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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O PT não terá como entregar o que promete

Os bons tempos dos petistas no governo se devem a eventos de difícil repetição. A recessão não foi causada por Temer

Na sua propaganda política, o PT promete que os pobres vão voltar a comer bem, viajar de avião, por os filhos na universidade e comprar bens de consumo durável. Atribui a Temer a culpa pela recessão, pelo desemprego e o acusa de ter cortado os recursos do Bolsa Família. Essas afirmações são para lá e irreais. Nem o partido terá como cumprir as promessas, nem Temer tem qualquer das culpas que lhe são imputadas.

É verdade que aqueles bons tempos ocorreram nos governos do PT. Mas isso foi possível, em primeiro lugar, pelos ganhos da entrada da China no comércio global, que acarretou aumento dos preços das commodities que o Brasil exporta e transformou o país nosso maior parceiro comercial. Tudo começou a partir de 2003, quando Lula assumiu o poder. Os decorrentes ganhos de comércio aumentaram o potencial de crescimento do Brasil.  O PT se beneficiou, ademais, dos efeitos das reformas de FHC, que demoraram naturalmente a se materializar e impulsionaram o crescimento. Afora um verdadeiro maná dos céus, Lula manteve a política econômica de seu antecessor, dissipando temores de que o partido adotaria suas arcaicas ideias. A confiança aumentou e, com ela, a disposição para investir e consumir.

Tudo isso acelerou o ritmo de crescimento da renda e do emprego, o que foi ampliado pela criação (aí sim, no governo Lula) do crédito consignado, que permitiu o acesso, aos bancos, de uma massa de pessoas físicas antes alijadas. Ampliou-se o consumo de bens e serviços pelas classes menos favorecidas, incluindo viagens aéreas. O PT nunca vai confessar que a piora se deu por sua ação no governo. Quando os fatores positivos se esgotaram, seria a hora de promover reformas para aumentar o potencial de crescimento e preservar a confiança dos mercados. O partido optou, todavia, por medidas insustentáveis da expansão da atividade econômica: aumento de gastos, queda na marra da taxa básica do Banco Central (Selic), crédito barato pelos bancos oficiais e transferência de R$ 500 bilhões ao BNDES para ofertar crédito subsidiado a grandes empresas. Dilma dizia que “gasto é saúde”. Não tinha como dar certo.

A marcha da insensatez se acelerou no governo Dilma, incluindo uma danosa política de intervenção nos preços de energia e derivados de petróleo. A recessão tem origem, pois, nos governos do PT. Temer, ao contrário do que dizem os petistas, tem a seu crédito as ações para reverter as lambanças, particularmente as do período Dilma. Vários estudos mostram que o Brasil levará de seis a oito anos para restabelecer o nível de atividade econômica e emprego de 2014. Ou seja, os dois primeiros anos do próximo governo, talvez todo o período, serão de baixo crescimento. Além disso, dificilmente haverá um novo maná dos céus.

Não existirão, assim, as condições para o PT cumprir a promessa de restabelecer o ambiente de consumo e de benefícios de seu período de governo. Os petistas exploram a imagem do eleitorado sobre tempos que ficaram para trás. Pura demagogia!


Mailson da Nóbrega -  Veja

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Não faça o que faço


A reação dos petistas à recomendação do Comitê de Direitos Humanos da ONU relativa à candidatura de Lula nas próximas eleições é exemplar do dito popular “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.  Enquanto neste momento há um movimento articulado para espalhar que o governo brasileiro é obrigado a cumpri-la, liberando Lula para ser candidato à presidência da República, em outros o governo petista agiu justamente ao contrário, alegando que comitês tanto da ONU quanto da OEA não têm capacidade de intervenção em questões internas do país.

Assim como hoje, chefiado pelo tucano Aloysio Nunes Ferreira, o Itamaraty no tempo de Lula ou Dilma afirmava que “as conclusões do comitê têm caráter de recomendação e não possuem efeito juridicamente vinculante”.  Em 2011, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) recomendou a suspensão imediata da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, alegando irregularidades no processo de licenciamento ambiental, atendendo a uma medida cautelar de entidades indígenas que questionaram o empreendimento.

O então ministro da Defesa, Nelson Jobim, criticou a solicitação, e sugeriu que a Organização dos Estados Americanos (OEA) fossecuidar de outro assunto”. Mais, o governo da presidente Dilma, em retaliação ao que considerou uma intromissão em assuntos internos, suspendeu o repasse de verba à entidade, de US$ 800 mil.  A diplomacia brasileira classificou a medida de “precipitada e injustificável”, e ainda chamou o embaixador brasileiro de volta, o que, em linguagem diplomática, significa um protesto em nível máximo. [Temer agiu certo em não chamar o embaixador brasileiro de volta, seria valorizar o que tem valor zero; 

para esse comitê inútil da ONU, temos que aplicar o velho e sábio ditado: "enquanto os cães ladram a caravana passa"  e certamente o aloprado comitê não é a caravana.]


Em outra ocasião, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o estado brasileiro pelos “graves crimes” cometidos no regime militar, e declarou sem efeitos jurídicos a Lei de Anistia. Embora petistas tenham gostado da decisão, inclusive o então ministro dos Direitos Humanos Paulo Vanucchi, nada foi feito, por impossibilidade jurídica.   A recomendação de organismos internacionais sobre direitos humanos, base da recomendação atual sobre a candidatura de Lula, sempre foi desprezada pelos governos petistas, que chegaram a fazer uma proposta oficial para que a ONU passasse a tratar os países que violam os direitos humanos com mais condescendência, evitando críticas públicas aos regimes autoritários.

Muito mais que decisões pragmáticas, se abster em votações contra Cuba com relação à violação dos direitos humanos, ou mesmo votar contra uma condenação do governo do Sudão sobre Darfur, onde um conflito étnico matou mais de 200 mil pessoas, fazia parte de uma política de Estado que o governo Lula adotou.  A  ONG Conectas Direitos Humanos denunciou na ocasião a alteração no padrão de votação do governo brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da ONU, seguindo geralmente interesses políticos e comerciais. Da abstenção em 2001 e 2002, o governo brasileiro passou a votar explicitamente contra a condenação da Rússia em 2003 e 2004. O padrão de votação parecia seguir o interesse geopolítico e comercial do governo brasileiro, e não tem relação direta com o conceito de direitos humanos em si.

Além de criticar a conduta como ineficaz, o governo brasileiro considerava, embora informalmente, que o Conselho de Direitos Humanos da ONU estava muito politizado, controlado pelos EUA.  A nota da ONU, destacada por Carlos Alberto Sardenberg em artigo, ressalva que “é importante notar que esta informação, embora seja emitida pelo Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos, é uma decisão do Comitê de Direitos Humanos, formado por especialistas independentes. (Logo) esta informação deve ser atribuída ao Comitê de Direitos Humanos”. Por isso, o Itamaraty do governo Temer, assim como os dos governos Lula e Dilma, considera o comitê que supervisiona o Pacto de Direitos Civis e Políticos, simplesmente isso, um órgão que não tem poder de sanção.


Merval Pereira - O Globo
 
 

sábado, 18 de agosto de 2018

Comitê ligado à ONU cobra que Brasil permita que Lula concorra à eleição: o que é esse órgão, por que decide assim e os efeitos aqui no país

Vamos botar um pouco de ordem na bagunça.


Sim! É verdade! O Comitê de Direitos Humanos da ONU anuiu, em caráter liminar,  com uma petição apresentada pela defesa de Lula, candidato do PT à Presidência, para que este tenha o direito de concorrer às eleições enquanto não se tem o trânsito em julgado da sentença. Em nota, a organização recomenda que o Estado “tome todas as medidas necessárias para garantir que Lula desfrute e exercite seus direitos políticos como candidato das eleições presidenciais de 2018”

Duas questões para esfriar um pouco o ânimo dos petistas: 1: decisão em caráter liminar significa, literalmente, “em caráter provisório”; portanto, pode ser revista; a decisão sai apenas no ano que vem;
2: a divulgação foi feita pelo escritório de Direitos Humanos da ONU, mas é, na verdade, do Comitê de Direitos Humanos, formado por especialistas independentes. Não pode, pois, ser chamada de “uma decisão da ONU”.

