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domingo, 3 de julho de 2022

Prisão de mulheres que abortam e casamento gay - O Globo

Pulso

Marlen Couto e Flávio Tabak — Rio e São Paulo

O ritmo da opinião pública - como pensam os brasileiros sobre temas em debate na sociedade

Em meio ao crescimento da identificação com a direita no governo do presidente Jair Bolsonaro, a maioria dos brasileiros tem posicionamentos conservadores em temas como redução da maioridade penal (70% a favor) e legalização do aborto (73% é contra), mas se posiciona contra a pena de morte (53%) e apoia tanto o casamento entre pessoas do mesmo sexo (49%). Nova plataforma do GLOBO para pesquisas de opinião, o Pulso apresenta um retrato de como pensa a população sobre assuntos debatidos na sociedade, revelado pela pesquisa anual “A cara da democracia”, divulgada neste domingo.

Os dados apontam que as opiniões estão mais cristalizadas desde 2018 quando o assunto é aborto. Apenas 16% dos entrevistados apoiam a legalização, patamar próximo ao dos anos anteriores. Segundo a pesquisa, a concordância com a legalização é maior entre entrevistados que cursaram o ensino superior, ainda que o índice de contrários ao aborto continue alto nesse segmento. Nesse grupo, o índice chega a 25%. A maioria dos brasileiros (58%), por outro lado, declarou ser contra a prisão de mulheres que interrompem a gravidez. [nossa opinião: o aborto deve ser tratado como um homicídio - a vida começa no instante da concepção; com a agravante de ser um crime perverso, cruel e praticado contra um ser humano vivo, indefeso e abrigado na barriga da mãe, que é a principal assassina = o que torna o abordo um crime hediondo. 

A punição aplicada a mãe, que entendemos ser a de reclusão para um crime hediondo, deve ser majorada em pelo menos  1/3 para os que de alguma forma colaboraram e/ou participaram para o êxito da empreitada. Por ser o Blog Prontidão Total de livre acesso decidimos não postar descrição de técnicas utilizadas para o abordo - extremamente cruéis, desumanas, sendo a injeção uma das 'mais brancas'.]

O apoio à redução da maioridade penal registra tendência de queda nos últimos anos, ainda que continue a ter alta adesão entre os brasileiros. O índice passou de 81%, em 2018, para 70% no último levantamento. Os entrevistados com menor escolaridade apoiam menos a medida (62%). Já a concordância com o discurso de que "bandido bom é bandido morto" alcança 59% dos entrevistados, enquanto 38% discordam. 

(...)

Professor de Ciência Política da UnB, Lucio Rennó destaca que a oposição à legalização do aborto passa por crenças religiosas, enquanto o apoio à redução da maioridade penal sinaliza como a temática de segurança pública, pela via do combate à violência e criminalidade, é marcante para a população brasileira. O pesquisador avalia se tratar de uma novidade nos últimos anos o papel de Bolsonaro em alinhar essas preferências dos brasileiros.— Bolsonaro mobilizou diversos desses temas e se transformou num porta-voz dessas preferências mais conservadoras da população brasileira. Há um alinhamento que a gente não tinha visto antes na nossa história política recente. E isso está na base da cristalização de um voto bolsonarista significativo que dificulta o crescimento da terceira via mais à direita. Bolsonaro trata, por exemplo, com mais naturalidade da questão do aborto, que é mais delicada de ser apresentada por candidaturas alinhadas a posições mais progressistas sobre o tema, pelo elevado grau de rejeição na população — conclui Rennó.

(...)
 
Também houve uma inversão quando o assunto é pena de morte. Hoje, mais da metade da população é contra essa pena, e 41% a favor. Há quatro anos, os brasileiros estavam mais divididos no tema (42% se declararam contra e 43% a favor). 
Nesse caso, também há um descolamento no recorte por gênero. 
Ao todo, 57% das mulheres são contra a pena de morte, enquanto entre os homens o percentual é de 49%. O Sul (48%) é a região mais favorável, seguido por Sudeste (42%), Norte (40%), Nordeste (37%) e Centro-Oeste (36%).

(...)

No campo da educação, por outro lado, seguem com alto apoio a militarização das escolas (67%) e a avaliação de que as escolas devem ensinar as crianças a rezar e acreditar em Deus (84%). 

Os brasileiros também são majoritariamente contrários à legalização das drogas (67%).

Pulso, Blog em O Globo, LEIA a MATÉRIA NA ÍNTEGRA


sábado, 2 de julho de 2022

O avanço para o atraso - Revista Oeste

Edilson Salgueiro

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock
Como o mundo foi cair neste desvio? 
Como populações inteiras se renderam à tirania de um clube de bilionários? 
Como pessoas livres aceitaram ser classificadas por status (falso) de saúde? 
Como tanta gente esclarecida pôde confundir propaganda com ciência e censura com ética?

Essas e outras provocações estão no livro Passaporte 2030: o Sequestro Silencioso da Liberdade, do escritor e jornalista Guilherme Fiuza, colunista de Oeste. A obra, publicada neste mês pela Editora Avis Rara, mostra que o mundo está mergulhando em um totalitarismo disfarçado de proteção à vida humana.

Os ataques à liberdade baseiam-se na Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Fórum Econômico Mundial. O documento estabelece, entre outras coisas, 17 metas que os países devem atingir até o fim desta década. A ideia é criar um mundo mais próspero e menos desigual, segundo os idealizadores.

A lista reúne pautas importantes, embora genéricas, como erradicar a pobreza e a fome, oferecer saúde e educação de qualidade e promover o crescimento econômico. Mas há “armadilhas” como a ideia da igualdade de gênero e o combate ao aquecimento global. Com sua coragem e seu sarcasmo peculiares, Fiuza denuncia essas ideias que, apesar de soar bem aos ouvidos, atentam contra as liberdades individuais.

             Livro de Guilherme Fiuza | Foto: Divulgação

“A chamada Agenda 2030 é uma representação vigorosa de dois valores marcantes do século 21: empáfia e futilidade”, escreve Fiuza, no livro. “Conseguir juntar empáfia e futilidade já é, por si, uma façanha — e esta é a alquimia da modernidade 2030: potencializar a falta de potência, encher de presunção a mediocridade.”

