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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

A destruição da democracia - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Ninguém poderia imaginar, quando foi dada a primeira ordem de #FiqueEmCasa, que tão pouco tempo depois a tirania legalizada estaria querendo tirar os filhos dos pais

Estão de volta ao mundo e ao Brasil, que até hoje vinha conseguindo evitar com relativo sucesso os surtos de tirania mais dementes dos últimos 150 anos, a estrela amarela e o pijama listado que denunciavam em público, na Alemanha nazista, o grande crime da época: “Você é judeu”. Vão dizer, é claro, que não é assim, e que a marca da maldição de 2022 é indispensável para salvar a humanidade — mas na verdade é assim mesmo que está sendo, e com viés de ficar pior. Esperar o que, se muitos dos próprios judeus, em Israel ou outros lugares — a maioria, talvez —, são os primeiros a ficarem a favor da perseguição? Não é especificamente contra eles, desta vez. A estrela e o pijama, neste retorno triunfal do nazismo da Alemanha de Hitler, ou da ditadura da Rússia comunista de Stalin, estão destinados a denunciar outro crime: “Você não tomou vacina”.

Abismo entre pessoas | Ilustração: Oeste/Shutterstock
Abismo entre pessoas | Ilustração: Oeste/Shutterstock 

O não vacinado de hoje, por aqui e no resto do mundo, é o judeu da Berlim de 1935. O Brasil, como todos sabemos, foi largamente poupado do crime de perseguir judeus — talvez pelo seu próprio subdesenvolvimento, talvez por ficar na periferia do mundo, onde as ideias superiores da Europa civilizada, como campos de concentração ou fornos crematórios, demoram a chegar, ou não chegam nunca. Mas as “autoridades locais”, com o apoio desesperado das elites, da mídia e de tudo o que pode ter descrito como “de esquerda”, parecem obcecadas num esforço sem precedentes para tirar o atraso — perdemos nossa chance com o judeu, lá atrás, mas dessa vez nós temos pela frente o “não vacinado”. É ele a desgraça do mundo atual, aqui ou na Cochinchina. Para cima dele, então. Temos de liquidar essa raça. Não vamos perder a oportunidade — ou a gente acaba com eles, ou eles acabam com a gente. Basta olhar um jornal ou ouvir dois minutos de rádio ou televisão. O ataque, cada vez mais fanático, está lá, o tempo todo.

Os perseguidores não contam hoje em dia, para caçar não vacinados, com os meios materiais de Hitler ou de Stalin, sua cópia comunista da mesma época. Não têm sua Gestapo, nem a sua KGB, e nem outras facilidades. Vivem em democracias cada vez mais loucas para se comportarem como ditaduras, é verdade — mas é gente mole, medrosa e incapaz de ir para o pau como fazem os ditadores de verdade que gostariam de ser. Você acha que um prefeitinho desses, ou um governadorzinho meia-boca, ou um bucrocratinha com um talão de multa numa mão e carteirinha de procurador público na outra têm coragem para mostrar a sua verdadeira cara? Não têm. 

Eles descobriram o quanto é bom, para eles próprios, agirem como agem as autoridades fascistas mas não têm energia moral para serem fascistas de verdade. É por isso que a polícia do governador Zé Mané ainda não está prendendo não vacinado, nem o Supremo Tribunal Federal reinventou a pena de morte e mandou alguém para a câmara de gás, ou coisa parecida. Mas, enquanto isso, fazem todo o tipo de perseguição que conseguem fazer impunemente — e que não ameace, segundo calculam, a sua própria segurança no emprego, no seu mundinho social e em tudo o mais que lhes interessa.

É tudo de uma desonestidade fundamental — com doses gigantes de hipocrisia, mentira e má intenção

A aberração mais recente, e mais sinistra, é a ameaça, por parte dessas autoridades que estão aí, de retirar dos pais a guarda dos filhos que não forem vacinados. Jamais, em 522 anos de história do Brasil, alguém propôs uma violência tão estúpida quanto essa. De novo, a lembrança é dos momentos mais negros da humanidade — as ditaduras comunistas na Rússia de Stalin ou na China de Mao Tse-tung, onde a autoridade pública se dava o direto de roubar as crianças de suas famílias para punir os pais por motivos políticos. 

Um despacho insano do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, dentro do progressivo processo de demência que vem marcando as sentenças da alta e baixa justiça brasileiras, abriu a porta para esse delírio de o passado voltar ao Brasil de hoje. 
É óbvio, quando as “instituições” permitem que a lei seja rasgada, que o instinto ruim das ditaduras vai sair correndo de dentro do armário, onde fica escondido até não haver mais risco em vir para fora; é o que aconteceu, na hora.

Para ficar apenas num exemplo, o procurador-geral da Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, já ameaçou tirar dos pais que não tiverem vacinado seus filhos a “guarda temporária” das crianças. Vamos ver, agora, o que ele faz na vida real. Na teoria, ao que parece, as escolas deveriam entregar ao Ministério Público suas listas negras, delatando os pais de alunos que não apresentarem atestados de vacinação. Presumivelmente, a partir daí, o MP de São Paulo vai exigir que as famílias lhe entreguem as crianças não vacinadas. 

E o que o procurador Sarrubbo vai fazer com as elas, a partir daí? Podem ser 1.000, ou 10.000, ou 100.000, ou mais — ninguém, a começar pelo MP e pelos juízes, tem a menor ideia de quantos sejam. Falam em entregar a guarda para “os avós”. E as crianças que não tiverem avós, ou cujos avós não puderem cuidar delas?  
Sugere-se, vagamente, que a meninada seja entregue “ao Estado”um horror absoluto, que só pode passar pela cabeça dos militantes mais histéricos da caça aos “não vacinados”, e assim mesmo se eles não ficarem com o trabalho de se ocupar das crianças. O “Estado”? O Estado brasileiro não tem competência para cuidar nem das crianças abandonadas que, às dezenas de milhares, ocupam a paisagem das cidades — não consegue cuidar nem dos seus presidiários. 
 
O que o procurador Sarrubbo e seus colegas de MP vão fazer, por exemplo, com 1 milhão de crianças não vacinadas, ou seja lá quantas forem, em São Paulo e no resto do Brasil? 
Vão desmanchar famílias que estão perfeitamente constituídas, para criar uma multidão de crianças que não terão mais pai nem mãe? 
A Justiça vai ter de decidir, caso a caso, como ficam as coisas? 
Ou haverá cassações em massa da guarda paternal, por ordem do MP, do ministro Lewandowski ou do inspetor de quarteirão da prefeitura? É uma alucinação.

Esse mesmo procurador-geral, anos atrás, foi contra a reabertura das investigações sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel, o crime que vai assombrar para sempre o PT, Lula e a esquerda brasileira. Mas agora, no caso das crianças não vacinadas, ele quer lançar contra milhares de cidadãos indefesos, que não praticaram absolutamente nenhum delito, toda a fúria da máquina de repressão do Estado — a mesma que foi proibida de incomodar os mandantes de um crime abjeto. 