Duas questões para esquentar ainda mais o ânimo dos petistas: 1: mesmo sem ser uma decisão da ONU, é claro que se trata de uma vitória do PT;
2: a decisão repercute além das fronteiras do país e ajuda a cobrir a interdição certa ao nome de Lula com uma espécie de manto da ilegitimidade, como quer o partido. [quando a ONU conseguir aplicar sanções à Síria, a Israel, a Venezuela e outros países que violam corriqueiramente os mais elementares direitos humanos, ela pode pretender que o Brasil dê alguma atenção as suas desvalorizadas recomendações.] 
Paulo Sérgio Pinheiro, que integrou a Comissão Nacional da Verdade, que foi ministro dos Direitos Humanos e que preside, hoje, o comitê das Nações Unidas que investiga crimes de guerra cometidos na Síria, afirma que o país assinou um pacto reconhecendo a autoridade do organismo e diz que o país está obrigado a seguir a deliberação. Ele lembra que os 18 experts do órgão independente são eleitos pela Assembleia Geral.  Não é bem assim.
Vale para esse caso o que vale para a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a revisão da Lei da Anistia. Um país não perde a sua soberania ao assinar um tratado internacional. A corte máxima do país é o Supremo Tribunal Federal. 

Um país se expõe, em tese, a consequências quando não cumpre uma determinação de um órgão de que é signatário. Nesse área, as sanções são de ordem moral apenas. Mas, claro!, tem seu peso.
A decisão do comitê está ancorada em duas questões: 1: o Inciso LVII do Artigo 5º da Constituição diz que “ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Lula e outros cumprem pena — logo, sofrem os efeitos de quem é considerado culpado — antes do trânsito em julgado. O Brasil é dos poucos países em que a culpa só é estabelecida depois do julgamento em quarta instância — uma vez que, depois da segunda, ainda há o STJ e o STF. Mas é o que está em sua Constituição;

2: a Lei da Ficha Limpa impõe uma restrição a direitos políticos, que são direitos fundamentais, antes de o próprio estado reconhecer a “culpa”.
Do ponto de vista jurídico, a decisão do comitê não muda em uma vírgula a situação de Lula. Mas é claro que dá ao PT combustível para declarar “urbi et orbi” a perseguição ao petista. [que os petistas façam o que em sua maioria melhor  sabe fazer: latir; 
aproveitem e ladrem bastante enquanto a caravana com o cadáver político de Lula segue seu rumo - que levará em breve Lula para uma penitenciária comum - onde criminosos comuns, condenados, cumprem suas penas = exatamente a situação do Lula.] 

Blog do Reinaldo Azevedo


segunda-feira, 16 de julho de 2018

Desesperado, PT tenta todas as alternativas judiciais para fazer Lula se candidatar

Para manter Lula na disputa, petistas apostam na fragilidade da lei eleitoral e no poder de convencimento dos caciques do partido para atrair o PSB

[O PT = perda total = sabe que se Lula conseguisse ser candidato, seria derrotado, (Lula não tem os votos que os seguidores de sua seita dizem ter) mas, atrairia alguns votos que dariam uma sobrevida ao partido perda total;

Lula não sendo candidato - e não será - o perda total não chega a dezembro próximo.]

O PT prepara estratégias políticas e jurídicas para chegar ao segundo turno das eleições. O caminho, no entanto, não vai ser fácil. No campo eleitoral, a dificuldade é convencer o PSB a embarcar na campanha petista e evitar o fortalecimento de Ciro Gomes, do PDT, na esquerda. Pelo lado da Justiça, os petistas estudam brechas na legislação que possam render recurso que convença a ministra Laurita Vaz, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a conceder um habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A aposta da legenda em Lula continua firme e forte. Embora caciques do partido admitam que há alternativas — como Jaques Wagner, ex-governador da Bahia; e Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo —, eles não dão o braço a torcer, animados, inclusive, por resultados de pesquisas eleitorais. A última sondagem da XP, divulgada na sexta-feira, após tentativa do PT de soltar o ex-presidente com um recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), mostrou um aumento do desempenho do ex-presidente nas intenções de voto de 28% para 30%.

A decisão do desembargador Rogério Favreto de conceder habeas corpus a Lula foi revertida pelo presidente do TRF-4, Thompson Flores, mas gerou impacto positivo ao petista, avalia o deputado federal w.d. (PT-RJ), vice-líder do partido na Câmara dos Deputados. “Todas as pesquisas mostram que ele sobe. O episódio de domingo acabou sendo um fator positivo, politicamente falando”, destaca. Com esses indicativos, o PT promete manter Lula como postulante na corrida eleitoral. “É óbvio que ele será nosso candidato. Que partido abriria mão da sua maior força eleitoral? Dia 15 de agosto, vamos registrar a candidatura no TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”, [garante o fracassado em mais uma tentativa de soltar lula - fingindo esquecer que Lula mesmo solto é ficha suja e não pode ser candidato.]
 
O partido e a defesa do ex-presidente estudam, agora, uma nova estratégia para liberar Lula, tendo como base as decisões de Laurita no STJ, que negou, na semana passada, mais de 260 habeas corpus a favor do ex-presidente. A maioria sustentada com base em um pretenso fato novo, de que Lula é pré-candidato e, por isso, deve ser solto. As centenas de indeferimentos mostram aos advogados que a tática adotada deve seguir por outro caminho. “Vamos tentar tudo que estiver ao nosso alcance, dentro da lei, para tentar liberar o presidente Lula. Mas ainda não temos nada definido”, admite o deputado.

Alianças
No campo eleitoral, o PT espera alinhar o discurso com o PSB. Para isso, o diretório nacional, capitaneado pela presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann (PR), estuda oferecer apoio a candidaturas estaduais pessebistas em Pernambuco, Amapá, Amazonas, Tocantins, Rondônia e Paraíba. A oferta petista balançou a cúpula da legenda, mas ainda não há nada fechado, uma vez que as negociações com o PDT estão em estágio avançado.

A ideia de coligar com uma legenda cujo presidenciável se encontra preso, somada às dificuldades em conseguir alguma vitória na Justiça que o libere, é uma situação que constrange líderes dos partidos com quem o PT mantém conversas, sobretudo diante da impossibilidade de Lula assumir a Presidência da República caso seja eleito, devido à Lei da Ficha Limpa. Por esse motivo, o PR, que conversou com os petistas, não cogita uma coligação. O partido ofereceu, em troca, o posto de vice em uma chapa com o empresário Josué Alencar, filho do ex-vice de Lula, José Alencar. A proposta foi bem avaliada por Wagner, mas rechaçada pela cúpula do PT.

Diante das dificuldades em chegar ao segundo turno, há quem defenda, no PT, o registro da candidatura de Haddad ou Wagner. No último dia antes da definição dos nomes nas urnas, em 17 de setembro, o escolhido seria substituído por Lula. O especialista em direito eleitoral Marcellus Ferreira Pinto, do escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, acredita que “o PT vai tirar proveito das brechas eleitorais”, que, segundo ele, não são poucas.
Para o analista político Cristiano Noronha, sócio da Arko Advice, o TSE deve se manifestar antes de 17 de setembro sobre o registro de Lula. “Já vão ter transcorrido quase 20 dias de propaganda de rádio e televisão. Acho que a Justiça Eleitoral não vai dar tanto tempo para responder”, pondera.
 
Correio Braziliense 

 

quarta-feira, 4 de julho de 2018

A esquerda e a corrupção

Um dos grandes fatores a unir a esquerda, capitaneada pelo PT, à classe média urbana e permitir a ascensão de líderes como Lula, José Genoino, Aloizio Mercadante e José Dirceu era o discurso impiedoso de combate à corrupção.  À sombra desses caciques, assessores parlamentares do PT, como foi um dia o jovem José Antonio Dias Toffoli – que começou sua carreira no petismo na CUT, passou pela Assembleia Legislativa de São Paulo, pela Câmara e chegou ao Planalto com a eleição de Lula –, eram fontes disputadas pela imprensa pelo que levantavam de irregularidades em governos aos quais o partido fazia oposição.

Treze anos de governo de dois presidentes do PT, um impeachment, mensalão e petrolão depois, o que se vê é a esquerda brasileira chegar às urnas tendo abdicado sem titubear à discussão sobre combate à impunidade, reforço nas leis de combate à corrupção muitas aprovadas no governo Lula – e compromisso com a transparência na gestão pública.  Atados irremediavelmente à “narrativa” de que Lula e o partido são vítimas de perseguição da Justiça, da Polícia Federal, do Ministério Público, do Congresso e sabe-se lá de quantas outras instituições, os petistas renunciaram, até, a louvar decisões que atingem adversários, como Eduardo Azeredo, ex-grão-tucano condenado e preso como Lula, ou Eduardo Cunha, algoz de Dilma Rousseff e sem nenhuma perspectiva de soltura.

Fazê-lo significaria reconhecer que há uma nova perspectiva, que nasce da PF, do MPF e das instâncias iniciais do Judiciário, de utilizar os mecanismos disponíveis nas leis e nos códigos para garantir que crimes do colarinho-branco (de quaisquer partidos) sejam efetivamente pagos e seus praticantes, punidos. A esperança dos partidos que antes empunhavam a bandeira da ética nos palanques e nos programas do horário eleitoral é que seu líder máximo conte com uma ajuda na undécima hora de ministros de uma Corte cindida, como é hoje o STF, para poder concorrer à Presidência da República. Mas Lula foi condenado em duas instâncias, e o STF não pode rever a condenação, apenas mexer eventualmente na pena ou no regime de cumprimento. Os petistas não se importam.  Outras condenações podem vir em vários processos a que Lula responde. Perseguição, repetem. Mas a Lei da Ficha Limpa fala em condenação por colegiadoo que Lula já tem e não em condenação final. Golpe, só para tirar Lula do pleito.

Divorciada da própria história, a esquerda abre mão de dialogar com o conjunto da sociedade, que elegeu a corrupção como assunto central em 2018. Trata-se de uma decisão que cobrará um preço maior que a pena deste ou daquele companheiro.


Vera Magalhães - O Estado de S. Paulo


sábado, 26 de maio de 2018

Palocci afunda o PT - Palocci revela em detalhes a trilha do dinheiro da propina até os petistas

Revelações do ex-ministro Antônio Palocci, feitas em sua delação premiada, explodem uma nova bomba no PT e aniquilam os ex-presidentes Lula e Dilma, além de Gleisi Hoffmann. 

Ele revela em detalhes a trilha do dinheiro da propina até os petistas

Na primeira vez em que ficou frente a frente com o juiz Sergio Moro, em abril de 2017, o ex-ministro e ex-todo-poderoso do PT Antônio Palocci já completava sete meses na cadeia. Foi quando resolveu dar o primeiro passo em busca de um acordo de delação premiada. Ao final de seu interrogatório como réu da Lava Jato, Palocci mandou um recado: “Eu tenho informações para mais de um ano de Lava Jato e entrego tudo: operações realizadas, nomes, endereços”. Desde então, Palocci foi condenado a 12 anos de prisão, denunciado mais três vezes pelo Ministério Público Federal e teve sucessivos pedidos de habeas corpus negados pela Justiça. Agora, Palocci já está preso há 20 meses. A perspectiva de não sair tão cedo da cadeia levou-o ao desespero: emagreceu dez quilos e mergulhou em depressão profunda. Por isso, resolveu escancarar seu explosivo baú de confidências à Polícia Federal.

 ISTOÉ apurou que a delação contém elementos suficientes para dinamitar o PT, partido que ele ajudou a fundar. Suas revelações, feitas em longos depoimentos à PF em abril, envolvem principalmente os ex-presidentes Lula e Dilma, a quem acusa de práticas de corrupção estratosféricas. “A delação de Palocci destrói o PT”, diz um delegado da PF que participou das oitivas do ex-ministro. O roteiro está concluído e deve servir de base, nas próximas semanas, para novas condenações dos protagonistas do esquema. Como coordenador das campanhas que elegeram Lula e Dilma, Palocci detalhou à PF como eles usaram e abusaram de recursos das empreiteiras, desviados da Petrobras, para financiar as milionárias campanhas eleitorais e também utilizar o dinheiro sujo para o enriquecimento pessoal. E tudo armado dentro do gabinete presidencial no Palácio do Planalto.

A rota da propina
No depoimento, Palocci indicou a rota da propina, não se limitando a revelar como funcionava o esquema de corrupção. Ele citou valores, as empresas que pagavam as propinas e explicou como o dinheiro chegava às mãos dos petistas. Detalhadamente. Forneceu até o nome do motorista que fazia o transporte do dinheiro e as senhas que Lula usava na hora de se referir ao pagamento da propina. Como não dirigia seu próprio carro, Palocci mandava seu motorista particular levar os valores. Na delação, o ex-ministro apresentou datas, horários e locais onde o dinheiro era entregue. Um pacote chegou a ser deixado na sede do Instituto Lula em São Paulo por “Brani” ou Branislav Kontic, assessor direto do ex-ministro, num final de semana, fora do horário do expediente. No total, o ex-presidente, segundo Palocci, recebeu mais de R$ 10 milhões em dinheiro vivo das mãos de Brani. No apagar das luzes de 2010, quando Lula estava na iminência de deixar o Palácio do Planalto, o assessor transportou várias remessas de dinheiro vivo ao petista, em quantias que somavam R$ 50 mil cada pacote. Lula demonstrava discrição. Às vezes, mandava deixar o malote num local previamente combinado. Em outras ocasiões, escalava Paulo Okamotto para o serviço sujo.

As necessidades de lula
Esse dinheiro, de acordo com o depoimento de Palocci, servia para o ex-presidente custear suas próprias despesas. Todos os valores milionários estavam “depositados” na conta “Amigo”, mantida no departamento de propinas da Odebrecht.

A conta chegou a ter R$ 40 milhões para atender as necessidades do ex-presidente. Os valores só podiam ser movimentados com autorização de Palocci, o “italiano”. O dinheiro era uma contrapartida à facilitação das operações da Odebrecht no governo Dilma, com quem Marcelo não tinha boa relação. Na delação, Palocci conta que, entre o final de 2013 e início de 2014, sacou da conta “Amigo” R$ 4 milhões para cobrir um rombo nas contas do Instituto Lula.

 Dessa vez, o ex-presidente designou Okamotto para cumprir a tarefa. Não teria sido a primeira nem a última. As expressões “resolve com o Okamotto” ou “o Okamotto vai lhe procurar” eram a senha para o recebimento da propina.“O Paulo Okamotto (presidente do instituto) me disse que tinha um buraco nas contas e me pediu ajuda para resolver”, explicou Palocci. Okamotto falava em nome de Lula. Autorizado por ele. Sempre.


 (...)

As malas de diamantes de Cabral
PF rastreia dinheiro desviado por Sérgio Cabral e encontra indícios de que a propina foi usada para comprar a preciosa pedra, depositada hoje num banco em Nova York. Palocci sabia de esquema
Ao contrário dos corruptos convencionais, acostumados a guardar propina em mala de dinheiro, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral criou um esquema ainda mais sofisticado para camuflar o dinheiro sujo da corrupção. Como os árabes, Cabral cultivava o hábito de usar os bilionários recursos desviados para adquirir malas e malas de diamantes. A Polícia Federal suspeita que as maletas contendo as pedras preciosas estejam depositadas numa instituição financeira norte-americana dentro de um cofre. Eram recorrentes as viagens de Cabral para Nova York a bordo de dois jatinhos: um de propriedade de Eike Batista e outro cujo dono era Andre Esteves, do BTG. Há indícios de que o dinheiro para compra de diamantes teria sido transportado pelas duas aeronaves.