Há uma razão para as críticas. Isso porque o lema da Agenda 2030 é o seguinte: “Você não terá nada e será feliz”.

Segundo Fiuza, essa ideia é um apetitoso convite de mentira a um mundo de união, conectado pela inteligência e pela ética. “Seria uma espécie de neorromantismo hippie, atualizado pela tecnologia, e que poderia soar até inspirador se não fosse falso”, diz o comentarista de Os Pingos nos Is, programa de maior sucesso da Jovem Pan. “Mas a falsidade é um detalhe, como você felizmente já notou.”

Checamos: você não existe
O livro não pretende apenas denunciar as doses de autoritarismo das Nações Unidas e do Fórum Econômico Mundial. Ele também destaca que há uma espécie de hipnose coletiva no Brasil, capaz de formar um senso comum desvairado. E isso não seria possível sem a atuação da imprensa.
 
Durante a pandemia de coronavírus, grandes veículos de comunicação se uniram para criar o autointitulado “consórcio de mídia”. O objetivo: preservar a verdade e desmentir as fake news.  
Na epidemia de manchetes iguais em veículos historicamente concorrentes, foram propagadas “verdades” como a “ciência” dos lockdowns, a lisura” das eleições presidenciais dos Estados Unidos e as “ilegalidades constitucionais” do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Chegamos ao ano de 2021 podendo acontecer de um país inteiro sair às ruas, em uma manifestação gigantesca, e não sair nada na imprensa”, disse Fiuza, referindo-se ao 7 de Setembro. “Só um veículo ou outro registrando aquilo, ante o silêncio total dos que compunham o núcleo da grande mídia, levando o cidadão a achar até que as multidões que ele mesmo viu na rua foram miragem.”

Ciência para quem precisa
A crise sanitária tornou o mundo refém de “diretrizes de saúde” semelhantes às formas implacáveis de controle chinês sobre os seus cidadãos. No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, surfou na onda do showman da pandemia, Anthony Fauci, e recomendou a vacinação contra a covid-19.

Há estudos que mostram os efeitos adversos dos “imunizantes”? Não exatamente. Segundo o cardiologista Peter McCullough, que tem mais de 80 mil citações acadêmicas, os códigos da Food and Drug Administration (FDA) exigiam um mínimo de dois anos de dados de segurança para a aprovação de uma vacina. “Para a covid-19, esses dois anos viraram dois meses”, afirmou o professor de medicina na Baylor University Medical Center.

“Foi comovente ver o STF declarar lealdade à Agenda 2030, depois de reabilitar politicamente o criminoso Luiz Inácio Lula da Silva. Parece que o mundo é mesmo dos espertos”

“Em um mundo de instituições confiáveis, você não precisa de uma demonstração sólida do risco/benefício de vacinas experimentais”, ironizou Fiuza. “Não precisa de uma demonstração sólida da ação imunizante da vacina como fator de mitigação da pandemia. Você só precisa de propaganda, slogan, gritaria, censura, ordem unida, intimidação e coação.”

Apesar da falta de estudos conclusivos sobre a eficácia das vacinas contra a covid-19, a discussão pública sobre o tema foi grosseiramente impedida. Arlene Ferrari Graf, por exemplo, foi banida de várias plataformas de rede social porque mostrou ao público que seu filho, o advogado Bruno Graf, morreu depois de tomar a vacina da AstraZeneca. A Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado de Santa Catarina (SES/SC) reconheceu a causalidade, mas as big techs continuam a cercear o conteúdo transmitido por Arlene.

Operação Lava Lula
A política também é assunto em Passaporte 2030: o Sequestro Silencioso da Liberdade. Especialmente, sua parte mais espúria. O ministro Luiz Edson Fachin, do STF, anulou os quatro processos penais existentes contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive a condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove magistrados diferentes.

Esse disparate passou batido pelo “consórcio de mídia”, mas não por Fiuza. “O império da demagogia faz milagres”, ressaltou. “Basta recitar a cartilha certa e o mundo se ajoelha para você — esmagando os que não recitaram, naturalmente. Foi comovente ver o Supremo Tribunal Federal declarar lealdade à Agenda 2030, depois de reabilitar politicamente o criminoso Luiz Inácio Lula da Silva. Parece que o mundo é mesmo dos espertos.”

E continua. “Após a descondenação, as pesquisas entraram em festa”, escreveu Fiuza. “Lula reapareceu disparado no coração do povo que ele roubou, traiu e humilhou — porque todo mundo sabe que o brasileiro é masoquista e acha que vale a pena ver de novo a cara da desgraça.”

Ao fim e ao cabo
O livro não se atreve a responder às provocações feitas em seu início. “Mas passeia pelos arredores delas”, diz o jornalista. A seguir, o último capítulo da obra.

“Chegamos enfim ao momento mais aguardado: a divulgação dos vencedores do Prêmio Seringa Press — o Oscar do lobby vacinal. Segue a lista dos agraciados:

Melhor Infectologista: Bill Gates

Melhor Epidemiologista: Bill Gates

Melhor Virologista: Bill Gates

Melhor Sanitarista: Bill Gates

Melhor Oráculo da Ciência: Bill Gates

Melhor Profeta de Pandemia: Bill Gates

Melhor Clínico: Bill Gates

Melhor Cínico: Bill Gates

Melhor Pediatra: Bill Gates

Melhor Enfermeiro: Bill Gates

O Cara Que Sabe O Que É Bom Pra Tosse: Bill Gates

Melhor Médico de Família: Bill Gates

Melhor Amigo da Família: Bill Gates

Melhor Amigo da Mamãe Farma: Bill Gates

Melhor Amigo da OMS: Bill Gates

Melhor Amigo das Agências Reguladoras de Saúde: Bill Gates

Melhor Amigo da Ditadura Chinesa: Bill Gates

Melhor Amigo dos Amigos do Laboratório de Wuhan: Bill Gates

Melhor Amigo do Aloprado dr. Fauci: Bill Gates

Melhor Amigo do Jornalista Carente: Bill Gates

Melhor Socorrista da Imprensa Falida: Bill Gates

Melhor Benemérito das Milícias Checadoras: Bill Gates

Melhor Benfeitor das Consciências de Aluguel: Bill Gates

Melhor Conselheiro das Horas Difíceis: Bill Gates

Cara Mais Legal Que Tem Por Aí: Bill Gates

Maior Guardião da Verdade Universal: Bill Gates

Muso Onisciente das Plataformas Digitais: Bill Gates

Maior Exterminador Do Que É Errado: Bill Gates

Maior Viralizador Do Que É Certo: Bill Gates

Maior Viralizador: Bill Gates

Maior Velocista da História das Vacinas: Bill Gates

O Cara Que Acabou Com Aquela Burocracia Chata De Ter Que Esperar Anos De Estudos Pra Saber Se Uma Vacina Era Boa: Bill Gates

O Cara Que Ensinou À Ciência O Que É Propaganda Na Veia: Bill Gates

O Cara Que Amoleceu Uma Multidão de Corações Com Seus Belos Olhos: Bill Gates

O Cara Mais Mão Aberta Que Eu Já Conheci: Bill Gates

O Cara Que Mais Se Preocupa Com A Sua Saúde: Bill Gates

Melhor Higienizador do Ambiente: Bill Gates

Melhor Purificador da Humanidade: Bill Gates

Melhor Cara Para Te Dizer Quantas Picadas Têm De Constar No Seu Passaporte Sanitário: Bill Gates

Melhor Fiador do Esquema Vacinal Completo: Bill Gates

Melhor Pessoa Pra Segurar A Coleira Que Vai Te Guiar Pelo Mundo da Imunidade Imaculada: Bill Gates

Melhor Pessoa Pra Arrancar A Máscara Dos Nazistoides Alucinados Fantasiados de Salvadores da Espécie: Você.”

Leia também “10 bons momentos de Fake Brazil

Edilson Salgueiro, colunista - Revista Oeste


A polarização e o estertor da Nova República - Alon Feuerwerker

Análise Política

Há um certo quê de Velho do Restelo no lamento permanente contra a polarização política, que a narrativa aponta como acontecendo agora numa escala inédita. E à lamentação costuma seguir-se uma fúria santa, o apelo à solução mágica: cada um busca eliminar da polarização o incômodo “outro”. Mais pedregosa é a missão do autodenominado centro, que se impôs em algum momento a tarefa de remover da cena não um, mas os dois polos.

Talvez não haja sintoma mais definitivo da agonia da Nova República, cujo pilar central, ou um dos, era a premissa de que todos os grupos políticos teriam o direito de existir e disputar o poder. E, naturalmente, revezarem-se nele. Mas os fatos das últimas décadas acabaram revelando (como se precisasse ser revelado) que esse “direito universal” seria, na prática, não tão universal assim.

Tudo começou com o impeachment de Fernando Color de Mello, em que as evidências de um “crime de responsabilidade” formal eram ainda mais escassas do que viriam a ser no caso Dilma Rousseff. Collor não foi ejetado por eventuais crimes, mas por faltar-lhe base política, já que era “de fora” do bloco vitorioso em 1985. Bloco que vinha de fracassar espetacularmente nas eleições presidenciais de 1989, mas mantinha hegemonia no Congresso e na sociedade civil.[uma avaliação honesta, leva à conclusão de que a Nova República foi o embrião das organizações criminosas que produziram o 'mensalão' e o 'petrolão', sem esquecer de outras menores iniciadas ainda no governo Sarney.]

Quando a passagem do tempo der uma desbastada nas paixões que contaminam a análise histórica, ver-se-á aquele impeachment na origem da dinâmica política que acabou levando ao passamento da Nova República. Foi a semente da ideia, agora amplamente disseminada, de que vale tudo para eliminar o adversário da cena. O curioso, ainda que previsível, é a “defesa da Nova República” servir hoje para justificar exatamente o contrário dela.

A Nova República buscou substituir a autocracia por um regime democrático-constitucional em que o Legislativo fosse o palco para alcançar as maiorias e consensos possíveis. Hoje, recebe-se com naturalidade que esse papel seja transferido ao Judiciário, o único dos três poderes não eleito diretamente pelo povo. [é a democracia à brasileira.]E se você mexe na realidade ela também o transforma: o Supremo Tribunal Federal virou um mini-Congresso.

A Nova República veio para restaurar a imunidade parlamentar e proteger os mandatos contra as cassações arbitrárias. Hoje, a cultura do cancelamento contaminou a representação política e cassar mandatos virou algo aceitável e até rotineiro. O aspecto mais estupefaciente é o próprio Legislativo receber com passividade a invasão de suas atribuições. Nós tempos do regime militar, pelo menos ouviam-se bons discursos de protesto quando mandatos eram cassados.

Os exemplos são muitos. Um evidente está na criminalização da liberdade de expressão, a pretexto de proteger contra as “ideias erradas”. E por aí seguimos. A situação que vai se criando é confortável para quem, em certo momento, está em situação vantajosa na batalha permanente para a supressão do adversário. Aí ouvem-se, do lado mais fraco, os apelos ao respeito aos direitos e garantias previstos na Carta. Quando o vento muda, mudam de lado os argumentos. E com a maior naturalidade.

 Vale a pena ler também: Eleição das comparações

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


Campanha de Lula publica foto com pessoas duplicadas em agenda na Bahia; veja - O Globo

Por O GloboImagem aproximada mostra pessoas repetidas em foto publicada por assessoria de Lula — Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

 Imagem aproximada mostra pessoas repetidas em foto publicada por assessoria de Lula — Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

Uma foto publicada nas redes sociais do ex-presidente e pré-candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com sobreposição de imagens e pessoas duplicadas, durante ato na manhã deste sábado (2), em Salvador (BA), foi alvo de deboche e críticas de bolsonaristas, que acusaram a campanha do petista de manipular a fotografia, numa suposta tentativa de fazer o público presente na caminhada realizada na capital baiana parecer ser maior. 

Ao aproximar a imagem panorâmica é possível notar claramente a aparição de algumas pessoas por mais de uma vez no mesmo registro – como, por exemplo, um homem de camisa verde listrada, outro vestindo um chapéu de palha e uma moça de boina vermelha. Algumas delas se sobrepõem a outras ou aparecem e desaparecem pela metade.