Que sentido faz um negócio desses? Ninguém poderia imaginar, quando foi dada a primeira ordem de “#FiqueEmCasa” ou ponha máscara, use gel, não trabalhe e cale a boca —, que tão pouco tempo depois a tirania legalizada de quem ocupa um emprego público estaria querendo tirar os filhos dos pais. É onde estamos no momento. Quais serão os próximos passos do STF, do MP e da prefeitada que se apaixonou pelo nazifascismo que está aí? 
Campos de reeducação para as crianças? 
Colônias penais infantis? 
Cadeia para os pais? Na verdade, é tudo de uma desonestidade fundamental — com doses gigantes de hipocrisia, mentira e má intenção.  
 
As autoridades, essas que não conseguem nem manter em funcionamento os sinais de trânsito, querem assumir a guarda familiar das crianças, num país de 200 milhões de habitantes, sem esgoto para metade da população e com sua miséria maciça exposta na cara, do Oiapoque ao Chuí. É óbvio que não vão fazer coisa nenhuma; é óbvio que estão mentindo. Mas, com certeza, estão aproveitando o pânico criado pela mídia, seus “cientistas” e seus fiscais para criar, eles próprios, o seu pânico particular — e exibir o quanto podem mandar na vida das pessoas. 
É uma oportunidade única para a demagogia, e sem assumir risco nenhum; afinal, quanto mais estúpida a decisão, mais palmas ela recebe no Jornal Nacional e no resto da imprensa. Ninguém vai perder a chance, é claro.

É assim que o prefeito de São Bernardo, para ficar estritamente em exemplos paulistas nesta onda de boçalidade agressiva levantada para impor a vacina, tomou a prodigiosa decisão de segregar em classes separadas, nas escolas municipais, os alunos que não estiverem vacinados. Seu despacho a respeito é uma declaração de guerra à inteligência comum. Ele admite que a lei não obriga ninguém a se vacinar, e que que as crianças de São Bernardo não podem ser impedidas de frequentar a escola por não estarem vacinadas. Na mesma folha de papel, porém, o prefeito diz que vai denunciar ao MP os pais de alunos não vacinados — enquanto promete, também, criar classes separadas para a população infantil do município. 

Os que não tiverem tomado a vacina ficarão em salas isoladas; não poderão estudar junto com os colegas, nem brincar juntos no recreio. É como se fazia, antigamente, com os alunos negros nas escolas americanas ou da África do Sul; fiquem para lá, naquele canto, separados dos brancos. Receberão o selo de párias da prefeitura de São Bernardo “não vacinados”, filhos de inimigos da pátria, negacionistas, impuros, ameaça à saúde alheia, criminosos em potencial, direitistas, bolsonaristas. 

Quem deu esses poderes extraordinários ao prefeito? 
Que lei o autoriza a tratar desse jeito infame crianças de 8 anos de idade? Seu colega de Osasco, no mesmo tipo de depravação, criou um “Certificado de Coragem” para as crianças vacinadas — exatamente como os diplomas de “herói” que a Rússia de Stalin dava a crianças que denunciavam os próprios pais por falarem mal do governo, ou prestavam outros serviços destacados ao regime. (Coisa parecida acontecia com a juventude nazista na Alemanha, ou a juventude fascista na Itália.) As crianças viravam estrelas da juventude comunista; os pais iam para o campo de concentração na Sibéria.
A lista de aberrações como essas poderia continuar por páginas e mais páginas — publicações digitais, como se sabe, não têm os limites físicos de publicações feitas em papel, nem dos programas que precisam obedecer ao tempo marcado no relógio. 
Mas quem vê o procurador de São Paulo e os prefeitos de São Bernardo e de Osasco não precisa ver mais nada, não é mesmo? 
É o que dá para ter, num país em que o ministro Barroso, encantado pela insensatez irresponsável que faz do STF essa delegacia de polícia de república bananeira que temos aí, proíbe os cidadãos brasileiros “não vacinados” de entrarem em seu próprio país. Foi mais um absurdo que não deu em nada, e nem poderia dar, mas sua decisão foi aplaudida pela imprensa brasileira como uma sentença do Rei Salomão.  
É o mesmo aplauso que os jornalistas reservam para as aberrações dos prefeitos de São Bernardo, Osasco e dezenas de outros — que contam, também, com a admiração encantada de uma parte importante da população, feliz de viver submetida a uma das maiores lavagens cerebrais já praticadas na história humana. O prefeito propõe que se volte à época da Rússia de Stalin. Recebe uma salva de palmas da imprensa, dos professores da USP e dos banqueiros de esquerda.
Rogério Lins, prefeito de Osasco | Foto: Divulgação

Nada disso tem a ver, realmente, com a saúde pública — embora tenha muito a ver com a covardia terminal diante da morte demonstrada por tanta gente hoje em dia. O que se pode querer num mundo onde o sujeito pega uma gripe, não vai nem ao pronto-socorro, e acha que está correndo risco de vida? É o ambiente ideal para os falsários políticos. A guerra suja para impor a vacina, e todo o resto do arsenal de repressão que se montou em nome do combate à covid, é, na verdade, uma agressão direta e já sem disfarces à democracia. Não é, obviamente, algo que está acontecendo só na Grande São Paulo. Trata-se de um assalto mundial às liberdades. Não querem proteger a sua saúde — querem roubar os seus direitos. Não estão interessados em saber se a vacina funciona mais ou menos como proteção contra o vírus, da mesma forma como nunca estiveram interessados em saber se uma máscara de pano pode salvar a sua vida —, o que querem é controlar a sociedade. Querem um mundo de funcionários, de fiscais, de comitês médicos, de cientistas que não admitem discutir questões de ciência, de protocolos, de quem cria segregação de classes nas escolas.

Os direitos individuais estão sendo destruídos ativamente, num arco que vai do ministro Barroso ao prefeito de Osasco

Está acontecendo não apenas no Brasilzão primitivo, mas em lugares considerados até pouco tempo atrás como as mais exemplares democracias do mundo. Na Austrália, um ministro de terceira categoria tranca o tenista Novak Djokovic num hotel-presídio, impede que participe de um dos mais prestigiados torneios de tênis do circuito profissional e o expulsa do país como um criminoso vulgar — tudo porque ele não toma vacina anticovid e é um adepto da medicina alternativa. O que a Austrália vai fazer agora? 

Prender quem se trata com homeopatia? 
O Canadá proíbe os não vacinados de comprar bebida — ou maconha. Quer se chapar? 
O governo canadense exige que você mostre o seu passaporte vacinal. Na França, o presidente da República declara em público que seu objetivo é “irritar” os não vacinados. Nas mais formosas democracias europeias, essas que dão lições permanentes de conduta ao Brasil “dos militares”, da “direita” e da “destruição a Amazônia”, tocam a polícia em cima da população e criam multas ruinosas para quem não se vacina — ou querem que eles sejam processados na Justiça criminal.

É mundo cada vez mais escuro. A democracia, a liberdade e os direitos individuais estão sendo destruídos ativamente, todos os dias, num arco que vai do ministro Barroso ao prefeito de Osasco, dos burocratas da Austrália ao jornalista militante, da empresa que descobriu a “questão social” aos cartórios de combate ao racismo, à desigualdade e ao aquecimento da calota polar. Não vão deixar que a covid passe. E, se ela passar, não têm a menor intenção de devolver as liberdades que estão destruindo agora.

Leia também “Covid para sempre”

J.R. Guzzo, colunista -  Revista Oeste


sábado, 1 de janeiro de 2022

E se o governo mandasse o STF passear? - Revista Oeste

Pode se dizer com grande margem de segurança que não iria acontecer rigorosamente nada

Imagine por um instante — só por curiosidade, certo? (Só por curiosidade; é claro que ninguém aqui está sugerindo nada, pelo amor de Deus, e muito menos qualquer tipo de ato antidemocrático.) Então: imagine por um instante o que aconteceria se um dia desses o presidente da República, ou alguém do seu governo, recebesse a milésima ordem do Supremo Tribunal Federal para explicar “em 48 horas”, ou “três dias”, ou coisa que o valha, por que fez isso ou por que deixou de fazer aquilo, e não desse resposta nenhuma. 
O que aconteceria, em outras palavras, se dissesse ao ministro Barroso, ou ao ministro Alexandre, ou à ministra Rosa, ou qualquer um dos 11: “Olha, ministro tal, vá para o diabo que o carregue”?
 
Como nunca aconteceu até hoje, e como nunca o STF mandou o presidente da República explicar seja lá o que fosse em nenhum governo anterior ao atual, não dá para responder com certeza científica; falta, como se diz, a prova da experiência. Mas, pela Lei das Probabilidades, que no fundo vale bem mais que muita lei aprovada por esse Congresso que está aí, pode se dizer com grande margem de segurança que não iria acontecer rigorosamente nada. Claro, claro: a mídia ia ficar enlouquecida, mais do que em qualquer momento do governo de Jair Bolsonaro, e o centro liberal-civilizado-moderno-intelectual-etc. entraria numa crise imediata de histeria
 
As instituições, iriam gritar todos, as instituições: o que esse homem fez com as nossas sagradas instituições, meu Deus do céu? 
A Constituição Cidadã está sendo rasgada. 
A democracia acaba de ser exterminada no Brasil. 
É golpe. É ditadura militar. 
Mas seria só uma crise de nervos no mundinho da elite, mais nada. 
Na prática, e nas coisas que realmente interessam, o governo poderia mandar o STF não encher mais a paciência, pronto — e não mudaria absolutamente coisa nenhuma.

Os colégios chiques continuariam a aumentar as mensalidades, e a chamar seus alunos de alunes

A população, com certeza, estaria pouco se lixando para a indignação do STF, das gangues políticas, da elite meia-boca a bordo dos seus SUVs, das classes pensantes e dos banqueiros de investimento de esquerda; é possível, aliás, que dissesse “bem feito”
Todo mundo iria continuar trabalhando. Os boletos bancários continuariam vencendo. Os ônibus continuariam saindo das rodoviárias. Os serviços de água encanada, energia elétrica e coleta de lixo, nos lugares em que existem, continuariam funcionando. Ninguém iria desmarcar uma consulta médica, nem faltar a um compromisso, nem fazer qualquer coisa diferente.
 
Nenhum país iria romper relações com o Brasil. Os evangélicos iriam ouvir o pastor nas igrejas. Os portos continuariam a embarcar soja. Os colégios chiques continuariam a aumentar as mensalidades, e a chamar seus alunos de alunes. A centésima primeira variante do vírus iria aparecer num canto qualquer. É possível, até, que a Bolsa de Valores subisse. 
Enfim: a solidariedade, o respeito e o apreço dos brasileiros pelo STF e pelo resto das nossas “instituições democráticas” permaneceriam exatamente onde estão, ou seja, no zero absoluto.
 
E, de mais a mais, o que os ministros do STF, o Jornal Nacional e todos os demais indignados poderiam fazer na prática? 
Chamar o Exército para prender o presidente da República? Chamar a PM de Brasília? Chamar a tropa da ONU? 
Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, esses que estão aí hoje, iriam fazer algum gesto heroico de “resistência”? Rolaria, enfim, o impeachment que não rolou até agora? 
Lula, o PT e a CUT iriam decretar uma greve geral por tempo indeterminado, até a queda do governo? [a CUT ainda existe? 
E o exército do Stédile, o 'general da banda' que comanda o MST, que faria? ]
A verdade é que não existe, na vida como ela é, nenhum meio realmente eficaz para exigir obediência do Executivo se ele não quiser obedecer. Não só do Executivo, por sinal — do Legislativo também não. 
 
Ainda outro dia, por exemplo, aconteceu exatamente isso. Foi a primeira vez, mas aconteceu: a ministra Rosa, em mais um desses acessos de mania de grandeza que são a marca do STF de hoje, anulou uma lei aprovada pela Câmara —, e a Câmara não tomou conhecimento da anulação. Tratava-se, no caso, de um projeto que afetava diretamente o bolso dos deputados, entregando a eles bilhões em “emendas parlamentares”. Aí não: a decisão foi ignorada, a lei continuou valendo e depois de muito fingimento de parte a parte, para disfarçar o naufrágio da decisão do STF, ficou tudo como estava. [o presidente Bolsonaro, seguindo o exemplo da Câmara dos Deputados, também manobrou e levou o ministro Lewandowski a  estender o prazo para o Governo Federal prestar esclarecimentos sobre a vacinação de crianças = que vencia antes do Natal e agora vence após o Dia dos Reis. Mais detalhes AQUI ou AQUI.
Em um dos links fornecidos tem uma estória interessante, folclórica, que   mostra que exigências apoiadas apenas no grito, costumam desautorizar seus autores. 
Por oportuno, destacamos que fazemos nossas as precauções que o ilustre articulista apresenta no primeiro parágrafo ..."só por curiosidade..."]  
 
Não há nenhum sinal, entretanto, de que possa acontecer alguma coisa parecida com a atual Presidência da República. Poucas vezes na história deste país, ou nunca, se viu um governo tão banana quanto o que está hoje no Palácio do Planalto. Tem muita “laive”, passeata de motocicleta e implicância com a vacina, mas comandar que é bom, como determina a lei e como o eleitorado decidiu, muito pouco, ou nada. 
Para começar, o Executivo não controla nem a metade do Orçamento federal; o resto poderia estar sendo gasto no Paraguai. O presidente não manda na máquina pública; não pode nomear nem o diretor da Polícia Federal. Também não pode demitir. Cada um faz mais ou menos o que bem entende, frequentemente em obediência ao PT e a grupos de esquerda. O governo dá ordens que são pura e simplesmente ignoradas. 
 
Decidiu que não poderia haver demissões de empregados que não tivessem tomado vacina; um tribunal qualquer, desses que se reproduzem como coelhos em Brasília, decidiu o contrário e ficou por isso mesmo
As Secretarias Estaduais de Saúde dão ordens opostas às do Ministério da Saúde; o que fica valendo é a decisão das secretarias. 
O procurador-geral da República, nomeado pelo presidente Bolsonaro, dirige uma equipe que lhe faz oposição aberta e direta.

