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sábado, 28 de outubro de 2017

O centenário da utopia assassina

Não pensem que o comunismo morreu: continua bem vivo,
usando bandeira com arco-íris ou até mesmo envolto em clorofila

Outubro de 1917. Revolucionários bolcheviques davam um golpe dentro do golpe, meses após a derrubada do czar, instaurando na Rússia o primeiro regime comunista. Em pouco tempo os trogloditas de Lenin já tinham matado mais gente do que o regime czarista em quase um século! O terror imposto, a morte deliberada por inanição, as execuções sumárias e até mesmo a guerra civil foram instrumentos utilizados pelos “igualitários”, que não mediam esforços em prol de seu prêmio: nada menos do que o “paraíso terrestre”.

Aqueles revolucionários estavam, no fundo, dando continuidade ao que os jacobinos iniciaram na Revolução Francesa. A classe de “intelectuais”, desde Rousseau, tenta sonhar com “um mundo melhor”, e não se importa muito se sua visão romântica for combustível para a violência de brutamontes. É uma violência “redentora”, afinal.  Alguns, vejam só!, admitem até os “excessos” ou as “inadequações” da coisa, mas a ilusão é tão sedutora que justifica uma nova tentativa. E mais uma, e mais uma. URSS, China, Camboja, Vietnã, Cuba e tantos outros experimentos, ratos de laboratório dos engenheiros sociais, sempre com o mesmo resultado: terror, miséria, escravidão. A Venezuela é apenas a nova cobaia do “socialismo do século XXI”.

E nada de abalar a fé dos crentes. Sim, pois o comunismo não passa de uma seita ideológica, uma religião política, um “ópio dos intelectuais”. E não pensem que ele morreu: continua bem vivo, sob novas embalagens, usando bandeira com arco-íris, afirmando que a “vida dos negros importa”, como se a dos outros não, ou até mesmo envolto em clorofila. Mas é o velho comunismo, a utopia “igualitária” que subverte a moral “burguesa”, que quer destruir a propriedade privada, a família, o cristianismo, as liberdades individuais. 

Cem anos depois – e cem milhões de mortes depois – ainda há quem relativize o comunismo, quem tente encontrar atenuantes ou justificar o uso da foice e do martelo como símbolo político em pleno século XXI. É como se alguém tentasse revalidar a suástica nazista enaltecendo a “busca pelos ideais” de Hitler e seus cúmplices.  

Comunismo e esquerda mataram mais de 100.000.000 de inocentes 

 VITIMAS do COMUNISMO e da ESQUERDA

No Brasil, ainda temos partidos relevantes, como o próprio PT, defendendo ditaduras comunistas ou elogiando a utopia em si, que teria sido apenas “desvirtuada”. Eles afirmam que “deturparam Marx”, mas Marx pregava exatamente a ditadura do proletariado, é o pai intelectual indissociável da tragédia comunista.

Não há possibilidade de meio termo, de contemporização aqui: quem defende o comunismo ou o socialismo é inimigo da liberdade, da democracia, da ética, da vida humana. Que essa turma, mesmo depois de tudo, ainda tente monopolizar as virtudes e falar em nome dos “fracos e oprimidos”, essa é a maior perversão que já se viu.

SAIBA MAIS lendo: TODO PODER A STÁLIN
 

Fonte: IstoÉ - Rodrigo Constantino 


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A guerra de Trump

A indústria nacional encolheu ao menor nível de produção dos últimos 65 anos. O Brasil fez a guerra de Trump antes dele. Curiosamente, fez contra si mesmo

Com apenas 72 horas na Casa Branca, Donald Trump deflagrou uma guerra na economia mundial. A primeira vítima foram os limões. Na tarde de domingo, o Departamento de Agricultura anunciou o bloqueio das importações da Argentina, o maior produtor mundial, “de acordo com orientação da Casa Branca”.  Seria mais um episódio na rotina do sistema americano que protege a indústria e o comércio do país com uma miríade de embargos, tarifas e restrições burocráticas aos produtos estrangeiros. No entanto, antes do jantar dominical, Trump formalizou com o México e o Canadá o fim do tratado de livre comércio, em vigor há 23 anos. 

