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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Brasil ultrapassa marca de 1 milhão de vacinados

Saúde - VEJA

País chega ao número no 10º dia de imunização; a partir desta terça-feira todos os estados iniciaram seu processo de vacinação de forma efetiva

O Brasil já tem mais de 1,1 milhão de pessoas vacinadas. O país ultrapassou a casa do milhão nos últimos minutos desta terça-feira, 26, após a contagem e divulgação do número de imunizados em cada um dos 26 estados e no Distrito Federal. O dia também foi o primeiro em que todas as regiões estiveram com o processo de vacinação funcionando, com a divulgação dos primeiros imunizados em Tocantins. Até as 11h30 desta quarta-feira, 17, já havia 1.109.778 doses aplicadas.

São Paulo continua sendo o estado com mais atendidos: mais de 200.000 (confira os números do levantamento feito por VEJA ao final desta matéria). Outros dois estados do Sudeste vêm logo em seguida: Rio de Janeiro e Minas Gerais, que vacinou quase 100.000 pessoas nas últimas 24 horas.

Dois representantes do Nordeste e dois do Sul também já passaram das 50.000 doses aplicadas cada um: Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco. Por outro lado, o Norte ainda sofre com a distribuição e divulgação do seu processo de imunização. Cinco estados da região ocupam as últimas posições da tabela: Roraima, Acre, Amapá, Rondônia e Tocantins.

O levantamento desenvolvido por VEJA divulga a situação da vacinação nos 26 estados e mais o Distrito Federal com dados do site Coronavírus Brasil, confirmando os dados junto às Secretarias Estaduais que já disponibilizam informações diárias sobre seu processo de imunização.

Confira os números da vacinação nos estados e no país atualizados até às 11h30 desta quarta-feira, 27:

Saúde - VEJA

domingo, 24 de janeiro de 2021

Governo diz que Pfizer "tenta desconstruir trabalho de imunização no Brasil"

Ministério da Saúde afirma que teve reuniões com a empresa desde agosto do ano passado, mas que representantes da instituição criam barreiras para a compra de doses da vacina

O governo federal, em nota publicada pelo Ministério da Saúde, fez duras críticas a Pfizer, empresa que desenvolveu e comercializa uma das vacinas contra a covid-19, junto a BioNtech. De acordo com o comunicado, a farmacêutica ofereceu uma quantidade inicial de doses consideradas insuficientes para imunizar a população do Brasil, ao mesmo tempo em que teria pedido que fosse isenta de eventuais atrasos na entrega.

De acordo com o Executivo, a empresa se comprometeu a entregar dois milhões de doses da vacina no primeiro semestre. No entanto, para firmar o contrato, teria exigido que "o Brasil renuncie à soberania de seus ativos no exterior", além de que o país "constitua um fundo garantidor com valores depositados em uma conta no exterior". No texto, o governo federal confirma que realizou inúmeras reuniões com representantes da Pfizer no Brasil desde agosto do ano passado.

No entanto, acusa os funcionários da empresa de criarem barreiras para que o negócio seja fechado. "Os representantes da Pfizer tentam desconstruir um trabalho de imunização que já está acontecendo em todo o País. Criando situações constrangedoras para o Governo Brasileiro, que não aceitarão imposições de mercado - o que também não será aceito pelos brasileiros", destaca a nota.

Apesar dos embates, o Executivo afirma que mantém as negociações com a Pfizer. Mas lembra que reservou uma cota de 46 milhões de doses do Instituto Butantan e que a Fiocruz deve produzir 100 milhões de doses da vacina de Oxford no primeiro semestre e 110 milhões no segundo. [considerando que duas doses da CoronaVac vacinam uma pessoa = 23 milhões  de imunizados e uma dose da vacina de Oxford vacina uma pessoa = 100 milhões de imunizados, teremos só no primeiro semestre o mínimo de 123 milhões de imunizados = mais da metade da população do Brasil, sem a participação da Pfizer.]

Leia a íntegra da nota do Executivo:

O Governo Federal/Ministério da Saúde informa que recebeu, sim, a carta do CEO da Pfizer, assim como reuniu-se várias vezes com os seus representantes. Porém, apesar de todo o poder midiático promovido pelo laboratório, as doses iniciais oferecidas ao Brasil seriam mais uma conquista de marketing, branding e growth para a produtora de vacina, como já vem acontecendo em outros países. Já para o Brasil, causaria frustração em todos os brasileiros, pois teríamos, com poucas doses, que escolher, num país continental com mais de 212 milhões de habitantes, quem seriam os eleitos a receberem a vacina.

Entretanto, não somente a frustração que a empresa Pfizer causaria aos brasileiros, as cláusulas leoninas e abusivas que foram estabelecidas pelo laboratório criam uma barreira de negociação e compra. Como exemplo, citamos cinco trechos das cláusulas do pré-contrato, que já foram amplamente divulgadas pela imprensa:

1) Que o Brasil renuncie à soberania de seus ativos nos exterior em benefício da Pfizer como garantia de pagamento, bem como constitua um fundo garantidor com valores depositados em uma conta no exterior;

2) O afastamento da jurisdição e das leis brasileiras com a instituição de convenção de arbitragem sob a égide das leis de Nova York, nos Estados Unidos;

3) Que o primeiro e segundo lotes de vacinas seja de 500 mil doses e o terceiro de um milhão, totalizando 2 milhões no primeiro trimestre, com possibilidade de atraso na entrega (número considerado insuficiente pelo Brasil);

4) que havendo atraso na entrega, não haja penalização; e

5) Que seja assinado um termo de responsabilidade por eventuais efeitos colaterais da vacina, isentando a Pfizer de qualquer responsabilidade civil por efeitos colaterais graves decorrentes do uso da vacina, indefinidamente.

Após o Governo Federal ter adquirido toda a produção inicial da vacina do Butantan (da Sinovac) - 46 milhões de doses -, com opção de compra de mais 54 milhões, ter recebido da Índia 2 milhões de doses da Astrazeneca / Oxford, com opção de importação de mais doses, além da produção dessa vacina pela Fiocruz de 100,4 milhões de doses no primeiro semestre e mais 110 milhões de doses no segundo semestre, considerando também a possibilidade de aquisição de 42,5 milhões de doses pelo mecanismo Covax Facility, representantes da Pfizer tentam desconstruir um trabalho de imunização que já está acontecendo em todo o País. Criando situações constrangedoras para o Governo Brasileiro, que não aceitarão imposições de mercado - o que também não será aceito pelos brasileiros.

Em nenhum momento, o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde fechou as portas para a Pfizer. Em todas as tratativas, aguardamos um posicionamento diferente do laboratório, que contemple uma entrega viável e satisfatória, atendendo as estratégias do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, uma ação de valores mercadológicos e aplicação jurídica justa que atenda ambas as partes.

Além da Pfizer, com a qual o Governo Brasileiro continua em negociação, outros laboratórios já estão em fase avançada de negociações com o Brasil, dentro dos princípios e normas estabelecidas. Merece destaque o fato de que, além dos aspectos já citados, é a única vacina que precisa ser armazenada e transportada entre -70°C e -80°C, prevendo um intervalo de três semanas entre primeira e segunda doses. Além disso, o laboratório não disponibiliza o diluente para cada dose - que ficaria a cargo do comprador.

Embora o laboratório tenha criado uma solução para a conservação das doses durante o transporte (uma caixa de isopor revestida por um papelão não impermeável, que nos foi apresentada ao final de novembro, naquela oportunidade com a informação de conservação por 15 dias) e tenha oferecido fazer a logística desde a chegada dos EUA até o ponto designado pelo Ministério da Saúde, junto ao CONASS e CONASEMS, a Pfizer não se responsabilizaria pela substituição do refil de gelo seco - que deverá ser reposto a cada cinco dias (informaram que a conservação seria de 30 dias no mês de dezembro). Nos contatos de agosto, setembro e outubro, não havia ainda nos sido apresentada a alternativa da caixa térmica.