Após as críticas, a assessoria de Lula, então, publicou uma foto do mesmo ângulo, mas feita por um drone, onde o efeito não se repete. "A verdade dói no cotovelo de alguns. Segue uma foto não panorâmica, tirada com drone, do Ricardo Stuckert", reagiu Lula em seu perfil. "Compartilhe a verdade". [lembramos que a outra foto,  tirada pelo drone, mais recente,   foi devidamente adequada a contradizer a anterior (a acima, na qual se constata que  o público foi dobrado; olhem com atenção e vão comprovar.) - inclusive em momento e situação diversa da publicada sem retoques.]

Sonar - O Globo

 

Boné sem cabeça - Augusto Nunes

Revista Oeste

A conversão de Alckmin é uma forma de demência ainda não examinada por cientistas 

No centro da mesa, Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Wagner Ferreira Vilas Boas/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

 Do centro da mesa, Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva -  Foto: Wagner Ferreira Vilas Boas/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Alguém sabe de algum torcedor famoso do Vasco que, aos 70 anos, virou dirigente do Flamengo? 
Ou de alguém que fez algo parecido com o Palmeiras e o Corinthians, ou que trocou o Grêmio pelo Inter? 
Claro que não: uma coisa dessas só acontece com cérebros em pane, e é tão desonrosa quanto a capitulação sem luta.  
A mesma regra vale para o mundo político brasileiro, sobretudo depois que Lula dividiu o país em “nós” e “eles”. Em São Paulo, por exemplo, a aguda polarização entre petistas e antipetistas proíbe que um grão-tucano quase septuagenário abandone o ninho para adorar a estrela vermelha — ou que ocorra o contrário. 
Transformar-se em adorador do inimigo que abominou a vida inteira configura uma forma de demência ainda não catalogada por cientistas. 
É o que vem demonstrando a bizarra metamorfose de Geraldo Alckmin.

Acordos eleitorais, não custa reiterar, existem desde a primeira disputa pelo poder travada por homens das cavernas. Mais: como aliados dispensam compromissos do gênero, essa espécie de acordo só faz sentido quando se destina a unir indivíduos ou grupos divergentes. Mas um acerto entre forças até então desavindas, como ensinou Tancredo Neves, tem de ser feito em torno de princípios — e, portanto, exige concessões recíprocas. A conversão do ex-governador já quase setentão à seita que tem em Lula seu único deus ignorou essas verdades irrevogáveis além de mandar às favas a ética, a moral e os bons costumes. Foi uma genuflexão abjeta, uma vigarice de ruborizar o mais debochado negociante de votos.

Interessado em amainar a desconfiança de eleitores avessos a fantasias radicais, disposto a seduzir quem hostiliza a teimosa inclusão no programa de governo de seculares ideias de jerico, o ex-presidiário animou-se com a sugestão apresentada por Márcio França e Gabriel Chalita: completar a chapa com um candidato a vice-presidente sem quaisquer vestígios de esquerdismo no currículo. 
Católico praticante, Geraldo Alckmin consolidara a imagem de antipetista, democrata, liberal, moderado, amante da cautela e de entendimentos em voz baixa. E os tiroteios retóricos do passado? 
Na campanha presidencial de 2006, por exemplo, Alckmin acusou o adversário de “corrupto” e “chefe da roubalheira”. Lula revidou com palavras de igual calibre. Nada de mais, disseram em coro os dois pistoleiros. Eleição é assim mesmo.

O vice escolhido para roubar eleitores tucanos vai ficando parecido com veteranos petistas

Para provar que as ofensas haviam sido revogadas, o chefão do PT ofereceu ao paulista de Pindamonhangaba a vaga de vice e ordenou aos devotos que chamassem de “companheiro” o adversário que a seita apelidara dePicolé de Chuchu”. 
Sete anos menos idoso que Lula, Alckmin contentou-se com a esperança biológica: da mesma forma que ganhou o cargo de governador com a morte de Mário Covas, em 2001, por que não sonhar com outra ajuda da mão do destino, agora em escala federal?  
O acordo foi fechado sem que se alterasse uma única e escassa vírgula do programa do PT. 
Lula nada perdeu. Continua o mesmo. Alckmin perdeu o respeito dos que nele enxergavam uma opção antipetista. Perdeu a vergonha. E tornou-se outro, infinitamente pior que o anterior.

“O mais estranho é que ele está feliz como pinto no lixo”, contou-me um amigo depois de jantar com o Alckmin modelo 22. “Você precisa ouvi-lo falar de Lula. É um elogio atrás do outro. É pura admiração, coisa de tiete.” O tucano que não engolia o PT elegeu-se governador de São Paulo três vezes. Sempre derrotando candidatos da seita, tornou-se o político que por mais tempo governou o maior Estado brasileiro. Hoje estafeta de Lula, é pouco provável que conseguisse uma vaga na Câmara de Vereadores da cidade onde nasceu. O vice escolhido para roubar eleitores tucanos vai ficando parecido com veteranos petistas.

Desde a formalização do noivado, o agora integrante do Partido Socialista Brasileiro diz e faz o oposto do que disse e fez desde 2001, quando se instalou no Palácio dos Bandeirantes. Vivia recitando que foi um dos fundadores do PSDB. Agora simpatiza com velharias socialistas. No primeiro discurso ao lado de Lula, qualificou de “maior líder da História do Brasil” o homem que desde 2002 acusava de larápio. 
Há menos de quatro anos, berrava na campanha eleitoral que era preciso impedir que o delinquente condenado pela Justiça voltasse à cena do crime. 
No momento, sonha com uma sala no palácio que funcionou como sede da quadrilha. 
Num recente sarau pluripartidário, fingiu com movimentos labiais que sabia cantar o hino comunista cujos primeiros versos exortam os desvalidos de todo o mundo à ação armada: “De pé, ó vítimas da fome!/De pé, famélicos da terra!”.