Ontem, liquidou com a Parceria Transpacífico, retirando os EUA do livre-comércio com Japão, Austrália, Malásia, Nova Zelândia, Vietnã, Brunei, Peru e Chile, além do México e Canadá.
Deve-se criticar Trump por muitas coisas, inclusive pela deselegante retórica, atraente para devotos do nacionalismo místico, assim como por sua predileção ao refúgio no patriotismo. Mas não se pode acusá-lo de falta de transparência — exceto em aspectos relevantes da própria biografia, como o Imposto de Renda.  À falta de ideias, sobram ameaças, como mostra o comunicado da Casa Branca sobre a guerra comercial, na sexta-feira: “Além de rejeitar e refazer acordos comerciais falidos, os EUA querem reprimir as nações que violaram acordos comerciais e prejudicaram os trabalhadores americanos.” Todos são suspeitos, e Washington adverte: “Serão usados todos os instrumentos para pôr fim aos abusos”. 

Trata-se de um dos dois maiores parceiros comerciais do Brasil — o outro é a China. No mapa-múndi, os EUA representam fatia modesta do comércio nacional (14%, ou US$ 48 bilhões anuais). Impulsiona pouco mais de 3% da produção brasileira. Exposição ínfima, se comparada à do México (43%) e Chile (8%). É, porém, mercado vital para 75% das vendas da indústria. Do Palácio do Planalto à embaixada em Washington percebe-se que o governo olha para Trump com certo otimismo. Mais pela ausência: o país não é significativo na agenda americana de recauchutagem do nacionalismo (empregos perdidos, imigrantes criminosos). 

Paradoxalmente, seria beneficiário do próprio isolamento, sob crônica escassez de capital — modelo de economia fechada que sustenta e o fez marginal na revolução tecnológica.
Nessa perspectiva, Trump ao liquidar acordos contribuiria, indiretamente, para reforço do esquálido Mercosul, que se tornaria atrativo ao México, Peru e Chile, entre outros. Ao mesmo tempo, Brasília planeja acertos com os EUA, para estímulo a negócios existentes (bitributação, barreiras) e novos (energia). Na vida real, o problema está na fragilidade brasileira, realçada pela precária liderança regional e a economia industrial deteriorada. 

A indústria encerrou 2016 encolhida, com o menor nível de produção dos últimos 65 anos. Reduziu-se à participação (de 11,8%) no Produto Interno Bruto igual à que possuía em 1952. É quase metade do tamanho que tinha em 1985, na volta à democracia. Hoje, o Brasil tem a 11ª indústria do mundo, responsável por 0,6% do valor global exportado de manufaturados. Há 37 anos era a 7ª do planeta, com 2,7% das vendas mundiais. O Brasil fez a guerra de Trump bem antes da sua chegada à Casa Branca. Curiosamente, fez contra si mesmo.

Fonte: José Casado, jornalista - O Globo


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Reféns de piratas somalis ‘comeram ratos’ para sobreviver

Vinte e seis marinheiros asiáticos foram libertados no último sábado após mais de quatro anos reféns em uma vila na Somália

Vinte e seis marinheiros asiáticos foram libertados no último sábado após serem mantidos prisioneiros por mais de quatro anos por piratas em uma vila na Somália. Segundo um dos marinheiros, o grupo de reféns sobreviveu todo o tempo se alimentando de ratos.

O marinheiro filipino Arnel Balbero contou à emissora britânica BBC que durante os quatro anos em que foi mantido como refém, toda a tripulação recebia apenas pequenas quantidades de água. Segundo ele, todos se sentiam como “mortos vivos”.  “Nós comíamos ratos. Sim, nos cozinhávamos eles na floresta”, disse. “Nós comíamos qualquer coisa. Quando você sente fome, você come.”

O grupo de marinheiros foi apreendido por piratas somalis perto das Ilhas Seychelles, no Oceano indico, em março de 2012, quando ataques de piratas eram comuns na área. Entre a tripulação estavam homens da China, Filipinas, Camboja, Indonésia, Vietnã e Taiwan, que foram libertados e entregues a autoridades na cidade somali de Galkayo na manhã de sábado.

Inicialmente, 29 pessoas foram feitas reféns. Uma delas morreu durante o ataque somali ao navio dos pescadores e “duas sucumbiram a doenças” no cativeiro, segundo um comunicado divulgado pela ONG Oceanos sem Pirataria, que negociou a libertação do grupo. A tripulação agora deve ser enviada de volta para seus países de origem.

Segundo a agência de notícias somali Shabelle, os reféns foram libertados após o pagamento de um resgate. A quantia exata não foi divulgada, mas os piratas haviam exigido 3 milhões de dólares (9,3 milhões de reais) das autoridades governamentais.

Fonte: BBC  

 

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Governo chinês precisa acatar decisão de Haia

Pequim erra ao não reconhecer decisão do tribunal internacional sobre impasse no Mar do Sul da China, sinalizando a escalada de conflitos na região 

Numa decisão anunciada na terça-feira, a Corte Permanente de Arbitragem, em Haia, considerou ilegal o pleito de soberania do governo chinês sobre o Mar do Sul da China. A decisão é importante, uma vez que a expansão chinesa na região vem gerando conflitos com países vizinhos e potências como os EUA, que questionam a reivindicação territorial de Pequim. 

A iniciativa é vista por especialistas como parte da estratégia do presidente Xi Jinping de tornar a China uma potência mundial. Isto inclui a construção de ilhas artificiais na região para instalar bases militares.  O processo em Haia foi impetrado pelo governo das Filipinas diante da presença ostensiva da Marinha chinesa. Segundo a sentença, Pequim violou a soberania filipina, além de pôr em perigo barcos de pesca e plataformas de prospecção petrolífera do país. 

O tribunal também estabeleceu que a China infringiu leis internacionais ao “causar graves prejuízos ao meio ambiente de recifes de coral” e por não conseguir evitar a devastação por pescadores chineses de espécies em extinção, como tartarugas marinhas, “em grande escala". Esta é a primeira vez que um sistema judicial internacional questiona a China, e a sentença, além de criar jurisprudência, pode estimular outros países da região a levarem suas disputas com Pequim à Haia. Afinal, o Mar do Sul da China também é disputado por Malásia, Vietnã, Brunei, Indonésia e Taiwan. 

Embora a decisão seja importante, a Corte de Arbitragem de Haia não tem como impor o cumprimento da sentença à China, e o governo de Pequim, que se recusou a participar do julgamento, já avisou que vai ignorá-la. A chancelaria divulgou nota afirmando que a “China não aceita ou reconhece” a decisão.


O embaixador chinês em Washington, Cui Tiankai, reagiu afirmando que, com a decisão de Haia, as demandas chinesas sobre a região vão “intensificar os conflitos e até mesmo confrontações”. Além da localização estratégica, o Mar do Sul da China faz parte de uma das principais rotas comerciais de navegação e de pesca, além de potencialmente conter volumosas jazidas de petróleo e gás. 

Analistas dizem que os governos da região temem que a sentença estimule a China a acelerar a ocupação da área sob disputa, conforme alertou o Departamento de Estado americano. Se for este o caso, a previsão do embaixador chinês em Washington se cumprirá. Mas isto seria um grave e perigoso erro. Não se questiona o papel que a China, como potência, exerce atualmente na ordem mundial. Por isso mesmo, espera-se que o presidente Xi atue de acordo com a estatura do país, busque o diálogo e respeite a legislação internacional. Justamente por sua importância e peso, a China não pode agir de forma irresponsável, como se fosse uma Coreia do Norte gigantesca.

