Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador máscaras. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador máscaras. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O vírus espalhado - Carlos Alberto Sardenberg

Coluna publicada em O Globo - Economia 7 de janeiro de 2021

Quem correu mais riscos no réveillon? As pessoas que se aglomeraram nas praias ou as que trabalharam em festas (clandestinas, claro) promovidas em casas e mansões (cozinheiros, garçons, copeiros, faxineiros, seguranças, motoristas, operadores de som e vídeo)?
Pelo que diz o CDC (Centro de Controle de Doenças, do governo americano, cdc.gov) foram as pessoas que trabalharam e frequentaram as festas.
O CDC oficializou as evidências científicas sobre a transmissão do coronavirus. Entre elas: o risco é muito baixo em atividades ao ar livre; risco muito alto em festas. Mas considerando os quatro fatores básicos para calcular riscos, o pessoal da praia também se arriscou muito.

São eles, sempre colocando na frente os de maior risco:
1. Interior versus exterior
2. Espaços estreitos vs espaços amplos e ventilados
3. Alta densidade de pessoas vs baixa densidade
4. Exposição mais longa vs exposição mais breve

Há outros dados interessantes que ajudam a avaliar as situações. A carga necessária para a pessoa contrair o vírus é receber 1.000 partículas virais (vp). Na respiração, a pessoa exala mais ou menos 20 vp por minuto. Já na fala, são 200 vp/minuto. Mas se a pessoa contaminada espirra, ela espalha nada menos que 200 milhões de vp, um volume suficiente para permanecer no ar por horas se o ambiente for mal ventilado.

Logo, ficar na praia, tomando distância, em grupos pequenos, o risco é baixo. 
Aglomerar sem máscaras, confraternizar nos botecos ou barraquinhas, aos gritos e gargalhadas, risco altíssimo.
Acrescente aí o pessoal que tomou o buzão para ir às praias ou para trabalhar nas festas e a conclusão é clara: muita gente, rica ou remediada, festeira ou trabalhadora, espalhou e recebeu o coronavirus. O efeito das comemorações de Natal e Ano Novo já está aí, mas o número de casos e mortes ainda vai aumentar. [Já que todos dão palpites, vamos ao nosso - não admitimos que nos xinguem de especialistas:
- Já postamos, e ratificamos, que após o próximo dia 10 os números de mortes e contágios começam a cair e desta vez queda irreversível e crescente - via 'imunidade de rebanho', e queda que se consolidará com a chegada da vacina.] Com uma desigualdade evidente: os trabalhadores e “populares” vão para a fila do SUS, os festeiros para os hospitais particulares.

Tudo isso para demonstrar que há muito debate inútil por aí. A ciência já conhece o vírus principal (está pesquisando as variações) e já demonstrou como ele se transmite de pessoa para pessoa.
Está provado que quanto mais distanciamento social, quanto mais lockdown, menos contaminações. Sim, há pessoas que precisam sair de casa e tomar transporte público para trabalhar. Há meios de reduzir os riscos: máscaras, lotação reduzida [ops... as sugestões, especialmente esta, são para implantação no Brasil? se sim, para quando?]  ambiente ventilado – e é papel dos governos oferecer isso e ordenar o distanciamento onde é possível – até que pelo menos a metade da população esteja vacinada.

A vacinação é tarefa do setor público. Mas uma vez que programas públicos, federais, estaduais e municipais, estejam em andamento, não há razão nenhuma para impedir que hospitais e clínicas privadas vendam as vacinas. É assim que funciona na vacinação anual contra a gripe. A Agência Nacional de Saúde poderia estabelecer algumas regras para isso – se fosse um governo federal eficiente.

Como não é, podemos esperar muita confusão e judicialização tanto na vacinação pública – governos estaduais podem começar primeiro? – quanto na privada.  Para sermos justos, é preciso notar que também nos países desenvolvidos há problemas e atrasos na vacinação. Por isso mesmo, diante do aumento do número de casos pós festas de fim de ano, governos da Inglaterra e da Alemanha – para citar apenas dois que têm fama de bons serviços públicos de saúde – estão endurecendo as medidas de lockdown e distanciamento. [Vale lembrar: as duas ações sublinhadas estão na esfera dos prefeitos e governadores.] Deveria ser feito por aqui também. Mas com esse presidente…

E para complicar ainda mais, temos aqui no Brasil um problema muito especial: o fim do auxílio emergencial, sem que se tenha providenciado algo para colocar no lugar. Artigo do economista Alexandre Schwartsman, publicado no Infomoney, mostram estreita correlação entre o auxílio e vendas no varejo (ou consumo das famílias) como fator importante da recuperação desse setor.
E, por óbvio, a queda que deve ocorrer uma vez retirado o auxílio. Sim, o programa é caro, mas poderia ser aplicado um menor, mais direto – mais barato, portanto – e com dinheiro tirado dos privilégios do setor público.
Poderia …. [depende de ser conveniente ao Congresso ... e a outros interesses que não dependem dos que necessitam do auxilio emergencial.] 

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

 

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A maior fraude já perpetrada contra um público desavisado

Joseph Mercola - Original aqui - Texto traduzido pelo Instituto Rothbard.

