Subalternos exigirem tal comportamento do superior, no caso do secretário Frias, se torna o mínimo, quando considerarmos que o presidente da República sofre investigação criminal por ter a OUSADIA de ter a absurda pretensão de exercer sua função de primeiro mandatário da Nação, sobre um ministro - sendo que todos os ministérios são subordinados ao presidente da República e, incontestavelmente, os ministros.
O presidente da República tem o poder atribuído pela Constituição Federal de - tão invocada quando usada contra o presidente Bolsonaro e seus apoiadores - se insatisfeito com o desempenho de qualquer titular do segundo ou terceiro escalões do seu governo, convocar o ministro
(ou não, caso queira aproveitar e dar um recado ao ministro que está sem prestígio e passa da hora de pedir para sair)
e informar que não está satisfeito com o desempenho de fulano e quer que ele seja demitido.
Ao ministro resta, dada sua condição 'ad nutum', aceitar ou pedir demissão.
No caso do ex-juiz, Bolsonaro deveria (não tanto pelo diretor-geral e sim pelo caráter de 'recado' ao, na época, ainda ministro) convocar o diretor-geral e demiti-lo.
Certas concessões de uma autoridade são muitas vezes confundidas com frouxidão e geram abusos da parte que recebe a deferência.
O presidente que tem o poder de demitir seus ministros - sem obrigação de prestar contas a quem quer que seja, podendo, por consideração, dar aquela explicação: "fi-lo porque qui-lo".
Aliás, - com o devido respeito ao presidente Bolsonaro, mas na condição de bolsonarista de raiz - grande parte dos problemas que acometem o nosso presidente, um dos maiores é o excesso de explicações que insiste em apresentar. Um ato de rotina se torna uma decisão importante.
"quem muito explica...".]
Ontem aplaudi o amigo e
brilhante jornalista Alexandre Garcia quando este mencionou uma censura
muito mais eficiente e odiosa, referindo-se àquela que fecha as portas
para quem deixa transparecer posição “de direita”, ou, caso mais grave,
aparece em fotografia com o presidente da República. Neste caso, é a
própria “zona artística” a que se refere Fernanda Montenegro que promove
a censura dos colegas desalinhados com o esquerdismo hegemônico. A
longa e dinâmica trajetória do Alexandre o autoriza a mencionar a
censura na imprensa, também ela no circuito das redações, cuidando de
apartar os dissidentes do pensamento dominante. E poderíamos ir para o
ambiente acadêmico, na área de Ciências Humanas, onde vigem, com rigor
de tribunais de exceção, os mecanismos de tranca e ferrolho contra a
infiltração de qualquer divergência.
Estas censuras, cotidianas, disseminadas em ambientes públicos e privados, têm existência tão real que negá-las é confirmá-las, pois a recusa a uma evidência é já censura imposta ao fato. No entanto, essa censura é praticada por militantes convictos de promoverem uma censura do bem, beatificada pela santidade da causa. Foi por ela e para ela que aparelharam tudo.
Exatamente por isso, tem mais. Nos últimos dias foi desencadeada em Cuba uma onda repressiva de intensidade incomum até para Ilha. Preparava-se a divulgação da Revolución de los Girassoles com uma passeata ocorrida dia 08/09, pedindo – ora vejam só! – liberdade de opinião e expressão, a extinção da ditadura e, subsidiariamente, a liberação dos mantimentos coletados nos EUA por cubanos lá residentes. Enviados para entrega a entidades religiosas fazerem a distribuição, empacaram na aduana de Mariel porque o governo quer controlar sua distribuição através do aparelho estatal.
Cuba passa fome. A covid-19 derrubou o turismo e afundou o PIB, por isso, a ajuda humanitária, por isso o silêncio sobre ela e sobre o que está acontecendo lá com número crescente de prisões. No sentido oposto, foi libertado, na última sexta-feira, o dissidente Roberto de Jesús Quiñones depois de cumprir um ano inteiro como preso de consciência. Vi a foto dele em Cubanet. Pele sobre ossos, parecia egresso de um campo de concentração nazista. Um ano preso por divergência e a censura do bem age como se Cuba não existisse para que os fatos de lá não precisem ser revelados.
À saída da prisão, Roberto de Jesús foi saudado por um amigo que lhe disse: “Bem vindo à prisão exterior”. Também isso não repercute, porque aqui, como lá, há livros que não se lê, verdades que não se diz, fatos que se manieta em versões.
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Integrante do grupo Pensar+.
Estas censuras, cotidianas, disseminadas em ambientes públicos e privados, têm existência tão real que negá-las é confirmá-las, pois a recusa a uma evidência é já censura imposta ao fato. No entanto, essa censura é praticada por militantes convictos de promoverem uma censura do bem, beatificada pela santidade da causa. Foi por ela e para ela que aparelharam tudo.
Exatamente por isso, tem mais. Nos últimos dias foi desencadeada em Cuba uma onda repressiva de intensidade incomum até para Ilha. Preparava-se a divulgação da Revolución de los Girassoles com uma passeata ocorrida dia 08/09, pedindo – ora vejam só! – liberdade de opinião e expressão, a extinção da ditadura e, subsidiariamente, a liberação dos mantimentos coletados nos EUA por cubanos lá residentes. Enviados para entrega a entidades religiosas fazerem a distribuição, empacaram na aduana de Mariel porque o governo quer controlar sua distribuição através do aparelho estatal.
Cuba passa fome. A covid-19 derrubou o turismo e afundou o PIB, por isso, a ajuda humanitária, por isso o silêncio sobre ela e sobre o que está acontecendo lá com número crescente de prisões. No sentido oposto, foi libertado, na última sexta-feira, o dissidente Roberto de Jesús Quiñones depois de cumprir um ano inteiro como preso de consciência. Vi a foto dele em Cubanet. Pele sobre ossos, parecia egresso de um campo de concentração nazista. Um ano preso por divergência e a censura do bem age como se Cuba não existisse para que os fatos de lá não precisem ser revelados.
À saída da prisão, Roberto de Jesús foi saudado por um amigo que lhe disse: “Bem vindo à prisão exterior”. Também isso não repercute, porque aqui, como lá, há livros que não se lê, verdades que não se diz, fatos que se manieta em versões.
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Integrante do grupo Pensar+.
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