Quando pousava em Nova York acompanhado de sua entourage, Cabral invariavelmente se hospedava no luxuoso St. Regis localizado na 55th street. Segundo apurou ISTOÉ, o ex-ministro Antonio Palocci era um dos que tinham conhecimento do esquema. E poderá esclarecê-lo caso haja interesse por parte do Ministério Público e da PF.  Como se sabe, cerca de 90% dos diamantes nos Estados Unidos entram por Nova York. A capital norte-americana dos diamantes, que abriga em Manhattan o Diamond District, entre a quinta e a sexta avenida, só perde em importância para Antuérpia, na Bélgica, onde são comercializados 80% dos diamantes brutos e 50% dos lapidados no mundo. O bairro cresceu em importância quando os nazistas alemães invadiram a Holanda e a Bélgica, forçando milhares de judeus ortodoxos a seguirem pelo caminho dos negócios de diamantes, no intuito de fugir de Antuérpia e Amsterdã e se estabelecer em Nova York.

A maioria deles permaneceu após a Segunda Guerra Mundial, e continuam a ser uma influência dominante. Com a investigação, que pode contar com a contribuição de Palocci, a PF espera encaixar a última peça do quebra-cabeças do bilionário esquema de Cabral: para onde ele mandou a maior parte da propina que amealhou. A cada avanço na apuração, a PF reforça a convicção de que o dinheiro lapidado por Cabral acabou convertido em reluzentes diamantes.

 MATÉRIA COMPLETA em IstoÉ

 Germano Oliveira e Tábata Viapiana 

terça-feira, 8 de maio de 2018

Agressão covarde de petistas a empresário, no Instituto Lula, deve ir a júri popular

MP-SP pede júri popular para agressão de empresário no Instituto Lula


O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu que sejam pronunciados a júri popular os três homens investigados pela agressão ao empresário Carlos Alberto Bettoni na noite de 5 de abril em frente o Instituto Lula, em São Paulo. Segundo a Promotoria, os três – apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teriam praticado tentativa de homicídio com dolo eventual, crime que vai a júri.

Manoel Eduardo Marinho, o “Maninho do PT”, ex-vereador de Diadema, seu filho Leandro e o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Paulo Cayres, o “Paulão”, foram indiciados pela Polícia Civil. Todos negam a acusação. Alegam ter reagido a provocações de Bettoni.
No dia 5, Bettoni foi empurrado em frente ao instituto e bateu a cabeça no para-choque de um caminhão. Ele foi internado com traumatismo craniano. O episódio aconteceu durante um tumulto no local, pouco depois da divulgação da informação sobre a ordem do juiz Sérgio Moro para prender Lula, condenado a 12 anos e 1 mês na Lava Jato. 

O petista está preso desde 7 de abril em Curitiba.
No fim de abril, o empresário pediu à Justiça para prestar novo depoimento e solicitou que duas “testemunhas oculares” sejam ouvidas. Para a defesa de Bettoni, houve “indevida tomada de declarações da vítima” no dia 19, já que o depoimento “foi realizado sem autorização de sua família ou de seus advogados bem como sem que houvesse autorização médica”.[tudo indica que a tomada irregular do depoimento do empresário foi uma tentativa (fadada ao fracasso) de favorecer os criminosos petistas;
vale lembrar que agora ficou bem mais fácil punir os criminosos petistas, haja vista que seu grande líder continua encarcerado.]

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

quarta-feira, 7 de março de 2018

Câmara pagou viagem de petistas a Porto Alegre no julgamento de Lula no TRF-4

Deputados do PT que foram a Porto Alegre em janeiro, durante o recesso parlamentar, para acompanhar o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região tiveram despesas como passagem aérea, hotel, transporte e alimentação pagas pela Câmara. Levantamento do Estadão/Broadcast mostra que 12 dos 57 deputados do partido pediram reembolso por despesas que, no total, somam ao menos R$ 21,6 mil.

Os custos com a viagem foram pagos com a cota parlamentar a que deputados têm direito mensalmente para custearem gastos com o mandato. Mais conhecido como “cotão”, o benefício varia entre R$ 39,5 mil e R$ 44,6 mil, dependendo do Estado do parlamentar. 
A Câmara afirma que o uso dos recursos para atividades partidárias é permitido pelo regimento interno. [assistir julgamento de criminoso para o PT, um partido que é uma ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA,  deve ser realmente a mais importante atividade partidária.]  única proibição é ao uso da cota para fins eleitorais, o que não seria o caso da viagem a Porto Alegre.

Reunião
No dia 23 de janeiro, véspera do julgamento que confirmou a condenação de Lula na Lava Jato, o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), convocou reunião da bancada em Porto Alegre, para debater as “linhas gerais do plano de ação para o primeiro semestre”.

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui 


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Impunidade no forno


Como o Congresso fracassou e teve de recuar em suas tentativas de “estancar a sangria” da Lava Jato, esse papel pode ser exercido, nada mais, nada menos, pelo Supremo Tribunal Federal. Basta o plenário tomar duas decisões: restringir o foro privilegiado dos políticos com mandato e acabar com a prisão após condenação em segunda instância. Essas duas decisões, somadas, significam que muitos criminosos de colarinho branco já presos serão soltos e muitos dos que estão na bica para ser presos já não serão mais. Uma equação perfeita cujo resultado tem nome: impunidade.
[tudo é  possível, o roteiro pode ocorrer; mas uma certeza permanece =- Lula continua inelegível - talvez solto, mas, não pode ser candidato.
O que reduz e muito os malefícios do hipotético, porém possível, acordão.]

Como funciona? Assim: 1) o Supremo formaliza o fim do foro privilegiado e empurra os políticos para a primeira instância, em seus redutos eleitorais; 2) o processo praticamente recomeça do zero e pode demorar anos até o acusado ser julgado e condenado pelo juiz e depois pelo TRF; 3) e, com a revisão simultânea da prisão em segunda instância, pelo próprio Supremo, não acontece nada com o réu. Ele vai continuar entrando com recurso atrás de recurso, livre, leve e solto.


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sábado, 17 de fevereiro de 2018

Gleisi ataca a intervenção; petistas dizem que votarão contra a medida. Certo! Para eles, Rogério 157 poderia ser um Lênin!!!

Ah, mas que piada!

Os descontentes com a intervenção federal na área de segurança pública do Rio, vejam vocês, são os petistas e o deputado Jair Bolsonaro. Tudo muito explicável, não é mesmo? A senadora [e ré] Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, saiu-se com uma explicação muito original. Segundo a preclara, o presidente Michel Temer só tomou essa medida para reprimir os movimentos sociais. [os petistas votarem contra a intervenção nada significa - a insignificância numérica da bancada do partido dos trouxas, torna insignificante que votem a favor ou contra a intervenção.
A postura de Bolsonaro contra a intervenção tem justificativa: qualquer análise isenta da medida, deixa claro que com a Constituição atual é impossível combater o crime organizado ou qualquer outro tipo de crime.
As leis atuais favorecem os bandidos; o pretexto de respeito aos direitos humanos torna inútil qualquer tentativa de realizar operações de busca e apreensão, de cerco e asfixia - é iniciar a operação e logo alguma associação de advogados ou algum membro do MP vai entrar com uma ação contra a operação alegando violação do principio da  'inviolabilidade de domicilio', da 'livre circulação de pessoas' ou outro argumento pró bandido - fartos na CF, especialmente no artigo 5º.
Hoje mesmo,um especialista se manifestou em determinado jornal que as Forças Armadas não podem entrar em nenhuma casa - quando qualquer 'homo sapiens' ou mesmo 'mulher sapiens' sabe que em situações especiais um domicilio pode ser invadido, até mesmo durante a noite, sem mandado judicial e contra a vontade do morador - ironicamente essa excepcionalidade é prevista no  inciso XI do famoso art. 5º.]