De acordo com o Dr. Roger Hodkinson, um dos principais patologistas do Canadá e especialista em virologia, a pandemia COVID-19 é a “maior fraude já perpetrada contra um público desavisado”. Hodkinson fez essas declarações contundentes durante uma conferência on-line para um Comitê de Serviços Públicos e Comunitários de Alberta.


 

Hodkinson é o CEO da Western Medical Assessments, uma empresa de biotecnologia que fabrica testes de PCR COVID-19, então “eu talvez entenda um pouco sobre tudo isso”, disse ele, acrescentando que toda a situação representa “a política brincando de medicina”, que é “uma brincadeira muito perigosa.”

Ele enfatizou que os testes de PCR simplesmente não podem diagnosticar a infecção e, portanto, os testes em massa devem cessar imediatamente. Ele também destacou que o distanciamento social é inútil, pois o vírus “se espalha por meio de aerossóis que percorrem cerca de 30 metros”. Quanto às máscaras, Hodkinson afirmou que:    “As máscaras são totalmente inúteis. Não há nenhuma base de evidência para sua eficácia. Máscaras de papel e máscaras de tecido são simplesmente símbolos para fazer as pessoas se sentirem virtuosas. Elas nem são usadas ​​de forma eficaz na maioria das vezes.

É totalmente ridículo. Vendo essas pessoas infelizes e ignorantes – não estou dizendo isso em um sentido pejorativo – vendo essas pessoas andando por aí como cordeirinhos obedientes, sem nenhuma base de conhecimento, colocando máscara em seus rostos … Nada poderia ser feito para impedir a propagação do vírus além de proteger as pessoas mais velhas e vulneráveis.”

(..........)

Conforme observado no Journal of Law and the Biosciences no artigo “COVID-19 Emergency Measures and the Impending Authoritarian Pandemic,” escrito por Stephen Thompson e Eric C. Ip, ambos da Universidade de Hong Kong:

    “Este artigo demonstra – com diversos exemplos retirados de todo o mundo – que há óbvios retrocessos ao autoritarismo nas ações governamentais para conter o vírus.

Apesar da natureza sem precedentes desse desafio, não há nenhuma justificativa concreta para a erosão sistêmica de ideais e instituições democráticas de proteção de direitos além do que é estritamente exigido pelas exigências da pandemia …

Com um ataque infundado sendo infligido à democracia, liberdades civis, liberdades fundamentais, ética da saúde e dignidade humana, isso tem o potencial de desencadear crises humanitárias não menos devastadoras do que o COVID-19 a longo prazo.”

(............) 

O objetivo final é o controle total
Vladimir Kvachkov, ex-coronel da inteligência militar russa, provavelmente concordaria com a avaliação de que o fomento do medo tem um propósito diferente de nos manter a salvo de um vírus respiratório. Neste vídeo, Kvachkov se refere à COVID-19 como uma falsa pandemia, planejada e implementada com o objetivo de obter o controle totalitário sobre a população mundial.

“É tudo uma mentira e precisa ser considerado como uma operação especial estratégica global”, diz Kvachkov. “Estes são exercícios de comando e estado-maior dos poderes de bastidores do mundo para controlar a humanidade.”

Comparando-a a um exercício militar, Kvachkov diz que o objetivo final é reduzir a população mundial a 1 bilhão de pessoas “comuns” e apenas 100 milhões das que estão no controle – com as pessoas comuns presentes para servir aos 100 milhões.

Em suma, diz ele, o coronavírus “criado artificialmente” e “disseminado propositalmente” tem quatro dimensões.
 A primeira é a religião e a redução da população; 
a segunda é estabelecer controle político sobre a humanidade; 
a terceira é depauperar a economia mundial; 
e a quarta é eliminar a competição geoeconômica.

Instituto Rothbard - MATÉRIA COMPLETA

terça-feira, 21 de julho de 2020

Desmascarado - Merval Pereira

O Globo

Desigualdade exposta

A pandemia da Covid-19 está deixando exposta a enorme desigualdade que perpassa a sociedade brasileira, e estimulando comportamentos execráveis como o do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo de sobrenome quatrocentão Eduardo Almeida Prado Rocha Siqueira, que humilhou um agente da Guarda Civil de Santos por se recusar a usar máscara.


Vários casos como esse têm acontecido nos últimos dias, revelando que a época anacrônica do “você sabe com quem está falando? ” continua prevalecendo na triste pós-modernidade brasileira. Devemos ao sociólogo Roberto Da Matta em seu livro “Carnavais, malandros e heróis” a dissecação dessa frase emblemática, que define nossa sociedade até hoje.  Diante dos casos recentes, como o daquela senhora que respondeu a um fiscal que seu marido não era cidadão, mas “engenheiro civil, melhor que você”, Roberto da Matta confirma sinais de que a cultura brasileira “tem alergia à igualdade, e a máscara iguala as pessoas”. Uma pessoa que considera ofensivo ser chamada de “cidadão” mostra bem em que ponto estamos no nosso desenvolvimento como sociedade. A senhora em questão disse que sentiu um tom de ironia na voz do guarda, quando a intenção era mostrar respeito mas, ao mesmo tempo, definir a limitação do indivíduo no convívio social.