Que raio de governo “autoritário” é esse que não tem autoridade nenhuma?

Um dos maiores aliados do governo, o ex-deputado e dirigente partidário Roberto Jefferson, está na cadeia há mais de quatro meses é, por sinal, o único preso político do Brasil. Outro, o jornalista Allan dos Santos, teve de se refugiar nos Estados Unidos e está com a prisão solicitada à Interpol. Governadorzinhos e prefeitinhos de fim do mundo governam como bem entendem. Qualquer nulidade do Congresso ou da vida política, desde que tenha carteirinha de militante de “esquerda”, vive correndo ao STF para que o governo faça assim, ou não faça assado; é atendido sempre, como nos pedidos permanentes de “explicações”. Que raio de governo “autoritário” é esse que não tem autoridade nenhuma?

É muito interessante, assim, o ponto de vista do ministro Gilmar Mendes sobre essa anarquia cada vez mais grosseira. Segundo Gilmar, diante das realidades que estão aí na frente de todo mundo, o mais sensato para o Brasil seria a adoção do parlamentarismo. É, possivelmente, a única contribuição construtiva jamais dada para o atual debate político por um membro do STF.  
O que adianta ter presidente da República se a Presidência da República não manda nada? 
Para que esse drama de eleição presidencial a cada quatro anos se o eleito, seja quem for, vai passar o tempo todo em crise? 
Eis aí um excelente recado: se não governa, pede para sair.

Leia também “O ministro sem fronteiras”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


domingo, 5 de dezembro de 2021

Globo registra queda de audiência pelo 3º mês consecutivo

Revista Oeste

É o que mostra o Painel Nacional de Televisão (PNT) 
 

Pelo terceiro mês consecutivo, a Globo registrou o pior ibope mensal no Painel Nacional de Televisão (PNT), que indica a audiência das 15 maiores regiões metropolitanas do Brasil. Em novembro deste ano, a média de audiência da emissora em 24 horas foi de 10,8 pontos — resultado inferior ao registrado em dezembro de 2018 (11,1 pontos) e dezembro de 2020 (11,2 pontos).

De acordo com o portal Notícias da TV, a Globo nunca havia ficado abaixo dos 11 pontos de média nessa medição antes de setembro deste ano, quando marcou 10,9. Registrou 10,8 em outubro, o mesmo verificado em novembro.

[a Globo se preocupa em torcer contra o Brasil e entra em queda livre = a falência se aproxima e é irreversível. O telespectador brasileiro cansou de uma emissora que além de ser  contra o Brasil, perdeu, e continua perdendo, credibilidade.]


Sinal de alerta ligado na Globo

Os principais programas da emissora dos Marinhos têm perdido audiência. Na comparação com Record, SBT e Band, considerando apenas o último ano, a Globo foi quem mais sofreu com a fuga de ibope no horário nobre.

No período das 18 horas à meia-noite, quando a emissora transmite suas três principais novelas, seu principal programa de notícias (Jornal Nacional) e atrações como The Voice Brasil e Globo Repórter, a queda foi de 10% — de 21,3 pontos em novembro do ano passado para 19,2 no mesmo mês de 2021.

Na última semana de novembro do ano passado, o jornal apresentado por William Bonner e Renata Vasconcellos havia registrado 26 pontos de média no PNT. No mesmo período deste ano, o ibope foi de 21,6. Na Grande São Paulo, o maior mercado publicitário do país, a queda foi ainda mais brusca: de 23 para 19,7 pontos, levando em conta o mesmo período.

Leia mais: “Globo inquieta”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 85 da Revista Oeste


segunda-feira, 26 de julho de 2021

A doença do medo - Revista Oeste

Dagomir Marquezi
 

A ameaça da covid serviu para camuflar o vazio de quem foi criado numa redoma emocional de privilégios e justificativas rasas

O paranaense Mário era o tipo de pessoa que viajava todos os fins de semana para percorrer trilhas ou passear em alguma praia. Estava sempre pronto a rechear a mochila e cair na estrada. Até que veio a pandemia de covid-19. Apavorado com o que via na TV, Mário se trancou no apartamento. Por quase um ano. Amigos e parentes traziam comida e remédios e deixavam os pacotes do lado de fora. Quando partiam, Mário colocava a máscara, abria cuidadosamente a porta, empunhando a garrafinha de álcool como uma arma. Antes de levar as encomendas para dentro do apartamento, borrifava cada embalagem, e cada produto. Quando abria as janelas, procurava não respirar muito fundo. Um ano depois de se trancar, pegou covid — a qual, por sua vez, se revelou uma gripe chata. Mas Mário ainda não teve coragem de voltar a suas trilhas.

Mário é um nome fictício que representa muitos casos reais. Afinal, além daquela bolinha vermelha cheia de farpas conhecida como Sars-CoV-2, outra pandemia se alastrou pelo Brasil e pelo mundo:  
- um surto de pânico que em muitos casos se revelou tão perigoso e prejudicial quanto a própria covid. 
A hashtag #ficaemcasa, a campanha de terror de boa parte da mídia, a indecente exploração política da doença, os relatos (verdadeiros ou não) que se espalhavam nas redes sociais pariram um monstro. Quem escapou da covid quase morreu de medo.

O psiquiatra Giovani Missio ficou particularmente interessado pelo fenômeno do isolamento. Observando seus pacientes, percebeu que todas as questões de ordem emocional — transtornos de estresse pós-traumático, de ansiedade generalizada, do pânico, hipocondria, transtorno obsessivo-compulsivo, depressão — pioraram muito com o isolamento forçado por prefeitos e governadores querendo “salvar vidas”.

“Se considerarmos ainda que apenas uma em cada nove pessoas com problemas de saúde emocional busca atendimento”, declarou o doutor Missio a Oeste, “poderemos concluir que existe uma quantidade enorme de pessoas sofrendo mais com as consequências do isolamento do que diretamente com a pandemia.” Situações surpreendentes começaram a surgir no seu consultório. “Me marcou o caso de um casal de idosos, sem nenhuma história prévia pessoal ou familiar de problema emocional e que passou a apresentar sintomas graves de depressão, após 90 dias de total isolamento, no início da pandemia. Houve uma dificuldade muito maior que a esperada em conseguir uma melhora com o tratamento, dado que eles mantinham o isolamento absoluto, sem contato com nenhum conhecido, vizinho ou familiar. Outra paciente, que já estava bem, com dois anos sem precisar de tratamento, voltou a apresentar um quadro de transtorno do pânico depois de oito semanas de home office e isolamento social”.

Um caso exemplar desse clima de histeria ocorreu na redação do Jornal Nacional, na Rede Globo. Em 9 de julho a apresentadora Renata Vasconcellos tossiu no estúdio. Foi imediatamente mandada para casa. Era uma “forte gripe”, declarou Renata. Uma semana depois, ela ligou para o âncora e editor William Bonner avisando que estava pronta para voltar. E, na ligação, tossiu de novo.

William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional 
/ Foto: Reprodução

“Não pode”, declarou Bonner a jornalistas. “O resfriado não passou totalmente. A gente tem um protocolo aqui segundo o qual, enquanto tiver sintoma do resfriado, da gripe, o que for, você não volta. Você pode passar para alguém.” A partir de agora, aparentemente, quem soltar um mísero espirro na redação do Jornal Nacional poderá ser imediatamente isolado por uma equipe de descontaminação e mandado em carro lacrado para casa.

O Brasil parece ter sido especialmente atingido por esse pânico. Um ano atrás uma equipe da Universidade Federal do Paraná participou de uma pesquisa internacional sobre o grau de medo provocado pela covid-19. Concluiu-se que 53% dos 7.430 brasileiros entrevistados revelavam “alto nível de medo”. Como comparação, o estudo mostrou que esse “alto nível de medo” tinha alcançado 22,7% dos pesquisados em Cuba e apenas 16,6% na Bielorrússia.

Algumas pessoas passaram a desenvolver um tipo de culto inconsciente à covid-19

No Brasil, a parcela etária mais afetada estava entre os 18 e os 29 anos, assustados com a possibilidade da morte prematura e de infectarem os pais. O estudo registrou que, quando pensavam em covid-19, a grande maioria dos entrevistados relatava que sentia “medo, desconforto, ansiedade e sensação de morte”. Outros, em menor número, desenvolviam reações psicossomáticas — “suor nas mãos, taquicardia e insônia”.

Ninguém pode negar que toda a experiência da covid-19 foi e é assustadora. É normal que causasse muito medo. Mas existiram outros fatores que potencializaram a pandemia de pavor e se alimentaram dele. O medo é, como sabemos, uma arma fundamental para qualquer tirania. A psicóloga Adriana de Araújo, autora de O Segredo para Vencer o Medo, garante que a sensação em si pode ser muito útil. “O medo é um sentimento natural, quando está em proporção adequada dentro de nós, e com isso consegue nos proteger”, diz Adriana. Mas, quando foge ao controle, pode nos prejudicar de duas maneiras importantes: 1) impedindo-nos de “fazer uma leitura saudável da vida e dos fatos” e 2) “privando-nos profundamente da capacidade de ação e tomada de escolhas”.

Uma parcela mais elitista da população foi além do simples medo. Algumas pessoas passaram a desenvolver um tipo de culto inconsciente à covid-19. Foram apelidadas de “coronalovers” nas redes sociais. A pandemia serviu para que projetassem alguns sonhos ocultos e revelassem suas reais condições psicológicas.

1) Imaturidade A geração “floco de neve” está assumindo seu papel na sociedade, o de se esconder debaixo da cama e esperar a chuva passar. O sociólogo britânico Frank Furedi, autor de A Cultura do Medo, define muito bem a situação: “Vivemos numa cultura em que o medo está sempre no ar. Somos avisados a todo momento: não seja um herói. Não se permite mais que crianças saiam de casa para brincar. Toda alegria e aventura que existe em brincar fora de casa, onde as crianças começam a aprender sobre suas forças e fraquezas e interagir umas com as outras, já não é possível sem a supervisão de adultos. Que tipo de mensagem estamos passando aos jovens quando eles imaginam que qualquer pessoa acima dos 17 ou 18 anos é uma ameaça em potencial à sua vida?”. Para essa turma snow flake, a pandemia se tornou uma capa para a falta de coragem e de vontade. A ameaça da covid serviu para camuflar o vazio de quem foi criado nessa redoma emocional de privilégios e justificativas rasas. Mas a grande maioria dos jovens brasileiros teve de frequentar ônibus lotados, rezando para não perder o emprego. Para esses, o fantasma da covid ficou de um tamanho mais próximo ao real.

2) Ideologia — Coronalovers, em geral, definem-se “de esquerda”. E a esquerda, especialmente a brasileira, imagina o socialismo como um regime no qual ninguém precisa trabalhar, pois o Estado dá tudo aquilo de que a gente precisa. É a imaginária fábrica estatal de leite e mel que nunca acabam, alimentada pela magia das boas intenções. Mas o Brasil real continua capitalista. E o capitalismo só cresce e distribui riqueza na insegurança do risco e do esforço individual. Prossegue Frank Furedi: “‘Risco’ se tornou sinônimo de perigo. Em outros tempos, as pessoas se arriscavam, sorriam e comemoravam ter-se arriscado, como uma maneira de ganhar maturidade. Hoje, arriscar-se é quase sempre associado a um ato de irresponsabilidade”. A pandemia despertou essa fantasia insustentável — a de um país inteiro em casa, de pijamão, assistindo a filmes no streaming, ganhando ajuda emergencial ou salário em troca de nada, só se levantando do sofá para gritar na janela “Bolsonaro genocida” nos momentos combinados pelo Instagram. É uma fantasia frágil, parte de uma estratégia política tosca que poderá enfrentar momentos difíceis quando a pandemia estiver sob controle.

A covid-19 continua solta, é perigosa, e as medidas básicas para que seja controlada devem continuar sendo levadas a sério. É uma doença que pode matar ou deixar sequelas graves. 
Mas sentir pavor paralisante de um vírus justificava-se na miséria abjeta de 1350, durante a peste negra (que também se originou na China e durou quatro anos). Agora o medo não pode ter o mesmo tamanho. Temos o que não havia na Idade Média: ambulâncias, respiradores, antibióticos, comunicação instantânea, redes de médicos e hospitais, máscaras cirúrgicas, laboratórios, anestésicos, equipamentos para avaliação clínica. Mortes por covid ocorrem, como também ocorrem em acidentes, nos crimes e nas doenças ainda sem cura. Mas não temos mais cadáveres em decomposição empilhados no meio da rua ou fome generalizada como nos tempos medievais. No conforto do século 21, esse apego exagerado ao medo não mais se justifica.

Não se trata aqui de enviar adolescentes para lutar contra a máquina nazista na 2ª Guerra. Ou de arriscar a vida combatendo um surto de ebola no coração da África. Ou de se alistar na primeira onda de colonização de Marte. Contra a covid-19, nossas lutas e vitórias serão bem mais simples: voltar a abraçar nossos amigos e parentes, comer um pastel na feira, torcer por nosso time num estádio de futebol, dançar numa festa. Para que essas coisas voltem a acontecer um dia, temos de nos vacinar contra o medo antes mesmo de vencer o vírus.

Leia também “O novo totalitarismo”

Revista Oeste

 

 


segunda-feira, 19 de julho de 2021

Corrida de fundo, com barreiras - Revista Oeste

J. R. Guzzo
 

Vai ser difícil acusar o adversário de ladroagem se Lula foi o chefe do governo mais corrupto da história do Brasil

Como qualquer cidadão deste país pode constatar diariamente por tudo o que lhe dizem, mostram e escrevem, Lula é o próximo presidente do Brasil. Já está, a esta altura, escolhendo seus ministros Guilherme Boulos, por exemplo, para crescer na foto e ser o seu candidato nas eleições de 2030, ou Dilma Rousseff, aí já não se sabe por quê —, está escrevendo as “políticas públicas” do seu governo, combinando chamar de volta as empreiteiras de obras e os médicos cubanos, e fazendo aquelas coisas todas que fazem os presidentes que têm hora marcada para assumir. Pergunte ao ex-presidente Fernando Henrique, ao Datafolha ou ao Jornal Nacional é Lula, e não se fala mais nisso.

