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sábado, 12 de setembro de 2020

Covid-19: Vacina russa ganha espaço no Brasil

Governo da Bahia assina acordo de cooperação para fornecimento de até 50 milhões de doses da Sputnik V. Secretaria de saúde do estado fala em distribuição a partir de novembro, mas uso do imunizante no Brasil ainda depende de autorização da Anvisa 

Na corrida mundial pelo desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, várias candidatas se preparam em solo brasileiro e, esta semana, o país observou a iniciativa russa ganhar posições, enquanto a britânica precisou frear o passo. Ontem, o governo da Bahia anunciou a assinatura do acordo de cooperação com fundo soberano da Rússia (RDIF) para o fornecimento de até 50 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, a primeira contra coronavírus registrada no mundo. No mesmo dia, a Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), se reuniu com a agência britânica responsável pela área de medicamentos e imunização para discutir sobre a interrupção dos estudos de fase três da vacina de Oxford.

Segundo a Anvisa, na ocasião, houve troca de informações tendo como objeto a suspensão dos testes da vacina após o surgimento de um evento adverso grave em uma voluntária do estudo na Inglaterra. “O evento adverso e sua relação com a vacina estão em investigação. A Anvisa vai receber os dados completos de avaliação da agência inglesa para aprofundar a análise sobre o evento adverso. A agência brasileira também vai avaliar os dados do comitê independente de segurança que está acompanhando os testes da vacina de Oxford”, informou a agência, em nota.

Ao que consta, as apostas do governo brasileiro continuam mais fortes na vacina de Oxford, que, mesmo em meio à pausa, é considerada a mais promissora. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) formalizou contrato de encomenda tecnológica com a AstraZeneca, que detém os direitos de produção, distribuição e comercialização da vacina Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford.
“Vários países estão investindo na promessa de uma vacina segura de forma adiantada sob pena de não ter acesso à imunização quando essa for comprovada. É um risco medido e necessário sobre o aspecto clínico e tecnológico”, justificou em coletiva, nesta semana, o secretário-executivo da Saúde, Élcio Franco. Com isso, a Fiocruz garante acesso a 100,4 milhões de doses da vacina, além da transferência total da tecnologia, o que, no futuro, também poderá ajudar no desenvolvimento de outros imunizantes.

Sem favoritismo
Na tradicional live semanal, o presidente Jair Bolsonaro também abordou o tema. Ele garantiu que é a Anvisa que definirá quais vacinas devem ou não ser usadas no Brasil. “Deu problema com a vacina que nós estávamos tratando. Estamos aguardando saber das causas, para, logicamente, continuar pesquisando, testando para ver se ela pode ser usada ou não. A Anvisa vai tratar se vamos ou não vacinar as pessoas.”
O favoritismo, no entanto, é deixado de lado, porque o que importa é que a ganhadora compartilhe o prêmio com o mundo o quanto antes. “Não buscamos apenas uma vacina contra a covid-19, buscamos e estamos investindo em uma vacina segura e eficaz, em qualidade e quantidade necessária para imunizar os brasileiros”, completou Franco.

Nesse cenário, a vacina russa Sputnik V tem ganhado cada vez mais espaço. O acordo permitirá que a Bahia, por meio da Bahiafarma, comercialize a vacina em todo o país, com a possibilidade de entrega a partir de novembro de 2020, desde que aprovada pelos órgãos reguladores do Brasil. Secretário de saúde do estado, Fábio Vilas-Boas defendeu que “a vacina está sendo testada em cerca de 40 mil pessoas em todo o mundo, se mostrando segura e eficaz até o momento”. Ele defendeu, ainda, que por utilizar adenovírus humano e não de macaco, a candidata sai na frente, já que a plataforma “é conhecida e estudada há décadas”.

O governo baiano, no entanto, ainda precisa submeter o pedido de teste de fase 3 à avaliação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Se aprovados, os testes devem ter início no próximo mês em 500 brasileiros.

Correio Braziliense



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