No Brasil, analisa Roberto da Matta, você vive como pessoa pública mesmo quando está na fila do banco. Ou você se considera merecedor de furar a fila, ou o gerente, reconhecendo-o, lhe chama. O anonimato da rua, que deveria reger nossas relações sociais, é superado pelo “sabe com quem está falando ?”, e a máscara dá uma sensação de igualdade que incomoda os acostumados a uma relação de subordinação, hierarquizada. Há outras interpretações relacionadas à recusa do uso da máscara, que se encaixam bem no perfil do presidente Bolsonaro, um dos primeiros a reagir contra a obrigatoriedade do uso da máscara, dando péssimo exemplo de comportamento social.

Quando disse que deveríamos enfrentar a pandemia “como homens”, Bolsonaro estava confirmando uma dessas interpretações, que indicam que psicologicamente os que se recusam a usar máscara a consideram um sinal de fraqueza, sem levar em conta que a pandemia não escolhe vítimas. São acintosamente egoístas. Afinal, o uso de máscaras protege quem a usa, mas, sobretudo, os que estiverem em seu entorno. A maior prova de que o uso da máscara previne a Covid-19, o que, de resto, já está comprovado por diversas pesquisas científicas, é o número de funcionários do Palácio do Planalto que foram contaminados. Nada menos que 128 servidores foram diagnosticados com a Covid-19, sendo que 36 estão afastados no momento, depois que o presidente foi diagnosticado com a doença contagiosa. Também ontem o novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou que testou positivo para a Covid-19, sendo o quarto ministro a ser infectado.

O desembargador que tentou humilhar o guarda civil e agora está sendo investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) cometeu de uma vez só todos os abusos que demonstram sua postura patética típica do "sabe com quem está falando?”. Citou o nome do secretário de segurança de Santos, Sérgio Del Bel e telefonou para ele para demonstrar intimidade. Chamou o guarda de analfabeto. Falou ridiculamente em francês para mostrar-se superior ao guarda.
O secretário Del Bel atendeu a chamada, mas, diante do acontecido, disse que não conhece o desembargador. Esse é outro detalhe que denota a hierarquização da nossa sociedade. O secretário de Segurança atendeu porque sabe que quem tem seu celular deve ser importante. Se fosse um cidadão qualquer que tivesse descoberto o número do celular, a conversa não demoraria um segundo. [sequer atenderia o celular;
matéria excelente,  peca quando usa a petulância do magistrado, o convencimento - que não é só dele -  de ser superior às leis e a todos, como pretexto para 'malhar' a autoridade maior = o Presidente da República Federativa do Brasil.
É conveniente que a apuração do desacato à autoridade, no legítimo exercício de suas funções, cometido pelo desembargador não ocorra em 'segredo de Justiça', e seja divulgado eventual punição,não valendo a de 'censura reservada'.]

Merval Pereira, jornalista - O Globo




domingo, 19 de julho de 2020

Platô no vírus e na política - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Finalmente, a direita real e moderna descola-se da direita fake e patética. E o Exército?
O presidente Jair Bolsonaro continua sendo uma fonte de instabilidade e temos dois milhões de contaminados e perto de 80 mil mortos pela covid-19, mas o Brasil conteve a dupla escalada e – ainda que em patamares desesperadores – vai chegando a um platô na política e no vírus e é hora de deslanchar o pós-pandemia e prestigiar a força das instituições e da sociedade civil. A imagem do País esfarela mundo afora, mas é preciso reconhecer a incrível capacidade de resistência a ameaças e bravatas.

[Com o estilo que lhe caracteriza a ilustre colunista escreveu um ótimo artigo, com três falhas - talvez, propositais, para forçar uma leitura diversa.
Vamos a elas;
1º - acusar o presidente Bolsonaro de ser uma fonte de instabilidade e vincular os dois milhões de contaminados, não tem como prosperar. O fracasso foi dos governadores e prefeitos, é fato notório que o presidente foi retirado, por decisão do STF, da linha de frente de combate ao coronavírus.
Os governadores e prefeitos se perderam em ridículas quarentenas meia boca,divulgação da aquisição de urnas funerárias e por aí vai;

2º -  as posições do presidente Bolsonaro, citadas na última linha do penúltimo parágrafo em contribuíram para redução ou acréscimo dos malefícios da pandemia; e, 
3º - a primeira frase do penúltimo parágrafo tem uma interpretação tão absurda, tão sem cabimento, do termo genocídio, que somos forçados a atribuir sua presença a uma falha de edição do artigo.]

Com Bolsonaro em fase de trégua e de quarentena, o Judiciário em recesso e o Legislativo trazendo as reformas estruturais de volta à pauta do País, vem essa sensação de platô político e de volta à normalidade, reforçada por indicadores ainda frágeis, mas em viés de alta, na economia. A situação da pandemia ainda é macabra, sem prazo para terminar, mas constrói-se união para minimizar os danos colaterais e tratar as feridas: quebradeira de empresas, milhões a mais de desempregados e o aprofundamento da miséria.

Esse debate é possível depois da fantástica resistência aos ataques contra as instituições, a ciência e a inteligência. O Supremo liderou esse processo e, mesmo atuando no limite, às vezes balançando perigosamente para o excesso, deu a sustentação indispensável para uma reação que brotou de todos os lados e cristalizou a certeza de que o Brasil não é o melhor dos mundos, mas sabe sustentar a democracia.

Mesmo antes de pegar a covid-19 (o que ele buscou fervorosamente), Bolsonaro já tinha parado de disparar insultos diários, atiçar as hordas golpistas, avalizar a guerra da internet contra tudo e todos, reabrindo o diálogo e as relações com os poderes. O vírus fez o resto e, com o presidente devidamente recolhido, o País passou a respirar melhor, a acordar sem tanto sobressalto. Antes tarde do que nunca, o governo passou a ouvir o grito estridente, ensurdecedor, dos que defendem o Meio Ambiente, descobrindo com enorme surpresa que a gritaria pela preservação não é só de ONGs, conselhos, Igreja Católica e esquerdistas. Ela veio forte de fundos de investimento internacionais, bancos e grandes empresas nacionais, ex-ministros da economia e ex-presidentes do Banco Central.

Esse movimento estabelece, enfim, uma distinção entre a direita moderna, culta e pragmática e essa direita instalada no poder, atrasada, ignorante, com um discurso ideológico incompreensível. Pior: no ataque, agressiva, endeusando armas, guerras imaginárias, inimigos fantasmas e desmanchando tudo sem construir nada. Isso não é ser “de direita”. A direita entendeu e obrigou Bolsonaro a começar a entender.

Assim surge a novidade: o debate sobre saídas para o País. O Congresso se reúne em torno da reforma tributária, o governo entrega na terça-feira sua proposta de simplificação de impostos, grupos e entidades civis participam do processo. Exemplo: a Liderança Pública (CLP), coordenada pelo cientista político Luiz Felipe D’Ávila, apadrinha 28 projetos essenciais, a começar das reformas. O Brasil demonstra que tem instituições, sociedade ativa, imprensa livre, e que ninguém e nenhum poder consegue impor pensamento único e ideias estapafúrdias.
Aí entramos na Saúde. As posições de Bolsonaro sobre isolamento social, aglomerações, máscaras e cloroquina deixaram de ser só chocantes para cair num terreno onde perigo e ridículo se misturam.

Os militares, se reagiram mal ao uso da expressão “genocídio”, sabem que o ministro do STF Gilmar Mendes tem razão ao alertar para a associação da imagem das Forças Armadas com uma política que custa vidas e é recriminada no mundo inteiro. É preciso bater em retirada de uma guerra perdida – e que não é sua – para a covid-19. Enquanto é tempo. 

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo


sábado, 11 de julho de 2020

Quem são os empresários que ganham com a cloroquina no Brasil


Defendido por Bolsonaro como tratamento para covid-19, remédio teve alta de 358% no consumo

 A campanha do presidente Jair Bolsonaro a favor da cloroquina ajudou a empurrar os negócios de cinco empresas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a produzir o medicamento no País. Eles não informam quanto o faturamento aumentou, mas dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) mostram que o consumo de cloroquina pelos brasileiros cresceu 358% durante a pandemia. A alta acompanha o crescimento nas vendas de máscaras e álcool em gel, cujo uso é recomendado no mundo todo. A cloroquina, ao contrário, coleciona mais críticas do que apoio na comunidade científica.


ctv-yox-youtube-jair-bolsonaro
Diagnosticado com a covid-19, presidente Jair Bolsonaro mostrou o medicamento durante uma live e recomendou o uso da cloroquina Foto: REPRODUCAO /YOUTUBE/JAIR BOLSONARO
Recomendada para tratar malária, artrite e lúpus, ela passou a ser utilizada por pacientes com coronavírus após relatos de resultados positivos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma, contudo, que a substância é ineficaz no tratamento da covid-19. Trump é acionista de laboratório que produz cloroquina. Empresários dizem que relação é 'institucional' [Sabemos que qualquer remédio de alto custo eficaz no combate ao Covid-19, abrirá as portas para um intenso mercado de corrupção - os valores envolvidos são de milhões de dólares.
Um medicamento barato, nos moldes da cloroquina, e já existente, reduzirá em muito as oportunidades de corrupção e os valores a serem ganhos com a prática.
Assim, medidas de controle para evitar boicotes interesseiros ao medicamento devem ser ativados juntamente com uma vigilância implacável - é inaceitável que se sacrifique vidas humanas pelo lucro.]
O laboratório Aspen, do empresário Renato Spallicci, triplicou em abril a produção de Reuquinol, à base da substância, aproveitando a onda criada por Bolsonaro. Em 26 de março, a caixinha do produto apareceu no mundo todo ao ser exibida pelo presidente num encontro virtual com líderes do G-20. Militante bolsonarista, daqueles que gostam de compartilhar na internet o que o presidente faz, Spallicci aproveitou as redes para divulgar as imagens do presidente exibindo seu remédio.

Na quinta-feira, 9, já com diagnóstico positivo da covid-19, Bolsonaro voltou a exibir uma caixinha de hidroxicloroquina durante sua live semanal, assistida por 1,6 milhão de pessoas. “Por volta das 17h (de terça-feira) tomei um comprimido de cloroquina. Recomendo que você faça a mesma coisa. Sempre orientado pelo médico. É um testemunho meu: tomei e deu certo, estou muito bem”, afirmou o presidente. “No meu caso deu certo. Não estou ganhando nada com isso. Não tenho nenhum negócio com essa empresa”, justificou.

