A assessoria de imprensa do governo do Distrito Federal informou que ele estava “molinho”, mas que logo melhorou depois de socorrido por uma equipe médica. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) apressou-se a isentar a escola de culpa. E ao fazê-lo, disse sem pestanejar: “Foi uma questão pontual da família”. Ou seja: se culpa houve, foi da família que não deu de comer ao menino. Ou que não pode dar. Da escola não foi. Muito menos foi culpa do governo.
Na acepção da palavra, “questão pontual” é algo que acontece esporadicamente. Não há escola pública suficiente para educar meninos que moram no Cruzeiro. O que desmaiou, por exemplo, e os três irmãos dele, são obrigados a viajar diariamente mais de 30 quilômetros para estudar em outra cidade, também satélite de Brasília. Seus pais vivem abaixo da linha da pobreza. Ganham R$ 596 do Bolsa Família e R$ 400 do DF - Sem Miséria. No dia do desmaio, os meninos tomaram um mingau de fubá. Nada haviam comido na véspera. [e o lanche da merenda escolar, responsabilidade do GDF e que segundo o MEC tem que atender no mínimo 20% das necessidades nutricionais diárias das crianças, foi suco e biscoito - aquele suco que vem em envelopes e é diluído em água, resultando em uma água colorida e que tem que ser adoçada na hora do preparo.]
Ana Carolina Costa, professora da escola, diz que dois dos seus alunos todos os dias reclamam de fome. Foi ela que atendeu o menino que desmaiou. “Por duas vezes ele apagou”, conta.
A crer-se no governador, a fome não passa de questões pontuais de famílias carentes. Uma vez que forneça merenda escolar, o Estado pouco ou nada tem a ver com isso.
Blog do Noblat - O Globo
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