcos comunistas, esquerdistas -  e honrar os comunistas,  absolvendo-os, a LEI DA ANISTIA será revista.

O único obstáculo a que surja essa maioria suprema, seis a cinco, é o risco de esticando demais a corda da paciência, as coisas mudem e entre um estado de direito que permite em que as leis sejam mudadas, após quase quarenta anos de promulgadas e após ratificadas por outros diplomas legais, e um estado de direito em que as leis são impostas pelo mais forte, a escolha do Brasil seja contrária a da  África do Sul.]

LEIA TAMBÉM: Brasil vai pedir aos EUA registros da CIA sobre ditadura militar, informa Itamaraty

domingo, 13 de maio de 2018

Geisel sem pedestal

Não há ‘meio ditador’, mas Geisel foi um ditador que operou pelo fim da ditadura
Tudo nestes tempos revoltos vira uma guerra insana e até cruel na internet e é exatamente esse o caso, agora, da bombástica revelação da CIA de que o então presidente Ernesto Geisel transformou a execução de opositores em política de Estado. Isso mexe com as mais profundas feridas e as mais arraigadas ideologias, mas a radicalização, para qualquer lado, continua sendo o pior caminho.

Como ponderou o presidente Michel Temer, em conversa comigo na sexta-feira, não se trata de uma versão nacional, mas da CIA, e nem tudo o que a CIA diz é necessariamente verdade. Acrescente-se: os Estados Unidos invadiram e aniquilaram o Iraque, sem aval do Conselho de Segurança da ONU, com base na informação da sua agência de inteligência de que Saddam Hussein desenvolvia sofisticadas armas químicas e biológicas. Foi um erro grosseiro. Ou uma mentira intencional. [nem sempre as informações da CIA retratam a verdade;
a CIA é antes de tudo uma agência de inteligência mas que também opera na contra informação  e é extremamente simples divulgar determinado memorando, que vai parar nas mãos de pessoa não confiável, que o divulga de forma deturpada.

Além do que não pode ser olvidado que o Brasil vivia uma situação de guerra, uma guerra suja - e a sujeira era consequência das ações covardes dos terroristas (procurem se informar sobre um dos mentores do terrorismo: Marighella - verão que em nada pensado por um verme daquela laia pode haver lealdade, dignidade, honra.)

Agora mesmo a turma pró esquerda trouxe de volta o que tentam passar como um argumento que prova que Vladimir Herzog foi assassinado no DOI-CODI - tentam desmentir a versão oficial, e verdadeira, de que Herzog se suicidou.

Que fazem: alegam que a verdadeira causa da morte de Herzog se tornou conhecida, visto que que o atestado de óbito, segundo os esquerdistas de plantão, forjado por um médico foi substituído por um verdadeiro.

O considerado verdadeiro aponta como causa da morte do jornalista  ''lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do segundo Exército DOI-Codi''  enquanto o anterior (segundo a esquerda,  forjado) dava como causa da morte "enforcamento por asfixia mecânica''.

A turma que defende a esquerda pode ser tudo menos burra e qualquer imbecil com alguma lucidez sabe que em um atestado de óbito deve constar a causa da morte e não a causa de causa de morte.

FATO: a causa da morte do jornalista Vladimir Herzog segundo laudo oficial  foi
"enforcamento por asfixia mecânica'' e ninguém discute que asfixia causa a morte de qualquer ser vivo.

O enforcamento também pode causar a quebra do pescoço da vítima. Assim, é inequívoco que uma pessoa que seja enforcada morrerá por asfixia mecânica (constrição), ou por quebra do pescoço ou ambas as causas.

"lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do segundo Exército DOI-Codi'' - ou em qualquer outro local - jamais podem causar a morte de alguém.
Um ser humano pode levar porrada por dias e dias, sofrer maus tratos por dias e dias e simplesmente não morrer - na hipótese,  as porradas e outros maus tratos causaram lesões de gravidade leve ou média, não suficientes para  levar à morte.

O que mata a pessoa, ainda na hipótese, é se as lesões e maus tratos forem de grande gravidade, que causem danos a órgãos vitais, ou prive a pessoa de funções vitais, levando-a a óbito.