Olhem aqui: esta senhora comanda um partido de oposição ao governo. É natural que seja crítica à administração. É próprio da democracia. Mas convenham: ela poderia sofisticar minimamente as burrices que diz. Os líderes petistas já anunciaram que o partido votará contra a matéria quando esta chegar ao Congresso.  Ótimo! Façam isso mesmo. Tudo o que eu espero de petistas é que revelem a sua real natureza, colocando-se contra os interesses da população. 

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui


sábado, 7 de outubro de 2017

O pêndulo de Aécio

Chegou-se perto de uma crise institucional. Na guerra pública entre poderes oscilava o pêndulo que definiria o futuro do senador tucano, Aécio Neves. Esse destino era ao menos a justificativa oficial para a querela. Na prática, o mote era outro. E as motivações também. 

De um lado, a evidente intromissão da Suprema Corte, com uma condenação indevida, que não se justificava à luz da Constituição, deu combustível aos congressistas para a resistência. Do outro, uma casa parlamentar repleta de malfeitores aproveitava a chance do escorregão dos senhores magistrados para advogarem em causa própria. “Hoje é Aécio, amanhã serei eu”, disse um dos votantes a interlocutores. Argumentos a favor e contra a mobilização multiplicaram-se desde que o STF decidiu, há alguns dias, punir o tucano com medidas cautelares substitutas à prisão. No caso, o recolhimento noturno do parlamentar e a proibição de exercício do mandato. Está escrito na Carta Magna que senadores e deputados só poderão ser presos em flagrante delito e por crime inafiançável. 

Concretamente, o recolhimento noturno equivale a uma prisão preventiva em regime semiaberto. Ou seja: como ele não pode sair de casa à noite estaria efetivamente retido, privado de seu direito de ir e vir, antes de uma condenação final. A medida foi considerada arbitrária não apenas por parlamentares como também por juristas e advogados da banca privada. Mas como a Corte é soberana ficou difícil o recuo. [vale destacar que não se trata de uma Suprema Corte formada por ministros, a exemplos das existentes em países democráticos, e, sim, de uma Suprema Corte formada por SUPREMOS MINISTROS, que eu seus devaneios se consideram deuses,  portanto, portadores do dom da infalibilidade.] Assim Aécio, de mera desculpa para a causa maior da impunidade de seus pares, se converteu em estandarte da tropa que queria partir à briga. 

No limite, o ministro do Supremo, Luiz Fux, alertou que o descumprimento da decisão judicial levaria ao caos político. Seu ex-colega de tribunal, Joaquim Barbosa, seguiu no mesmo tom e disse que a revogação do ato pelo Congresso “seria o fim da democracia no Brasil”. O clima esquentou. Na fatídica noite da última quarta, quando a tensão chegou ao limite, a plenária dos senadores recebeu discursos inflamados a favor do confronto – um circo armado com muitos incendiários. O senador Fernando Collor, por exemplo, já deposto da presidência e também às voltas com as investigações da Lava Jato, bradou em alto e bom som contra os procuradores-gerais da República, chamando-os de “canalha”, “calhorda” e “sujeitinhos à toa”. O peemedebista Jader Barbalho acusou o Judiciário de sonhar com a ditadura enquanto o aliado Renan Calheiros, ex-presidente do Senado e detentor de 17 inquéritos por desvios, falou em “estado policialesco” vivido no Brasil. 

A reação corporativista e multipartidária abarcou até mesmo petistas, rivais históricos do tucanato. Defendiam, naturalmente, a própria pele. Reclamavam do Legislativo sendo “achincalhado” pelo Judiciário, de um “atentado à democracia”, mas o que queriam mesmo era impor na marra um freio às investigações e punições. Prevaleceu o bom senso. Por mais de 50 votos a tentativa de rever as deliberações do STF teve a votação adiada. Uma bem armada articulação de bastidores se desenvolveu horas antes. A presidente do Supremo, Cármen Lúcia, havia se reunido com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, para selar a paz temporária e apaziguar os ânimos. 

O plano: uma votação que ocorre no próximo dia 11 dentro do STF sobre medidas cautelares virou agenda providencial para uma saída diplomática. Provavelmente, no caso de parlamentares, as tais medidas cautelares passarão a ser submetidas ao Congresso. Superada a polarização, o levante daqueles que almejavam a impunidade terá de ser aplacado. No pêndulo de Aécio a tendência ainda lhe é favorável. Ele deverá se livrar, ao menos por enquanto, do pesado castigo. Dentro do Partido, uma discussão banal e custosa se desenvolve sobre a sua saída prematura do comando da sigla. Energia gasta à toa. A sucessão está para ocorrer, de uma maneira ou de outra, em breve. Mas o tucanato, para não fugir à regra, adora uma briguinha por nada.

Fonte: Editora IstoÉ -  Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três

sábado, 15 de julho de 2017

Selfies, cafezinho e baderna

Cabe agora discutir os problemas éticos e legais levantados pelo episódio, lamentável sob qualquer ângulo, de um grupo de senadoras ocupando a mesa do plenário para tentar barrar, na marra, a votação da reforma trabalhista – de mais a mais, um avanço para o restabelecimento da normalidade nas relações entre capital e trabalho. A cena surreal configurou um acinte ao povo, à ordem constituída, à democracia. Ninguém que assistiu ao ocorrido encarou de forma passível, serena, tamanha petulância.

Esse Congresso, entretanto, é extraordinário. Seus titulares, majoritariamente os da oposição, como digníssimos representantes ungidos pelo voto, possuem ideias por assim dizer medievais, ultrapassadas, sobre como resistir. Não são suficientes medidas regimentais, protestos ao microfone ou articulação de bancada. Recorrem à obstrução física, na base da força. Imaginam-se guerrilheiros em tempos sombrios de uma ditadura longínqua, muito embora proclamem ter promovido a modernização e a redemocratização do País. Seja como for, qualquer um classificaria como abominável, ridículo, beirando o escárnio, aquele comportamento das parlamentares. Ele dá a exata dimensão da decadência a que chegou a política brasileira. Foram as petistas Gleisi Hoffmann, Fátima Bezerra e Regina Sousa, além de Vanessa Grazziotin (do PCdoB), meras marionetes manipuladas como em um jogral lobista de sindicalistas da CUT, esses contrariados principalmente com o fim do imposto que banca as suas agremiações. 

Por oito intermináveis horas, as senadoras tomaram de assalto a Mesa Diretora e a transformaram em um picadeiro com direito a show de palhaçadas, cafezinho, lanche e “selfies”. Atuaram tal qual colegiais que se rebelam na sala de aula. Faltou o corretivo da direção. O patético espetáculo é altamente representativo do casuísmo “made in Brazil”, clássico recurso de anarquistas quando perdem o argumento e partem para a arruaça pura e simples, numa atitude de desespero. O ardil leguleio, contra o princípio da razão e da dignidade, preenche o vazio do interesse público, colocado em segundo plano quando o que se está em jogo é a disputa partidária, a guerra pela tomada de poder. O País vive tempos difíceis, de advogados chicaneiros, de empresários desavergonhados (alguns poucos, é verdade) e de políticos cuja hombridade nas ações segue questionável. 