E Jair Bolsonaro, não existe mais? Não, não existe. Todos os citados aí acima mais os cientistas políticos, as classes ilustradas e o New York Times estão certos de que ele morreu e não sabe. Sua popularidade cai a cada cinco minutos. Proibiu a compra de vacinas e, ao mesmo tempo, roubou milhões de vacinas que, aliás, não foram compradas embora quase 120 milhões de brasileiros já tenham sido vacinados. Tocou fogo na Amazônia. Matou mais de 500.000 pessoas, e vai matar mais. É genocida. Perseguiu os índios, os quilombolas e as mulheres. Não pôs a máscara. Vai ser expulso da Presidência por um impeachment que já está no papo; ou seja, não vai nem ser candidato. [meu DEUS como é que um cara desses, ladrão, genocida, assassino, ainda está solto?  - claro só falta ele ser condenado = sendo condenado, ele será preso, na sequência  anulam a condenação dele, conforme fizeram com a do Lula, aí ele será solto e poderá ser candidato. A dúvida: é melhor deixar soltou ou prender e depois soltar?]

Muito bem mas, agora, é preciso que essas coisas todas aconteçam. Em primeiro lugar, Lula tem de vencer as eleições de 2022; não chegará lá, como tudo o que lhe acontece de bom na vida hoje em dia, por uma liminar do STF, mesmo com todo o empenho dos ministros Fachin ou Lewandowski, Toffoli ou Gilmar Mendes. Para isso terá, em primeiro lugar, de ser candidatoalgo que ele quer muito, mas que pode não ser possível. Sua única vantagem competitiva de verdade, neste momento, é o desmanche de Bolsonaro. Durante os próximos quinze meses o presidente vai ter de continuar se desmanchando, e ele, Lula, vai ter de continuar crescendo — fora do mundo encantado das pesquisas. Não é uma questão de escolha: para Lula ser presidente de novo, tem de ser assim.

Lula e o PT contavam com o lema “vacina para todos”. Mas o que vai acontecer quando todos estiverem vacinados?

Há dificuldades nessa caminhada em que um tem de andar sempre para trás e o outro tem de andar sempre para a frente. Tome-se, para começar, o tema da corrupção — é complicado fazer uma campanha eleitoral no Brasil sem acusar o outro de corrupção. Lula e o PT, como se sabe, nunca viveram sem isso numa eleição; a não ser quando tiveram de suceder a si próprios, sempre jogaram tudo no “pega ladrão”. E na campanha de 2022? 
Vai ser difícil acusar o adversário de ladroagem se você foi o chefe do governo mais corrupto da história do Brasil, puxou cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e tem de convencer da sua honestidade pessoal uma população notoriamente descrente das virtudes de qualquer pessoa que vai presa.
É falar de corda em casa de enforcado, e o PT sabe disso; suas lideranças, aliás, já estão dizendo que Lula vai “dar preferência”, na sua campanha, aos “temas mais ligados aos interesses diretos da população”. Gilmar Mendes, Fachin, Lewandowski & Cia. podem dizer quanto quiserem que Lula é “inocente” quem acredita em alguma coisa que venha do STF? Para Lula, na verdade, seria melhor que nenhum deles dissesse nada a respeito do assunto de hoje até o dia da eleição.
Quanto menos o nome do ex-presidente aparecer ligado a qualquer ministro do STF, melhor para a sua reputação. Ele vai ficar falando na sua “inocência”, é claro — mas roubalheira do adversário, que é bom numa campanha, não deve rolar.

Há também o problema da vacina, e não é pouca coisa. Os problemas da vacinação, reais ou imaginários, teriam de ser o carro-chefe de uma campanha eleitoral nos dias de hoje — o que poderia ser melhor, numa hora dessas, do que acusar o outro lado de não aplicar uma vacina que vai salvar “vidas”? Só mesmo a ajuda de Deus. Lula e o PT contavam, de coração, com o lema “vacina para todos”. Mas o que vai acontecer quando todos estiverem vacinados? Estamos em julho de 2021 e a vacina já está chegando aos jovens; até o fim do ano, a vacinação estará encerrada. Falar, em julho do ano que vem, que a vacina “demorou”, ou que Bolsonaro disse que não era culpa dele se alguém virasse jacaré, ou que o general Pazuello fez isso, ou não fez aquilo, não vai adiantar nada; ninguém vai nem mais lembrar quem foi o general Pazuello.

Falar da “recessão” também não está com boa cara. Em primeiro lugar, a maior criatura política da vida de Lula, a ex-presidente Dilma, criou e agravou a pior e mais longa recessão da economia brasileira, por sua pura inépcia e má gestão das autoridades econômicas. Como na ladroagem, é melhor não mexer com o assunto. Em segundo lugar, vai ser preciso haver mesmo uma recessão em 2022. Este ano, pelos cálculos feitos até agora, vai haver crescimento — de 5,2%, o maior desde 2010. Não se vê, hoje, nenhum fato indicando que em 2022 as coisas andem ao contrário. É o mesmo problema com o desemprego. É um caso de torcida: dá para aumentar os quase 15% de hoje, mas isso não é muito pior que o desemprego da recessão de Dilma. A foto de hoje também não é animadora para Lula: foi criado 1,2 milhão de empregos formais neste primeiro semestre. O enfraquecimento da covid e o avanço da vacinação, ao mesmo tempo, sugerem que essas taxas vão continuar subindo.

Propor o quê? Novas estatais? Transposição do Rio Amazonas?

Outra dificuldade é o próximo Bolsa Bolsonaro — o “auxílio de emergência”, ou “renda cidadã”, ou outro programa qualquer de entrega de dinheiro à população. É certo que o governo, que já experimentou essa substância e gostou, não vai ficar parado, olhando a paisagem. Vem mais dinheiro por aí — e, obviamente, vai ficar ruim cair de pau em cima de um governo que está dando uma mesada para os pobres, mesmo porque já caíram de pau quando o auxílio atual foi temporariamente suspenso. Vão falar que é demagogia, claro, mas e daí? Lula não pode propor que Bolsonaro pare de pagar, ou pague menos; o Congresso não vai vetar, em nome da austeridade nas contas públicas, e o STF vai ficar quietinho. É uma sinuca.

