Chefão petista faz comício contra sentença de Sérgio Moro e aproveita o evento para dizer que está no jogo e quer, de novo, a Presidência
Luiz Inácio Lula da Silva, condenado no
dia anterior pelo juiz Sérgio Moro a nove ano e meio de prisão por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, discursou nesta quinta no
Diretório Nacional do PT, em São Paulo. Criticou a sentença do juiz Sérgio Moro,
disse “estar no jogo” e aproveitou para lançar sua candidatura à
Presidência da República em 2018. No costumeiro estilo palanqueiro,
bravateou: “Se alguém pensa que, com essa sentença, me tiraram do jogo,
pode saber que eu tô no jogo (…) E quero dizer ao meu partido que, até
agora, não tinha reivindicado, mas vou reivindicar, me colocar como
postulante à Presidência da República em 2018.”
Uma das Irmãs Cajazeiras enxuga o suor do rosto de Lula (Foto: Edilson Dantas/ Agência O Globo
[o condenado Lula, mais uma vez age como o falastrão que é ;
felizmente para o Brasil e os brasileiros do BEM o infeliz antes, bem antes, das eleições 2018, estará encarcerado, com mais duas ou três condenações, e pelo menos duas já transitadas em julgado - o que o impedirá de ser candidato.
Disse, felizmente, porque não fosse as condenações que sofrerá até 2018, .o reeducando seria candidato com chances de ser eleito - o que ainda tem de brasileiro idiota, armado com um título de eleitor e pronto a ferrar o Brasil, seria suficiente para elegê-lo, especialmente pelo sistema vigente em que um candidato é declarado, em segundo turno, mesmo recebendo menos da metade dos votos do eleitorado.] Alguém tinha alguma
dúvida a respeito? Vamos ver.
Embora vazada naquele habitual tom condoreiro, a frase encerra mais a sua melancolia do que a sua força.
De fato, a sentença de Moro ainda não o
tira do jogo eleitoral. Mas a que vem a seguir, do Tribunal Regional
Federal da Quarta Região, pode tirar. Tanto o petista sabe disso que já
fez o primeiro comício condenação, ao lado da senadora Gleisi
Hoffmann, senadora do PT (PR), ré e “presidenta” (como ela quer) da
legenda. Para não variar, a fala que realmente ficou fora de tom foi a
de Gleisi.
Estima-se, tão logo o apelo chegue à
aquela corte, que os três desembargadores encarregados do caso hão de se
desincumbir da tarefa em um ano — a tempo, portanto, caso Lula
realmente se torne candidato e tenha confirmada a condenação, de o
partido escolher um novo nome ou aderir a uma das candidaturas que
estiverem na praça.
Vocês sabem o que penso da sentença de
Sérgio Moro — eu, que sou apenas um jornalista, e a quase unanimidade
dos especialistas em direito: trata-se de uma peça fraca, ancorada numa
investigação que não logrou chegar ao “é da coisa”. Isso não quer dizer,
no entanto, que o TRF vá rejeitá-la. E a chance de a condenação ser
confirmada é, obviamente, grande.
Mas será que isso autoriza Lula, Gleisi e
ex-ministro Tarso Genro a falar besteira pelos cotovelos? Obviamente,
não. O ex-presidente deu a seguinte pérola ao público presente:
“Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro”.
Pois é… Não há interpretação virtuosa
para isso. É evidente que ele está a dizer que não reconhece outra
instância para julgar seus atos que não o tal “povo brasileiro”. A fala,
com certeza, ecoou também no TRF4. O chefão petista está a afirmar que
só um voto é legítimo no seu caso: a absolvição. A condenação seria uma
afronta à soberania do povo.
E coube, então, à ré Gleisi Hoffmann a
frase de lapidar estupidez. Segundo a preclara, quem tentar impedir Lula
de ser candidato “vai responder pela instabilidade política no país”. Eu estou enganado, ou há aí um tom de ameaça? E ela foi adiante: “Não vamos admitir uma eleição sem Lula”.
É mesmo, Gleisi?
Ou é isso ou é o quê? Luta armada? Guerra de guerrilha? Sim, a sentença de Moro é forte na pena que impõe e fraca nos argumentos que desfia. Mas é evidente que um ex-presidente da República, ainda assim, não pode se dizer acima das vicissitudes da lei. Há uma diferença abismal, senhora Gleisi Hoffmann, entre criticar a decisão de um juiz e dar um pé no traseiro das instituições.
Ou é isso ou é o quê? Luta armada? Guerra de guerrilha? Sim, a sentença de Moro é forte na pena que impõe e fraca nos argumentos que desfia. Mas é evidente que um ex-presidente da República, ainda assim, não pode se dizer acima das vicissitudes da lei. Há uma diferença abismal, senhora Gleisi Hoffmann, entre criticar a decisão de um juiz e dar um pé no traseiro das instituições.
Esse é, aliás, um comportamento muito
típico de alguns membros da Lava Jato. Eu diria que estamos diante do
confronto de duas forças que reivindicam a soberania, pisoteando, se
necessário, o Estado de Direito: refiro-me a setores do Ministério
Público e aos sequazes de Lula.
Tarso Genro também não se fez de rogado e
afirmou sobre Lula: “Ele é a única liderança, com apelo popular e
capacidade política, para encaminhar uma saída não violenta para a
crise”.
Parece que o Valente está a nos dizer
que, além de ser absolvido, Lula também tem de ser eleito para evitar
“uma saída violenta para a crise”.
Tudo é, em suma, inaceitável e
incompatível com a democracia. É claro que Lula e os petistas têm o
direito de reclamar, de não gostar da sentença, de propor mobilizações.
Mas a ninguém se faculta a licença de ameaçar a ordem democrática porque
contrariado.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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