Até 2018, reiterava em todos os discursos que o PT não lança candidatos; lança ameaças. Hoje faz o que pode para concretizar o perigo. Declarava-se inconformado com a agressão sofrida por Mário Covas em 1998, quando já lutava contra o câncer que, três anos mais tarde, transformaria em governador um vice ainda imerso no semianonimato. “Mário Covas sempre foi meu mentor e modelo”, afirmou incontáveis vezes um Alckmin que já não há. 
Covas não escondia o que pensava. O que estaria ouvindo o discípulo de araque se o mestre tivesse vivido para vê-lo no papel de puxadinho do bordel inimigo?

A patética façanha desta semana garantiu a Alckmin, previsivelmente, alguns centímetros nas primeiras páginas e um punhado de segundos nos telejornais: apareceu numa cidade do interior paulista com um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra o mesmo MST que, nos tempos de tucano, acusava de agitar os campos com invasões criminosas e insolentes pontapés no direito de propriedade. 
O antigo Alckmin aprendeu faz tempo que um golpe do destino pode instalar no governo de São Paulo uma cabeça despovoada de ideias. 
O Alckmin companheiro de João Pedro Stedile parece achar que nem precisa usar o crânio despovoado de cabelos para virar vice de Lula. 
Basta cobri-lo com um boné de terrorista e aprender com José Dirceu como é exatamente a pose do guerreiro do povo brasileiro — em guerra contra o imperialismo ianque. No Brasil, também para o ridículo não existem limites.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), com o boné do MST, na inauguração 
de uma cooperativa do movimento em Andradina (SP) | Foto: Igor Carvalho/BDF/
 
Leia também “O padroeiro dos canalhas”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

Vitória tripla: contra ativismo judicial, em defesa da vida e da Constituição - Gazeta do Povo

Vozes - Cristina Graeml

Ativismo judicial, um dos maiores problemas atuais do Brasil, não é preocupação exclusiva nossa. 
Nos Estados Unidos, o aparelhamento da Suprema Corte com juízes progressistas, e a atuação claramente ideológica dessa ala do Judiciário, vinha minando a confiança na Justiça e atingindo em cheio a democracia.

 

Roe vs. Wade: juízes conservadores mudam jurisprudência abortista nos EUA

Mais do que isso: por causa de uma decisão equivocada do passado, movida a ativismo judicial na Suprema Corte americana, a vida humana estava entregue a mercenários abortistas e à imensa massa de feministas insensíveis e apoiadores do feminismo radical.

Durante quase cinco décadas, a turma regida pelo mantra "meu corpo, minhas regras" agiu livremente, matando a vida intra-uterina com o aval da Justiça, como se não houvesse no ventre daquelas mulheres em desepero com uma gravidez indesejada o corpo de um ser humano em formação.

Usaram e abusaram do "direito" de assassinar seus bebês por estarem, supostamente, garantidas por uma decisão judicial (Roe vs. Wade), num país onde os poderes, assim como no Brasil, deveriam ser independentes (jamais o Judiciário deveria legislar), onde leis estaduais têm mais força do que normas federais e, em muitos estados, o aborto é proibido.

Roe vs. Wade: ativismo judicial
O famoso caso judicial conhecido por "Roe vs. Wade" foi uma batalha judicial entre Norma McCorvey (nomeada Jane Roe no processo), contra Henry Wade, promotor no condado de Dallas (Texas), onde a mulher residia.

Grávida, Roe não aveitava ser criminalizada por matar o próprio filho, embora morasse num estado onde o aborto era proibido por lei. O promotor (Wade), defensor da vida, levou o processo adiante. A decisão, em 1973, coube à Suprema Corte, que achou uma brecha, numa entrelinha obscura da enxuta Constituição americana, e deu ganho de causa à mãe abortista.

Os juízes da época acabaram atingindo em cheio o direito à vida de várias gerações de americanos, além de ferir gravemente a Constituição do país e a própria democracia.   
Os Estados Unidos, como o próprio nome diz, são uma federação de estados. 
Lá cada estado tem suas leis e até mesmo uma Suprema Corte estadual. Mas o caso Roe vs. Wade, um clássico do ativismo judicial, reinou absoluto sobre a legislação e governou a questão do direito de matar bebês na barriga da mãe no país inteiro.

Na semana passada, em novo julgamento, a decisão foi revisada e o aborto, proibido. Na verdade, o recado dado pela composição atual de juízes da Suprema Corte americana, eminentemente conservadora, foi um sonoro "não" ao ativismo judicial, "sim" à vida e à Constituição.
Agora o Legislativo volta a legislar e os estados voltam a ter autonomia para decidir como querem tratar a vida intrauterina: como um amontoado de células sem direito a se desenvolver e virar um ser humano ou como um ser humano propriamente dito, uma vida em potencial, com direitos garantidos, a começar pelo direito de nascer.

Leis-gatilhos, discussões nos legislativos estaduais: os próximos passos depois de Roe vs. Wade cair     

Disputas pelo selo de “candidato do Bolsonaro” movimentam pré-campanhas nos estados

Cristina Graeml, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


Agora vale tudo - Carlos Alberto Sardenberg

Agora vale tudo

A coincidência não poderia ter sido pior. No dia em que se comemorava o 28º. aniversário do Real, ontem, o país tomava conhecimento da maior farra fiscal na era da moeda estabelecida em 1994.

A trapaça teve requintes de cinismo político. O Senado Federal aprovou uma proposta de emenda constitucional para burlar a Constituição. [será que a Constituição não é burlada pelas interpretações? Afinal, cabe aos parlamentares emendar o texto constitucional sempre que necessário e conveniente aos interesses do Brasil e do povo brasileiro que representam.] E já que estavam com a mão na massa, senadores aproveitaram para jogar no lixo nada menos que três leis essenciais para garantir a imparcialidade das eleições e o equilíbrio das contas públicas: as leis eleitoral, de responsabilidade fiscal e do teto de gastos.

Para “constitucionalizar” um gasto de R$ 42 bilhões fora do teto e num período vetado pela lei eleitoral, [a partir do momento em que a Constituição permite a realização do que uma lei proíbe  - qualquer que seja a lei  incluindo, sem limitar, a legislação eleitoral - tal lei é revogada, no mínimo, por se tornar inconstitucional.] senadores se apoiaram na declaração do estado de emergência. Que emergência?