Desta vez, o remédio exibido era a versão genérica do medicamento, produzida pela EMS. A empresa faz parte do grupo controlado por Carlos Sanchez, também dono do laboratório Germed, outro autorizado a vender a cloroquina no País. O empresário está na lista da revista  Forbes como o 16.º homem mais rico do Brasil e uma fortuna avaliada em U$ 2,5 bilhões. Sanchez participou de duas reuniões com Bolsonaro desde o início da pandemia. O último encontro, virtual, ocorreu em 14 de maio. Antes, em 20 de março, Bolsonaro já havia se reunido com o dono da EMS e outros empresários, também por videoconferência, para discutir a pandemia do coronavírus. O encontro ocorreu no mesmo período em que o presidente passou a amplificar a divulgação da hidroxicloroquina em declarações e nos canais oficiais.
Outro fabricante de cloroquina, o empresário Ogari de Castro Pacheco viu o laboratório Cristália, do qual é cofundador, ser prestigiado pessoalmente pelo presidente no ano passado. Filiado ao DEM, Pacheco é segundo-suplente do líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), e eleitor de Bolsonaro.

Na ocasião, a convite de Pacheco, o presidente participou da inauguração de uma das plantas do laboratório, em 6 de agosto. Durante a cerimônia, Bolsonaro parabenizou o empresário pela “coragem de erguer” o empreendimento. Pacheco cita, em declaração no site da empresa, o fato de a pandemia ter levado a um “crescimento sem precedente de venda de medicamentos”. Segundo o senador Eduardo Gomes, o empresário está internado com covid-19 e fez uso do medicamento que vende. O único laboratório estrangeiro autorizado a vender cloroquina no País é o francês Sanofi-Aventis, que tem o presidente dos EUA, Donald Trump, como acionista. A exemplo de Bolsonaro, Trump é entusiasta do medicamento. Em abril, o jornal  The New York Times publicou reportagem na qual questiona se a defesa do presidente americano da cloroquina estaria relacionada à saúde ou aos seus negócios.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, compartilhou uma foto de uma caixa de cloroquina da marca Plaquinol, da empresa da qual Trump é acionista, no Twitter, em 10 de abril. A imagem vinha acompanhada de uma notícia de que o grupo iria doar medicamento para infectados com a covid-19.
Além do contato com os empresários, o governo acelerou a produção da hidroxicloroquina no laboratório do Exército. Segundo o Ministério da Defesa, até o fim de junho, 1 milhão de comprimidos da substância tinham sido distribuídos e havia um estoque de mais 1,85 milhão de unidades. A produção foi suspensa até que todos sejam enviados a hospitais e postos de saúde públicos. Procurados pela reportagem, os empresários autorizados a produzir cloroquina no País afirmaram manter contato institucional com o governo.

Carlos Sanchez, da EMS, disse por meio de sua assessoria que a empresa tem mais de 55 anos de história, “já passou por muitos governos e busca sempre estabelecer diálogo com todos eles”. “A empresa é a favor do Brasil, independentemente de partidos políticos. Como a maioria dos brasileiros, quer um país mais próspero e mais justo, com oportunidades para todos. A empresa tem feito a sua parte, gerando empregos, investindo em pesquisa e em aumento de capacidade fabril, ampliando o acesso a medicamentos e promovendo saúde à população”, disse a EMS.

Segundo a empresa, os encontros com o presidente Jair Bolsonaro foram promovidos pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), para discutir “questões econômicas e o novo cenário brasileiro diante da pandemia de coronavírus”. A Apsen disse não apoiar ou financiar partido político e que o presidente da empresa, Renato Spallicci, não mantém relações pessoais com Bolsonaro. “A atuação da Apsen se dá no âmbito do governo federal, com o Ministério da Saúde, Ministério das Relações Exteriores e Anvisa. Esse contato atende todas as regras do setor e o cumprimento das leis do País”, diz nota enviada pela empresa.

Já a francesa Sanofi disse que tem como prioridade a segurança e o atendimento aos pacientes atualmente tratados sob as indicações aprovadas de “nosso medicamento Plaquinol (hidroxicloroquina): doenças reumatológicas e dermatológicas crônicas, além de malária e lúpus”. “Continuamos totalmente comprometidos em garantir o fornecimento de hidroxicloroquina para essas indicações, com base em nossa demanda histórica”, disse a empresa, que não cita o uso da substância para combater o coronavírus. A empresa confirmou ao Estadão que Trump é acionista, mas não informa qual o porcentual que ele tem da empresa. A assessoria do laboratório Cristália informou que o dono da empresa, Ogari Pacheco, está hospitalizado e que não poderia responder aos questionamentos da reportagem.

[Falem o que falar, mas mais uma vez tentativas de alimentar eventuais ligações, ou interesses outros, do presidente Bolsonaro com empresas produtoras da cloroquina,não prosperaram.
As cinco empresas autorizadas no Brasil recebem atenção igual do presidente.
Mesmo que as vendas cresçam e alcancem bilhões de dólares, não teria sentido as cinco se unirem para subornar o presidente.
O nosso presidente tem um gênio explosivo, um comportamento que o leva a falar em excesso mas não encontrarão nada que atinja sua honestidade. DESISTAM.]


Patrick Camporez, O Estado de S.Paulo




domingo, 5 de abril de 2020

Indústria de guerra pela vida - Folha de S. Paulo

Setor precisa garantir que não falte 'munição'

O maior de todos os desafios que a pandemia de Covid-19 nos impõe diz respeito à nossa capacidade de organização solidária para minimizar a carga de sofrimento associada ao adoecimento, ao colapso dos sistemas de saúde e à morte de muitos. Além do evidente papel de liderança e de coordenação dos governos, do trabalho heroico dos profissionais de saúde e da comunidade científica na busca de um protocolo de tratamento, precisamos de uma indústria de guerra para enfrentar o novo coronavírus.

O setor produtivo tem demonstrado enorme capacidade criativa e de resolubilidade para diversos problemas enfrentados pelo mercado. A oportunidade agora é de se reorganizar internamente e de se posicionar entre os parceiros estratégicos da sociedade, produzindo os insumos essenciais para a proteção das equipes de saúde e hospitais: respiradores, testes laboratoriais, máscaras, lençóis, luvas, uniformes, álcool em gel.

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil dá competência ao governo para estimular a reorganização do setor produtivo e econômico das áreas atingidas por desastres. Ou seja, já dispomos dos instrumentos legais para o governo definir prioridades e coordenar as ações. É hora de a indústria juntar-se em um único esforço e fortalecer a saúde pública representada no Brasil pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.


A reconversão industrial para equipamentos e insumos hospitalares é uma ação de emergência que já está em curso e deve ser acelerada. No Brasil há exemplos liderados pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizado Industrial), que precisam ser ampliados. A instituição já está desenvolvendo um projeto de aumento em escala industrial, em Curitiba, para, em 40 dias, ter a capacidade de ofertar 500 mil testes por mês —podendo dobrar, a partir de maio.

Outra ação importante do Senai é a organização de instruções para a indústria têxtil que deseja reorientar seu sistema produtivo a fim de fabricar máscaras de proteção e aventais de uso hospitalar. Existem 25,2 mil empresas do segmento no Brasil, que empregam 1,5 milhão de trabalhadores diretos e 8 milhões indiretamente. O potencial é enorme, pois não se trata de produto de fabricação complexa e há alta demanda. Além disso, há insumos suficientes no Brasil para a produção desses itens. Há empresários reinventando a sua conexão com seus consumidores e dispostos a preservar os laços estabelecidos com os seus funcionários treinados e experientes, porque acreditam que isso pode acelerar a recuperação das suas empresas depois que a pandemia passar.

São iniciativas como essas que a sociedade espera do setor privado. O chamamento feito pela Organização Mundial da Saúde e pela Câmara Internacional de Comércio ao setor industrial é que encare o combate à Covid-19 como a maior convocação que já recebeu em toda a sua história. É urgente o estabelecimento de ações coordenadas do setor privado com os governos, não somente para traçar cenários econômicos futuros, mas também, e principalmente, para atuarem já, na diminuição da velocidade com que o vírus se propaga e para mitigar os seus impactos.

Os empresários que lideram as contribuições solidárias aos esforços que hoje assistimos no Brasil e em outros países para o combate à pandemia poderão dizer, mais adiante, que fizeram a diferença.  Chegou a hora de saber a quem servimos para que, ao final, não haja dúvidas sobre para o que servimos. Estamos vivendo um momento de guerra contra o coronavírus. O front desse combate é o SUS, e a indústria brasileira precisa garantir que não falte “munição” para os profissionais de saúde nessa guerra pela vida.

Publicado Folha de S. Paulo, firmado por 9 ex-ministros da Saúde:
José Serra, Barjas Negri, Humberto Costa, José Gomes Temporão, Saraiva Felipe, Alexandre Padilha, Arthur Chioro, Marcelo Castro, Agenor Álvares 



sábado, 4 de abril de 2020

Estado inteligente - Merval Pereira

O Globo

Um outro mundo - Um Estado na era pós-Covid-19

Parece haver consenso em torno da ideia de que o mundo será outro depois da crise do Covid-19, não apenas porque a humanidade deu-se conta de sua fragilidade, e da necessidade de solidariedade nas relações sociais, como os problemas sociais, em maior ou menor escala, foram escancarados.

O capitalismo terá que rever conceitos, em busca de uma economia mais  sustentável e menos desigual. E mesmo as relações internacionais serão  alteradas, pois o mundo de repente despertou para uma realidade preocupante: a China produz 90% dos equipamentos de saúde, criando um mercado internacional selvagem de compra de produtos essenciais (máscaras, ventiladores) em que o peso do dinheiro vale mais que vidas humanas em países periféricos como o Brasil. Coisa parecida acontece em outros setores.

Os países, dos mais poderosos como os Estados Unidos, aos mais vulneráveis, se deram conta de que dependem muito mais da China do que é desejável, e terão que mudar suas relações geopolíticas, cuidando de setores essenciais, não apenas a saúde, mas também estratégicos como a Defesa, o Meio-Ambiente, a agricultura. Ciência e Tecnologia tiveram suas importâncias realçadas durante a crise, e a reação do presidente Bolsonaro às advertências dos cientistas, tentando confrontar a doença primeiro com negacionismo, depois com orações e jejuns, mostra bem como estamos ameaçados de um retrocesso profundo em um setor que merece muito mais importância do que recebe e precisa.

O economista José Roberto Afonso, do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), um dos formuladores da Lei de Responsabilidade Fiscal e,  agora, do orçamento de guerra montado pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia, escreveu um artigo onde sugere que seja criado um “seguro destrabalho” , diante do fato de que o novo coronavírus só criou isolamento físico, pois já existia o social e até econômico para enorme parcela da população brasileira, que não tinha emprego e nenhuma proteção social.

José Roberto Afonso lembra que o Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), organizado no pós-guerra em torno de um elemento essencial, o salário, já não reflete a realidade atual. Porque o emprego já deixou de ser sinônimo de trabalho há alguns anos, e em todo o mundo, devido à revolução tecnológica em curso.  Já Mariana Mazzucato, professora da UCL de Londres, no International Media Call virtual do Forum Econômico Mundial, falou sobre o novo papel do Estado, que ela espera ver surgir dessa crise mundial. Rebatendo a ideia de que a crise de saúde, com suas consequências econômicas, mostrou a necessidade de um Estado forte, ela diz que o que procura não é o Estado mínimo ou máximo, mas o “Estado inteligente”: 
“Não é apenas porque o Estado está tendo que intervir maciçamente na economia que vamos mudar o conceito de fazer política econômica no capitalismo”. Ela diz que o Estado tem que injetar dinheiro na economia numa situação dessas, “mas temos que ver em que condições isso será feito”.

Precisamos montar uma economia mais sustentável, para que não tenhamos novos problemas mais adiante. “Por exemplo, as companhias aéreas que precisarão de dinheiro do governo têm que assumir o compromisso de reduzir a emissão de gás carbônico. Empresas que serão auxiliadas têm que garantir os empregos”.
Precisamos definir que tipo de instituições estatais nós queremos. “As empresas privadas mandam seus executivos para o exterior para fazer cursos de especialização, de gerência. Precisamos que os Estados atuem com inteligência, organizando suas estruturas com uma visão mais ampla de sua função dentro de um Estado moderno”.

Mariana Mazzucato acha que os Estados podem se reorganizar, as empresas privadas têm que trabalhar com os organismos estatais para que o país obtenha um resultado mais inteligente de seus setores. “O Estado tem que atuar ativamente para coparticipar da criação do mercado, e não esperar que os problemas aconteçam, e só então intervir”.

Para ela, essa crise não é desconectada do jeito que o capitalismo produz o alimento que consumimos, e os produtos que usamos. “Está diretamente ligada à crise climática. Precisamos criar uma simbiose entre os setores publico e privado, para que a economia esteja preparada para a próxima crise, que sempre virá”. (Amanhã, o “seguro-destrabalho”)


Merval Pereira, jornalista - O Globo


segunda-feira, 16 de março de 2020

Retrato da crise: juros negativos nos EUA e apelos para conter consumo - Míriam Leitão

O Globo

O presidente Donald Trump sempre quis que os juros fossem derrubados. Pediu várias vezes. Conseguiu isso em pleno domingo. Mas como é no meio da crise do coronavirus, Trump teve que fazer apelos para conter o consumo. Os juros ficaram em zero ou 0,25%, taxas reais negativas. Isso normalmente é feito para estimular consumo. A ironia é que neste mesmo domingo Trump entrou em contato com vários presidentes de grandes companhias de varejo e todos eles disseram que o consumidor está em pânico comprando demais. E Trump teve que pedir que o consumidor compre menos e garantiu que o país está abastecido.

O movimento do FED ajuda a estimular um clima mais positivo no mercado financeiro antes de a semana começar. Isso teoricamente. Os futuros estão indicando que as bolsas americanas abrirão a segunda em queda em torno de 1,5%. A semana passada foi a pior dos últimos anos. Foi extremamente volátil e terminou fortemente negativa. O Fed fez o que outros bancos centrais já fizeram nos últimos dias, como o BCE e o Banco da Inglaterra. Os juros são praticamente inexistentes. O banco central americano está também ampliando a oferta de liquidez e aumento da assistência aos bancos. Há muitas instituições que podem entrar em crise como reflexo da crise de seus devedores, empresas médias e pequenas abatidas pela crise. Um setor em que isso está acontecendo é o de shale oil. Mas não só. As empresas aéreas também estão com dificuldades.

No Brasil o governo está preparando medidas para socorrer alguns setores e promete anunciá-las neste começo da semana. Até agora, as medidas foram muito tímidas e na direção certa, como a antecipação da primeira parcela do 13º. O que o Ministério da Economia ainda não entendeu é que ele tem também que atuar na explicação de qual é o comportamento econômico mais racional para as famílias. Falta uma palavra do governo para tentar conter a histeria de consumo que está levando ao desabastecimento. Já há uma crise na falta absoluta de álcool gel e máscaras nas farmácias. Remédios que têm insumos vindos da China começam a faltar. Outros produtos podem faltar nos supermercados se o ritmo das compras das famílias continuar como a dos últimos dias. Mas a equipe econômica vive em sua bolha achando que tudo vai ser resolvido se o Congresso aprovar as reformas, o mesmo Congresso que foi hostilizado hoje nas ruas com a participação do presidente da República.