Em suma: Vladimir Herzog morreu por enforcamento por asfixia mecânica;
jamais morreu por lesões e maus tratos - tais lesões e maus tratos, se houve, causaram a asfixia mecânica que foi a verdadeira causa da morte.

A digressão é apenas para mostrar que se a esquerda é capaz de transformar a causa da causa mortis para acusar os militares, também são capazes de considerar verdade Bíblica um documento da CIA.]


O documento trazido à luz pelo professor Matias Spektor é uma nova frente de pesquisa sobre a verdadeira identidade e os reais propósitos do governo Geisel. Mas funciona como uma delação premiada: é uma versão, precisa ser recheada de provas. Dúvidas: como a reunião e a decisão de Geisel jamais vazaram no próprio Brasil?  
Por que um ou mais generais envolvidos contariam justamente para os norte-americanos, se eles se baseavam no velho nacionalismo que exalava ojeriza aos EUA? Para agradar a Washington?

Mas, “se non é vero, é ben trovato”. Apesar da “distensão lenta, gradual e segura” de Geisel, a ditadura continuou executando e torturando os adversários – ou “subversivos perigosos”, como registra a CIA.
Presidentes não são obrigados a saber tudo (assim como Lula nunca soube do mensalão?) e Geisel poderia até não saber de uma ou duas mortes. Mas de tantas? Ele demitiu o general Ednardo D’Ávila Mello após o assassinato de Wladimir Herzog, mas pelas mortes e torturas? Ou porque ele desafiava a abertura e o que o então presidente mais prezava: sua autoridade?

O fato é que o documento atinge profundamente a biografia de Geisel, com quem eu conversava uma a duas vezes por ano, depois da Presidência. E ele sempre com muito cuidado de não se vender como o “mocinho” lutando contra os “bandidos” do seu próprio regime. Criticava genericamente a “linha dura”, mas nunca foi enfático, indignado, contra seus métodos. Subliminarmente, era como se fossem um “mal necessário”.

A partir da CIA, há dois personagens num só: o ditador determinado a devolver o País aos civis e o pragmático convencido de que tinha de dançar conforme a música dominante no regime: a favor de matar e torturar, inclusive quase meninos, em nome do combate ao comunismo. Esse confronto entre as intenções de Geisel e sua submissão ao regime é claro na obra magistral de Elio Gaspari sobre a ditadura. E foi bem resumido, ontem, por Spektor: “O que Geisel fez foi chamar para si a responsabilidade (da repressão), para poder abrir”.
Ceder para avançar.


Seria mais fácil, e aplaudido, escrever um texto apaixonado contra o ditador assassino ou, muitíssimo pior, em defesa da guerra contra o comunismo. A política e a história, porém, não se fazem com paixão. Se comprovada, a informação da CIA derruba Geisel do pedestal de quem jamais compactuou com os “desaparecimentos”. Mas não apaga a realidade de que ele efetivamente se empenhou pela abertura. Não existe “meio ditador”, mas Ernesto Geisel foi um ditador que operou para derrubar a ditadura.

Que o documento da CIA reabra serenamente a Comissão da Verdade e o debate sobre o reconhecimento de responsabilidade das Forças Armadas, como defende seu último presidente, Pedro Dallari. A verdade às vezes dói, mas nada como a verdade para curar velhas e evitar futuras feridas. [a Comissão da Verdade não pode ser reaberta pelo simples fato que foi extinta por força de determinação legal; podem, caso queiram, até criar uma outra, mas jamais vão conseguir tornar verdadeiro o que são apenas boatos.
A verdade exige um pequeno detalhe: cuida de fatos e para ser fato é necessário que tenha ocorrido.]

Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo

 

sábado, 5 de maio de 2018

O sumiço do Ministério da Justiça

Criado no Império por Dom Pedro I, o Ministério da Justiça, esvaziado pela criação do Ministério da Segurança Pública, vive o momento de menor prestígio político de sua longa história 

Dois meses após ter sido criado, logo após a decretação da intervenção federal no Rio de Janeiro, o Ministério Extraordinário da Segurança Pública ainda não tem um teto para chamar de seu. O ministro Raul Jungmann despacha em uma espécie de puxadinho no 2º andar do Ministério da Justiça: duas salas onde ele e mais dez auxiliares se espremem. As secretárias de Jungmann e dos assessores ficam em duas salas de espera, feitas improvisadamente com divisórias de fórmica, no corredor que dá acesso ao “gabinete” do ministro. Os dez assessores continuam vinculados ao Ministério da Defesa, a antiga pasta de Jungmann, porque o Ministério da Segurança continua sem estrutura de pessoal. Para suprir a deficiência, o Ministério da Justiça prometeu ceder para Jungmann 20 cargos do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS). Não são só cargos que sobram no Ministério da Justiça. Dois andares acima de Jungmann, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, continua a despachar em seu gabinete amplo, espaçoso, mobiliado com móveis antigos, onde cumpre hoje uma rotina diária sem sobressaltos, mas também sem decisões estratégicas.

Segundo um auxiliar de Torquato, a maior dificuldade do ministro é agendar reuniões para preencher o tempo. Dos 30 dias do mês de abril, Torquato não deu expediente em pelo menos 15 — por motivo de viagem, falta de compromissos ou porque era fim de semana, que o ministro faz questão de preservar para seu descanso. Na segunda-feira 2 de abril, o único compromisso de Torquato foi participar da solenidade de posse dos colegas Gilberto Occhi (Saúde) e Valter Casimiro (Transportes). Dois dias depois, na quinta-feira 4 de abril, a agenda dele estava vazia. No dia seguinte, embarcou para o Rio de Janeiro, onde fez uma visita institucional ao Arquivo Nacional, seguida de uma reunião na Confederação Nacional do Comércio. O elegante Palácio da Justiça, projetado por Oscar Niemeyer para abrigar o Ministério da Justiça, tradicionalmente uma das pastas mais importantes do governo federal, está se transformando no mais vistoso elefante branco da Esplanada.

O Ministério da Justiça já vinha perdendo relevância nos últimos anos. Mas a decadência se acentuou depois que o presidente Michel Temer criou, em fevereiro, o Ministério Extraordinário da Segurança Pública. A nova pasta levou a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal, a Secretaria Nacional de Segurança Pública e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que eram a espinha dorsal do antigo ministério. A PF forma, com a Receita Federal e o Banco Central, a Santíssima Trindade dos órgãos do Estado que está na base do exercício do poder pelo Executivo federal. Da antiga estrutura, sobraram as secretarias de Justiça, do Consumidor, Antidrogas e a Fundação Nacional do Índio (Funai). São setores importantes, mas sem força no xadrez político.

Sem o departamento responsável pelos presídios, a Secretaria Nacional de Justiça ficou apenas com o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), que tem como tarefa apenas intermediar pedidos de investigadores em âmbito internacional. O DRCI não tem atribuição para interferir no curso de investigações criminais. A Secretaria do Consumidor é uma área técnica. A Secretaria Antidrogas está formalmente vinculada à Justiça. Mas até recentemente era área de influência do ex-ministro do Desenvolvimento Social Osmar Terra, que funcionava como um dique contra a onda de flexibilização das leis antidrogas, postura igualmente assumida por Torquato. A Funai tem uma dinâmica própria, em geral, à revelia do ministério. Os ministros têm dificuldades de impor uma política própria à fundação — e as questões indígenas costumam ser, para os titulares da Justiça, mais uma fonte de dor de cabeça do que de exercício de poder.

Enfraquecido, Torquato não conseguiu nem mesmo indicar nomes para a Funai e para a Secretaria do Consumidor. O novo presidente da Funai, Wallace Moreira Bastos, foi escolhido pela bancada ruralista no Congresso depois que ela derrubou o antigo ocupante do cargo. Bastos era subsecretário de Assuntos Administrativos do Ministério dos Transportes e não tem qualquer vínculo com a questão indígena. Numa segunda frente, o ministro tentou emplacar o advogado João Luiz Martins na Secretaria do Consumidor. Mas quem venceu a disputa pelo cargo foi Ana Lúcia Kenickel, afilhada política do deputado Celso Russomanno (PP-SP). Entre as duas sugestões, Temer optou pela de Russomanno. Torquato tem tido dificuldades até para resolver problemas menores, como, por exemplo, a comunicação social do ministério. O contrato com a empresa CDN, responsável pelo atendimento à imprensa em nome do ministério, venceu em dezembro. Como não houve licitação, a empresa terá de suspender os serviços no próximo mês. Segundo auxiliares, sem saber o que fazer, Torquato mandou abrir sindicância para apurar o que aconteceu, ou melhor, o que não aconteceu.