Além disso, a Pfizer ainda não apresentou sequer a minuta do seu contrato - conforme solicitado em oportunidades anteriores e, em particular na reunião ocorrida na manhã de 19 de janeiro – e tampouco tem uma data de previsão de protocolo da solicitação de autorização para uso emergencial ou mesmo o registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ministério da Saúde

Política - Correio Braziliense


domingo, 27 de dezembro de 2020

Na guerra da vacina, Doria injetou veneno de descrédito na testa - Folha de S. Paulo

Vinicius Torres Freire 

Governador exagerou no show e ameaça programa de imunização

Ao fim da guerra da vacina, João Doria poderia parecer um líder mais nacional e um contraponto da razão a Jair Bolsonaro. O governador paulista decerto fez o bom serviço de cutucar a inoperância federal. Mas, depois dos vexames recentes, Doria pode parecer apenas um destrambelhado provinciano. Pior, lançou desconfiança sobre a própria vacina que comprou, grave em termos sanitários e econômicos.

Por duas vezes, o governo de São Paulo adiou a publicação da eficácia da Coronavac. Na quarta-feira (23), o país foi induzido a esperar boas notícias. Em vez disso, ouviu uma conversa palerma de que os dados precisariam ser antes mastigados pela Sinovac, por uma obrigação contratual, e de que a eficácia da vacina era diferente daquela verificada em outros países, no limite de apenas 50%.

Descobriu-se que Doria estava em Miami, o que pareceu fuga do fiasco. Para piorar, soube-se na sexta (25) que a Turquia não teria “obrigação contratual”, pois divulgou, de modo mambembe, que a Coronavac seria eficaz em 91,25% dos casos. O governo Doria suscitou desconfiança sobre os números que virão sobre a vacina, já objeto de propaganda negativa criminosa de Bolsonaro.

Quanto menos confiança, menos gente tende a aderir ao programa de vacinação. Quanto menos vacinados, menor a possibilidade de a vacina evitar mortes, aliviar hospitais e atenuar as restrições obrigatórias ou autoimpostas de contato social, o que tem óbvio impacto econômico também. Mesmo com uma vacina eficaz em 85% dos casos, a campanha contra a Covid teria de atingir adesão do nível de vacinações contra a gripe (uns 95%) para propiciar um alívio notável apenas a partir lá de maio. A vida, porém, ainda teria restrições sérias, em especial para negócios e empregos que dependem de aglomerações e circulação livre pelas cidades.

Na reunião dos governadores com o capacho do ministério da Saúde, dia 8, Doria já trocara as mãos pelos pés. Em vez de vencedor generoso e agregador, pareceu um “mauricinho metido e exibido”, como disse a este jornalista um governador ainda simpático ao colega paulista. Depois, houve duas negaças dos resultados da vacina. Doria blefava, com confiança temerária?

No mundo político, ficou a impressão de que Doria não sabia bem o que estava fazendo, o que sublinhou sua imagem de pouco confiável, um tipo obstinado que faz qualquer negócio, de atropelar aliados a apoiar Bolsonaro em um dia para sair de fininho pouco depois.[Doria foi eleito graças ao apoio do presidente Bolsonaro - pela dependência ao Bolsonaro passou a ser chamado de 'bolsodoria' - apoio que agradeceu traindo o capitão = algo parecido com a  conduta daquele ex-juiz, que pensou ter luz própria, passou a fazer oposição ao presidente e se acabou politicamente.
Doria caminha para o mesmo fim].

O governo paulista poderia simplesmente apresentar a situação tal como ela é, dando publicidade e explicações racionais para a atos e processos, o que seria um contraponto confiável ao desvario bolsonarista. Tem gente para fazê-lo. Doria nomeia muitos bons quadros para seus governos. Não se trata de ser “transparente”. Apenas na fantasia juvenil ou anarquista um governo pode ser um BBB ao vivo. É política, administrativa e tecnicamente inviável. Mas, claro, em qualquer tempo e lugar, gente com poder sonega informação do público, o que é autoritário.

A fim de recuperar terreno, Doria terá de abafar seu caráter espetaculoso, parar com segredinhos, com vazamentos de notinhas publicitárias e mostrar que pode ser alternativa de racionalidade mínima à pura monstruosidade bolsonarista. Já tem um passivo grande, até pelo Bolsodoria de 2018, relembrado nestes dias de vexame. Terá de contar com sorte também, que a vacina seja eficaz em nível relevante, uns 75% ao menos, e fazer a mais bem-sucedida campanha de vacinação da história. [antes ele vai precisar de sorte, e muita, para que os resultados da FASE 3 de testes da Coronavac apareçam e sejam entregues à Anvisa,para que possa se cogitar de autorização = a da Turquia não vale e a da China não inspira confiança.]