Fonte:  O Globo
 


quarta-feira, 23 de março de 2016

De Nixon@pol para Dilma@gov

Não se meta com a Polícia Federal, eu era o homem mais poderoso do mundo, e o FBI foi decisivo na minha fritura

Senhora,
Eu perdi a Presidência dos Estados Unidos em 1974 por causa da minha paranoia, de meia dúzia de áulicos que se julgavam deuses e da raça desprezível dos repórteres, mas quero lhe dizer que quem me fritou foi a Polícia Federal. É por isso que lhe escrevo: não se meta com ela.

Sei que naquele tempo a senhora estava no esplendor da juventude. Saída da cadeia, retomava sua vida torcendo pela minha desgraça. Vi quando a senhora, já sexagenária, tietou o general Giap durante sua visita ao Vietnã, em 2008. Aquele anãozinho era festejado como o gênio da guerra contra os Estados Unidos. Hoje, nossos investimentos no Vietnã já ultrapassaram os US$ 11 bilhões, e eles querem mais.

Eu me danei no escândalo conhecido como Watergate. Uns bestalhões ligados à Casa Branca quiseram grampear o escritório do Partido Democrata em Washington. Estavam atrás do caixa dois dos meus adversários e foram apanhados.  Criou-se a lenda de que foi a imprensa que me fritou. Isso é inexato. O tal “Garganta Profunda” que deu algumas pistas a um repórter era o segundo homem do Federal Bureau of Investigation. Muito antes dessa traição, o próprio diretor do FBI chamou um jornalista do “The New York Times” e contou-lhe que a Casa Branca estava metida no caso. Eu havia mandado o general Vernon Walters, vice-diretor da CIA, travar a investigação dos federais. Piorou. A senhora deve se lembrar do Walters. Em 1964, ele estava no Brasil e ajudou a livrar o país do comunismo.

Fiz muitas bobagens. Uma delas foi demitir o equivalente ao ministro da Justiça brasileiro. Como a senhora livrou-se do seu, estou preocupado. Alarmei-me ao saber que o novo ministro insinuou a possibilidade de trocar o chefe da Polícia Federal. Depois recuou, refletindo o grau de desorientação de seu palácio. O Walters não gosta da senhora, continua conversando com brasileiros e fala bastante com um levantino de bigodes que já dirigiu a Polícia Federal. Seu nome é Romeu, creio que o sobrenome é Tuma. Ele acha que o seu ministro foi ingênuo ao dizer que punirá sumariamente os agentes que estão em equipes de onde saem vazamentos. Essa arrogância revolta qualquer corporação. Não entendi direito uma história que o Walters me contou: “Todo governo acha que a polícia vaza informações contra ele. (Eu continuo achando.) As coisas são mais complexas, imagine um caso de um agente que vazou informações que beneficiavam uma grande empreiteira? E se nesse vazamento houve dinheiro? Mais: como crucificar o intermediário se tiver sido um advogado?” 

É óbvio que deveria haver punição, mas o vazamento interessava a gente do governo. Permita-me uma impropriedade, vazamento é como decote feminino. Pode ser indecência aos olhos do marido, mas na mulher dos outros é espetáculo. A senhora gostou do gesto do Garganta Profunda.  O grampo do Watergate era um crime menor, minhas mentiras não seriam suficientes para me tirar da Presidência. O que me destruiu foi o momento em que acreditei na possibilidade de obstruir as investigações. Eu e a senhora cometemos o mesmo erro inicial, sabíamos mais do que dizíamos e acreditávamos que o palácio prevaleceria. Eu cometi o engano seguinte, fatal. Não faça como Nixon.

