Lembro
que, quando o ministro Luiz Fux votou em favor do afastamento do
senador Aécio Neves do seu mandato, o que é uma invencionice sem
prescrição constitucional, ele resolveu debochar do parlamentar:
“Já que ele [Aécio] não teve
esse gesto de grandeza, nós vamos auxiliá-lo exatamente a que ele se
porte tal como ele deveria se portar. Pedir não só para sair da
presidência do PSDB, mas sair do Senado Federal para poder comprovar à
sociedade a sua ausência de toda e qualquer culpa nesse episódio”.
Que homem rigoroso!
Ele queria
fora do Parlamento um senador que nem réu era ainda — aliás, ainda não
é. E notem que ele tem a receita sobre o modo “como deve se portar” um
senador.
Perguntas:
A: fazer lobby para tornar desembargadora
uma filha que não consegue nem provar “prática jurídica” está de acordo
com o modo como deve ser portar um ministro do Supremo?;
B: segurar por mais de cinco anos um
voto-vista sobre assunto que sangra os cofres do Rio, um estado
quebrado, está de acordo com o modo como deve ser portar um ministro do
Supremo?;
C: segurar uma liminar por mais de três
anos sobre assunto que sangra os cofres da nação em R$ 1,6 bilhão por
ano está de acordo com o modo como deve ser portar um ministro do
Supremo?
Pois é… Os
senadores também podem, se lhes der na telha, “auxiliar” ministros do
Supremo que estão meio desajustados. A eles cabe decidir sobre processo
de impeachment contra membros do STF…
Para
encerrar: se a corrupção foi reduzida a zero amanhã, o rombo
multibilionário nas contas públicas continua. E lá no abismo do déficit
estão, entre outras mamatas, a aposentadoria integral dos servidores,
incluindo juízes e membros do MP, e o auxílio-moradia — idem, idem.
Essa gente promete nos salvar da corrupção. Fica uma pergunta: e quem nos salva dos seus privilégios?
Blog do Reinaldo Azevedo
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