Esses últimos são os piores. Os congressistas, de modo geral, habitam um mundo onde as versões predominam sobre os fatos, as declarações e atitudes são usadas mais para esconder do que para mostrar. Aquelas senadoras da fuzarca não estavam preocupadas com eventuais perdas ou retrocessos dos direitos trabalhistas. Muito menos agiam em prol do interesse público. Contou mais o que poderiam levar no intento de sabotar qualquer projeto desenvolvimentista do Executivo. Incorreram naturalmente em quebra de decoro. E no caso de algumas delas, não foi sequer a primeira falta passível de condenações judiciais. Mas para elas pouco importa. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, recém-eleita para comandar a sigla, que o diga. Ela adotou a tática do tumulto, das negociatas deploráveis e da gritaria em sessões do Congresso como método de política. Quer misturar todos no mesmo balaio de malfeitos e bagunça para escapar de suas penas e livrar correligionários, ainda mais graduados, do mesmo fim. 

Agora Gleisi e sua trupe sonham fervorosamente com a deposição do presidente Temer. Trabalham a qualquer custo, e fazendo uso de métodos nada republicanos, para isso. Com estafante insistência de uns tempos para cá falam de uma deposição a ser feita para salvar o Brasil do caos. Não admitem que foram eles os próprios responsáveis por tamanho caos. A decadência moral, a ambiguidade ideológica e os fins inconfessáveis de retomada do Planalto para servir de abrigo contra eventuais ofensivas da lei não lhes permitem esclarecer que a transição para um novo governo em mandato-tampão não é garantia nenhuma (ao contrário) de supressão do azougue. Os designados do parlamento continuarão tomando cafezinho, mancomunando entre si no seu universo paralelo e promovendo despautérios como o da semana passada, de acordo com as suas conveniências – que quase nunca coincidem com as da Nação.

Fonte: Editorial - Revista Isto É - Carlos José Marques, diretor editorial

 

terça-feira, 6 de junho de 2017

Joesley gravou conversas com Temer e Aécio, mas não entregou provas contra Lula

José Nêumanne: Falta alguma coisa nessa delação



Até agora o professor Michel Temer não renunciou à Presidência para resolver a crise criada com as delações premiadas dos irmãos Batista, principalmente Joesley, da Friboi. Ao resistir, tem amealhado a cumplicidade de antigos adversários frouxos, hoje ferrenhos aliados, do que foi, durante a roubalheira nos três governos e meio de Lula e Dilma, do PT, em associação com o PMDB, o soit-disant maior partido da oposição. Era tudo mentira, fingimento. Hoje o PSDB é acusado, e com evidências bastante lógicas e sólidas, de ser sócio no descalabro e companheiro na derrocada da imagem que o tem tornado um bando de párias eleitorais.

Conforme relatou a repórter Isadora Peron, da Sucursal do Estado em Brasília, ministros tucanos se reuniram domingo com Temer no Palácio do Jaburu para lhe garantir que o partido, “por ora”, vai continuar na base aliada. A permanência do PSDB no governo dá fôlego a Temer, que enfrenta nesta semana o início do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode levar à cassação do seu mandato. Participaram do encontro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades), que deu o voto decisivo para sacramentar o impeachment de Dilma e chegou a ameaçar entregar o cargo no dia em que a delação dos empresários do Grupo J&F veio a público. Segundo um dos ministros, a reunião da Executiva do partido foi marcada para quinta-feira 8, mas terá como objetivo fazer uma “análise de conjuntura”, e não decidir se o PSDB deixará o governo.

Na semana passada, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), havia anunciado que a cúpula da legenda se reuniria na terça-feira 6 para definir uma posição em relação ao governo. Na mesma ocasião, Pauderney Avelino (DEM-AM) deixou claro que seu partido seguirá a decisão, que, na verdade, não configura nenhuma “escolha de Sofia”. Os tucanos continuarão em cima da muralha do oportunismo e o DEM, à sombra dela.

Na Câmara, a bancada tucana, com 46 deputados, está dividida. Uma eventual saída do partido da base, entretanto, depende do aval da Comissão Executiva. Ou seja, ela cumpre o papel histórico da legenda de repetir o ser ou não ser do príncipe Hamlet da Dinamarca. E, jogando no lixo sua promessa eleitoral de representar parte da sociedade que esperava deles a resistência contra os ladravazes da República, seus parlamentares aderiram à resistência de Temer mantendo o apoio ao governo zumbi, sem moral alguma para exercer a autoridade que lhe compete, num abraço cego, surdo e loquaz de afogados insensíveis e mentirosos, que mantém a Nação vítima de sua desumana aliança apodrecida, mas também inquebrantável.

Esta é uma tragédia para todos, mas acima de tudo para a Nação. O Poder Executivo se pintou de guerra para defender o chefe e, com ele, suas mamatas nos carguinhos do governo. O Legislativo está totalmente dominado por suspeitos de cumplicidade na corrupção. E o Judiciário, controlado por uma maioria de indicados, sócios e suspeitos, garantirá uma vitória dos réus no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, por quatro a três. E por seis a quatro no Supremo Tribunal Federal (STF).

A opinião pública está perplexa diante dessa perspectiva. Para complicar, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem sido rápido e rigoroso contra Temer, o ex-presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), e outros flagrados na tal “ação controlada”. Mas não dá respostas a questões básicas para justificar a liberdade gozada no exterior pelos delatores premiados. Por exemplo: nunca identificaram, processaram nem prenderam os bandidos que, segundo foi informado para justificar o prêmio excessivo para eles, os ameaçaram de morte, o que justificou a leniência excessiva. Quem ameaçou? Por quê?

Além disso, nada se comenta sobre eventual punição aos responsáveis pelo enriquecimento vertiginoso e ilícito dos marchantes de Anápolis que viraram tranchãs da produção e comercialização de proteína animal no mundo. Segundo reportagem de Marcelo Godoy, no Estado, a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista valeu-lhes o perdão de crimes cujas penas somadas individualmente poderiam alcançar de 400 a 2 mil anos de prisão. Estatísticas da Procuradoria-Geral da República revelam 240 condutas criminosas, reunidas nas confissões dos delatores e em 42 anexos entregues pelo órgão ao Supremo Tribunal Federal (STF). Levantamento feito pelo repórter dá conta de que foram relacionados oito tipos de crimes, entre eles 124 de corrupção e 96 de lavagem, praticados por mais de uma organização criminosa. Segundo Godoy, especialistas em Direito Penal indicam que, em tese, muitas das condutas delatadas, apesar de autônomas, foram praticadas de forma continuada, como se fossem desdobramentos de um mesmo crime. É o caso da lavagem de partes de uma mesma propina por meio de ações diferentes para dissimular o dinheiro, tais como o uso de notas frias para encenar relações comerciais, o superfaturamento na compra de imóveis ou o uso de contratos fictícios de honorários advocatícios. Assim, as penas pelos delitos poderiam cair para algo em torno de 230 anos no mínimo e 1,3 mil anos no máximo. Cáspite!

A análise desses dados reacende a polêmica em torno das vantagens concedidas aos Batistas nos termos do acordo de delação assinado com o Ministério Público Federal (MPF): eles não poderão ser processados por nenhuma das 240 condutas criminosas, recebendo ainda imunidade em outras investigações em andamento e o perdão judicial caso sejam denunciados em outros processos. Os empresários pagaram ainda multa de R$ 110 milhões, valor considerado insuficiente por juristas pelos malfeitos cometidos. Os delatores são ainda suspeitos de usar o acordo com o MPF para lucrar com operações de venda de dólares aproveitando-se da divulgação das delações, suspeita que fez a Justiça Federal decretar o bloqueio de R$ 800 milhões do Grupo J&F.

O repórter citou em seu texto crítica feita pelo criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira: “São (os Batistas) criminosos antigos, reiterados e sem nenhum escrúpulo. A delação premiada não pode ser transformada em um instrumento de impunidade”. Ele defende um dos 1.829 políticos delatados: o presidente Michel Temer, seu velho amigo.
A reportagem citada é leitura obrigatória, pois também mostra que, além de corrupção e lavagem de dinheiro, os delatores da holding J&F revelaram financiamentos por caixa 2 de campanhas eleitorais de partidos políticos. O PT e seus integrantes lideram o ranking dos destinatários das propinas, concentrando R$ 616 milhões de cerca de R$ 1,4 bilhão que os Batistas confessaram ter pago.  

