Desembargador Manoel Calças afirma que recebe valor
mesmo tendo vários imóveis
No dia de
sua posse como novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP), o desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças defendeu nesta
segunda-feira, de forma irônica, o recebimento de auxílio-moradia por
juízes. Além de afirmar que acha que o benefício, de cerca de R$ 4 mil, é
"muito pouco", admitiu que tem vários imóveis na capital paulista,
embora também receba o adicional. — Eu acho
muito pouco. É isso que você (repórter) queria ouvir? Agora, coloca lá: 'o
desembargador disse que é muito pouco' — declarou.
No início
da entrevista coletiva, o novo presidente do TJ-SP disse que não queria se
manifestar sobre o tema e que seu posicionamento já havia sido tratado em seu
discurso de posse. Calças destacou que, como presidente, não fixa os
vencimentos de juízes e desembargadores, atribuição da União, e que o
auxílio-moradia estava previsto na Lei Orgânica da Magistratura. Indagado se
ele próprio era beneficiado e se tinha imóveis em São Paulo, o desembargador
respondeu:
— Recebo.
Tenho vários imóveis, não é só um — afirmou.
Manoel de
Queiroz Pereira Calças criticou a cobertura sobre o tema, citando como exemplo
um desembargador que possui mais de 60 imóveis em São Paulo e recebe o
benefício. Segundo ele, as propriedades são fruto de herança e que o juiz
estaria sofrendo danos irreparáveis com a divulgação do caso. Calças, então,
questionou se os jornalistas presentes na coletiva eram favoráveis ou
contrários à herança e indagou as repórteres se elas tinham ou não filhos. — A
senhora não pensa em ter filhos? Não quer ter filhos? — perguntou a uma das
jornalistas, que se negou a responder. Calças continuou:
— Não vou
conversar porque estou sendo agredido por uma moça. A senhora pode imaginar ter
filho? Alguém aqui tem filho? Quem tem filhos?
Para o
desembargador, os recebimentos são éticos porque estão previstos em lei.
Questionado se achava o valor suficiente, ironizou afirmando que considerava o
benefício baixo e deixou a entrevista. —
Provocação, eu não vou atender. Então, você pode dizer assim: 'desembargador
disse que é pouco' — afirmou.
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