O encarceramento de Lula será uma demonstração fantástica e incontestável da morte da jararaca.]
Já na direita e em seu genérico, o centro, a coisa está algo mais nebulosa, desde que a ultra provável ausência de Lula na urna deflagrou o “por que não eu?”. Meia dúzia de nomes disputam, e o único a se destacar por enquanto é Jair Bolsonaro. Os ditos especialistas dizem que ele tem teto e vai murchar. Mas convém esperar para ver, pois especialistas também erram. [desejam que ele murche, mas, não conseguirão; é conveniente uma arrefecida no crescimento de Bolsonaro o que poderia municiar os que o temem com argumentos de uma antecipação de campanha eleitoral;
está cedo e quando chegar a hora adequada Bolsonaro voltará com força total e deixará os brasileiros com uma dúvida: haverá segundo turno? ou Bolsonaro liquida a fatura já no primeiro.]
Bolsonaro é uma pedra no caminho do centro. Até agora, os nomes preferidos, Geraldo Alckmin e Luciano Huck, comem a poeira do capitão. Para não falar em Michel Temer e Rodrigo Maia. [Rodrigo Maia tem mais é que se preocupar em aumentar um pouco seu eleitorado para deputado federal - teve em 2014 pouco mais de 50.000 votos sendo o 29º em 46 deputados federais eleitos no Rio.] Mas é pule de dez que um dito centrista será abençoado pelo establishment como a grande esperança de manter e aprofundar o programa econômico deste governo.
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Quem será? Temer e Maia movimentam-se, mas o braço de ferro do momento é entre Alckmin e Huck. O governador de São Paulo está bem posicionado na máquina partidária, só que enfrenta a tentação tucana de recorrer à velha receita: surfar na indignação popular contra a corrupção para tentar “o diferente”. Se deu certo com Jânio e Collor, por que não agora? Jânio e Collor “deram certo”? Sim. A política sempre comanda. Jânio cumpriu a missão de vencer a aliança PSD-PTB, o que a UDN jamais conseguira. E foi uma façanha histórica: a frente getulista nunca mais voltou ao poder pela urna. Já a vitória de Collor impediu a ascensão da dupla Lula-Brizola e atrasou por mais de uma década a chegada do PT ao Planalto.
Alckmin, Huck ou outro ungido receberiam um mandato para
1) promover a liquidação definitiva (até onde pode haver algo “definitivo” em política) do PT ou algum similar como alternativa de poder futuro e
2) completar as reformas liberais iniciadas por Temer. De preferência, de um jeito que tornasse quase impossível revertê-las num horizonte visível. O modelo chileno. [o item um será cumprido com perfeição por Bolsonaro - apesar do PT estar no fundo do poço, temos que acabar de vez com a jararaca e para essa missão Bolsonaro é INSUPERÁVEL.]
Quais são os obstáculos ao projeto, em ordem cronológica? O primeiro é ganhar a eleição com um programa liberal. Pode acontecer, mas seria mais fácil sem o impeachment. As urnas provavelmente se vingariam do governo Dilma e de seu alardeado estatismo. Agora vão julgar também a administração Temer, e os resultados deste breve ensaio de medidas pró-empresariais.
Vencida a barreira, a seguinte seria governar com o programa defendido na campanha. E aí os liberais precisariam enfrentar a resistência do Congresso e da burocracia estatal. Hoje em dia, o Judiciário tem bem mais musculatura do que qualquer outro ator para resistir à lipoaspiração do Estado. Ainda que aqui e ali apareçam movimentos para colocar limites a esse poder.
O dilema do centrismo: se um comunicador leve está mais aparelhado para navegar na eleição, a experiência de Temer prova que um político de couro grosso pode ser útil para sobreviver à guerra contra a burocracia megaempoderada. O ideal para a direita seria juntar as três coisas: liderança popular, liderança política e confiabilidade. Mas não está fácil de achar.
Não será uma escolha simples. Nada adianta ter o melhor nome para governar, e perder a eleição. E o eventual fiasco no governo de mais uma especulação com a novidade pela novidade avivaria fantasmas que se quer enterrar. Pois se há uma coisa absolutamente garantida quanto ao futuro é que ele sempre chega. Essa é outra regra que não admite exceção.
*
As pesquisas eleitorais mostram uma divisão, grosso modo, meio a meio do eleitorado entre lulistas e antilulistas. Parece que será uma eleição novamente decidida no detalhe. E o que seria melhor para o lulismo? Lula solto podendo fazer campanha, ou preso e elevado à categoria de perseguido político pela narrativa de seus herdeiros? [a pergunta tem uma resposta única: Lula estará preso, cumprindo uma condenação confirmada, talvez duas, e outras condenações a serem confirmadas.
A reação esperado pela corja lulopetista à condenação de Lula - não houve nada de protesto, nenhum ato de tristeza pela condenação do criminoso Lula da Silva - mostra que a figura de 'perseguido político' não se encaixa no Lula.
Pior, para os petistas e melhor para o Brasil: mais condenações, mais distante fica Lula da condição de perseguido.]
Quem disser que tem certeza da resposta provavelmente está mentindo.
* Alon Feuerwerker é jornalista e analista político/FSB Comunicação
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