Especialista em combate à lavagem de dinheiro ouvido por Marcelo Godoy, o promotor de Justiça Arthur Pinto de Lemos Junior, do Grupo de Atuação Especial Contra Delitos Econômicos (Gedec), acha que a extensão e a qualidade da delação fortaleceram a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de conceder os benefícios dados aos Batistas. Segundo ele, “os ilícitos revelados são todos inéditos, eram desconhecidos até então, e o Ministério Público Federal não ia descobri-los se não fosse a iniciativa dos colaboradores.”

O problema é que, sabidamente, há farta produção de provas sobre os delatados do PMDB de Temer e do PSDB de Aécio, Aloysio e Serra,. Mas nenhuma prova documental do uso das duas contas que, segundo Joesley Batista, foram abertas em seu próprio nome e eram manipuladas por Antônio Palocci (o Italiano da Odebrecht), primeiro, e Guido Mantega (o Laticínio, apud Mônica Moura), depois, em favor dos ex-presidentes petistas. Isso não impediu que Lula chamasse o próprio protegido de “canalha” na reunião do PT no fim de semana.

É bem verdade que hoje são vazadas informações de que o Italiano e o Laticínio (ou Latrocínio?) se dispõem a delatar para alterar esse quadro, mas nenhum fato foi confirmado. Além do mais, a abundância de milhões em reais de dinheiro público emprestados aos goianos gestores de matadouros pelo economista Luciano Coutinho quando presidia o  Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que tornou possível que prosperassem muito, continua oculta sob um tapete vermelho (a cor do PT). Enquanto esses fatos não vierem à tona, haverá dúvidas e suspeitas. Já passou da hora de revelá-los com a mesma miríade de provas como as que surgiram com gravações e documentos que incriminam muitos chefões partidários, à exceção dos petistas.

 Publicado no jornal O Estado de S. Paulo


Petistas: duas falácias para justificar a corrupção

Duas das falácias mais comuns utilizadas pelos esquerdistas são a tomada do todo pela parte ou o contrário. Chamo a estas falácias de estratégia da justificação defensiva – na literatura lógica são chamadas de falácias da divisão e da composição.

Na composição, o sofisma consiste em sustentar que o todo possui a mesma propriedade da parte. Você afirma neste caso, que existem padres pedófilos e conclui que todos os padres são pedófilos. Na divisão, se dá o inverso. A falácia é apologética pelo seguinte motivo. Você diz que o PT é o partido mais corrupto da história moderna da humanidade – esta é uma verdade objetiva, é a parte que importa, no caso- e vem o esquerdista alegando que todos, de certo modo, somos corruptos, que a corrupção é um mal estrutural do capitalismo, em maior ou menor escala, que sempre esteve presente na nossa história e nas pequenas atitudes dos brasileiros, como dar um jeitinho nas coisas, tentar subornar um policial, colar nas provas e por aí vai ( o todo que justifica). O esquerdista avança o pseudoargumento segundo o qual a nação inteira é corrupta; assim não devemos nos indignar com o Petrolão, nem culpar o PT, por exemplo, porque somos, indiretamente, responsáveis pela corrupção – o todo que justifica-.
 
A falsa premissa de que todos somos desonestos se infere de uma outra, mais ampla, antiga e oculta no argumento comunista, a de que a sociedade, sob o domínio da burguesia, é corrupta de modo sistêmico. Não faz muito que a filósofa oficial do comunopetismo, Marilena Chauí, desandou a defender este estrupício conceitual e a vociferar contra a classe média, que ela diz ser criminosa. Como se nos regimes comunistas o signo principal, descontados asperseguições, as mortes, a opressão cotidiana e a miséria, não fosse, justamente, a corrupção. Já aos verdadeiros bandidos, Chauí empresta solidariedade.

Assim, como não podem negar que o PT roubou de forma inigualável, a estratégia é suavizar o crime, tornando-o difuso. No âmbito das ações da Lava Jato, não são apenas petistas que apareceram como ladrões, é verdade. Mas o PT, a nova oligarquia sindicalista liderada por Lula, assaltou o país em associação om oligarquias mais antigas, repreentadas pelo PMDB e PP, sobretudo e que há mais de cem anos dominam as estruturas partidárias brasileiras. Mas isso nada tem a ver com a seguinte verdade: a grande maioria, das pessoas, no mundo capitalista e democrático, são honradas e se comporta nos limites da moralidade e da legalidade e condena, desde os pequenos até os megadelitos. 

Acentue-se que as pessoas não são honestas e decentes porque existem leis que as proíbem de não sê-lo, e sim porque se comportam de acordo com regras de um direito natural que reconhecem como universalmente válido. A existência de leis positivas impõe limites e sanções apenas para infratores. Mais ainda: não há termo de comparação entre a alegada leniência com pequenos delitos, que a tigrada intelectual esquerdista, nos atribui, e a megacorrupção induzida politicamente pelo PT e seus consorciados . Este sim é uma organização criminosa que se intalou no estado, que inaugurou o Mensalão e o Petrolão, como continua a revelar a Lava-Jato..

Esquerdistas caras-de pau (isto é uma redundância) partem para explicar a parte (a corrupção petista) pelo todo (más condutas genéricas das pessoas num sistema econômico moralmente degenerado, o capitalismo) para justificar a roubalheira desbragada de um partido político revolucionário, uma organização criminosa, na ideologia e nos métodos, que tentou eternizar-se no poder minando toda a base moral das relações sociais, econômicas e políticas do país. As consequências do avanço petista sobre a sociedade brasileira se farão ainda sentir por décadas.

Fonte: MSM - Luis Milman é jornalista e professor de filosofia.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

‘Pra cima de mim?’ E ainda pode piorar muito...

Os petistas, há muito tempo, especializaram-se em insultar a inteligência alheia, enquanto seus dirigentes tramavam o assalto ao Erário assim que chegassem ao poder


Os petistas, há muito tempo, especializaram-se em insultar a inteligência alheia, seja quando garantiam ser o baluarte da ética na política, enquanto seus dirigentes já tramavam o assalto ao erário assim que chegassem ao poder, seja ao louvar as “conquistas” dos governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, no momento em que o País tenta a duras penas recolher o que restou da economia depois de estraçalhada pela dupla. Nos últimos tempos, os petistas levaram essa expertise a níveis inéditos para defender, contra carradas de evidências, a inocência de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.

O último a fazê-lo foi o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que, em entrevista ao jornal O Globo, tentou desmentir a delação do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, responsável pelas campanhas eleitorais de Lula em 2006 e de Dilma em 2010 e 2014. Como se sabe, Santana e Mônica disseram à Justiça que Dilma não apenas sabia do uso de dinheiro proveniente de caixa 2 em sua campanha, como tratou pessoalmente do assunto com eles. Na versão de Cardozo, essa informação é “totalmente inverossímil”, porque “a orientação da Dilma era muito clara” para que se recusasse dinheiro de caixa 2. Ao que João Santana, em nota, respondeu: “Pra cima de mim, José Eduardo?”.

Os brasileiros honestos, que lutam para pagar suas contas em dia, certamente farão suas as palavras do marqueteiro. A frase acima, trocando-se apenas o nome do personagem, aplica-se a qualquer um dos sabujos e rábulas dedicados a convencer os incautos de que Lula e Dilma não passam de virginais servidores do povo, pobres vítimas das tramoias das “elites” interessadas especialmente em impedir que o chefão petista seja candidato à Presidência em 2018.

A realidade, porém, insiste em desmentir a obscena versão dos petistas. Depois que Lula garantiu ao juiz federal Sérgio Moro que se encontrou apenas duas vezes com diretores da Petrobrás posteriormente implicados na Lava Jato, o Ministério Público Federal apresentou documentos que indicam que, quando ainda era presidente, ele se reuniu nada menos que 23 vezes com esses executivos. Diante dessas evidências, os advogados do petista limitaram-se a se queixar de que o Ministério Público, “ao contrário da defesa do ex-presidente Lula”, tem acesso irrestrito a documentos da Petrobrás.