A guerra na Ucrânia – caramba, tem uma guerra! – causando uma baita emergência por aqui. Assim, em poucos dias, o Senado descobriu que tinha gente passando fome no país. Uma crise!  Mas no mesmo dia em que o Senado votava o pacotão, o Banco Central divulgava relatório dizendo que a economia se recuperava de modo mais intenso que o esperado. E o IBGE registrava nova queda do desemprego e aumento recorde da população ocupada.

Claro, não se trata de crescimento espetacular, mas é evidente que não se caracteriza emergência. E, sim, é preciso atender os mais pobres. Mas em vez de produzir programas sociais focados e financiados, o Senado inventou uma gastança sem limites. [a fome não espera que se planeje, se discuta - tanto que o pacote contou com o apoio patriótico da oposição, ainda que a contragosto. ]

Fica, pois combinado. Daqui em diante, qualquer presidente de plantão, que esteja na bica de perder a eleição, pode inventar um estado de emergência e promover gastos que são vetados pela lei eleitoral. Quanto mais se olha, mais a coisa piora. Apenas o senador José Serra (PSDB-SP) votou contra. Os demais senadores da oposição, incluindo os do PT, da Rede, do PSDB e do MDB, acovardados, votaram a favor do pacote bolsonarista. Sim, Simone Tebet também votou. [não achamos covardia; apesar de serem oposição - uma oposição 'burra' já que não apresenta projetos, pois para seus integrantes fazer oposição é impedir Bolsonaro de governar - vez ou outra eles tem lampejos de lucidez e esse de agora foi um deles = estão a favor da vida,minorar o sofrimento de milhões e milhões de famintos.]

Lula exerceu o cinismo: disse que a emenda era eleitoral e que Bolsonaro estava tentando comprar os pobres. Esqueceu de avisar os companheiros. Ou pior, está contando com o desinteresse da população pelo que acontece no Congresso, de tal modo que as pessoas nem saberão quem votou o quê.

Só que a população não está propriamente desinteressada. Na verdade, despreza os políticos.  O pacote parece um punhado de bondades. Aumenta o auxilio Brasil, dá bolsa para caminhoneiros e taxistas, aumenta o vale gás.

Proporciona alívio imediato para os grupos beneficiados. Mas causa uma baita inflação, juros altos e desaceleração econômica mais à frente.[os aspectos negativos fazem parte da pauta do ilustre articulista - sendo uma mera opinião.] Uma verdadeira herança maldita já contratada.[a alternativa ao socorro financeiro criticado seria mais fome; a fome não espera, não concede tempo para fazer planos, projetos = enquanto os economistas planejam as pessoas morrem de fome.]

O gasto público sem receita equivalente ou sem corte de outras despesas gera déficit e dívida, que já é elevada. Com isso, o governo tem de pagar juros mais elevados para se financiar. Sendo o governo um devedor grandão, os juros que paga se espalham por toda a economia. O nome disso é risco e/ou incerteza fiscal, como aparece no relatório do BC como uma das causas da inflação. A inflação é um imposto especialmente cobrado dos mais pobres. E reduz os salários, como ocorre no momento. Para combater a inflação, só resta ao BC elevar os juros e mantê-los elevados por longo período. [solução que funciona e inclusive está sendo adotada nos Estados Unidos - aqui citado, por apresentar inflação superior a nossa.] Isso torna o crédito mais caro para consumidores, compradores da casa própria e para os investidores. Logo, todos pisam no freio e isso desacelera a economia, reduz a geração de empregos e deprime salários.

Simples assim. E como a farra é geral, foi assumida também pelo, ainda, reduto maior do PSDB, o governo de São Paulo. O governador Rodrigo Garcia cancelou o reajuste dos pedágios nas rodovias estaduais, na véspera do prazo e sem aviso prévio. Rompeu contratos, gerou insegurança jurídica. Disse que pode compensar as concessionárias com R$ 350 milhões. Ou seja, vai subsidiar os ricos que vão de carro para Campos de Jordão, com um dinheiro que poderia ser usado para postos de saúde, escolas e programas para os mais pobres.

Vale tudo.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista 

 Coluna publicada em O Globo - Economia 2 de julho de 2022

 

Eles não querem cumprir a lei - Revista Oeste

Luís Roberto Barroso | Foto: SCO/STF
Luís Roberto Barroso | Foto: SCO/STF

Será que o STF não tem mais nenhum processo a resolver — e está sobrando tempo para os ministros viajarem pelo mundo afora? 
Prepare-se para continuar com as suas dúvidas, porque ninguém vai responder pergunta nenhuma e é melhor não insistir, para não ser indiciado criminalmente por “ataques” à suprema corte, “atos antidemocráticos” e outros horrores.[com risco de ser lançado na vala comum do 'inquérito do fim do mundo']
 
O curioso, nas palestras de Barroso no exterior, é que ele não fica em temas ligados à ciência do Direito vira e mexe o ministro se lança a comentários esquisitos sobre a política interna do Brasil.  
Ele já disse, nos Estados Unidos, que o presidente Jair Bolsonaro é o “inimigo”, e que uma de suas missões é “empurrar a história para a frente”. Em outra ocasião, também lá, participou de um seminário cujo tema era “como se livrar de um presidente” e já chamou o regime hoje vigente no Brasil dedictatorship”. 
 
Agora, num discurso que fez em sua própria homenagem em Londres, discorreu sobre os feitos extraordinários que teria realizado durante a pandemia; um deles, segundo disse, foi vencer “o abominável retrocesso” do voto impresso com “contagem manual”. Como assim? Nunca houve nenhum projeto de lei, ato do governo ou qualquer coisa parecida propondo o voto impresso no Brasil, e muito menos a apuração manual. 
Pode ser, até, que tenham falado nisso no debate sobre o sistema eleitoral, mas ficou-se por aí, na conversa. 
O que houve foi um movimento em favor do recibo impresso para o voto eletrônico — o que é claramente outra coisa. Alguns dos presentes chegaram a protestar. Ficou por isso mesmo.

