"Somos fortes unidos, irmãos igualados pelo sangue verde e amarelo"
"Nos últimos anos, uma campanha segregacionista procura solapar os alicerces sobre os quais construímos este país continente. E, mais recentemente, importam movimentos dos Estados Unidos, como se não comungássemos nossa tradicional união racial"
Uma arquiduquesa austríaca, Leopoldina de Habsburgo,
percebeu que se o Brasil voltasse a ser colônia, iria se fragmentar. Ela
decidiu o fico bem antes do marido, o príncipe regente Pedro. Cunhada
de Napoleão, sobrinha-neta de Maria Antonieta, a filha do Imperador da
Áustria, quando feita regente pelo marido que viajara a São Paulo, ao
receber ordens de Lisboa para Pedro voltar foi ao Conselho de Estado com
José Bonifácio e decretou a separação do Brasil de Portugal na manhã de
2 de setembro. O príncipe, dias depois, ao receber, à margem do
Ipiranga, a comunicação da regente, desembainha a espada e se desfaz das
cores de Portugal.
O Brasil independente completou 198 anos. No continente
latino-americano, foi a única colônia a se manter intacta, à exceção da
perda, sete anos depois da Independência, da província Cisplatina, que
virou Uruguai. A união foi mantida a despeito de movimentos de secessão
armados, como em Pernambuco, Piauí, Maranhão e Pará. E a Independência
só foi garantida depois de 10 meses de enfrentamentos para expulsar os
portugueses na Bahia. A secessão da República Rio-Grandense durou 10
anos, pacificada por Caxias. Custou vidas, mas foi construído um
país-continente.
O Brasil é um país miscigenado, muito à frente de
outras nações que são apartadas por cor da pele, religião, etnias. Já em
Guararapes, uniram-se europeus, índios, negros e mestiços para expulsar
o invasor holandês. Imigrantes alemães ombrearam com esses brasileiros
na Batalha do Passo do Rosário –– essa mistura racial derrotou o
Paraguai numa sangrenta guerra. Na FEB, demonstramos ao V Exército
americano na Itália como lutamos juntos, sem distinções éticas, pelos
nossos valores.
Nos últimos anos, uma campanha segregacionista procura
solapar os alicerces sobre os quais construímos este país continente. E,
mais recentemente, importam movimentos dos Estados Unidos, como se não
comungássemos nossa tradicional união racial. Deturpam o noticiário como
se brancos estivessem dizimando negros no Brasil. E não fica aí: o que a
natureza atrai, eles querem distanciar, jogando mulheres contra homens.
Tentam separar-nos até por opções sexuais, que são questões íntimas de
cada um.
E como as religiões são fonte de valores morais, disseminam
preconceitos contra elas.
O objetivo é enfraquecer o país, para um dia
dividi-lo como butim entre bárbaros. Neste Sete de Setembro, aniversário
da unidade nacional, é momento para alertar contra essa pregação. Somos
fortes unidos, irmãos igualados pelo sangue verde e amarelo.
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