Itamaraty pede ao Papa
que interceda a favor de brasileiro condenado à morte
Assessor da
presidência Marco Aurélio TOP TOP Garcia disse que só um 'milagre' pode reverter execução de condenado
por tráfico na Indonésia
A presidente Dilma Rousseff conversou pelo telefone, na
manhã desta sexta-feira, com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, mas não conseguiu clemência para os brasileiros Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo
Muxfeldt, condenados à morte por tráfico
de drogas. O assessor especial da presidência, Marco Aurélio TOP TOP Garcia, afirmou que só um “milagre” pode reverter a decisão e
disse que ficará uma “sombra” na
relação entre os dois países. O Itamaraty, por sua vez, afirmou pediria ao Vaticano que o papa Francisco
faça também algum apelo a Indonésia contra a execução do brasileiro.
— Vamos esperar que um milagre
possa reverter essa situação — disse Marco Aurélio, em entrevista coletiva.
Papa Francisco, durante missa na Basílica de São Pedro - ANDREAS SOLARO /
AFP
Segundo nota divulgada pela Presidência da República, Dilma ressaltou, na conversa com o presidente da Indonésia, ter consciência da gravidade dos crimes, disse respeitar a soberania daquele país e do seu sistema judiciário, mas fez um apelo humanitário, como “chefe de Estado e como mãe”. “A presidente recordou que o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de morte e que seu enfático apelo pessoal expressava o sentimento da sociedade brasileira”, diz trecho da nota.
Marco
Aurélio afirmou que seria precipitado detalhar, neste momento, retaliações à
Indonésia porque o governo brasileiro vai tentar, segundo ele, “até o último minuto”, reverter a pena
de morte. — A presidenta lamentou
profundamente essa posição do governo indonésio e chamou atenção para o fato de
que cria uma sombra na relação dos dois países — disse o assessor especial
da presidência.
Marco
Aurélio atribuiu em parte a resistência do presidente da Indonésia em conceder
clemência ao fato de sua campanha ter enfatizado justamente a necessidade de
aplicação da pena de morte para crimes vinculados ao tráfico de drogas. Segundo
o assessor presidencial, Joko Widodo afirmou que não tinha alternativa, já que
os brasileiros foram submetidos a processos legais.
O
Itamaraty informou que foi realizado recentemente um pedido de extradição de
Marco Archer. O pedido ainda não foi julgado pelo poder Judiciário da Indonésia,
mas é de conhecimento das autoridades brasileiras que a lei daquele país proíbe
a extradição de pessoas condenadas por tráfico de drogas, caso de Acher. Nesta
sexta-feira a presidente Dilma Rousseff conversou por telefone Joko Widodo,
presidente indonésia. Ela fez um novo pedido de clemência, que mais uma vez foi
negado.
As execuções agendadas para o
domingo, na Indonésia, serão as primeiras realizadas no governo de Joko Widodo, eleito em outubro do ano
passado. O presidente é conhecido por manter uma postura rígida contra o
tráfico de drogas. Segundo agências internacionais, além do brasileiro Marco
Archer Cardoso Moreira, outros quatro estrangeiros serão executados no domingo:
um da Nigéria, um do Malaui, um do Vietnã e outro da Holanda. Há ainda um
indonésio no corredor da morte.
Após
assumir o cargo, o presidente indonésio prometeu que não teria piedade com
crimes de narcotráfico. Widodo também é tem adotado postura contundente contra
corrupção e defesa dos direitos marítimos. O presidente chegou a ordenar que
embarcações ilegais de pesca fossem explodidas pela marinha.
Marco
Archer, de 53 anos, está preso na Indonésia desde 2004. Ele pode ser executado
no próximo domingo. Em nota, o Itamaraty disse ontem que o governo brasileiro
está mobilizado.
"O
governo brasileiro continua mobilizado, acompanhando estreitamente o caso e
avalia todas as possibilidades de ação ainda abertas. De modo a preservar sua
capacidade de atuação, o governo brasileiro manterá reserva sobre as decisões
tomadas", informou.
Fonte: AFP
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