Acusados e condenados costumam continuar
a jurar inocência, mas a indenização bilionária que a estatal se
propõe a pagar descredencia essas juras
Sempre
negar é regra seguida por acusados de crimes. Mesmo que as evidências o desmintam, não importa
que já seja um condenado. No mundo do colarinho branco,
Paulo Maluf é o símbolo maior deste costume, e deve sair da Papuda sem mudar.
No seu caso, de desvio de dinheiro de obras em São Paulo, lavagem e remessa para
o exterior, na última passagem pela prefeitura da cidade, há, entre outras,
provas documentais (assinaturas etc.). Mas isso não importa.
O
mesmo se repetiu no mensalão do PT (também no do PSDB) e
ocorre no petrolão, do PT e associados
(MDB e PP, os principais). O ex-presidente Lula sempre
negou o mensalão, mesmo que várias estrelas mensaleiras de primeira grandeza
do partido tenham cumprido penas em prisão
(José Dirceu, José
Genoíno, Delúbio Soares etc.), definidas pelo Supremo Tribunal.
O roteiro
é seguido também no petrolão, desbaratado pela Lava-Jato, e hoje com vários processos em andamento e diversas
condenações — inclusive de Lula, em primeira instância, no
caso do tríplex do Guarujá, e prestes a ser julgado em segundo grau. Porém,
é necessário continuar a negar, por questões jurídicas e também políticas.
Político jamais confessa. O acordo a que a Petrobras chegou com investidores
que aplicaram em papéis da empresa no mercado americano, como indenização por
perdas causadas pelos efeitos das falcatruas do lulopetismo na empresa, é outra
forte chancela que sacramenta como verdadeiras as acusações contra políticos e
diretores da estatal ligados ao PT, MDB e PP, que patrocinaram um assalto
bilionário à companhia.
Por que a
empresa proporia pagar US$ 2,95 bilhões em multas (cerca de R$ 9,5 bilhões) a participantes de uma
ação coletiva instaurada na Justiça americana se não estivesse convencida de
que inexiste alternativa? Ou seja, de que é impossível provar que não houve o petrolão. Provas e
evidências são graníticas. Esta proposta da estatal, que ainda precisa
ser aceita pela Justiça — a mais elevada multa a ser paga no país por uma
empresa estrangeira — é mais uma comprovação deste crime. Têm o mesmo
efeito multas elevadas acertadas no Brasil por empreiteiras sócias do
lulopetismo, aliadas no assalto à Petrobras, para financiar o projeto de poder
do PT e coligados, assim como elevar o patrimônio de vários políticos e
operadores financeiros que fizeram passar centenas de milhões por suas
lavanderias.
Esta
multa histórica que a Petrobras deve pagar nos Estados Unidos desmente todo
aquele que continua a negar o esquema. Vale, é claro, para o
ex-presidente Lula com o apartamento triplex do Guarujá e o sítio em Atibaia,
produtos, segundo provas e testemunhos, da corrupção na estatal, motivo
que leva a empresa a desembolsar bilhões de reais para escapar de penas mais
severas. Depois disso, se já eram, os desmentidos e negativas ficam ainda
mais patéticos.
Editorial
- O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário