Saúde - VEJA
É o início de uma etapa que comprova um novo comportamento da doença no país. Mas a cautela ainda é necessária
A Praia de Ipanema lotada, em um fim de semana de feriado, foi sempre uma cena de celebração, a cara mais adorável e calorosa de um Rio de Janeiro tão frequentemente ferido. Neste ano, contudo, em plena pandemia do novo coronavírus, houve quem relacionasse a aglomeração a boa dose de irresponsabilidade. Evidentemente, havia ali quem pouco se incomodasse com as recomendações de saúde — mas uma boa parcela das pessoas desceu para a areia no último fim de semana, debaixo de sol forte, apenas porque, munida de informações reais, atenta às curvas de casos e mortes de Covid-19, e depois de seis meses de confinamento, viu no horizonte sinais de alívio. Não se trata, de modo algum, de esquecer as trágicas mais de 128 000 mortes deste 2020 interminável, marca pesada e triste de um país que não soube lidar com a mais agressiva crise sanitária de nosso tempo. As perdas precisam ser lembradas e relembradas, para que não se multipliquem ou sumam, e nada é mais constrangedor do que saber que o Brasil ocupa o terrível segundo lugar em óbitos em em decorrência do vírus, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas há, sim, janelas de esperança traduzidas em estatística.Desde a notificação da morte número 1, em março, e depois de três meses de permanência em um platô incômodo, com média móvel superior a 1 000 óbitos diários, o país alcançou, finalmente, uma queda consistente nas mortes por Covid-19. No sábado 5 de setembro, a média de mortes no Brasil foi de 820, variação negativa de 18% em relação às duas semanas anteriores. Os epidemiologistas trabalham com redução na casa dos 15% para considerar o movimento de queda consistente. Ela chegou. Outro indicador do recuo da pandemia no Brasil é a taxa de transmissão da doença. Em agosto, o país conseguiu reduzir o índice para abaixo de 1, nível considerado de controle, segundo as balizas do rígido Imperial College, de Londres. O número indica para quantas pessoas cada infectado transmite o vírus. Nesta semana, a taxa teve uma leve piora, subindo para 1, mas está a anos-luz do número registrado no auge da disseminação, quando chegou a 3. Mesmo com o leve aumento, o Brasil tem taxa menor que a de outros países sul-americanos e europeus, como Venezuela, Chile, Argentina, Paraguai, Reino Unido, Portugal, Itália e Espanha. Na quarta-feira 9, as mortes recuaram em dezenove estados da Federação. Em sete, houve manutenção dos números. Apenas em Roraima deu-se aumento da média móvel. Pode-se dizer, enfim, que a epidemia oferece indícios mais do que razoáveis de perder força no Brasil.
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Publicado em VEJA, edição nº 2704, de 16 de setembro de 2020
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