Governo da Bahia assina acordo de cooperação para fornecimento de até 50 milhões de doses da Sputnik V. Secretaria de saúde do estado fala em distribuição a partir de novembro, mas uso do imunizante no Brasil ainda depende de autorização da Anvisa
Na corrida mundial pelo desenvolvimento de uma vacina
contra a covid-19, várias candidatas se preparam em solo brasileiro e,
esta semana, o país observou a iniciativa russa ganhar posições,
enquanto a britânica precisou frear o passo. Ontem, o governo da Bahia
anunciou a assinatura do acordo de cooperação com fundo soberano da
Rússia (RDIF) para o fornecimento de até 50 milhões de doses da vacina
russa Sputnik V, a primeira contra coronavírus registrada no mundo. No
mesmo dia, a Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), se reuniu
com a agência britânica responsável pela área de medicamentos e
imunização para discutir sobre a interrupção dos estudos de fase três da
vacina de Oxford.
Segundo a Anvisa, na ocasião, houve troca de
informações tendo como objeto a suspensão dos testes da vacina após o
surgimento de um evento adverso grave em uma voluntária do estudo na
Inglaterra. “O evento adverso e sua relação com a vacina estão em
investigação. A Anvisa vai receber os dados completos de avaliação da
agência inglesa para aprofundar a análise sobre o evento adverso. A
agência brasileira também vai avaliar os dados do comitê independente de
segurança que está acompanhando os testes da vacina de Oxford”,
informou a agência, em nota.
Ao que consta, as apostas do governo brasileiro
continuam mais fortes na vacina de Oxford, que, mesmo em meio à pausa, é
considerada a mais promissora. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
formalizou contrato de encomenda tecnológica com a AstraZeneca, que
detém os direitos de produção, distribuição e comercialização da vacina
Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford.
“Vários países estão investindo na promessa de uma
vacina segura de forma adiantada sob pena de não ter acesso à imunização
quando essa for comprovada. É um risco medido e necessário sobre o
aspecto clínico e tecnológico”, justificou em coletiva, nesta semana, o
secretário-executivo da Saúde, Élcio Franco. Com isso, a Fiocruz garante
acesso a 100,4 milhões de doses da vacina, além da transferência total
da tecnologia, o que, no futuro, também poderá ajudar no desenvolvimento
de outros imunizantes.
Na tradicional live semanal, o presidente Jair
Bolsonaro também abordou o tema. Ele garantiu que é a Anvisa que
definirá quais vacinas devem ou não ser usadas no Brasil. “Deu problema
com a vacina que nós estávamos tratando. Estamos aguardando saber das
causas, para, logicamente, continuar pesquisando, testando para ver se
ela pode ser usada ou não. A Anvisa vai tratar se vamos ou não vacinar
as pessoas.”
O favoritismo, no entanto, é deixado de lado, porque o
que importa é que a ganhadora compartilhe o prêmio com o mundo o quanto
antes. “Não buscamos apenas uma vacina contra a covid-19, buscamos e
estamos investindo em uma vacina segura e eficaz, em qualidade e
quantidade necessária para imunizar os brasileiros”, completou Franco.
Nesse cenário, a vacina russa Sputnik V tem ganhado
cada vez mais espaço. O acordo permitirá que a Bahia, por meio da
Bahiafarma, comercialize a vacina em todo o país, com a possibilidade de
entrega a partir de novembro de 2020, desde que aprovada pelos órgãos
reguladores do Brasil. Secretário de saúde do estado, Fábio Vilas-Boas
defendeu que “a vacina está sendo testada em cerca de 40 mil pessoas em
todo o mundo, se mostrando segura e eficaz até o momento”. Ele defendeu,
ainda, que por utilizar adenovírus humano e não de macaco, a candidata
sai na frente, já que a plataforma “é conhecida e estudada há décadas”.
O governo baiano, no entanto, ainda precisa submeter o
pedido de teste de fase 3 à avaliação da Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa (Conep) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Se aprovados, os testes devem ter início no próximo mês em 500
brasileiros.
Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário