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domingo, 30 de julho de 2017

União se estende por toda a capital, gastando R$ 1,66 bilhão em aluguéis

Se, por um lado, a equipe econômica tem dificuldades para impor limites ao deficit fiscal, por outro, a União Federal se estende por toda a capital, gastando R$ 1,66 bilhão em aluguéis, equivalente a 25% do corte que o governo fará para reduzir o rombo

Da mesma forma que os gastos públicos extrapolam o Orçamento, os principais órgãos da Administração não cabem mais na Esplanada dos Ministérios. Com dezenas de prédios importantes espalhados pela cidade, o Eixo Monumental se torna, em muitas situações, uma via dispensável para boa parte dos brasilienses, inclusive servidores da União. Os custos dessa descentralização, no entanto, são altos. Ao mesmo tempo em que o governo se desdobra para cortar R$ 5,9 bilhões do Orçamento para a dívida caber na meta fiscal do ano, gasta milhões em aluguel de imóveis para alocar os servidores que não se contentam mais com as sedes, despesa que chegou a R$ 1,66 bilhão em 2016, praticamente um quarto do corte de gastos que o governo anunciou na semana passada. Esse valor equivale a quase o dobro dos R$ 785 milhões que foram gastos em 2011 com o mesmo tipo de despesa.

Apesar das contas em vermelho, 2017 tem mantido o ritmo da gastança. Até 19 de julho, já se foram R$ 817,6 milhões em aluguéis, de acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, com base em dados do Ministério do Planejamento. R$ 215 milhões foram para pagar imóveis no Distrito Federal, onde ficam as sedes. Mesmo que a justificativa oficial seja que não tem como alocar todos os 656 mil servidores civis federais (sem contar os terceirizados e estagiários) apenas nos ministérios, os especialistas não encontram explicação aceitável para o crescimento na ordem de centenas de milhões de reais de um ano para o outro.

É uma conta complicada de se digerir, ainda mais em tempos de recessão. “Enquanto o governo está aumentando impostos, não consegue diminuir gastos que seriam mais simples, como com aluguéis. A União tem milhares de imóveis ociosos, que poderiam ser usados por esses ministérios, mas dá prioridade para prédios mais luxuosos ou mais modernos”, criticou o presidente da ONG, Gil Castello Branco, especialista em contas públicas.

O ministério que mais gastou com aluguéis este ano foi o dos Transportes, que, até 19 de julho, desembolsou R$ 20,9 milhões, sendo que R$ 2,8 milhões foram só com um prédio no Setor de Autarquias Sul. A pasta da Saúde não fica muito distante. Destinou R$ 20,7 milhões até agora ao pagamento de aluguéis de cinco prédios. Para diminuir esses gastos, quatro unidades serão unificadas em um só ponto, afirmou a pasta. “Além da extinção de contratos de aluguel, a medida racionaliza custos com deslocamentos e manutenção predial, como elevadores, recepção, vigilância, limpeza e energia elétrica”, explicou, em nota, a assessoria de imprensa.

A medalha de bronze de órgão do Executivo mais gastador de 2017 foi para o Ministério da Educação, com R$ 17,5 milhões em contratos. Vale lembrar que a conta inclui autarquias, como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entre outras. Só para manter o prédio da Capes, por exemplo, que fica no Setor Bancário Norte, o governo gastou R$ 6,3 milhões este ano. A sede do Inep, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), foi responsável pela despesa de R$ 6,9 milhões, quase metade do valor total que o ministério gastou com aluguéis ao longo do ano. “Em vez de os órgãos se adaptarem ao que a União tem, o contribuinte precisa pagar mais para que eles se instalem em prédios mais modernos e de última geração”, explica o cientista político Murillo de Aragão, da Arko Advice.

A divisão também é comum no Ministério da Cultura. Desde o ano passado, seis secretarias da pasta dividem os 9,5 mil m² da torre B do edifício Parque Cidade Corporate, no Setor Comercial Sul.  O ministério considera o espaço “adequado para a quantidade de colaboradores”, apesar de gerar um custo milionário, de R$ 6,9 milhões com aluguel, condomínio e tributos da torre no primeiro semestre do ano. “O Ministério da Cultura está, em conjunto com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), buscando um imóvel próprio da União ou uma permuta para alocar todos os colaboradores, com o objetivo de acabar com os custos de aluguel”, garantiu.
 
Fonte: Correio Braziliense
 
 
 

“NÃO PODEMOS NOS BANHAR DUAS VEZES NO MESMO RIO”

O ensinamento que dá título a esse artigo pertence ao filósofo Heráclito, considerado o pai da dialética. Para ele tudo está em movimento. Isso significa que nós e nossas circunstâncias estão sempre mudando, portanto, nada se repete.
 
Transpondo o antigo e sempre atual pensamento do filósofo grego para a política do momento, tomemos como exemplo o caso de Lula e de seu partido, o PT. Discute-se se ele ganha ou não a eleição presidencial de 2018. Surgem pesquisas onde ele figura com 30% de votação, porcentagem que o PT manteve por muito tempo sem lograr vencer. Mas na mesma pesquisa ele é rejeitado por 54% dos entrevistados. Para confundir mais a opinião pública Lula é no momento o único candidato em campanha frenética mesmo antes de ser indicado pelo PT, o que é ilegal, mas permitido ao petista. Pesquisas podem ser eficiente marketing de campanha e muita gente pode até crer que o candidato único já ganhou.
Entretanto, é interessante analisar se Lula e suas circunstâncias são as mesmas de antes, quando ele pairava acima da lei e hipnotizava as massas com bravatas, mentiras e palavreado vulgar.
 
Relembre-se que Lula foi transformado pelo marketing em um mito inatacável, sendo que no Dicionário Aurélio uma das definições de mito é: “ideia falsa, sem correspondente na realidade”.  Será que agora o mito está sofrendo uma erosão?  Recordemos resumidamente alguns fatos que mostram como mudaram as circunstâncias do poderoso chefão e do seu partido.
1º - O impeachment de Rousseff foi antecedido por impressionantes, inéditos e espontâneos protestos populares em todo o país, quando milhões foram às ruas gritar: “Fora Dilma”. “Fora Lula”. “Fora PT”.
 
2º - A pressão das ruas desencadeou o impeachment que venceu por larga margem de votos na Câmara e no Senado. Muito pedidos foram protocolados, mas foi aceito aquele em que um dos signatários, significativamente, foi Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, eminente companheiro por muito tempo. 
 
Em vão Lula tentou evitar que deputados e senadores votassem a favor da cassação de sua criatura política. Seu desprestígio ficou evidente e pode ser simbolizado pela “traição” do deputado Tiririca. Nem este obedeceu ao “mestre”.
 
Mesmo Rousseff tendo conservado seus direitos políticos por uma manobra inconstitucional, seu impeachment foi um tiro de canhão no peito da Jararaca e do PT, algo cuja profundidade ainda não foi devidamente analisada. De todo modo, pode-se dizer que ali começou a erosão do mito.
 
3º - Uma das consequências do impeachment apareceu nas eleições de 2016, quando o PT perdeu 60% de suas prefeituras. Em termos de poder e cargos isso foi uma enormidade. Se o PT repetir a performance em 2018, o que pode acontecer, se transformará em partido nanico, com pouca representação no Congresso.
 
4º - A descrença com o partido foi demonstrada não só por Hélio Bicudo. Em 9 de abril deste ano, membros do PT escolheram dirigentes municipais e delegados estaduais. Compareceram cerca de 200 mil militantes, o que representa menos da metade dos votantes de 2013. Além disso, 27% dos municípios não conseguiram sequer formar uma chapa de 20 filiados para compor o diretório municipal.
 
5º -  Diante da crise petista, que sem dúvida enfraquece o “lulismo”, ditos movimentos sociais resolveram arregimentar forças. Duas greves gerais foram tentadas e as duas fracassaram redondamente.
 
6º – Lula, o inimputável foi condenado pelo Juiz Sergio Moro que também sequestrou seus bens. Houve um ralo movimento de apoio ao líder na Av. paulista, alguns gatos pingados em poucas cidades. Nenhuma multidão foi às ruas para rasgar as vestes e arrancar os cabelos como Lula e o PT esperavam.
 
7º - Enquanto isso, Temer não cai, está melhorando a economia e conseguindo aprovação dos seus projetos no Congresso. Inclusive, as mudanças na ultrapassada Lei Trabalhista, em que pese o espetáculo pueril e ridículo das senadoras que tentaram em vão barrar a votação se aboletando por sete horas na mesa diretora.


8º - Lula não tem mais a força do PMDB, os magnatas empreiteiros que o elegeram estão presos, sem falar que seu próprio partido está enfraquecido e atônito.
 
Poderá Lula ser absolvido por outros tribunais? Tudo é possível no país da impunidade. Wesley Batista não recebeu “indulgência plenária” e disse que processa quem o chamar de bandido? Se lula for absolvido poderá voltar à presidência em 2018? Ninguém dispõe de bola de cristal para prever o futuro e o povo é facilmente enganado, como já demonstrou em eleições passadas. 
 
Um fato, porém, é real: nem Lula nem suas circunstâncias são as mesmas e, assim, está difícil para ele conseguir nadar de novo no rio do poder. Pelo bem do Brasil que isso não aconteça.
 
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
 
 

O “laranja” do posto da Lava Jato

Um homem que usa roupas “puídas e manchadas” é dono de hotéis e empresas de fachada. A PF o trata como testa de ferro da família Chater, dona do Posto da Torre, que deu origem à Operação Lava Jato, e que agora é acusado de movimentar ilegalmente US$ 2 bilhões

TV DE TUBO Sebastião Corrêa, que aparece como dono de hotéis e empresas, leva vida humilde e suspeita (Crédito: Divulgação)

É uma pessoa muito humilde, sem vaidade e ostentação. Esse é seu Sebastião Corrêa, segundo seu advogado. De fato, ele é um homem de idade avançada, que mora num apartamento de um hotel decadente em Brasília, o Bay Park, no qual a PF encontrou “mobiliários simples e um tanto desorganizados”, além de “poucas peças de roupas puídas e manchadas”. Mas foi lá também que os policiais tiveram uma surpresa. Em meio à bagunça do lugar, a PF apreendeu US$ 25 mil e R$ 129 mil em dinheiro vivo num cofre, moedas pelo chão e uma caixa com R$ 5 mil em notas de R$ 2, assim como um revólver 38 com seis balas. Foi com esse paradoxo que a PF descreveu Sebastião Corrêa em seu relatório de busca e apreensão realizada em 26 de abril, quando o prendeu em flagrante por posse irregular de arma de fogo – ele foi solto no mesmo dia após pagar fiança de R$ 1 mil.

Os agentes da PF foram até o Bay Park, à beira do Lago Paranoá, no Setor de Hotéis e Turismo Norte em Brasília, como parte da Operação Perfídia, que investiga a atuação empresarial do genro de Sebastião Alves Corrêa, Tony Chater, e a irmã dele, Cláudia Chater – ambos são primos do doleiro Carlos Habib Chater, condenado a dez anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato. Chater é dono do Posto da Torre, em Brasília, onde funcionava uma casa de câmbio e um lava jato de automóveis, que acabou emprestando o nome para a Operação Lava Jato, a maior devassa ao meio político da história do País. No hotel, os agentes encontram o empreendimento em situação de “abandono” e “com mais da metade do complexo desativado”, de acordo com relatório obtido por ISTOÉ. Apesar disso, nove prédios com total de 810 apartamentos estão em construção no local.


LAVANDERIA INFLAMÁVEL A operação Lava Jato começou no posto da família Chater, para quem Sebastião estaria se prestando a “laranja”

A Operação Perfídia investiga documentos apreendidos com a família Chater que apontam que eles “lavaram” mais de U$ 2 bilhões para políticos de Brasília, cujos nomes ainda estão sendo investigados. E a PF quer saber porque o Bay Park, que aparece nessa investigação, está em nome de Sebastião, um homem que ainda usa uma velha TV com tubo em seu apartamento. Para a PF, ele é “laranja” dos familiares do dono do Posto da Torre.

Mas, afinal, o que é o Bay Park? A reportagem obteve documentos da PF revelando que ao menos quatro empresas funcionam no mesmo endereço do Setor de Hoteis e têm o nome fantasia ou endereço eletrônico indicando “Bay Park” perante a Receita Federal: Brasil Hospedagens, Correia Hospedagem, Marina Tour e Lago Paranoá. As duas primeiras estão em nome de Sebastião e a terceira já esteve em nome dele. A Marina está em nome de Arolita, a filha de Sebastião, e do marido dela, Tony Chater. A Lago Paranoá está registrada em nome de Arolita e da prima Raimunda Neves. O emaranhado de empresas logo foi percebido pela PF. “Foi constatado que a família possui um estranho hábito de constituir empresas e alternar seus quadros sociais entre os familiares, encerrando e criando razões sociais distintas para explorar o mesmo segmento com o mesmo nome fantasia”, analisa o relatório do delegado Renato Pagotto.

Quem é dono do Bay Park?
Segundo a PF, Sebastião “tem ou já teve participação societária na maioria das empresas do grupo” investigado na Operação Perfídia. A hipótese dos agentes e delegados é que ele “supostamente participa da abertura de empresas de fachada e da movimentação financeira do grupo”. No relatório de busca e apreensão, os policiais afirmam que Sebastião “controla precariamente a contabilidade da empresa Bay Park Hotel”. No mesmo dia 26 de abril, houve buscas contra o filho dele, Airam Corrêa. “Ficou evidente que o padrão de vida ostentado por ambos os alvos de investigação é infinitamente inferior ao volume de recursos movimentados pela família e suas empresas”.

 MATÉRIA COMPLETA em ISTO É

 

Lula: caso de cadeia

Garantia Sivuca José Guilherme Godinho, policial membro da Scuderie Detetive Le Cocq, um dos responsáveis pela caçada e morte de Cara de Cavalo, cafetão,  traficante, assassino e “caso íntimo” do Hélio Oiticica, o vanguardeiro performático das artes tropicalistas que chegou a homenagear o amor bandido com a ode-legenda “Seja marginal, seja herói” – bem, dizia Sivuca que “bandido bom é bandido morto”, bordão que o fez deputado estadual por duas vezes no ainda tolerável Rio de Janeiro dos anos 1990.

Pessoalmente, não chego a tanto. Mas acredito piamente que “bandido bom é bandido preso”, se possível, em certos casos, perpetuamente, num presídio de segurança máxima.
Este é bem o caso, por exemplo, de  Luiz Inácio da Silva, reconhecido nas rodas civilizadas como o “Chacal” da politicagem tupiniquim.   Recentemente, como sabem todos (e a quase generalidade da população aplaudiu), o competente juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente a 9 anos e meio de cadeia, por corrupção e lavagem de dinheiro. É pouco – muito pouco, pouco mesmo. Neste sentido, procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal tomaram a decisão de recorrer da sentença e pedir penas maiores para o dono do PT. Faz sentido. De fato, como já escrevi, onde se abrir o Código Penal, o honorável Lula corre o risco de ser enquadrado: felonia, prevaricação, peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, formação de quadrilha, entre outras tantas mazelas, formam o prontuário desta imperdoável figura que levou o País à degradação moral, política, econômica e social de forma nunca trilhada na nossa controversa história republicana.

Com Lula e o entorno comunista do PT, ambos aboletados nas utopias funestas e convenientes a tipos que nem Frei Beto (não dá pra mais de um “t”), FHC, Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda, Geisel, Golberi et caterva, o Brasil trilhou (e continua a trilhar) os caminhos criminosos do “socialismo tropical” ou, se quiserem, do “estatismo selvagem”. Com a comunalha no poder, ingressamos, sem tirar nem pôr, na atmosfera mórbida do sétimo círculo do inferno traçado por Dante Alighieri nas páginas da Divina Comédia.

Eis o fato: nos 13 anos em que Luiz Inácio corrompeu a nação (sim, o “cara” impôs e sempre esteve por trás das manobras da guerrilheira marionete), atingimos a condição de um dos países mais corruptos e violentos do mundo, ao tempo em que se consolidou entre nós o aparelhamento do “Estado Forte” e se fincou no pedaço, seguindo as resoluções do Foro de São Paulo, uma burocracia insustentável que nos levou à insolvência absoluta.

Os números atuais impressionam: o País da era Lula comporta hoje 151 estatais deficitárias (entre elas, a Petrobras), 30 ministérios falidos, 153 autarquias e fundações federais inviáveis, 100 mil cargos comissionados e funções de confiança e gratificações supimpas, 250 mil funcionários-ativistas terceirizados, sem incluir o rombo previdenciário estimado (só em 2017) em R$ 167 bilhões e a alucinante dívida pública federal avaliada (pelo Tesouro Nacional) em mais de R$ 3 trilhões. Eis o prognóstico tardio: segundo cálculos fundamentados, as contas nacionais, caso as legiões socialistas de Lula fossem expulsas hoje das bocas estatais, só seriam ajustadas a partir de 2089. Ou seja, daqui a 60 anos!

Na sua oligofrenia progressiva, Lula diz que o seu governo livrou da fome 40 milhões de carentes que saíram da linha da pobreza para ingressar numa “nova classe média”. Sem jamais entrar numa fila do INSS, sustenta que transformou a saúde do Brasil em coisa de Primeiro Mundo. Mais: garante que mesmo sendo analfabeto de pai e mãe, abriu as portas das universidades para o povo. E tudo a partir da consolidação, pelo seu “Estado Forte”, de uma política de conteúdo nacional” (vide a “Nova Matriz Econômica”, de fedor leninesco).

Cinismo assumido, a mentira tem pernas curtas. Dias atrás, amplo relatório divulgado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) deu conta, detalhadamente, da desastrosa política industrial e comercial imposta ao País nos 13 anos dos governos de Lula Rousseff.
Escorado na farra vertiginosa de subsídios fiscais e financeiros, que detonou uma inflação de dois dígitos, foram desperdiçados trilhões de reais com os “campeões nacionais” JBS-Friboi, Odebrecht, empresas do finório Eike Batista, OI, OAS etc., cujo objetivo paralelo gerou propinoduto para abastecer os cofres inabordáveis do PT, dos partidos aliados e demais  “companheiros de viagens”.

Pior: no esquema criminoso adotado, foram preteridas as relações comerciais com economias desenvolvidas enquanto eram  torrados bilhões de dólares com Cuba, Venezuela, Angola, República Dominicana, Bolívia e afins, países velhacos manobrados por comunistas ávidos de dinheiro fácil em troca da adesão irrestrita ao “socialismo do século XXI”. Coisa de doido!

Por fim, ouriçados com a decisão do Juiz Moro em bloquear 9 milhões de reais do ex-presidente, a tropa de choque petista classificou-a como “mesquinha”. De fato, a decisão do juiz, em se tratando de condenados por corrupção e lavagem de dinheiro, é obrigatória. Assim, o protesto soa como deboche.  Ademais, Lula aufere gordas aposentadorias, tem carro com chofer, apartamento confortável do qual não pode ser despejado, adega de fazer inveja a Brillat-Savarin, além de filhos e sobrinhos ricos. Há quem admita até que o honorável dispõe de boas reservas em Cuba e na Venezuela.
E o PT, ainda hoje uma das siglas partidárias mais ricas do planeta, não vai permitir que o seu “líder carismático” saia da boa vida e fique “asfixiado”.

Ipojuca Pontes, cineasta, jornalista, e autor de livros como ‘A Era Lula‘, ‘Cultura e Desenvolvimento‘ e ‘Politicamente Corretíssimos’, é um dos mais antigos colunistas do Mídia Sem Máscara. Também é conferencista e foi secretário Nacional da Cultura.


Lula sacou 13 milhões em dinheiro

Lula sacou 13 milhões em dinheiro vivo

 

Procurador conta: Joesley subiu o saiote, exibiu o tornozelo, e Janot agiu com “tesón y voluntad”

Desconstruo as respostas de Carlos Fernando em entrevista à Folha. O homem desfila uma coleção gigantesca de bobagens

Carlos Fernando, procurador da República, braço esquerdo e mais destrambelhado de Deltan Dallagnol na Lava-Jato, concedeu uma entrevista à Folha. Já deveria ter comentado. Felizmente, tenho coisas mais urgentes a fazer, o que não quer dizer que vá me dispensar do que considero ser uma tarefa civilizatória. Não há nada de errado com as perguntas feitas por Fábio Zanini e Wálter Nunes. O que choca são as respostas do doutor. Para lembrar: é aquele senhor que resolveu contestar as evidências de que Deltan ingressou no MPF contra o que dispunha a me xingando de velhaco e de cachorro. A entrevista evidencia que a cultura jurídica do doutor não suporta muito mais do que a ofensa.
 
De mais notável em suas considerações, há o fato de que ele admite que a patuscada armada pela Procuradoria Geral da República com Joesley Batista causou danos à imagem da Lava Jato. Mas, diz o doutor, ele faria o mesmo. E usou, Santo Deus!, uma estranha metáfora sexual para se referir à relação entre Joesley Batista e Rodrigo Janot. Como diria o procurador-geral, só de pensar fiquei “nauseado”, “vomitei três vezes”.

Segue a entrevista em vermelho. Comento em azul. A coleção de bobagens do procurador é assombrosa. Percebo que nem mesmo sabe o que quer dizer “indício”
Folha – O sr. passou a se manifestar de forma mais enfática nas redes sociais, inclusive em temas políticos. Por quê? Carlos Fernando – Nós mudamos um pouco a forma de fazer a comunicação. No começo, falávamos da nossa investigação em Curitiba e tínhamos até restrição do CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público]. Agora, estamos falando sobre o geral, a corrupção como fenômeno. O que descobrimos é que o sistema do PT é orgânico, por isso prendemos tantos tesoureiros. Lá [refere-se ao governo Temer] é a mesma coisa, mas um modo de atuação diferente, de forma mais atomizada, baseada em caciques. Uma das coisas que me deixa mais indignado são os falsos apoiadores. O exemplo é o [senador peemedebista Romero] Jucá fazendo coraçõezinhos nas manifestações pró-Lava Jato na avenida Paulista.
É evidente que o sr. Carlos Fernando está fazendo o que não pode fazer: comentando a investigação. Não! Ele não tem essa prerrogativa. O que vai acima nada tem a ver com o trabalho de quem tem de investigar, de produzir provas para, então, oferecer a denúncia. O que se lê ali é uma tese. Quem “fala sobre o geral”, a “corrupção como fenômeno”, são os estudiosos, os jornalistas, os políticos. Não é tarefa de procurador. Note-se que, na verdade, ele fala como juiz.

A reação à Lava Jato mudou? [Hoje] É mais sofisticada, baseada na política. Na destruição das Dez Medidas [propostas da força-tarefa contra a corrupção], na tentativa de aprovar leis. Há um sufocamento econômico da Lava Jato. Não há como negar que a PF sofreu isso. Jamais alguém disse tanta inverdade com tão poucas palavras.:
– quatro das dez medidas eram fascistas (quase extinção do habeas corpus, ampliação absurdamente abusiva das possibilidades de prisão preventiva, teste aleatório de honestidade e admissão em juízo de provas ilícitas);
– o projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade é bom e não toca nas faces rosadas da Lava Jato;
– sufocamento econômico uma ova! Que o doutor diga o que está faltando à operação.
Ademais, deve é estrar sobrando recursos ao MPF, não?, ou o Conselho não teria aprovado um reajuste para aos procuradores de mais de 13%. Carlos Fernando já protestou?

Como o sr. vê a relação atual entre PF e Procuradoria? A relação sempre foi conturbada pelos limites de cada competência. Procuramos deixar essas questões em segundo plano. Quando há uma crise a gente chama uma reunião, sentamos e conversamos. Infelizmente existem momentos em que você não consegue superar isso. Por exemplo, colaborações. Nós entendemos que só o Ministério Público pode fazer acordos. É constitucional, não podemos abrir mão. Carlos Fernando é um fanfarrão! É sobre Constituição que ele quer falar? Que tal indicar, então, em que parte da Carta está escrito que o Ministério Público Federal deve exercer papel de polícia, como exerce hoje. Se a Carta for cumprida, os doutores têm de parar de fazer investigações. A verdade que é o MPF reivindica hoje a condição de Poder dos Poderes.

Houve recente relatório da PF sobre o áudio do [ex-senador] Sergio Machado que não viu obstrução por peemedebistas. Cada instituição deve se ater à sua atribuição. Nesse caso eu vou ser bem crítico. Não cabe a um delegado fazer considerações sobre a delação, essa é uma atribuição nossa, e a homologação é do juiz. Qual a vantagem para um delegado fazer isso? Acirrar uma briga institucional à toa. Só serve para a defesa. Esse rapaz é um pândego. Procurem no Artigo 129 da Constituição onde está escrito que cabe ao Ministério Público se comportar como polícia. Essa é mais uma das prerrogativas que o MPF outorgou a si mesmo. Se não cabe a um delegado fazer comentários sobre delação, como quer Carlos Fernando, onde está escrito que lhe cabe fazer investigação? Na votação da PEC 37, que especificava e limitava os poderes do órgão, os senhores procuradores conseguiram fazer tal alarido que o texto foi rejeitado na Câmara por esmagadora maioria. Os políticos acharam que, assim, os procuradores teriam por eles um pouco mais de consideração. Não há o menor risco de isso acontecer justamente porque, hoje, eles disputam o poder.
Ah, sim: no caso em tela, a Polícia Federal só constatou, ao encerrar o inquérito, que os peemedebistas não havia obstruído a investigação, como qualquer um podia constatar ouvindo as gravações.

Outro revés foi a decisão do TRF-4 de absolver Vaccari [ex-tesoureiro do PT]. É mais grave. Existem provas [contra Vaccari]. Dizer que inexistem é um equívoco dos juízes. O que eles poderiam dizer é que não foram convencidos. Nossa tradição jurídica diz que indícios veementes são suficientes para condenar. No caso do Vaccari, ele não usa métodos bancários, ele usa a mochilinha. Você vai ter produção do dinheiro pela empresa, fotografia dele entrando. Isso tudo são indícios que corroboram o depoimento de um colaborador. Dizer que não há provas é desconsiderar isso, porque indícios no Brasil são provas. Vejam Carlos Fernando a fazer o que ele disse que não faz e reconhece que não pode: está a discutir o processo e ousa dar bronca em juízes. Eu posso fazê-lo. Você pode fazê-lo. Ele não! Suas considerações sobre indícios são toscas. Com efeito, encontra-se o seguinte no Artigo 239 do Código de Processo Penal: “CONSIDERA-SE INDÍCIO A CIRCUNSTÂNCIA CONHECIDA E PROVADA, QUE, TENDO RELAÇÃO COM O FATO, AUTORIZE, POR INDUÇÃO, CONCLUIR-SE A EXISTÊNCIA DE OUTRA OU OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS.” O indício é a circunstância CONHECIDA E PROVADA que tem relação com o fato investigado e permite que se conclua que há outras circunstâncias. Como é? Então um ou mais delatores dizem que Vaccari carregava propina na mochila, e o MPF apresenta foto do ex-tesoureiro do PT carregando uma mochila, e isso basta para que se conclua que, dentro dela, havia dinheiro de propina? Ah, eu não tenho dúvida de que Vaccari era um dos homens da grana do PT. Mas como é que o TRF iria condená-lo com uma prova porca como essa? Isso não é indício, é feitiçaria.

Muitos no meio jurídico discordam, dizem que indício é indício, prova é prova. Não é assim nossa tradição. Nossa jurisprudência é de que indícios convergentes e diversos são suficientes para condenação. Não está dizendo que precisa de uma prova no sentido clássico, de divisão entre indícios e provas. Agora, sempre vai ter o jurista de plantão, o advogado de criminalista defendendo as teses. Faço aqui um ajuste ao registro dos entrevistadores. Não se trata de indagar se indício é prova ou não. O indício tem de ser uma situação CONHECIDA E PROVADA que guarde relação com o caso e induza a uma conclusão em favor da denúncia. Aquilo a que Carlos Fernando chama “nossa tradição” é só uma invenção da sua turma. De resto, se o indício se choca com a realidade material do caso, ou indício não é, ou se desqualifica a realidade material. Essa coexistência é impossível. Esse cara fala o que dá na telha.
Lembremos aqui, claro!, do tríplex que seria de Lula e da batata quente que o MPF, por intermédio de Sérgio Moro, largou no colo do TRF4. Os “indícios”, segundo os procuradores (e com a concordância do juiz), apontam que o imóvel pertence ao ex-presidente. Muito bem! Para que eles se sobreponham aos documentos de fé pública que atestam que o apartamento é propriedade da OAS, tais documentos deveriam ter sido desqualificados. Não foram. Mais: a denúncia do MPF aponta que o dito-cujo seria fruto de propina de três contratos. Os procuradores não apresentaram essa evidência. Prefeririam apontar como “indício” o fato de que Lula era, afinal, o responsável pela nomeação dos diretores da Petrobras.
O que fará o TRF4? Não sei. Mas estamos, em matéria penal, diante de mais um trabalho porco, malfeito, da acusação. Até acho que Lula é dono do tríplex, como deve ser mais ou menos dono de muita coisa, dado que o PT não distingue o público do privado. Mas esse é outro assunto, e, quando menos, essa investigação é outra e corre no Supremo. A verdade é que o MPF de Carlos Fernando e amiguinhos trabalhou mal, fez serviço de quinta categoria. E Moro só não absolveu Lula porque, afinal, tem de honrar também a personagem.

Qual o risco de a condenação do Lula ser derrubada no TRF como no caso Vaccari? Qualquer que seja o processo sempre vai ser arriscado. Mais arriscado nem é o mérito, mas uma daquelas bobagens que plantam durante o processo para virar nulidade num escalão superior. Na nossa tradição, advogado não lida com o mérito, sempre luta pela nulidade. Bem, dizer o quê? Um sujeito que desrespeita o decoro que seria próprio a um procurador não iria ser decoroso com os advogados de defesa. O doutor se esquece de que estes só existem nas democracias. Já os Carlos Fernandos são frequentes nas ditaduras. Observem que aqueles que contraditam o MPF, na sua cabeça, só podem fazê-lo por “bobagens”. Logo, se os desembargadores do TFR4 fizerem o que ele não quer, estarão fazendo… bobagem!

É o momento de maior contestação da Lava Jato? Temos dois fenômenos: a partir do momento em que as investigações passaram para o PMDB, as pessoas perguntaram: espera aí, não é só o PT? Começamos a explicar que não é uma questão partidária, é uma questão de crime. E segundo, a JBS, que realmente em termos de comunicação foi muito complicado para o Ministério Público. O acordo é muito mal compreendido pela população. Isso é um erro nosso. Seja porque o benefício talvez tenha sido deferido de uma forma muito leniente, seja porque [o MP] não se preparou adequadamente para comunicar. Nunca ninguém disse que a corrupção no Brasil era monopólio do PT. Isso é uma farsa. Incompreensível é que o MPF tenha negado a centralidade do PT no esquema criminoso e posto, em seu lugar, ora vejam!, Michel Temer e Aécio Neves. Quem, com um mínimo de discernimento, acreditaria que esses dois políticos exerciam tal papel? Ele diz que os benefícios “talvez” tenham sido excessivos… Talvez??? Ora, trata-se apenas do benefício absoluto: a imunidade como sinônimo da impunidade. Não pode ter boa explicação o que é inexplicável, a menos que uma agenda secreta, desconhecida dos brasileiros, esteja em curso. As evidências de que se agiu de forma deliberada para derrubar Michel Temer são abundantes. Olhem: se eu tivesse a concepção que tem Carlos Fernando dos “indícios”, Rodrigo Janot deveria ir para a cadeia, depois de devidamente condenado por golpismo.

O benefício foi excessivo? Eu faria o acordo? Faria, se eu estivesse na mesa [negociando]. O material é mais do que suficiente. O problema é o quanto você quer o acordo e em quanto tempo. É mais ou menos como o relacionamento amoroso. Você deseja muito uma pessoa e a pessoa percebe. Ela passa a exigir, dizer: eu quero só casamento. Xiii… Ele desconfia que pode ser excessivo, mas faria o mesmo. E recorre a uma metáfora de caráter sexual. QUE NOJO! Deixem-me ver se entendi. Janot não podia ver Joesley, e sua excitação cívica logo se fazia notar. O próprio Janot afirmou, em palestra em Washington, que o outro provocava a sua libido de denunciador com trechos de gravações.  Eu tinha recorrido a uma imagem menos sensual para tratar dessa relação: Joesley estava para Pavlov como Janot para o cachorro babão. Segundo Carlos Fernando, a coisa foi diferente: o açougueiro de casaca ficava mostrando o tornozelo para Janot, depois a panturrilha, depois o joelho… E o procurador-geral ali, querendo tudo, com “tesón y voluntad”, como se diria em espanhol. Joesley, à moda das moças casadoiras, fazia, então, sua “coquetterie”, e Janot loucão… Um dia ele gritou: “Eu caso, eu caso…” Era a hora do filé mignon. E se criou, então, o casal “J&J”: Janot e Joesley!
Que modo edificante de ver as coisas!  Joesley é do tipo que só se casa com comunhão de bens — alheios, claro! Ah, sim: a concepção que Carlos Fernando tem dos relacionamentos amorosos só não é pior do que a concepção que tem de direito.

Faltou ser mais blasé? Exatamente. É o truque. Faltou um pouco disso. E depois ter uma percepção clara de como a população encaras as coisas. Você [Joesley] vai para Nova York? Não, você não vai. Desculpe, você não vai ser filmado.
Huuummm… Malandrinho! Você, que já sonhou em dar em cima de Carlos Fernando; você, que não consegue resistir àquele coquetel de charme, virilidade e picardia, bem, saiba: se ele estiver na linha “nem te ligo”; se estiver, como diz um amigo gay, “fazendo a egípcia”, saiba: ele estará escondendo o jogo.
Ah, sim: ele acha, também, que não se cuidou direito do marketing da coisa. Era para enganar os trouxas, e tudo acabou ficando às claras… 

Se o sr. estivesse negociando, teria ido com mais calma? Eu falo isso, mas tenho respeito muito grande pela mesa [os negociadores da PGR]. A mesa é que sabe as suas próprias circunstâncias. Eu continua a achar que tudo depende de “teson y voluntad”.

Houve dano à Lava Jato? Houve um dano de imagem a toda a investigação, que contamina tudo. De repente, aqui no Paraná, nos vimos tendo que responder sobre isso. Que absurdo, não?, terem de responder “sobre isso”. Ora, se o doutor admite que se tornou um pensador da corrupção, por que não haveriam de lhe fazer perguntas?

Outro ponto polêmico é o do Marcelo Miller [procurador que foi contratado pelo escritório de advocacia que representa a JBS]. Até onde eu sei ele não participou do acordo. Mas realmente é outro problema que deveria ter sido percebido. […] Esse era um caso para que houvesse esse tipo de questionamento, e não era conveniente que ele participasse. Teria sido uma decisão acertada se ele tivesse se negado a fazer. Que coisa! Miller era braço-direito de Janot, deixou o MPF e, três dias depois, estava trabalhando no escritório que cuidava do acordo de leniência da J&F, sem obedecer à quarentena, que é de três anos. Atenção! Trabalhando no escritório e no caso. Mas notem como ele é respeitoso com Miller… Já com os advogados de defesa…

Voltando à sua atuação nas redes sociais, há uma proibição de que procurador se manifeste… Eu sou proibido de me manifestar sobre os processos. […] Estou falando de um problema político como cidadão. Estou exercendo meu direito. Não posso ser castrado. Vale dizer! É proibido fazer o que faz nesta entrevista. Essa divisão entre o procurador e o cidadão é uma farsa. Até porque o doutor goza dos benefícios de ser membro do MPF, incluindo a segurança, 24 horas por dia.

O procurador que manifesta posição na rede social tem isenção para investigar? Se eu estivesse fazendo consideração político-partidária, eu estaria realmente vinculado a certos posicionamentos. Se você defende princípios que estão na Constituição, esse argumento é absurdo. Eu vou falar. Não posso deixar de falar. Eu tenho uma obrigação de falar. Ainda que assim fosse, quem disse que a militância político-partidária é a única vedada a procuradores? Uma ova! Eles também não podem sair por aí a condenar pessoas que, muitas vezes, nem mesmo são oficialmente investigadas. E Carlos Fernando faz isso. E Deltan Dallagnol faz isso. E Janot faz isso.

A Lava Jato vai até onde? Aqui no Paraná está na meia idade caminhando para a velhice. As investigações acabam por dois motivos: porque o assunto se esgotou ou porque não existem recursos mais para você trabalhar. Creio que temos os dois fenômenos. Estamos caminhando para o esgotamento do assunto Petrobras. Mas também estamos sofrendo com falta de recursos. Estamos ficando velhos e com reumatismo.  O pensamento lógico de Carlos Fernando é pior do que as suas concepções de direito e de amor. Como é? As investigações morrem ou porque o assunto se esgotou ou porque faltam recursos? E ele diz que, no caso, acontecem as duas coisas, é isso? Ora, mas se já não motivos, por que deveria haver recursos? Para financiar o nada?
Essa entrevista explica muita coisa. Eis a cabeça de um dos homens mais poderosos da República.
OBS: A imagem de Joesley erguendo a saiotinho para mostrar o tornozelo a Janot vai povoar meus pesadelos.


Efeitos colaterais do ‘campeão nacional’ JBS

Política do BNDES de concentração de poder de mercado em poucos grupos não deve ser avaliada apenas pelo aspecto da rentabilidade financeira

O grupo JBS chegou a ser o maior produtor de proteína animal do planeta, orgulho da política desenhada em pranchetas lulopetistas para converter empresários brasileiros em “campeões”, vitaminados por dinheiro público. O grupo, de origem numa família dona de açougue em Anápolis, Goiás, não é o primeiro a ter ascensão rápida e queda equivalente.

Na década de 70, na ditadura militar, havia fixação no modelos dos “chaebols”, da Coreia do Sul, gigantes edificados em torno de famílias, bancos e governo. Na “crise asiática”, na década de 90, alguns se liquefizeram, com o desmonte de esquemas de dívida externa assentados na garantia de um câmbio fixo ou quase. O câmbio teve de flutuar e muita coisa veio a baixo. Mas a estrutura coreana, já colhendo os frutos dos investimentos em educação e tecnologia, aguentou o tranco.

No Brasil, o sonho de fortes empresas nacionais turbinadas pelo Estado também virou pesadelo em vários casos. Kalium, Decred, Coroa-Bastel são grupos que viriam a renascer bem mais à frente com outros nomes. O JBS é o exemplo mais recente e, como no passado, foi incentivado a partir de uma plataforma ideológica — existente à direita e à esquerda — que preza empresas com músculos anabolizados por bilhões manejados pelo inquilino de turno no Planalto.

JBS é típico. Com dinheiro do BNDES, no lulopetismo, se capitalizou com a venda de debêntures para o banco e obteve empréstimos subsidiados, sob a prestimosa vigilância do então ministro da Fazenda Guido Mantega, também zeloso na cobrança de contribuições do grupo a campanhas eleitorais petistas. Toma lá dá cá.  A implosão do JBS no vácuo da delação premiada de Joesley Batista deflagrou efeito sísmico no Brasil decorrente da política de concentração intencional de poder na mão de poucos empresários amigos: um choque no mercado interno de carne, porque os frigoríficos aglutinados no grupo, sob as bênçãos financeiras do Planalto, se transformaram em importantes compradores de rebanhos no interior do país, quase que única opção dos pecuaristas em regiões-chave, como no Centro-Oeste.

As ondas de choque sobre o grupo deflagradas pela repercussão da delação de Joesley Batista sobre o presidente Temer retraíram o crédito ao JBShouve até suspeita de retaliação por bancos públicos —, este parou de pagar à vista pelos rebanhos, o que levou à retração de pecuaristas. Preços desabaram. Pois o JBS, é claro, concentrava a sua maior capacidade de abate nos estados em que se encontra a maior parte do rebanho: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No primeiro, 50% do total de seus abates; no segundo, 40%.
Este é outro alerta sobre políticas governamentais que promovem concentração em mercados, a partir de conceitos derivados de concepções contrárias à livre concorrência. Em algum momento a casa pode cair. Como costuma acontecer nessas situações, paga o preço a dupla contribuinte-consumidor.

Por isso, é equivocado fazer o balanço da política de “campeões nacionais” do BNDES lulopetista apenas pelo ângulo estreito dos lucros e perdas do banco no programa. Mesmo que o banco obtivesse boa rentabilidade com o JBS, ele teria colocado em risco parte ponderável da pecuária nacional, ao criar um único e forte comprador de carne. E também grande financiador de campanhas políticas, não por acaso.


Fonte: Editorial - O Globo
 

As chances de Bolsonaro e Lula

A fatura que a República tira de seus ismos - grupismo, mandonismo, caciquismo, nepotismo, individualismo, fisiologismo – cresce exponencialmente com o acirramento da crise política, propiciando especulações e versões sobre o campeonato eleitoral de 2018. Erigem-se espaços de protagonistas no pleito e, mais, com indicação de suas possibilidades de vitória, projeções que se fazem a partir do pesquisismo – essa mania desvairada de medir posições de pré-candidatos muito antes dos eventos eleitorais.

A essa altura, já há quem veja Jair Bolsonaro e Luiz Inácio na chegada ao pódio, quando ainda não se sabe se serão candidatos ou se as circunstâncias (jurídicas, políticas, econômicas e sociais) permitirão que o sejam.  Bolsonaro só será candidato em cenário de caos político, com expansão da insegurança coletiva e clamor social por ordem nas ruas, sob slogans do tipo: “bandido na cadeia”, “bandido bom é bandido morto”. [Bolsonaro será o candidato do restabelecimento da ORDEM no Brasil, a volta de valores esquecidos,  o que trará entre outros benefícios o progresso.]
Abandonaria alternativas mais viáveis de uma candidatura majoritária no Rio de Janeiro (governo ou senado) e mesmo a continuidade como representante na Câmara Federal por uma opção cheia de riscos?

Admitamos, porém, que entre na canoa presidencial ante a insistência da turba exigindo “basta à bandidagem”. Pela hipótese mais benevolente, sejamos realistas: tem chances mínimas de alcançar vitória. A não ser que se admita uma reviravolta nos padrões culturais e na formação do pensamento de nossas classes sociais.  A força das classes médias

Os contingentes de visão conservadora tendentes a perfilar ao lado de perfis populistas e identificados com o “poder da bala” estão na base da pirâmide social e, admitamos, em segmentos do próprio topo, particularmente dos extratos que ainda sonham com a volta dos militares ao poder. São pequenos enclaves radicais.  O ciclo da redemocratização oxigenou os pulmões sociais, gerando movimentos de toda a ordem – em defesa de categorias profissionais, de gêneros e minorias. [e estabelecendo a desordem, a bagunça, em todo o Brasil.]  Esses núcleos são comprometidos com os fundamentos democráticos tão bem pontuados na Constituição de 88. A imensa maioria eleva ao alto a bandeira da cidadania,  identificando-se com o ideário das liberdades.

O espaço habitado por imensos contingentes das classes médias (A, B e C), cuja forte expressão gera impactos para cima e para baixo, é o mais largo da pirâmide social. Sua influência equivale a da pedra jogada no meio da lagoa. Forma ondas que chegam até as margens.  O leque de profissionais liberais – médicos, advogados, empresários (dos meios rural e urbano) de médio e pequeno porte, comerciantes, profissionais da comunicação etc – se destaca por ser a maior tuba de ressonância do país.

Pois bem. Essa orquestra entoa o hino progressista. Pode, até, abrigar aqui e ali um ou outro nicho mais conservador, mas suas maiores fatias defendem os avanços civilizatórios e os valores democráticos. Essa é a interpretação que se extrai da fortaleza de onde sai o tiroteio que abate conservadores, demagogos e populistas. Não há hipótese de que esse poderoso grupamento seja atraído pela metralhadora que é Jair Bolsonaro.

As chances de Lula
Da mesma forma, o rolo compressor das classes médias vencerá o  bastião de Luiz Inácio, onde os exércitos militantes serão em menor número do que portaram estandartes vermelhos em 2002 e 2006. O lulismo está em decadência, seja porque seu artífice está imerso na lama do petrolão, após ter resistido ao maremoto do mensalão, seja porque o legado por ele deixado desmoronar, após a débâcle na economia perpetrada pela ex-presidente Rousseff. [Lula não tem chances pelo mais simples dos motivos: em 2018 estará encarcerado, com várias condenações em primeira instância e algumas ratificadas em segunda instância.
Criminoso condenado não pode ser presidente da República.]

Não se pode dizer, porém, que o ex-metalúrgico está nocauteado. Continuará a receber a votação da militância e de camadas das margens sociais, principalmente na região Nordeste, onde chega a obter hoje o índice de 45%. Lula é exímio na arte de mistificar. Nos fundões, é visto como o “Pai dos Pobres”.  Comporta-se como Salvador da Pátria e começa a prometer que recolocará o país no altar da grandeza, sem reconhecer o buraco aberto na economia pela era lulista. Resistirá até o último minuto da batalha judicial que tem pela frente, devendo usar os recursos jurídicos (infringentes e de declaração), caso venha a ser condenado na 2ª instância.

A condição de vítima aumentará seu quinhão de votos, mas não a ponto de fazê-lo subir ao pódio. A rejeição ao seu nome subirá ao pico da montanha.  Portanto, toda prudência se faz necessária antes os cenários eleitorais do amanhã. É muito pouco viável o encontro dos extremos, Bolsonaro e Lula, na encruzilhada eleitoral de outubro de 2018. A crise certamente acirrará os ânimos. Mas não se pense que seus efeitos serão benéficos para candidatos localizados nas extremidades do arco ideológico.

A lógica aponta que perfis menos polêmicos, mais afeitos ao diálogo e, sobretudo, não flagrados em escândalos, devem ganhar a preferência do eleitorado. A questão é: quem? Há essa figura? O fato é que não existe, pelo menos ao alcance da vista, um perfil com tal identidade. Seria um empresário? Um profissional liberal de prestígio? Um juiz? Receberia apoio partidário? Difícil. [é nesse espaço que surgirá e se consolidará a candidatura de Ronaldo Caiado.]
 
Como se sabe, há uma regrinha básica nas eleições: o nome deve ganhar apoio de grandes partidos. Só assim a aritmética eleitoral é  arrumada. O tempo de mídia é mais longo, permitindo amplo conhecimento do candidato por todos os segmentos da população.
As estruturas partidárias tendem a escolher candidatos entre seus integrantes. Mas não há lideranças capazes de construir consensos. O que se vê é a formação de alas no PMDB, PSDB, PT e em siglas menores. O individualismo impera.

Algum consenso pode se dar na esfera de siglas como Rede Sustentabilidade e PDT. Mas os nomes que apresentam,  Marina Silva e Ciro Gomes, têm centímetros abaixo da estatura que se exige para uma candidatura com reais chances. Em suma, as águas que correrão em 2018 estão longe de desembocar no oceano. Gregos e troianos vão ter de esperar muito para saber que rumo tomará a pororoca.

 Fonte: Blog do Noblat - Gaudêncio Torquato É jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter @gaudtorquato

Exército nas ruas - combate as armas, eliminação dos arsenais do crime

Próxima fase da atuação das Forças Armadas terá foco no combate às armas

Arsenais do crime estão na mira dos militares. Segundo ministro da Defesa, presença nas ruas será menos ostensiva

Haverá resposta do crime organizado. Vamos estar diante de uma espécie de guerra.

Raul Jungmann, ministro da Defesa, sobre a ação das Forças Armadas no Rio

 

A segunda etapa da atuação das Forças Armadas no Rio terá como foco os arsenais de guerra das facções criminosas. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que a primeira fase da operação das tropas federais no Rio será curta. Durante coletiva de imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), ontem, ele afirmou que a presença ostensiva dos militares nas ruas vai diminuir nos próximos dias para dar lugar a novas ações que ainda estão em fase de planejamento. Não haverá intervalo entre uma fase e outra. Dez mil homens das Forças Armadas chegaram ao Rio na última sexta-feira e ficarão até 2018.  — Essa primeira fase é de curta duração. O fundamental são os trabalhos que atualmente estão sendo feitos de reconhecimento — afirmou Jungmann, que descartou ocupações permanentes de comunidades e defendeu não dar prazos para cada etapa: — Nossos objetivos estão sendo alcançados. Estamos fazendo esse reconhecimento das áreas que são fundamentais para a próxima fase. Só a inteligência permite golpear o crime organizado. Nosso objetivo continua sendo chegar ao centro de comando, aos arsenais e aos fluxos de drogas. Isso é o que importa para reduzir a criminalidade e dar uma sensação de segurança que não seja passageira, mas real.