Seria preciso, também, arrumar mais 500.000 mortes para engrossar a conta do genocídio, ou de preferência 1 milhão. Lula pode contar com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que é dirigido por um cidadão que se chama “Carlos Lula” e diz quantas pessoas morrem a cada dia de covid, em sociedade com um “consórcio” de veículos de imprensa. Mas não é fácil um negócio desses dar certo — há os relatos dos hospitais que informam sobre a ocupação de leitos nas UTIs, e outras complicações. Há, é claro, os intratáveis problemas de Bolsonaro no Congresso e a pressão, cada vez mais agressiva, para o seu impeachmentalgo que começou no dia da sua posse e continua até hoje. Mas aí é preciso esperar que o presidente não faça nada para se defender, e deixe dois terços dos deputados e dos senadores votarem contra ele — isso se o pedido de impeachment chegar ao plenário.

Não se sabe até agora, enfim, qual programa de governo Lula terá para apresentar durante a campanha — coisa que sempre pode ser inventada em meia hora, mas que ainda assim precisa se sustentar em alguma coisa. Em outras palavras: é preciso dizer ao eleitor por que raios, afinal, ele deveria votar em você e não no outro. A grande esperança da esquerda, do Brasil “que pensa” e da mídia é que a rejeição a Bolsonaro resolva tudo. Lula nem precisa fazer algum esforço especial. Basta que seja candidato, fique parado e não crie nenhum grande problema; Bolsonaro vai se destruir sozinho, pelo simples fato de ser Bolsonaro. O problema com esses desejos é que a maioria do eleitorado tem de pensar do mesmo jeito.

Propor alguma coisa vai ser difícil. Propor o quê? Novas estatais? Distribuição ao povo das reservas internacionais? Perdão das dívidas pessoais? Isenção geral de aluguéis? Transposição do Rio Amazonas? Volta dos médicos cubanos? A agenda pró homossexuais-negros-índios-mulheres e contra as queimadas-agrotóxicos-militares, por outro lado, é difícil de pegar. Não funcionou na eleição de 2018. Funcionaria na eleição de 2022? Por quê? A imprensa, os intelectuais e o centro civilizado, por fim, acreditam muito em derrotar Bolsonaro falando mal da “ditadura”. Não parece ser uma grande ideia. Uma parte não acredita em golpe de Estado, regime militar e ditadura. Outra parte é a favor. Melhor deixar quieto.

Bolsonaro, pela dificuldade de olhar além do seu próprio eleitorado, governar o país com mais harmonia e menos tensão e admitir que política vai além das redes sociais e do celular, ajuda qualquer adversário. Mas é preciso, para quem quer ficar no seu lugar, ajudar a si próprio. O presidente é dado como liquidado; pode até ser que esteja mesmo. Bolsonaro, por esse modo de ver as coisas, foi eleito em 2018 porque era o anti-Lula. Lula vai ser eleito em 2022 porque é o anti-Bolsonaro. Mas o ex-presidente, o maior nome lançado contra ele até o momento, tem pela frente uma corrida de fundo, com barreiras.

Leia também “O bem e o mal”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 20 de maio de 2021

Renata Vasconcellos - âncora do JN - comete gafe e chama Bolsonaro de ‘ex-presidente’ no ‘Jornal Nacional’ - IstoÉ

Renata Vasconcellos cometeu uma gafe durante a apresentação do ‘Jornal Nacional’ na última quarta-feira (19). A jornalista se referiu ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), como “ex-presidente”. A jornalista rapidamente se corrigiu, mas o erro não foi ignorado pelos espectadores mais atentos.

[Não foi gafe e sim obsessão:  a repórter citada, o jornalista que com ela divide a bancada do JN  e outros jornalistas da TV Globo, de menor quilate, são obcecados por três desejos:
- tirar Bolsonaro da presidência - sendo esse desejo dificil, impossível de se realizar, aceitam como prêmio de consolação que ele não seja reeleito em 2022;
- se livrar do coronavírus e não contrair a covid-19 = esse desejo pode ser catalogado como normal a todos os seres humanos e,muito em breve, será alcançado;
- e a natural insegurança sobre a permanência no  emprego, que aflige os que ganham milhões  e tem dúvidas se sua competência profissional,  justifica   o que recebem, sabem que o público acha que não merecem e  os patrões começam a ter o mesmo entendimento
Sabem como é: trabalhar preocupado e fiscalizado por milhões de pessoas atentas... ]

Ela dizia: “A CPI da covid ouviu hoje o depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. A sessão foi tensa, teve discussões. Pazuello irritou os senadores ao tentar blindar o ex-presid… O presidente Bolsonaro e foi chamado de mentiroso”.

Não é a primeira vez que um âncora do “Jornal Nacional” faz uma confusão do tipo: em 2019, William Bonner chamou o então ministro da Justiça, Sergio Moro, de “ex-ministro”. Em 2017, tanto Bonner quanto o repórter Júlio Mosquéra chamaram o então presidente Michel Temer (MDB) de “ex-presidente”.

 

Transcrito MSN, da IstoÉ  

 

A polícia da informação - Revista Oeste

Augusto Nunes e Branca Nunes

 Filha da censura e irmã do controle social da mídia, a agência de checagem tenta impor o pensamento único

Sepultada em 1976 pela revogação do Ato Institucional nº 5, a velha censura tentou sair da tumba com um nome espertamente rejuvenescido: controle social da mídia. Desmoralizada pela suspeita de que as redações seriam comandadas por bandos de franklinsmartins, e infestadas por jornalistas que odeiam a liberdade de expressão dos outros, foi enterrada como indigente. Em 2015, começou a escapar da cova rasa com um codinome que soa inofensivo: agência de checagem. Desta vez, os disfarces são menos mambembes, a metodologia é mais sutil. Mas rugas inconfundíveis escancaram a alma liberticida. Podem chamá-la de censura que ela atende.

Entre 1968 e 1976, a teimosa inimiga da liberdade de informação não ocultava a identidade e agia em forma de gente. Instalados nas redações de jornais e revistas, os censores liam todos os textos prontos para publicação armados de um lápis de cor. O X em vermelho berrante interditava páginas datilografadas que lhes parecessem desfavoráveis ao governo, e também trechos que aquele leitor onipotente considerasse misterioso demais. Na dúvida, invertiam o antiquíssimo preceito jurídico — e decidiam contra o réu. Algumas publicações trocavam o texto, outras preenchiam o espaço desocupado com versos dos Lusíadas ou receitas de bolo. Com o tempo, alguns censores agiam com o desembaraço de quem se sente em casa.

O responsável pela coleção de XXXXXXX que desfigurou centenas de páginas da revista Veja ficou tão à vontade que solicitou a inclusão da sala que ocupava nas escalas feitas pelo moço do cafezinho. A reivindicação foi encaminhada ao destinatário errado. Depois de ouvi-la, o diretor responsável Edgard de Sylvio Faria, homem de poucas palavras, raríssimos sorrisos e nenhuma paciência com intrusos, chamou o garçom da Editora Abril para transmitir-lhe a orientação curta e grossa: “Se esse senhor pedir a você alguma coisa, recuse. Se quiser cafezinho, sirva frio”. Bem mais calorosas foram as relações entre os jornalistas do Pasquim e a censora do semanário, dona Solange. Durante algumas semanas, parte dos redatores e a encarregada de vigiá-los preferiram entender-se na cama. Acabaram denunciados pela crescente redução de textos proibidos. E a tolerante Solange foi substituída por um homem.