Vinicius Torres Freire, jornalista - Folha de S. Paulo


sábado, 26 de dezembro de 2020

Covid: A vacinação é urgente e deve abarcar todo o país, diz Gilmar Mendes

Veja - Brasil

Ministro do STF afirmou em rede social que 'vacinas não possuem ideologia' e que sua função é 'salvar vidas'

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes foi às redes sociais nesta sexta-feira, 25, comentar sobre a vacinação contra a Covid-19 no Brasil. “Quase 190 mil já se foram pela Covid-19. A imunização é urgente e deve abarcar todo o país. Devemos confiar nos critérios de prioridade estabelecidos pelas autoridades sanitárias”, afirmou.

Vacinas não possuem ideologia. Sua função científica é salvar vidas, como há tantos anos o fazem. Quase 190 mil já se foram pela #COVID19. A imunização é urgente e deve abarcar todo o país. Devemos confiar nos critérios de prioridade estabelecidos pelas autoridades sanitárias.

— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) December 25, 2020

O ministro ainda disse que “vacinas não possuem ideologia” e que sua função é “salvar vidas”, em uma oposição à guerra instalada entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por causa da CoronaVac, imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac.
 
[Supremo acacianismo: óbvio que todos tem o direito de se manifestar - de um morador de rua, desempregado e não contemplado pelo auxílio emergencial, a um supremo ministro = o ministro com a vantagem da certeza de que não será alvo de um mandado de busca e apreensão ou de prisão, expedido pelo ministro Moraes.
Mas, nos espanta a desimportância do comentário do ministro Gilmar Mendes.
Recentemente o ministro acusou o Exército Brasileiro de estar promovendo um genocídio - teve que recuar = faltavam os mortos.
Aliás, estamos sem entender o que nos motiva a passar a postagem sob comento para frente???]
 
Na semana passada, o STF determinou que a vacinação contra a Covid-19 será obrigatória. Isso não significa que será forçada, mas sim que o governo federal, estados ou municípios estão liberados para aprovar leis que imponham medidas restritivas a quem se recusar a ser vacinado depois que um antígeno for aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 
VEJA - Brasil
 

domingo, 13 de dezembro de 2020

O que (ainda) não sabemos sobre a vacina - Laryssa Borges

Diário da Vacina - VEJA

Aprendemos muito nas últimas semanas de pandemia, mas existem outras inúmeras perguntas por ora sem respostas

13 de dezembro, 8h03: Faltam pouco mais de 48 horas para eu retornar à clínica onde recebi, ainda em novembro, uma dose da vacina experimental da Janssen-Cilag. Na tarde de terça-feira serei submetida a novos testes de sangue para detectar se já desenvolvi anticorpos contra a Covid-19 ou se, para azar meu, nada mudou e corro o risco de ter tomado placebo. Como voluntária em uma pesquisa científica em busca de um imunizante contra o novo coronavírus, assumi compromissos com os cientistas, como deixar que coletem 52,5 mililitros de sangue (cerca de quatro colheres de sopa) e utilizem essas informações também para pesquisas genéticas futuras – todas relacionadas à Covid.

Aprendemos muito nas últimas semanas de pandemia, e vacinas já estão sendo aplicadas em pessoas no Reino Unido, Rússia, China e, em breve, nos Estados Unidos. Mas existem outras inúmeras perguntas que, por ora, estão sem respostas. Vamos a algumas delas:

  1. A proteção das vacinas: Quando um imunizante anuncia a taxa de eficácia (acima dos 90% nos casos da Sputnik V, Pfizer e Moderna), isso significa que os pesquisadores atingiram um número estatístico (chamei de número mágico no Diário) para mostrar que a vacina é segura e funciona, mas não se sabe por quanto tempo o antígeno garante a imunização. Muitas das pesquisas em busca de vacina se contentam em conseguir que o produto pelo menos diminua a gravidade da doença, e não necessariamente previna que a pessoa seja infectada pelo novo coronavírus.
  2. Idosos e indígenas:    ...........                                               Outro grupo alvo de atenção especial são os idosos e, neste ponto, mais dúvidas: a vacina do consórcio Oxford/AstraZeneca, por exemplo, não conseguiu atestar ainda se o imunizante que desenvolveu é eficaz em outro grupo, o dos idosos.
  3. Tempo de imunização:
  4. Transmissão por vacinados:
  5. Crianças e adolescentes: As vacinas experimentais cujas pesquisas estão em desenvolvimento no Brasil (Oxford, Janssen, CoronaVac e Pfizer) recrutaram voluntários a partir de 18 anos, mas crianças e adolescentes, que são importantes vetores da doença, ainda não foram alvo de estudos aprofundados.
  6. Grávidas: “Se você engravidar terá de interromper o estudo em busca da vacina”, me disse o pesquisador do ensaio da Janssen no dia que iria receber a minha dose do imunizante em teste. A razão da ressalva é porque não existem estudos suficientes que descartem riscos ao feto e tampouco se sabe
  7. Risco mínimo de a vacina agravar a doença: “Há uma pequena possibilidade de você apresentar um efeito adverso à vacina ou de a vacina agravar a sua doença, caso você contraia a Covid-19”. O alerta está no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, documento que reúne o passo a passo da jornada do voluntário, e existe porque em pesquisas científicas passadas não relacionadas à Covid-19 houve casos de vacinados que depois de infectados pelo organismo causador da doença tiveram piora no quadro clínico. Não se sabe se isso vai acontecer agora também.

 Blog Diário da Vacina - VEJA - MATÉRIA COMPLETA


 

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A querela da vacina - Folha de S. Paulo

Opinião 

Polarização sobre obrigatoriedade é prematura e ameaça política de imunização     

Antes de poder contar com uma vacina para deter a Covid-19, o Brasil precisa imunizar-se contra a politização da saúde pública. Na marcha atual de insensatez liderada pelo presidente Jair Bolsonaro, quando uma das centenas de vacinas em desenvolvimento se provar segura e eficaz poderá encontrar resistências descabidas pela frente.

Bolsonaro precipitou-se ao lançar de público uma discussão sobre tornar ou não obrigatória uma vacina que nem mesmo existe. Não é a primeira vez, e decerto não será a última, que atrapalha autoridades de saúde na condução técnica da reação à pandemia, como em suas investidas contra o distanciamento social e a favor da cloroquina. [impõe registrar que o distanciamento social foi inútil, ridículo, valendo o mesmo para o isolamento.

A única medida que realmente deve ser estimulada é o uso da máscara.

Quanto à cloroquina sofreu um boicote sistemático - mas elevado número de infectados pela coronavírus se curaram com o uso do trio + ivermectina + azitromicina e ivermectina.

A ivermectina, foi usada por muitas pessoas como preventivo e não contraíram a doença - coincidência? ou não?].

O debate fora de hora polarizou-se porque o Planalto ensaiou minar a confiança no imunizante patrocinado pelo Executivo paulista. O próprio governador João Doria (PSDB) dá mostras de que pretende faturar politicamente a vacina a ser fabricada pelo Instituto Butantã, em parceria com a Sinovac, e se aventurou anunciando que deseja torná-la obrigatória.

Não é coisa que se defina a esta altura dos ensaios clínicos. Alguns dos preparados em teste já se mostraram seguros para uso humano, mas nenhum demonstrou ainda eficácia nem o grau de imunização que poderá conferir, informação decisiva para traçar o tipo de campanha necessária para obter o melhor benefício coletivo. A questão da obrigatoriedade se torna secundária, ademais, diante das evidências de que o público brasileiro se inclina fortemente por aceitar a imunização. Pesquisa nacional Datafolha feita em agosto constatou que 89% dos entrevistados pretendiam vacinar-se contra o coronavírus.

Estudo científico publicado nesta terça-feira (20) na revista Nature Medicine ouviu 13.426 pessoas em 19 países, em junho, sobre confiança na futura imunização. Na média, 71,5% se disseram muito ou um tanto inclinados a tomar a vacina, e o Brasil aparece muito bem no painel, com 85,4% de adesão, atrás somente da China (88,6%). Apesar das sementes de dúvida plantadas pelo presidente, o Ministério da Saúde, após omissão inicial, anunciou por fim que vai incorporar a vacina Sinovac/Butantã no Programa Nacional de Imunizações e fechou acordo para a compra de 46 milhões de doses. Fez o que se deve fazer.

O país apresentou até aqui níveis elevados de cobertura imunizante porque o Sistema Único de Saúde realiza trabalho logístico e de comunicação reconhecido internacionalmente como excelente. Se o governo federal desonrar essa tradição, caberá a estados e municípios levar adiante as campanhas de conscientização, melhor recurso para inspirar confiança.

Opinião - Folha de S. Paulo


sexta-feira, 22 de maio de 2020

O PIOR DOS MUNDOS - Percival Puggina


 A cada dia que passa, observando a evolução dos números de novos diagnósticos e de óbitos levados à conta da covid-19, mais me convenço de que iremos conviver com essa doença por muitos meses.  Produzir imunidade ampla em relação ao vírus é tarefa gigantesca, de eficácia incerta, para as calendas do ano que vem, e olhe lá. Não há segurança sequer em relação à imunização que a própria infecção confere ao enfermo curado. Pessoas continuarão se contagiando e adoecendo por um período de tempo incerto e não sabido.


A pergunta que está sobre a mesa é a seguinte: até quando devemos manter o isolamento horizontal, se sabemos que o coronavírus continuará entre nós? O isolamento vem acompanhado de uma paralisação das atividades econômicas e traz um séquito de desgraças, a saber: recessão, fechamento de empresas em cascata, desemprego, redução de salários, queda do consumo, descrédito de investidores e aumento do risco Brasil, perda de valor das empresas, desvalorização da moeda, redução proporcional das receitas públicas e, consequentemente, da capacidade de o setor público dar conta de suas atribuições essenciais. Se quem pode mais, como a Petrobras, fechou o trimestre com prejuízo recorde, imagine-se a situação de quem pode menos.

Convivem hoje dois consensos bastante amplos. Segundo os profissionais da saúde, é necessário manter o isolamento para “achatar a curva” e reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, e evitar a mortalidade por incapacidade assistencial. Segundo o mundo do trabalho, ou seja, o setor privado produtivo, é preciso retomar atividades, com as devidas precauções, para evitar a miséria e suas consequências fatais sobre os segmentos mais frágeis da sociedade, a saber, entre muitas outras: falta de recursos fiscais para irrigar o sistema público de saúde e sobrecarga desse sistema por abandono dos planos privados, desemprego, desabitação e aumento da população de rua, subnutrição.

Junto a todos os louvores aos profissionais da saúde atendendo na ponta do sistema, contraindo a enfermidade, morrendo durante seu empenho em curar os outros, contrastando a nobreza de sua tarefa com a vilania da politicagem e da corrupção, sei que a Ciência, tão exaltada quanto necessária nestes tempos difíceis, sofre maus tratos em certas mãos. 
Por que será que a OMS me vem à mente enquanto escrevo?
Numa visão distópica, se ninguém sair de casa e ali ficarmos assépticos, passando álcool gel, teremos deixado o vírus à míngua, mas escreveremos o posfácio da civilização. Caberá aos sobreviventes escrever o futuro. Repito, é uma distopia.

Penso que o debate sobre o mais grave problema da humanidade neste período de protocolos, quarentena, isolamento horizontal, vertical e lockdown não pode – em hipótese alguma – cair na ideologização. Neste estreito e raso patamar, as Ciências relacionadas à Saúde são vistas como cuidadoras da humanidade e a Economia como ciência cuidadora do dinheiro... Essa é uma visão realmente estreita e terrivelmente ideológica. A Economia como Ciência, ou substantivada como atividade econômica, liga-se inteiramente, por preposição, à vida e sobrevivência do ser humano! A Economia é para pessoas, de pessoas, com pessoas, por pessoas, sobre pessoas, mediante pessoas.

Associá-la exclusivamente a dinheiro é desconhecer o que a torna essencial, inclusive para que as Ciências da Saúde avancem e proporcionem a todos o bem que a elas corresponde. Na prática, é preciso saber como conciliar as condições de sobrevivência com as de proteção da vida. A melhor solução será aquela que minimizar as duas perdas defasadas na linha do tempo, mas significativas e reais: as mortes causadas pela doença e as mortes determinadas pela miserabilização da sociedade. Receio estarmos andando pelo pior dos mundos, com o maior dano em ambos os casos.

 Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.