Em maio, uma ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do 16°BPM (Olaria), além do 22°BPM (Maré) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC) apreendeu 32 fuzis na Cidade Alta, em Cordovil. Todas as armas traziam a inscrição “CX”, que significa “caixa”, de acordo com agentes do Bope. Segundo os policiais, os fuzis com “CX” fazem parte de um estoque dos bandidos usado apenas em invasões a territórios comandados por facções rivais, como aconteceu no local. No mês seguinte, a Polícia Civil interceptou 60 fuzis chegando pelo Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, o Galeão. As armas vieram dos Estados Unidos.

Obtenção de dados
O comandante da operação “Rio quer segurança e paz”, general Mauro Sinott, explicou que o reconhecimento serve para obtenção de dados do território, que servirão de base para o planejamento de operações.  — É preciso, por exemplo, saber quais acessos eu tenho para determinados locais. Para operações futuras, é fundamental eu saber como chego naquele local ou como vou bloquear aquele lugar. E o pessoal que vai trabalhar ali já pisou no terreno e já conhece seus acessos, regiões dominadas. Reconhecer é obter dados, principalmente sobre terreno — afirmou o general Sinott.

De acordo com o comandante da operação, esse trabalho está sendo feito junto com a Polícia Militar.  — Não existe a ideia de chegarmos em uma área e liberar a polícia para fazer o trabalho em outro local. A polícia continua realizando seu trabalho e nós estamos juntos visando a futuras operações — afirmou.

O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, não divulgou estatísticas que mostrem redução de crimes desde a chegada dos militares, sexta-feira. Ele afirmou, entretanto, que a presença das Forças Armadas aumentou a sensação de segurança e valorizou a cooperação entre as tropas e a Polícia Militar: Constatamos que foi extremamente salutar e positiva (a chegada dos militares). O espírito de cooperação é outro destaque, consolidando o que aprendemos desde a Olimpíada. Aproveito para dizer que vamos continuar nessa missão de forma integrada, orientando as atuações das nossas forças e das forças federais.

Sá aproveitou o encontro e afirmou que pediu uma prévia dos números de letalidade violenta do mês de julho deste ano, comparado com o mesmo período de 2016. De acordo com ele, os dados até a última quinta-feira, um dia antes do início da operação, mostram que houve uma redução desse tipo de crime em relação ao mesmo mês do ano passado.
Embora altos, longe do que a gente almeja, há uma tendência de diminuição em relação ao mês de julho do ano passado. O que não significa que esteja bom. Queremos cada vez mais diminuir a letalidade — afirmou o secretário.

Fonte: O Globo

Equilíbrio frágil

Um presidente com apenas 5% de aprovação e 70% de rejeição normalmente cai, porque os políticos da coalizão se afastam de governo impopular que pode prejudicar as intenções eleitorais futuras. O presidente Temer chega às vésperas da votação da denúncia com chances de vencer. Tem usado o cargo para ficar no cargo e conta com a união de políticos contra o inimigo comum: a Lava-Jato.

Na quarta-feira, dia 2, está marcada a leitura em plenário da denúncia do procurador-geral por corrupção passiva contra Temer. Quem quer tirá-lo tem o ônus de mobilizar dois terços da Câmara para votar pela aceitação da denúncia. A falta de manifestação de rua facilita a vida de Temer, mas os parlamentares estão voltando de suas bases, visitadas no recesso, onde ouviram dos seus eleitores o tamanho da rejeição ao presidente. Terão que decidir entre ficar no pacto de salvação dos investigados ou fazer um gesto em relação ao eleitor que está cansado do governo e da corrupção.

Toda vez que ocorreu um aumento forte da impopularidade de um governo houve movimentos para se tirar o presidente. Assim foi com Collor e Dilma. A ex-presidente foi reeleita no segundo turno e estava com 40% de ótimo e bom em dezembro de 2014. Teve queda brusca. Em março, havia caído para 12%. Continuou definhando até 9% e acabou sendo afastada. A lista dos erros de Dilma é enorme, mas o principal é que ela arruinou a economia, mentiu na campanha e, fechadas as urnas, admitiu a crise que ficou visível para todos, na escalada da inflação e no aumento do desemprego ao longo de 2015 e começo de 2016.

Temer nunca teve popularidade. Seu máximo de ótimo e bom foi 14%. Mas o ruim e péssimo estava, no começo, em 39%, bem abaixo dos 69% de Dilma. Havia um número grande de regular. Esses indecisos migraram para a rejeição após a divulgação da delação de Joesley Batista.  Quem aposta no cenário “sarney”, um presidente impopular que permanece, tem que lembrar dois pontos. Primeiro, em janeiro do último ano do governo, Sarney ainda tentou enfrentar a hiperinflação, o grande problema da época, com o Plano Verão. Quando ficou claro que a tentativa havia falhado, o ano já estava quase na metade, e a campanha eleitoral, na rua. Sobravam apenas alguns meses. Sarney submergiu, e o país passou a ser governado, na prática, pela equipe econômica. Segundo, a crise fiscal agora é mais grave, e o país pode viver cenas explícitas de desgoverno, neste longo ano e meio que ainda resta.

Temer é um governo estranho. Ele escolheu administrar o país com um núcleo de políticos atingidos pela Lava-Jato, ou vulneráveis às denúncias, e blindar algumas áreas da máquina pública. Quando se diz que a equipe econômica é boa, não é apenas do ministro da Fazenda que se fala. Há no grupo pessoas de qualidade comprovada, nenhuma relação com o atual presidente, e em postos-chave no Ministério, como o secretário-executivo Eduardo Guardia, a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, o secretário de acompanhamento econômico, Mansueto Almeida. Há outros, menos visíveis.

Nas estatais, ele nomeou Pedro Parente para a Petrobras e deu a ele autonomia. Quando Parente assumiu, falava-se que era inevitável uma capitalização do Tesouro na empresa, e ela está sendo ajustada sem pedir dinheiro ao governo. Na Eletrobrás, área onde sempre houve indicação política, foi nomeado o gestor reconhecido no mercado privado Wilson Ferreira. Ele tem tomado decisões para arrumar a estatal de energia, violentamente atingida pela péssima gestão Dilma na área energética. Ferreira quer vender ativos de subsidiárias e está reduzindo o número de funcionários e os custos para que a empresa sobreviva ao passivo de R$ 30 bilhões deixado pela MP 579.

Um dos acertos já foi desfeito. O BNDES sempre foi alvo dos mais diversos lobbies empresariais. Maria Silvia iria mudar isso. Saiu e parte da equipe se dispersou. Agora, o banco faz acenos fortes ao velho patriciado. Mais do que isso, Paulo Rabello de Castro, homem de confiança de Temer, foi colocado lá para ser o polo alternativo de poder na área econômica e ser usado na vacância do cargo na Fazenda. Se essa decisão for consumada, pode ser fatal. Temer vive um equilíbrio frágil e permanece ameaçado pela maldição que atinge presidentes muito impopulares.

Fonte: Coluna da Miriam Leitão - Com Alvaro Gribel