Lula não será candidato; o PT dificilmente voltará à Presidência
O TSE tende a indeferir ou impugnar a candidatura de Lula. Haddad, o substituto, pode chegar ao segundo turno, mas sem condições de vencer a disputa
A rapidez com que a Procuradoria Geral da República propôs o indeferimento do registro da candidatura de Lula indica que ele dificilmente se manterá no jogo sucessório. Será frustrada, pois, a expectativa do PT
de levar o caso até 17 de setembro, data limite para inclusão das
fotografias nas urnas eletrônicas. A decisão final deve ocorrer antes
disso.
Há duas hipóteses em discussão. A primeira, defendida pela presidente do TSE, ministra Rosa Weber,
e por renomados juristas, é a de indeferimento. Seria como o cartório
que indefere o registro de propriedade quando os requisitos da lei não
se cumprem. A segunda, esposada pelo PT e por advogados, diz que o TSE
instalará um processo e, assim, o registro estaria sub judice até a
decisão final. A primeira parece a mais provável.
Mesmo que a candidatura de Lula seja
mantida ou sua fotografia apareça nas urnas, é muito difícil uma vitória
nas próximas eleições presidenciais. Estudos mostram que um terço dos
eleitores vota sempre no PT. Outro terço vota sempre contra o partido. O
terço final oscila, constituindo o contingente que os americanos
denominam de “swing vote”.
O PT foi vitorioso em quatro eleições
presidenciais (2002 a 2014) quando conquistou o “swing vote”. Na de
2002, foi bafejado pela rejeição ao governo de FHC, que havia aumentado
no seu segundo mandato. Três fatores adicionais foram fundamentais para a
conquista: (1) o mote da campanha, “Lulinha paz e amor”, (2) um
empresário como vice (José Alencar) e (3) a “Carta ao Povo Brasileiro”
(compromisso em manter a política econômica de FHC). Nas demais,
beneficiou-se dos efeitos dos bons ventos na economia.
Tudo indica que o PT perdeu o “swing
vote” ao ter sua imagem atingida pelos escândalos de corrupção e pelos
desastrosos efeitos econômicos e sociais do período Dilma Rousseff:
recessão, alto desemprego e queda de renda dos trabalhadores. A parcela
da classe média que antes apoiou o PT dificilmente o fará nas próximas
eleições.
Muito provavelmente, o PT estará no
segundo turno com Fernando Haddad, pois Lula mantém grande parte da
capacidade de transferir votos. Pesquisas mostram que, isoladamente,
Haddad tem apenas 2% das preferências dos eleitores, mas sobe
rapidamente para 12% quando seu nome é associado a Lula. Essa
preferência tende a subir durante a campanha. Além disso, o PT costuma ser o partido
mais eficiente em campanhas majoritárias. Além da força eleitoral de
Lula, a agremiação dispõe, mais do que qualquer outra, de uma aguerrida
militância para trabalhar por seus candidatos.
Se assim for, Haddad é candidato
praticamente certo no segundo turno, mas sem o apoio dos eleitores do
centro a vitória será quase impossível. Ele disputaria a Presidência, a
meu ver, com Geraldo Alckmin, Bolsonaro ou Marina. Os demais candidatos
teriam poucas chances de chegar lá. Em qualquer dos casos, o PT seria
derrotado.
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