A disputa para valer, o arranjo de forças, as composições
partidárias, as alianças de apoio a esse ou aquele candidato começam a
tomar vulto nas próximas semanas. As eleições majoritárias de 2018
entram na ordem do dia somente agora, passada a temporada de festejos. E
desta feita, como poucas vezes antes, o tabuleiro nunca esteve tão
indefinido a essa altura do campeonato. A promessa é de uma campanha
entre vários postulantes. Fala-se em mais de 20. Os presidenciáveis
tidos como fortes, lançados pelas siglas com maior estrutura, ainda são,
na maioria, desconhecidos. O PMDB, por exemplo, não mostrou até o
momento para onde vai: terá candidato próprio ou fechará um acordo com
os tucanos para uma chapa conjunta? No caso de voo solo, o partido do
presidente poderá lançar inclusive o mandatário, trazer um nome de fora
dos quadros, apresentar o ministro Meirelles como opção ou mesmo Rodrigo
Maia, fiel escudeiro no Congresso.
O DEM, por sua vez, já sinalizou que
está mais propenso a fazer um candidato com a sua marca. [o DEM pode ter boas chances com Ronaldo Caiado; suas chances poderá aumentar muito, dependendo do companheiro de chapa.
Se fosse viável Caiado de vice na chapa do Bolsonaro, a eleição seria definida no primeiro turno.
Mas, é altamente improvável tal união - apesar de em política tudo ser possível.
O que está claro é que se o DEM entrar com Rodrigo Maia, se ferra.
Maia, se muito, conseguirá ser reeleito.] Com a
inevitável saída de Lula do páreo as agremiações se animaram a tomar
conta do Planalto e, no varejo, vão aparecendo alternativas, algumas até
ainda discretas como a do senador Álvaro Dias (do nanico “Podemos”),
que se projeta amparado em ideias de moralização da política, tal qual a
do fim do foro privilegiado, que ele levantou e defende.
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O Partido dos
Trabalhadores, diante do vendaval de denúncias que sacode sua cúpula,
mergulha numa aventura arriscada. Na prática não tem também um candidato
viável. Vai insistir no nome de Lula, até para manter acesa a chama de
eleitores fiéis ao desmoralizado líder, para ao final e ao cabo das
eleições jogar um preposto – alguém capaz de assumir o bastão como
“sucessor”. As duas cartas nesse baralho de um plano “B” oficialmente
descartado são a do ex-prefeito Fernando Haddad e a do ex-governador
Jaques Wagner.
Nesse jogo de indefinições navegam opções para todos os gostos. O
deputado militar de reserva Jair Bolsonaro conseguiu, de saída,
arregimentar os votos e a simpatia da ultradireita com mensagens
radicais. Não possui nenhum programa de governo concreto – como ele
mesmo admitiu – mas surfa na onda do “nós contra eles” trazida pelos
petistas. [algum partido, algum candidato, possui programa de governo?] Correndo na margem, nomes como Marina Silva – que vai se
transformando na eterna herdeira de votos que morre na praia – e Ciro
Gomes tentam encontrar alguma simpatia no eleitorado. [Ciro Gomes é candidato a sempre perder e não vale nem o tempo gasto para destacar seu nome.] O fiel da balança,
mais uma vez, será dado pelo PSDB. No ninho tucano, o nome consolidado e
reverenciado pela cúpula é o do governador paulista, Geraldo Alckmin.
Ele provavelmente ainda terá de enfrentar prévias internas com o
amazonense Arthur Virgílio, que insiste em se apresentar como
alternativa.[Com Alckmin o PSDB entra e sai perdendo - o governado de São Paulo sendo o candidato a presidente, facilita a vida dos adversários;
com Arthur Virgílio, apesar das poucas chances, pode até ir para o segundo turno.
Para complicar mais à vida de Alckmin tem o FHC, que ultimamente perdeu o controle sobre o que fala.]
Alckmin pavimenta um bom caminho rumo ao poder. Discretamente, nos
bastidores, vai fechando acertos de apoios decisivos e planeja, logo
após deixar a gestão estadual em abril, iniciar uma forte ação de
apresentação em regiões do norte e nordeste, onde é menos conhecido. Não
está descartado um circuito de visitas por lá, nos moldes das caravanas
de Lula. Em uma eleição acirradamente disputada como essa vai fazer
toda a diferença cada voto conquistado. O eixo de concentração de
eleitores também está mudando de lugar. Em 2014, nas últimas
majoritárias, a região Sul contava com um maior número de votantes que
as regiões Centro-Oeste e Norte do País. Segundo o IBGE isso virou e
pela primeira vez os dois polos contarão com uma presença mais
significativa nas urnas, o que pode botar de ponta-cabeça a contagem
final. O Brasil, claramente, como preconizou o ex-presidente Fernando
Henrique, está à procura de líderes e de um resgate das instituições –
alguém que tenha visão de desenvolvimento interno e de boas relações
internacionais para ajudar na retomada da economia. Os brasileiros
buscam ideias, planos de gestão, alinhamento programático dos partidos
que venham a assumir a Nação a partir do ano que vem. Nada disso ainda
está posto ou foi apresentado e espera-se que o debate eleitoral, aos
poucos, vá jogando luz sobre essas demandas que são de todos.
Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três
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