Torquato tomou posse no Ministério da Justiça em maio do ano passado, num momento em que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot se preparava para fazer a primeira denúncia contra Temer. A denúncia teve como base o acordo de delação premiada dos executivos do grupo empresarial J&F, controlado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, e as investigações subsequentes da Polícia Federal. Mal esquentou a cadeira, o ministro criticou as investigações contra Temer e deixou claro que poderia trocar o diretor da Polícia Federal. Disse também que o conhecimento de segurança pública dele se resumia ao relato de uma tia vítima de um assalto. Foi a senha para que, semanas depois, Jungmann entrasse em cena para falar sobre combate à violência no Rio de Janeiro e sobre um plano de segurança pública para o país, até então seara exclusiva do titular da Justiça. Uma das primeiras reuniões entre ministros para tratar do assunto aconteceu no Ministério da Defesa.

Segundo relatos, um assessor perguntou a Torquato: “Ministro, esta reunião não deveria ser na Justiça?”. Torquato respondeu que, pela lógica, sim. Mas, como Jungmann tinha tomado a dianteira, não restava nada a fazer senão ir ao endereço indicado para a reunião. No começo deste ano, Temer decidiu formalizar a divisão de tarefas, empossando Jungmann no Ministério Extraordinário da Segurança. Escanteado, o ministro da Justiça perdeu até a escolta especial da Polícia Federal. Duas semanas depois da criação do Ministério da Segurança, Torquato foi informado de que os policiais federais passariam a responder pela segurança de Jungmann, o novo chefe da PF, e não pela dele. Acostumado com a proteção, o ministro teve de improvisar um esquema de segurança com a Polícia Rodoviária Federal, numa viagem a São Paulo, e com a Marinha, numa visita ao Rio. Pela lei, qualquer ministro pode requisitar proteção policial, mas, para isso, deve justificar o risco de circular desacompanhado.

Segundo interlocutores, a perda de espaço e de prestígio deixou Torquato contrariado apenas em parte. O ministro não gostou da desenvoltura de Jungmann, que chegou falando grosso (em questões de segurança pública) e logo se assenhorou do pedaço. Mas essa seria uma insatisfação de baixa intensidade. Sem maiores ambições, Torquato, de acordo com esses relatos, contentou-se com a ideia de ser uma espécie de “consultor jurídico” eventual de Temer. O presidente tem a sua disposição a Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Conta também com renomados advogados criminalistas para fazer a defesa dele nos casos em que é investigado por corrupção e obstrução da Justiça. Jurista especializado em legislação eleitoral, Torquato é um reforço de luxo nesse jogo. “Para ele, o cargo de ministro já é suficiente”, disse um graduado servidor do ministério.

O Ministério da Justiça foi criado em 3 de julho de 1822, pelo imperador Dom Pedro I, com o nome de Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça. De lá para cá se tornou uma área central da administração, não só do imperador, mas de todos os presidentes desde o nascimento da República. Pelo ministério, passaram personagens proeminentes como Ruy Barbosa, Oswaldo Aranha e Tancredo Neves. Na história recente, a pasta foi chefiada por Saulo Ramos, Paulo Brossard, Oscar Dias Corrêa, Nelson Jobim e Márcio Thomaz Bastos, personagens que tiveram papel fundamental na definição dos rumos políticos dos governos a que estavam vinculados e, por tabela, no destino do país. [Por uma questão de Justiça os nomes dos dois ministros mais importantes de toda a história do Ministério da Justiça: o ministro da Justiça mais importante e mais forte desde a criação daquele ministério foi ARMANDO FALCÃO, ministro durante o governo do presidente Ernesto Geisel; GAMA e SILVA pode ser considerado o segundo em importância e teve a honra de seu nome estar entre os signatários do Ato Institucional nº 5 - AI-5.] apesar de seu nome estar inscrito mais forte desde Reza a tradição que, pela importância, o ministro da Justiça deve ter cadeira cativa ao lado direito do presidente da República em reuniões ministeriais. O costume só foi rompido quando, no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, exigiu o lugar, para demarcar poder.

O cargo de ministro da Justiça sempre foi cobiçado porque cabia ao titular da pasta duas tarefas nobres: a articulação política com o Congresso Nacional e, de quebra, a interlocução do governo federal com os tribunais. Ou seja, o ministro da Justiça podia discutir as grandes questões nacionais com o privilégio de, aparentemente, estar acima das disputas menores. Na virada do milênio, com a crescente onda de violência e a globalização do crime organizado, o governo federal passou a receber mais demandas nessa área. Em resposta, os governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula lançaram programas de segurança pública, o que ampliou as atribuições e os poderes do ministério. No governo Lula, o Plano Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), ambicioso programa de segurança, foi lançado pelo ministro Tarso Genro.

A expansão do Ministério da Justiça esbarrou, no entanto, na decisão da ex-presidente Dilma Rousseff de não se intrometer no assunto. Para ela, a segurança pública era responsabilidade dos estados. Um limite estabelecido na Constituição. Com a mudança de rota, o Pronasci foi descartado na gestão de José Eduardo Cardozo no ministério. De lá para cá, nenhum outro plano de segurança saiu do papel. “Foi ali, na gestão de Cardozo, que o Ministério da Justiça começou a ser esvaziado”, disse um ex-ministro. Cardozo era um ministro forte. Mas, para alguns, limitou a atuação dele à defesa pública do governo Dilma. “O Cardozo teve papel importante, mas acabou atuando mais como advogado da ex-presidente Dilma no processo de impeachment”, disse o diretor-presidente do Fórum Nacional de Segurança Pública, Renato Sérgio Lima.

O ex-ministro Tarso Genro reclamou do fim do Pronasci ainda na gestão Dilma. Mas, para ele, a fragilização do Ministério da Justiça seria apenas o reflexo do que ele vê como falta de legitimidade do governo Temer. “Governos ilegítimos não desenvolvem políticas de Estado, mas políticas imediatistas que se limitam a tentar legitimar-se e sobreviver. O Ministério da Justiça está esvaziado porque deixou de ser, na prática, um ministério de Estado e se tornou, em seu sentido decadente, um ministério político de governo”, afirmou Genro a ÉPOCA.  O ministro Torquato Jardim iria receber ÉPOCA para entrevista na tarde da quarta-feira 2 de maio. Cancelou a entrevista, segundo sua assessoria, depois de ter sido chamado pelo presidente Temer para acompanhar encontro com representantes do governo do Suriname em visita a Brasília.

Época

 

 

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Palocci, Edson Fachin, a candidata Cármen Lúcia e o baguncismo

É evidente que não faz sentido transferir para o pleno a decisão sobre habeas corpus ao ex-ministro da Fazenda

Não está marcada a data do julgamento de pedido de habeas corpus do ex-ministro Antônio Palocci. Para que se entenda a demagogia de sotaque populista de Edson Fachin e da presidenciável indireto-direta Cármen Lúcia, presidente do STF, o leitor precisa levar certos fatos em consideração. Vamos a eles. Fachin, todo mundo sabe, combinou a decisão com Cármen. Não é a primeira vez que a presidente do STF opta por cair nos braços do alarido. Com a homologação de baciada das delações da Odebrecht, viu-se o mesmo. A ministra está agora num esforço de popularização de sua imagem.

No programa “Conversa com Bial”, que estreou na terça, na Globo, Cármen, referindo-se à rotina do colégio interno onde estudou, criticou “o tanto de sininho para fazer isso e para aquilo”. A plateia riu. E mais ainda quando a conversa assumiu, assim, ares fesceninos, mas sem nunca perder a toga: “Quando chegou na minha adolescência, que a gente namorava, e alguém dizia assim: ‘Olhe, aquele homem me fez escutar sininhos’. E eu dizia: ‘Nossa! Se me fizer escutar sininhos, eu lembro da madre superiora. Não vai dar, comigo tem de ouvir outras coisas, outras histórias, ainda que mentirosas”.