Os critérios que orientavam o trabalho dos censores caberiam numa frase: “É proibido publicar qualquer artigo, reportagem, editorial, vogal, consoante, ponto de exclamação, vírgula, ponto de interrogação, reticências ou quaisquer outras coisas que possam desagradar aos integrantes da cúpula do governo federal”. Os executores da missão de vetar textos sabiam que isso era pouco para os governantes nativos, cujo sonho foi explicitado pelo general-presidente Costa e Silva em meados de 1968. Convidado para um almoço pela Condessa Pereira Carneiro, o visitante queixou-se à dona do Jornal do Brasil do tom pouco amistoso das páginas da editoria de Política. “Nossas críticas são sempre construtivas”, ponderou a Condessa. “Mas eu não quero saber de críticas, nem destrutivas nem construtivas”, abriu a alma o chefe do governo militar. “O que eu quero mesmo é elogio.”

Tal sonho pareceria possível se tivesse vingado o parto do controle social da mídia. Concebida por jornalistas convencidos de que a liberdade de imprensa era incompatível com a democracia, como Franklin Martins e Rui Falcão, a invencionice pretendia assumir o comando do noticiário jornalístico em todo o Brasil por meio de “conselhos” formados por profissionais a serviço do PT. Como as redes sociais ainda eram irrelevantes, entraram na mira dos pais da novidade telejornais, radiojornais, jornais impressos, revistas e outros veículos convencionais. Esses só divulgariam informações filtradas pelos conselheiros incumbidos de fazer chegar ao povo apenas o que o povo precisa saber. Gente para a composição dos conselhos não faltaria: desde a fundação do PT, sobram jornalistas devotos da seita que tem em Lula seu único deus. Foi a escassez de inteligência que matou o plano — antes que os genuínos jornalistas morressem de rir.

Quem seria incumbido de selecionar as manchetes que abrem o Jornal Nacional?, perguntavam-se nas redações e nos botequins os providos de pelo menos 15 neurônios. Quer dizer que os conselheiros cuidariam de escrever a reportagem de capa da Veja, editar o caderno especial do Estadão, eleger a foto principal do Globo? E quem vai comprar publicações produzidas por um bando de incapazes capazes de tudo? Onde encontrar leitores, ouvintes e telespectadores interessados no que pensam, dizem e escrevem militantes que engolem sem engasgos ordens emanadas de um analfabeto funcional? O monstrengo morreu por ausência de respostas a tais interrogações elementares. Retornaria anos depois rebatizado de agência de checagem, o mais recente filhote da censura ortodoxa. O caçula encontrou um habitat perfeito no país cindido por um Fla-Flu que a pandemia de coronavírus tornaria ainda mais maniqueísta. No restante do mundo, a covid-19 é uma usina de dúvidas. Aqui, gerou um gigantesco conglomerado de poços de certezas. Nas agências de checagem se aglomeram — com máscara, lavando as mãos a cada 15 minutos, desfraldando a bandeira do eterno lockdown e respeitando até medidas de distanciamento social com fervor religioso — anônimas sumidades que se julgam capazes de distinguir o que é certo e o que é errado, o que é verdade e o que é mentira. Melhor: fake news, expressão aplicada a desinformações que determinam o resultado de toda eleição.

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A mão invisível das agências de checagem desceu sobre Oeste pela primeira vez em 31 de julho de 2020. Sob o título “É falso que imagem da Nasa prova que Amazônia não está ‘em chamas’”, a Aos Fatos determinou que a imagem do satélite da agência espacial que ilustrava o texto publicado 11 dias antes não correspondia à realidade. Motivo: uma das três manchetes destacadas no início da reportagem citava o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Numa extensa resposta à agência — e em outras matérias publicadas sobre o caso —, Oeste explicou que jamais usara fotos da Nasa para contestar dados do Inpe. A imagem do satélite apenas provava que a Floresta Amazônica, diferentemente do que vinha divulgando a imprensa tradicional, não estava em chamas. Oeste acrescentou que, “mesmo analisando os dados do Inpe (e não foi essa a intenção da reportagem), era possível constatar que, no bioma amazônico, havia 2.248 focos de queimadas registrados pelos satélites em junho de 2020”. O número era inferior à média para o mês, de 2.724 — e bem abaixo do máximo, registrado em 2004 (9.179 focos).

Em consequência da parceria entre Aos Fatos e Facebook, a reportagem de Oeste, sempre que compartilhada na rede social, era coberta por uma tarja com o aviso: “Informação falsa — Checada por verificadores de fatos independentes”.

Em 17 de março deste ano, Aos Fatos atacou novamente: “É falso que São Lourenço zerou mortes e internações por covid-19 devido a ‘tratamento precoce’”. A reportagem publicada por Oeste na antevéspera informava corretamente que, de acordo com o boletim emitido pela prefeitura de São Lourenço, naquele dia não havia um só paciente internado na UTI devido à covid-19. O texto incluía um relato do prefeito Walter Lessa (PTB) sobre a adoção do tratamento precoce em casos de suspeita da doença. Como sempre, a agência contestou a utilidade do tratamento precoce.

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Em vez de excluir os textos, como determinou a Justiça, Aos Fatos colocou uma tarja preta sobre o logotipo de Oeste e manteve as postagens. A insolência foi tão longe que a agência se considerou censurada pela decisão do juiz que a proibiu de censurar os textos censurados. O Facebook ainda não liberou os posts patrocinados da revista.

A má-fé das agências de checagem não se limita a Aos Fatos. Em 8 de abril, a Verifica, subordinada ao jornal O Estado de S. Paulo, contestou trechos da reportagem com o título “Covid-19: após um mês de lockdown, aumenta o número de pacientes internados em leitos de UTI em Araraquara”. As afirmações da Verifica foram rebatidas uma a uma no texto intitulado “Oeste novamente é vítima de fake news de agência de checagem”. Eram oito. Na primeira delas, a agência alegava que Araraquara não tivera um mês de lockdown. Segue-se a resposta de Oeste:

Um texto publicado pela revista de divulgação científica Scientific American afirma que as distorções e mentiras produzidas por políticos e analistas se tornaram tão comuns que os principais meios de comunicação passaram a designar jornalistas e verificadores de fatos para checar suas afirmações. “A motivação para descobrir falsidades e declarações enganosas tiradas do contexto é louvável”, diz o artigo. “Os verificadores de fatos visam a chegar mais perto da verdade, mas seus preconceitos podem ocultar a própria verdade que procuram.” Se também no Brasil as intenções são boas, os resultados até aqui se mostram desastrosos. Balizados pela arrogância e por uma perigosa autoconfiança, os checadores agem como infalíveis policiais da informação. Se efetivamente soubessem identificar todas as mentiras e todas as verdades, estariam perdendo a chance de enriquecer rapidamente. Bastaria que as agências lançassem publicações próprias. O mundo finalmente seria apresentado ao jornalismo sem erros.


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Augusto Nunes e Branca Nunes, colunistas - Revista Oeste