Espero ter sido útil e despeço-me, mas não torço pela senhora.
Atenciosamente,
Richard Nixon.
Fonte: Elio Gaspari - jornalista, O Globo

quinta-feira, 10 de março de 2016

Vamos deturpar o Dia da Mulher


"A liberdade da mulher, na verdade, transformou-se numa prisão. Hoje, elas se vêem presas a estereótipos ditados pela agenda feminista, cujo maior objetivo é destruir a essência da mulher, igualando-a ao homem.
Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior

A História é esta: em 1910, a comunalha do mundo todo, reunida sob a organização Segunda Internacional Comunista, com a participação de Lenin e outros líderes que, pouco tempo depois, seriam responsáveis pelo genocídio de dezenas de milhões de pessoas, definiu que o dia 8 de março marcaria o Dia Internacional da Mulher. As intenções, como só podem ser as intenções revolucionárias, pareciam ser as melhores: sob a esparrela da independência, queriam tirar a mulher da opressão do lar e levá-las para a liberdade das fábricas.

Karl Marx já postulara coisa semelhante, mas em relação às crianças. Em crítica à plataforma do Partido Social-Democrata Alemão, escreveu:

"Uma proibição geral do trabalho infantil é incompatível com a existência de indústria em larga escala e, por isso, um desejo piedoso e vazio. Sua realização – se possível – seria reacionária, já que, com uma estrita regulação do tempo de trabalho de acordo com as diferentes faixas etárias e outras medidas de segurança para a proteção das crianças, a combinação desde cedo de trabalho produtivo com educação é um dos meios mais potentes para a transformação da sociedade presente."

O que Marx, Lenin e todos que entenderam o socialismo pretendiam era que mulheres, crianças e idosos conformassem, com os homens, a imensa massa igualitária, igualmente miserável e à disposição da indústria planificada, em que todos são iguais, exceto a nomenklatura. Em verdade, as mulheres do mundo todo estavam sendo convidadas a optar por algo que, logo adiante, em todos os países socialistas, tornar-se-ia obrigação: trocar o insuportável peso de colheres e panos-de-prato pela confortável leveza de ferramentas e máquinas industriais.

Nas últimas décadas, essa simbologia pegou forte por aqui e, cada vez mais, as mulheres têm abandonado a suposta exploração machista (sobre a qual Olavo de Carvalho – não poderia ser diferente – já escreveu o que havia para escrever) em nome de uma suposta liberdade, composta por 
confusão, histeria e desalento. Entretanto, não foi sempre assim.

Na primeira metade do século XX,
o mundo civilizado legou a “comemoração” ao esquecimento, preferindo presenteá-las com liberdade, enquanto os membros da União Soviética mais a China e o Vietnã mantiveram-na como feriado nacional (mantendo as promessas do maravilhoso mundo socialista limitadas ao discurso e aos símbolos). Apenas na década de 1960 o festejo voltou à agenda ocidental, por iniciativa do Movimento Feminista, que achava uma boa idéia o Ocidente imitar países como Azerbaijão, Mongólia, Tajiquistão, Quirguistão e Vietnã e comemorar o 8 de março como símbolo das lutas das mulheres. (Qual seria a reação das feministas se a Civilização Ocidental tratasse suas mulheres da forma como eram – e são – tratadas as mulheres das nações que penam na mão do Socialismo?)

Resta claro, pois, que a
consolidação do Dia Internacional da Mulher é fruto da mendacidade esquerdista e, como toda ação revolucionária, envolve mentiras e manipulações de informações. Contudo, a data acabou sendo mais um tiro no pé revolucionário: em vez de demonstrações de força da mulher e de igualdade de gêneros (o que é impossível em todos os níveis, do ontológico ao lógico), o dia é marcado por manifestações de respeito, veneração e prostração do homem ante a sensível, amável e encantadora mulher. Com sua temerária passividade, a civilização judaico-cristã absorveu a comemoração revolucionária, mas, ao mesmo tempo, com seu respeito ao Direito Natural das gentes, subverteu-a e a dotou de humanidade e decência, com uma boa dose de capitalismo (pelo que a indústria e o comércio agradecem).

Parece-me bom, sim, comemorar o Dia da Mulher, como um marco àquilo que deve ser a regra: o amor a quem gesta a vida. Mas sigamos comemorando o 8 de março, também, como uma data-símbolo, que representa a imposição da realidade civilizada sobre devaneios ideológicos.