Falemos de verdades
Num ato extremamente prudente, o presidente Michel Temer
houve por bem indicar o substituto de Teori Zavascki só depois que o tribunal escolhesse o novo relator do petrolão. E por que o fez? Porque, segundo o Regimento Interno, aquele que assume a vaga aberta com a morte ou renúncia de um ministro fica com os seus processos. Logo, o nome indicado por Temer seria o… relator do petrolão. Imaginem o barulho!

Muito bem. O Tribunal está dividido em turmas. Isso só faz sentido se cada uma tiver as prerrogativas do Supremo inteiro, exceção feita aos casos já previstos em que se obriga o voto do pleno. Se não fosse assim, não teríamos o Supremo votando coisas sobre o petrolão, mas apenas “Meio Supremo”.

Quando Temer decidiu que só indicaria o nome para a vaga aberta depois de definido o relator, coube a Cármen Lúcia encaminhar uma solução que surgiu neste blog. Sim, é isso mesmo. Ainda no dia 19, data da morte de Zavascki, escrevi:
Há outra leitura absolutamente consistente e hígida desse trecho do regimento. Em termos de relatoria do petrolão, a “vaga” é aquela que está aberta na Segunda Turma. Foi nesse grupo de cinco ministros que se deu o sorteio.
Assim, um ministro da Primeira Turma poderia ser indicado para a vaga na Segunda, e o Regimento se cumpriria plenamente. Quem são eles? Roberto Barroso, Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin.
Nesse grupo, o nome que rende menos polêmica é o de Edson Fachin.

E assim se fez. Observem: de tal sorte se entende que a turma não é metade do Supremo, mas representa o todo, que não se cogitou a hipótese de eventual redefinição. Optou-se por completar o grupo. Nem poderia ser diferente: mudança no Regimento Interno do STF operada no dia 28 de maio de 2014 retirou do pleno a competência para julgar os que têm foro no tribunal, excetuando-se os presidentes dos Poderes e o procurador-geral da República. A decisão foi tomada por unanimidade. Roberto Barroso e Celso de Mello defenderam que até mesmo esses casos fossem submetidos às turmas.

Então ficamos assim. Segundo Fachin e a ministra que não gosta de ouvir sininhos, a turma é tão forte que lhe cabe, sim, a relatoria. Mas não é hígida o bastante para julgar um pedido de habeas corpus…

Excitando a turba
Lamento dizer, mas Fachin e Cármen Lúcia estão dando corda àqueles que acham que existe uma conspiração para soltar Antônio Palocci, o que o impediria de fazer delação premiada.
É um raciocínio de tal sorte asnal que começa por ignorar o óbvio: se o petista fizer delação, pegará uns dois ou três anos de cadeia em prisão domiciliar. Se não o fizer, corre o risco de ser condenado a dezenas de anos. SERÁ MESMO QUE, POR CAUSA DE UM SIMPLES HABEAS CORPUS (QUE LHE GARANTIRIA LIBERDADE APENAS PROVISÓRIA), PALOCCI TROCARIA UNS DOIS OU TRÊS ANOS DE CADEIA POR, SEI LÁ, UNS SEIS OU SETE EM REGIME FECHADO?

Pode-se acusar o ministro de um monte de coisas. Mas nunca ninguém havia dito até agora ser ele um idiota. Acho que não é.

Já se fez antes
O próprio Zavascki recorreu ao pleno duas vezes:
por ocasião da prisão de Delcídio do Amaral, então senador, e do afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara. Bem, no segundo caso, o então deputado comandava uma das Casas do Legislativo. [no caso Zavascki, ele para poder punir Cunha teve que se considerar mais SUPREMO do que nunca e inserir na Constituição Federal, virtualmente, uma punição inexistente - em outras palavras: um SUPREMO MINISTRO foi ao mesmo tempo legislador, juiz de tribunal de exceção e executor de uma punição criada única e exclusivamente para Eduardo Cunha.
Nem o saudoso presidente General de Exército Ernesto Geisel, chegou a tanto,  ou Ulysses Guimarães que foi o único TETRA PRESIDENTE.] No outro, tratava-se de uma decisão das mais polêmicas: no exercício do mandato, um parlamentar só pode ser preso em flagrante. Uma escuta previamente combinada com órgãos de investigação não parece caracterizar flagrante… Fez-se ali uma heterodoxia. E não! Isso não quer dizer que Delcídio não merecesse. Falo de leis.

A questão
Venham cá:
então uma Turma do Supremo, que detém as prerrogativas do pleno em processos dessa natureza, pode condenar alguém a dezenas de anos de cadeia, mas não pode decidir sobre um simples habeas corpus? É ridículo! 

Isso corresponde a apostar na bagunça e na desinstitucionalização. De resto, até onde sei, Palocci fará delação esteja solto ou preso. E se receber o HC e não fizer o acordo? Bem, pior para ele.  Ademais, Fachin precisa definir os critérios para recorrer ou não ao pleno, certo? Quais são? Ou ele vai arbitrando caso a caso?

Encerro
Ah, sim: você quer que Palocci passe muitos anos na cadeia? Bem, a única forma de isso acontecer é ele não fazer delação premiada (na hipótese de o MPF provar as acusações que faz). Como? Você acha que a concessão do habeas corpus o impediria de fazer delação? Bem, se é assim, então torça por isso. A menos que você queira que ele pegue apenas uns dois ou três aninhos.

Essa conversa sobre habeas corpus impedir delação é só mais uma das teses estúpidas lançadas pela direita xucra para mobilizar a militância de Facebook. As esquerdas, obviamente, agradecem. O cenário de degeneração institucional sempre lhes será útil.

Fonte: Reinaldo Azevedo - VEJA

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

"O CUSTO DOS GENERAIS-PRESIDENTES"

Talvez seja preciso que voltem, o que torna conveniente sabermos que até o custo é favorável para o Brasil

 "São palavras de um repórter que não morre de amores pelos militares".

Os 5 Generais Presidentes.

 Autor : jornalista CARLOS CHAGAS"Erros foram praticados durante o regime militar, eram tempos difíceis. Claro que, no reverso da medalha, foi promovida ampla modernização das nossas estruturas materiais.Fica para o historiador do futuro emitir a sentença para aqueles tempos bicudos."

Mas uma evidência salta aos olhos: a honestidade pessoal de cada um!

1 - Quando Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.

2 - Costa e Silva, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace no palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana.

3 - Garrastazu Médici dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé, mas quando adoeceu precisou ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão.

4 - Ernesto Geisel, antes de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis, que a filha vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala, no Rio.

5 - João Figueiredo, depois de deixar o poder, não aguentou as despesas do Sítio do Dragão, em Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade. Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos agora colocaram à venda, ao que parece em estado de lamentável conservação.
OBS: foi operado no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio.

"Não é nada, não é nada, mas os cinco generais-presidentes até podem ter cometido erros, mas não se meteram em negócios, não enriqueceram nem receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus governos".
 
Sequer criaram institutos destinados a preservar seus documentos ou agenciar contratos para consultorias e palestras regiamente remuneradas.


Bem diferente dos tempos atuais, não é?
 
Acrescento:
DELES NENHUM mandou fazer um filme pseudo biográfico, pago com dinheiro público, de auto-exaltação e culto à própria personalidade!

NENHUM DELES usou dinheiro público para fazer um parque homenageando a própria mãe.

NENHUM DELES usou o hospital Sírio e Libanês.

NENHUM DELES comprou avião de luxo no exterior.

NENHUM DELES enviou nosso dinheiro para "ajudar" outro país.

NENHUM DELES saiu de Brasília, ao fim do mandato, acompanhado por 11 caminhões lotados de toda espécie de móveis e objetos roubados.

NENHUM DELES exaltou a ignorância.

NENHUM DELES falava errado.

NENHUM DELES apareceu embriagado em público.

NENHUM DELES se mijou em público.

NENHUM DELES passou a apoiar notórios desonestos depois de tê-los chamado de ladrões.

VOCÊ QUE SABE LER E ENTENDE O QUE LEU, COMENTE COM OS QUE NÃO SABEM.
ELES PRECISAM SER INFORMADOS!!!
 

Fonte: A Verdade Sufocada