Não há notícia de que juízes da Suprema Corte americana, o modelo universal de excelência quando se fala em fornecer justiça de alta qualidade, venham ao Brasil discutir questões políticas internas dos Estados Unidos. 
Também não fazem esse tipo de coisa os magistrados de primeira grandeza da França, Itália, Alemanha e outras democracias que se respeitam. 
O Brasil já foi assim um dia — mas hoje é outra coisa. 
Por decisão da maioria dos ministros do STF, tomada pouco a pouco ao longo do tempo, não existe mais no Brasil uma corte suprema de justiça. Em seu lugar, em vez de um tribunal dedicado a decidir sobre questões que envolvam a aplicação correta da Constituição, há um Comitê Central, ou uma espécie de Politburo, de militantes políticos que fazem exatamente o contrário do seu dever: desrespeitam abertamente as normas constitucionais para governar o Brasil através de despachos. Ficou assim porque os ministros deram a si próprios o direito e o dever de construir um país e uma sociedade que resultem não da vontade da maioria, expressa nas eleições para o Congresso Nacional e o Poder Executivo, mas num modelo de virtudes que têm dentro das suas próprias cabeças.

A maioria erra, acham os ministros. Elegem governos que o STF considera direitistas, populistas, autoritários e conservadores nas questões ligadas a Deus, pátria, família e costumes em geral algo intolerável para o seu entendimento do mundo e da vida. 
Estão convencidos de que é sua obrigação corrigir isso, mesmo porque, em seu credo, há eleições e eleições: quando perdem, não é porque o adversário teve mais votos, mas porque “usou” as eleições para subir ao governo e, uma vez ali, agir contra a democracia. É o que eles acham que aconteceu com o Brasil em 2018. É o que não querem que aconteça de novo em 2022.

O problema para esta doutrina é simples e insolúvel: não existe em nenhuma lei brasileira, e nem nos artigos 101, 102 e 103 da Constituição Federal, onde são descritas, uma a uma, as 21 tarefas que o STF está autorizado e obrigado a executar, o mais remoto vestígio de permissão para que os ministros façam o que estão fazendo.     Não é permitido a eles, ali, o exercício de nenhuma outra função pública que não seja a de magistrado não se prevê que governem nada, nem que abram inquéritos criminais para apurar “notícias falsas” ou “atos antidemocráticos” e nem que sejam “empurradores” da história.  

Não estão autorizados a criar crimes que não existem no Código Penal, como a “homofobia”, nem a proibir a polícia de subir nos morros do Rio de Janeiro e nem a manter na cadeia por nove meses, e depois condenar a quase nove anos de prisão, um deputado federal no pleno exercício de seu mandato, que não cometeu crime inafiançável e nem foi preso em flagrante. 
Não podem criar a figura jurídica do “flagrante perpétuo”. 
Não têm licença legal para salvar “a democracia”.

Os ministros do STF vêm fazendo há pelo menos três anos e meio tudo o que lhes dá na telha e ninguém age contra isso

Os ministros do STF sabem ler a Constituição tão bem quanto qualquer brasileiro alfabetizado.  
Se não cumprem o que está escrito ali, é porque não querem cumprir e não querem cumprir porque vêm fazendo há pelo menos três anos e meio tudo o que lhes dá na telha e ninguém age contra isso, a começar pelo Congresso Nacional
Ao contrário: embora tenham um índice de aprovação popular de 24%, algo francamente miserável, são apoiados com paixão pela esquerda, as elites, os empresários socialistas, os empreiteiros de obras públicas, os criminalistas que defendem corruptos, a mídia, as classes culturais, o movimento LGBT+ e por aí afora. É quem tem voz; é quem aparece. 
 
Todos têm mais ou menos a mesma visão do STF sobre o Brasil ideal. 
São a favor do aborto; do princípio segundo o qual o criminoso deve ser, acima de tudo, protegido pela lei, e que o policial é o inimigo da sociedade; da pregação nas escolas da noção de que todes são do mesmo sexo até se tornarem adultes, e que menines e menines não se diferenciam por gênero; da crença em que o agronegócio brasileiro destrói a natureza, envenena os alimentos com “agrotóxicos” e mata os índios;  
do controle sobre a liberdade de expressão nas redes sociais; 
das prisões políticas de militantes da direita e por aí se vai, na direção geral que todo mundo sabe.
 
O que a maioria dos ministros faz nesse momento é desrespeitar a Constituição. 
Têm um candidato aberto ao cargo de presidente da República. Perseguem os adversários políticos. 
Eliminam direitos individuais e liberdades públicas. 
Impedem o trabalho de advogados na defesa dos clientes que foram indiciados em seus inquéritos policiais. 
Dão ordens ao Congresso. 
Bloqueiam a ação do Poder Executivo sempre que podem, e interferem o tempo todo em suas decisões administrativas. 
São os únicos cidadãos brasileiros que não prestam contas a ninguém. 
Estão governando o Brasil num regime de exceção.

Leia também “Um projeto para destruir o Brasil”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

PEC Eleitoral anima campanha de Bolsonaro e vira armadilha para adversários - O Globo

Ajudado até pela oposição, presidente dribla leis para gastar R$ 343 bilhões na reeleição [aceitem, é o melhor para o Brasil, é legal e a reeleição de Bolsonaro é o melhor para o Brasil. Aceitem, vai doer menos. Os CONTRA,  são INIMIGOS do Povo Brasileiro.]

PEC Eleitoral anima campanha de Bolsonaro e vira armadilha para adversários

Verbas. Ao lado de João Roma, pré-candidato ao governo da Bahia, Bolsonaro participa de ato em Cruz das Almas (BA): governo acelerou abertura dos cofres Clauber Cleber Caetano/PR

Pressionado pela estagnação nas pesquisas de intenção de voto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) acelerou o uso de recursos públicos em prol da reeleição, com ações que somam R$ 343 bilhões e incluem uma manobra [não é manobra é uma PEC aprovada em duas votações no Senado Federal e duas na Câmara dos Deputados. A Constituição está acima de qualquer lei, incluindo a Lei Eleitoral.] na Constituição para driblar proibições previstas na lei eleitoral justamente para inibir o uso da máquina e evitar desequilíbrios no pleito. Pesquisa: Datafolha aponta empate técnico de Castro e Freixo na disputa ao governo do Rio
Datafolha: Em MG, Zema lidera disputa com 48%; Kalil tem 21%

O movimento mais recente — uma emenda ao texto constitucional para instituir o estado de emergência e permitir a criação e ampliação de benefícios, a três meses do pleito — teve o impulso da oposição, que endossou a proposta no Senado. [a oposição em um momento de lucidez, entendeu que é o melhor para o Brasil; os que são contra, o establishment e os inimigos do presidente, parecem querer que milhões e milhões brasileiros passem mais fome do que a que já passam.] Criticado por juristas, o projeto foi a maneira encontrada pelo Palácio do Planalto de intensificar as benesses e escapar da legislação, que veda o aumento ou a elaboração de novos gastos do tipo em anos de campanha. Além de alargar a pressão fiscal sobre quem estiver à frente da Presidência em 2023, a iniciativa abre um precedente arriscado para as próximas disputas pelo comando do Executivo.