Míriam Leitão, colunista - O Globo




sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Manifestação contra aumento das passagens traz baderna às ruas de São Paulo - Dilma, vai piorar: 'pede pra sair'

Manifestação contra aumento de tarifas em SP tem confronto e mascarados detidos

Manifestantes tentaram atear fogo em lixo e chegaram a quebrar vidro de agência bancária na Rua da Consolação. PM reagiu com tropa do braço e bombas de efeito moral

A primeira manifestação do ano contra o reajuste das tarifas de ônibus, Metrô e trens em São Paulo teve confronto entre mascarados e PMs e tumulto generalizado na região da Rua da Consolação, centro de São Paulo, no início da noite desta sexta-feira. A confusão teve início quando um grupo de manifestantes mascarados se adiantou, , na Rua da Consolação, à caminhada organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL), ultrapassou o cordão de isolamento formado por policiais militares e tentou atear fogo em sacos de lixo. 
 Na rua da Consolação, policiais e manifestantes se enfrentaram durante protesto contra aumento das passagens - Fernando Donasci / O Globo

Eles ainda depredaram os vidros de uma agência bancária do Santander, de uma outra do Banco do Brasil e picharam um ponto de ônibus. Na Avenida Angélica, os mascarados atearam fogo em sacos de lixo. Ainda na Consolação, alguns manifestantes atiraram pedras em carros da PM, que reagiu com a “tropa do braço” e bombas de efeito moral. Houve tumulto, correria e 32 mascarados foram detidos até as 20 horas. Os detidos foram encaminhados para o 78 Distrito Policial.
 
Em meio à confusão, alguns manifestantes entraram em bares da região. Os comerciantes, com medo de depredação, baixaram as portas. As estações de Metrô Consolação e Trianon-Masp foram fechadas. Por conta do tumulto, a PM encerrou o protesto impedindo que a manifestação chegasse à Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, onde terminaria.
Ato contra aumento de tarifas em São Paulo teve a concentração em frente ao Teatro Municipal, no centro - Fernando Donasci / Agência O Globo

Na Rua Augusta, durante o confronto, houve uma tentativa de retomar a caminhada, que teve início na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal, mas a PM impediu que os manifestantes seguissem até a Paulista utilizando bombas de efeito moral. Cerca de 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participam da manifestação, várias deles mascarados. O Movimento Passe Livre (MPL) chegou a dizer que reuniu 10 mil no ato.

Cerca de 800 PMs, 110 deles da chamada tropa do braço, acompanharam o protesto. Pelas ruas, antes do confronto, os manifestantes chamaram a população para o protesto aos gritos de “Vem,vem,vem pra rua, vem, contra o aumento”. A Polícia Militar informou que planejou operação policial com 800 agentes "para garantir a livre manifestação de pensamento" sem que houvesse "ruptura da ordem pública, dano ao patrimônio ou outros danos”. Parte do grupamento utilizado na manifestação é também conhecido como "tropa de braço", por ser especializado em treinamento de defesa pessoal e artes marciais.

Os PMs foram orientados a impedir a entrada de pessoas na manifestação com máscaras de proteção contra gases e bombas de efeito moral. Também está proibida a entrada de pessoas portando vasilhames com vinagre. Durante a manhã, o Movimento Passe Livre (MPL) criticou um convite que teria recebido do comando da Polícia Militar, convocando uma “liderança” do grupo para uma "reunião de planejamento" do ato. Criticou também o efetivo destacado pela PM, além da decisão de revistar pessoas que se aproximarem da manifestação. "Nos perguntamos porque a polícia militar precisa de um efetivo tão grande e de ameaças lançadas de antemão para garantir o direito à livre manifestação", escreveu o MPL, em texto publicado nas redes sociais.

Entidades de defesa dos direitos humanos como Conectas e Artigo 19 assinaram com integrantes do Núcleo Especializado em Direitos Humanos da Defensoria Pública carta endereçada à PM, criticando a decisão de revistar pessoas antes do ato. “Cercar e revistar pessoas indiscriminadamente é um atentado às liberdades e garantias da Constituição e dos tratados internacionais firmados pelo Brasil. Se permitir que o anúncio se concretize, o governo do Estado abrirá mais um grave capítulo na longa lista de violações cometidas contra manifestantes”, escreveu Marcos Fuchs, diretor adjunto da Conectas, em texto divulgado nesta sexta-feira.[a Constituição garante o direito de livre manifestação de forma ordeira e garantindo o também constitucional DIREITO DE IR E VIR - JAMAIS a Constituição garantirá a baderna e por isso a PM tem que agir com energia, usando da força necessária para restabelecer a ORDEM PÚBLICA, a LIVRE CIRCULAÇÃO e o PATRIMÔNIO PÚBLICO E PRIVADO.]

A tarifa no transporte coletivo subiu de R$ 3 para R$ 3,50. Na tentativa de amenizar protestos, tanto o prefeito Fernando Haddad (PT) quanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram gratuidade para estudantes das redes públicas municipal e estadual de ensino, respectivamente.