Ao mesmo tempo, enquanto Lula e sua trupe vão até a ONU para denunciar a “perseguição política” de que o ex-presidente se diz vítima, aparecem fotografias do petista em animado encontro, no tal sítio de Atibaia do qual ele jura não ser dono, com o empreiteiro Léo Pinheiro. Em delação, Pinheiro informou à Justiça que bancou a reforma não apenas daquele sítio, mas de um triplex no Guarujá que Lula também garante não lhe pertencer, como forma de pagar propina em troca de contratos da Petrobrás.

A defesa de Lula afirma que os documentos trazidos por Léo Pinheiro são mais uma tentativa de “agradar os procuradores” em troca de “benefícios”. Dilma foi na mesma linha ao questionar o depoimento de João Santana e Mônica Moura, que a implicaram também em obstrução de Justiça. A ex-presidente disse que o casal recorreu a “versões falsas e fantasiosas” para obter liberdade e redução de pena. Mais uma vez, João Santana – o mago do marketing que conseguiu a façanha de eleger duas vezes como presidente uma completa incompetente, na base de mentiras deslavadas – não deixou barato: “Afirmo que as únicas vezes que menti sobre a presidente Dilma – e isso já faz algum tempo – foi para defendê-la”.

Seria ingenuidade esperar que Lula e Dilma simplesmente admitissem os crimes que lhes são atribuídos.
Ao negar tudo, ambos apenas exercem seu direito de defesa, e qualquer julgamento deve respeitar, obviamente, a letra da lei. Mas os ex-presidentes petistas não se limitam a negar as acusações. Eles querem fazer acreditar que os processos em que estão envolvidos são parte de uma conspiração política contra o povo, porque ambos se consideram encarnações da própria democracia. A cada nova evidência de que Lula e Dilma não são o que dizem ser, no entanto, esse esforço se torna apenas, e cada vez mais, patético.


O presidente Temer despenca no escuro, deixando o País sem presente e sem futuro

O Brasil, pobre Brasil, acaba de dar mais uma cambalhota mortal. Após uma semana de boas notícias na economia, com as reformas andando e justamente a 20 dias do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer despenca no escuro, deixando o País sem presente e sem futuro.  Temer foi estupidamente flagrado estimulando a compra do silêncio do ex-deputado e atual preso Eduardo Cunha e favorecendo a JBS com benesses de governo, enquanto um assessor direto, o deputado Rocha Loures, é filmado recolhendo uma mala com dinheiro vivo.

Não bastasse, a Polícia Federal também filmou o senador tucano Aécio Neves, presidente de um partido-chave na sustentação política de Temer, pedindo R$ 2 milhões para Joesley Batista, da JBS. E mais: os policiais puseram um chip na dinheirama e descobriram que ela foi parar nas contas do também senador Zezé Perrella (PMDB), de Minas.  Não bastasse, o filme de terror fica ainda mais assustador quando se lembra que Perrella é um velho personagem das páginas policiais, sobretudo quando um avião de propriedade de sua família foi capturado carregando cocaína.

Tudo parece tão absurdo, tão realismo fantástico, que o mínimo que se pode dizer é que a realidade está superando a ficção no Brasil, que já passou pelo impeachment de Fernando Collor e acaba de sair do impeachment de Dilma Rousseff em meio à maior crise econômica da história.  A nota do Planalto para reagir a tudo isso lembra alguém tentando combater um incêndio de grandes proporções com um copo d’água. Ficam, portanto, três sérias ameaças a Temer, além dos gritos de renúncia que ecoam: uma guinada do TSE rumo à cassação do mandato, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), acatar o pedido de impeachment ou, simplesmente, a PGR e o Supremo processarem o presidente.

Pela Constituição, presidentes só não podem ser processados por crimes alheios e anteriores ao mandato, o que não é o caso. E, também pela Constituição, se Temer cair agora, o presidente da Câmara assume e convoca eleições indiretas. Sabe o que significa? Que os deputados que elegeram Eduardo Cunha para a presidência da Câmara e os senadores que içaram Renan Calheiros para a do Senado vão eleger o novo presidente da República. Só rezando...

Fonte: O Estado de S. Paulo

 

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Lula finge ser uma coisa e sua reputação é outra

Uma pessoa pode mudar. Pode até mudar radicalmente, de hábitos, de estilo, de orientação política, de amigos —mesmo que uma mudança de Olívio Dutra e Francisco Weffort para Emílio Odebrecht e Léo Pinheiro possa parecer exagerada. Mas Lula jamais imaginou que estaria prestando depoimentos como o desta quarta-feira. Sentado numa cadeira de réu, no centro de uma sala de audiências da Justiça Federal, na frente de um juiz linha dura, inquirindo-o sobre crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Tempos atrás, a encrenca talvez tenha aparecido para Lula num pesadelo. É possível que ele tenha acordado no meio da noite, alvoroçado. Pode até ter concluído que a migração do modesto sítio ‘Los Fubangos’, em Riacho Grande, no ABC Paulista, às margens da represa Billings, para a aprazível propriedade de Atibaia, equipada com todos os confortos que o departamento de propinas da Odebrecht pode pagar, não era um bom prenúncio. Mas decerto Lula voltou a dormir, imaginando que não, bobagem, nada de ruim aconteceria com ele. Aconteceu! E foi muito além do sítio e do tríplex.

Noutros tempos, dirigido por Duda Mendonça e João Santana, Lula ostentava uma certa superioridade moral. Diante das câmeras de Sergio Moro, a moral perdeu o sentido. O interrogatório desta quarta trata do caso do tríplex do Guaujá, reformado e reservado pela OAS. Mas flutuam na atmosfera da 13ª Vara Federal de Curitiba, como fantasmas de um filme de terror: a planilha com os saques em dinheiro destinados ao “Amigo”, os milhões de agradecimentos travestidos de honorários de palestras, as ordens secretas para destruir provas. Tudo a indicar que Lula virou o que ninguém que o admirou no passado imaginou que ele viraria.

Lula gosta de citar sua mãe, dona Lindu, para informar que foi graças aos ensinamentos dessa “mulher analfabeta” que aprendeu a “andar de cabeça erguida por esse país.” Obviamente, Lula não ouviu quando a mãe rogou: “Cuidado com as companhias, meu filho.” Sua história seria outra se continuasse convivendo com gente como Olívio e Weffort. Presidente, poderia ter convivido com certas pessoas protocolarmente. Todo mundo entenderia. Mas ir atrás do Collor, adular o Renan, entregar cofres a apadrinhados do Sarney…

É natural que, na falta de dona Lindu, a Justiça tenha que assumir a função de mãe de Lula, impondo-lhe castigos inevitáveis. Há pouco mais de um ano, em janeiro de 2016, falando a um grupo de blogueiros companheiros, Lula jactou-se: “Não sou investigado!” Já estava rodeado de suspeitas. Mas alardeava: “Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem, nesse país, uma viva alma mais honesta do que eu.”

Lula continua fazendo sua pose predileta —a pose de vítima. Arrasta multidões de petistas e simpatizantes à capital paranaense para cultuá-lo. Vive uma experiência paradoxal: com os pés fincados no palanque, discursa com a voz estalando de autoridade moral. Mas no interior da sala de audiências da 13ª Vara Federal de Curitiba o que Lula chama de reputação é a soma de todas as ilegalidades esmiuçadas num processo. Ocorre a seguinte incongruência: Lula acha que é uma coisa. Mas sua reputacão já é outra. Mudou muito o personagem. E não deixou endereço. Bons tempos aqueles em que Lula podia ser encontrado no sítio ‘Los Fubangos’, nos finais de semana.


Fonte: Blog do Josias de Souza - UOL