Não há feminismo que resista às insuperáveis diferenças inatas entre mulheres e homens. Não há discurso esquerdista que supere o progresso e a liberdade do mundo civilizado. Não há bandeira revolucionária que passe incólume pelo crivo da realidade. O socialismo até tem um discurso bonito, mas no capitalismo, na civilização ocidental, fundada sobre a moralidade judaico-cristã, temos liberdades, decência, comida, papel higiênico e a possibilidade de oprimir nossas mulheres com flores, bombons e carinhos.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

À margem do novo mundo


Dilma parece não entender o mundo à sua volta: a Parceria Transpacífico afeta o interesse nacional brasileiro, e pode ter efeitos devastadores para o país
“É ‘mulheres’ primeiro”, corrigiu, em tom irritadiço. “Eles insistem em escrever errado, mas o ministério é das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.” Dilma Rousseff, ontem à tarde, mostrava-se muito preocupada com a imagem do novo ministério. Era sua grande novidade, com 31 integrantes.

Na essência, nada mudou. Antes, se resolvesse reunir e ouvir cada um dos 39 ministros por cinco minutos, a presidente passaria três horas e 15 minutos sentada, apenas escutando. Agora, com 31 ministros, ficaria duas horas e 35 minutos ouvindo. Sem intervalo. No palácio, ninguém demonstrava uma réstia de preocupação com o mundo à volta: a 7,6 mil quilômetros do Planalto, governos dos Estados Unidos, Japão, México, Canadá, Austrália, Chile, Peru, Malásia, Cingapura, Vietnã e Brunei, anunciavam o maior acordo de comércio regional da história, que vai mudar as bases de produção e do trabalho em 40% da economia mundial.

A Parceria Transpacífico afeta direta e profundamente o interesse nacional brasileiro. Impõe novas facilidades de acesso a mercados de bens, serviços e investimentos, menores tarifas comerciais, unificação de regras para a propriedade intelectual das grandes corporações e limites à exclusividade de patentes, para impulsionar a inovação e produtividade — da fabricação de carros aos remédios.

Seus efeitos podem vir a ser devastadores para o Brasil, cuja participação no comércio mundial se mantém estagnada há mais de uma década, com tendência ao declínio. Ficou em xeque a tática brasileira do último quarto de século de avançar dentro de um sistema multilateral de negócios, com algum poder decisório — a “centralidade”, no jargão da diplomacia — na Organização Mundial de Comércio. A OMC agora está sob evidente risco de esvaziamento.

Perdeu-se na poeira do tempo a última iniciativa brasileira para se ajustar ao mundo contemporâneo. Foi há 24 anos, em 1991, quando construiu o Mercosul, obra de engenharia política relevante para aquele período.  Desde a virada do milênio o país se contentou em desenhar o futuro com base em apenas três acordos comerciais nem um pouco significativos — com Israel, Palestina e Egito.

Entrou no século XXI sem sequer sinalizar entendimento sobre as mudanças nas cadeias globais de produção, a força da inovação e o novo papel do Estado na economia.  O impasse de década e meia nas negociações comerciais com a União Europeia é exemplar, porque deixa transparecer a perda de referências governamentais sobre os reais interesses nacionais neste início de século.

Preocupada com reverências ao PMDB e os erros de protocolo (“Hoje, o pessoal aqui está meio esquecido”queixou-se sobre a ausência de alguns nomes na papeleta que lhe entregaram antes do discurso), Dilma ontem demonstrava estar alheia à natureza da mutação do mundo à sua volta.  Os riscos para o Brasil são evidentes, e altos. E não há alternativa nesse novo mundo. Como dizia o ex-presidente italiano Giorgio Napolitano, que no pós-comunismo se reinventou na social-democracia, “quem não se internacionaliza, será internacionalizado”.

Fonte: José Casado, jornalista – O Globo