O “pacote de bondades” é visto como trunfo pela campanha de Bolsonaro, que aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas — o levantamento mais recente aponta um placar de 47% a 28%. Além do aumento do Auxílio Brasil, que passará de R$ 400 para R$ 600,  há uma nova versão do vale-gás e recursos direcionados a caminhoneiros, entre outras medidas. 

“Agarrado” ao auxílio
O potencial de benefícios no curto prazo para eleitores de baixa renda, principais destinatários dos repasses, amarrou o discurso dos presidenciáveis, que se equilibraram entre o silêncio e críticas suaves — a senadora Simone Tebet (MS), nome do MDB ao Planalto, votou a favor da PEC Eleitoral, embora tenha reclamado da tramitação veloz, que ignorou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Apenas José Serra (PSDB) foi contra. 

Aliados veem agora a oportunidade de Bolsonaro se associar ao Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que substituiu o Bolsa Família, marca dos governos do PT. Mesmo com novo nome e valores maiores, pesquisas mostram que ele também está atrás de Lula entre os beneficiários da ação. A meta da campanha é aproveitar o incremento para fazer uma espécie de “relançamento”.

A ampliação do valor coincide com a chegada dos novos cartões, em outra vertente da busca por ganhos eleitorais. O titular do Palácio do Planalto foi orientado a reforçar a atuação do governo na criação e ampliação das benesses. A avaliação do núcleo político da reeleição é que o Planalto falhou até aqui na estratégia de comunicação.

Neste ambiente político, o PT avalia que o impulso pode beneficiar Bolsonaro eleitoralmente, [a corja do perda total, começando pelo descondenado,  não admite,   mas eles tentam encontrar um 'poste' para substituir o ex-presidiário e assim evitam que Luladrão encerre sua carreira perdendo para o candidato que o faz se borrar:JAIR MESSIAS BOLSONARO.] ainda que sem impacto capaz de modificar o quadro. Interlocutores dizem que a sigla não tinha como se posicionar contra a PEC, porque há necessidade de aumentar os repasses às camadas mais pobres e também para não entregar a Bolsonaro o discurso de que adversários votaram contra os pagamentos. Estrategistas do partido estimam que os R$ 600 mensais do Auxílio Brasil se tornarão definitivos, apesar do texto prevê o valor até dezembro. 
 
Ontem, o ex-presidente classificou a PEC de “projeto eleitoral” e “tentativa de comprar o povo”. Um dos emissários do petista na área econômica, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) disse que o governo montou uma “operação boca de urna”. Para ele, o cenário dificulta a apresentação de um plano concreto para a área fiscal:  — Os construtores do teto de gastos do governo Temer não o detalharam antes de assumir o governo, só quando tinham as contas em mãos. [lembramos que o PT não tem nenhum plano concreto, seja para área fiscal, saúde, emprego. O que ele tem é um plano para destruir o Brasil - CONFIRA AQUI.]

O entorno de Ciro também avalia que Bolsonaro pode ter ganhos eleitorais, ainda que não na mesma proporção de quando lançou o Auxílio Emergencial, em abril de 2020, experimentando nos meses seguintes os índices mais altos de popularidade de gestão. Nas próximas etapas de tramitação, parlamentares da sigla pretendem propor ajustes ao texto, ponderando que não é viável se posicionar contra em um momento de aumento da fome no país.

Na pré-campanha de Tebet, estrategistas também sustentam que a escalada da miséria impossibilitou um voto contrário. Se fosse contra a medida, o entorno da senadora acha que ela daria munição aos rivais, que diriam que ela é contra benefícios aos mais pobres. Questionada pelo GLOBO se Tebet se preocupava com vantagens eleitorais que Bolsonaro teria com a PEC, a assessoria da senadora enviou vídeo em que ela diz que o país precisa “avançar rapidamente numa solução para quem não tem o que dar de comer aos filhos”.[Calma senadora, não precisa se afobar, se descontrolar, nosso presidente já está cuidando das medidas concretas para saciar a fome de milhões e milhões de brasileiros e o Brasil agradece sua colaboração.]
Política - O Globo
 

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Imortais da ABL recusam medalha da Biblioteca Nacional dada também a Daniel Silveira - O Globo

O escritor, poeta e tradutor Marco Lucchesi e o professor emérito da UFRJ Antonio Carlos Secchin, imortais da Academia Brasileira de Letras, recusaram a medalha da Ordem do Mérito do Livro, concedida pela Biblioteca Nacional para personalidades que contribuem com a literatura. O motivo é que, este ano, a honraria será entregue ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).[Edição histórica, em homenagem ao Bicentenário da Independência.]

No Twitter, Lucchesi criticou a entrega da honraria a Silveira e disse que não tem condições de recebê-la. "Se eu aceitasse a medalha seria referendar Bolsonaro, que disse preferir um clube ou estande de tiro a uma biblioteca", afirmou o intelectual.

Ao Blog do Ancelmo, Secchin justificou a recusa dizendo que a cerimônia "se constituirá na celebração de uma única diretriz política, agraciando pessoas sem relação com livros, biblioteca e cultura".

A cerimônia de entrega da homenagem está marcada para as 15h30 desta sexta-feira (1). Acadêmicos, escritores e intelectuais como o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade e o sociólogo e escritor pernambucano Gilberto Freyre já receberam a medalha da Ordem do Mérito do Livro. Neste ano, a medalha será entregue, ao todo, para 200 personalidades por conta do Bicentenário da Independência.

Cultura - Jornal O Globo