Planalto cede a policiais e altera texto da reforma da Previdência
Viúvas e viúvos de agentes mortos em combate poderão receber pensão integral caso reforma da Previdência seja aprovada no novo formato. Governo espera que a proposta seja colocada na pauta de votações da Câmara até 20 de fevereiro
A nova proposta de reforma será levada hoje aos líderes partidários (foto: Arte/CB)
Após ouvirem dezenas de sugestões, Executivo e Legislativo só entraram
em consenso sobre uma mudança na reforma da Previdência: viúvas e viúvos
de policiais federais, rodoviários, civis e legislativos que forem
mortos em combate poderão receber pensão integral — ou seja, o mesmo
valor a que o segurado teria direito caso se aposentasse. A alteração
foi definida pelo relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), como um aceno
aos parlamentares ligados à comunidade de segurança, a chamada bancada
da bala. Foi a única modificação feita desde novembro, quando Maia
divulgou a versão enxuta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº
287, 40% menor que a original em termos do efeito esperado nos cofres
públicos. Com o texto anunciado nessa terça-feira (6/2), o governo
espera economizar cerca de R$ 600 bilhões na próxima década, caso a
reforma passe no Congresso Nacional.
Sem acordo para alterações mais profundas, o governo não conseguiu resolver as duas questões que mais geraram controvérsias nos últimos meses: o limite para acumular pensão por morte e aposentadoria e a regra de transição para os servidores públicos que ingressaram antes de 2003. [a regra de transição para os servidores que ingressaram antes de 2003 é uma questão de Justiça - não tem o menor sentido o servidor contribuir com 11% sobre o salário total - digamos, R$ 10.000,00 - passar a contribuir após a aprovação da reforma sobre o teto máximo do INSS (quase R$ 6.000,00) e quando se aposentar receber o teto máximo do INSS; e os anos que ele contribuiu sobre um teto maior??? Por uma questão de JUSTIÇA tem que haver uma regra de transição para compensar o que foi pago a maior;
Sem acordo para alterações mais profundas, o governo não conseguiu resolver as duas questões que mais geraram controvérsias nos últimos meses: o limite para acumular pensão por morte e aposentadoria e a regra de transição para os servidores públicos que ingressaram antes de 2003. [a regra de transição para os servidores que ingressaram antes de 2003 é uma questão de Justiça - não tem o menor sentido o servidor contribuir com 11% sobre o salário total - digamos, R$ 10.000,00 - passar a contribuir após a aprovação da reforma sobre o teto máximo do INSS (quase R$ 6.000,00) e quando se aposentar receber o teto máximo do INSS; e os anos que ele contribuiu sobre um teto maior??? Por uma questão de JUSTIÇA tem que haver uma regra de transição para compensar o que foi pago a maior;
de igual forma, tem que haver uma regra de transição para o acúmulo da pensão por morte com aposentadoria.]
Diferentemente da
pensão integral para viúvos de policiais — que, na prática, não rende
votos, mas também não tem grandes impactos fiscais e contribui para a
imagem de uma reforma justa —, não existe uma garantia de apoio que faça
com que valha a pena incluir as reivindicações nos outros pontos. Por
isso, a ideia agora é deixar os assuntos em aberto, para serem decididos
no plenário, disse o relator.
Fora a mudança para os policiais — que não inclui militares,bombeiros e
policiais militares, categorias que não fazem parte da reforma —, a
proposta continua exatamente como estava na versão de novembro,
incluindo a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, com
15 anos de contribuição, e nenhuma mudança no Benefício de Prestação
Continuada (BPC), pago a idosos a partir de 65 anos e deficientes de
baixa renda. Mexer na aposentadoria rural também está fora de cogitação,
com a garantia do secretário de Previdência, Marcelo Caetano, de que,
“na prática, nada mudará na vida dessas pessoas”, que poderão se
aposentar após comprovarem 15 anos de atividade no campo, sem exigência
de contribuição previdenciária.
A nova proposta de reforma será levada hoje aos líderes partidários, mas só será apresentada oficialmente pelo líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), caso a matéria seja colocada em pauta, o que é esperado para ocorrer até 20 de fevereiro. Ontem, Ribeiro afirmou que falta verificar se a repercussão positiva das mudanças “já atingiu os parlamentares”. Ao Correio um dos responsáveis pela redação do texto respondeu que não. O entendimento dos deputados, segundo ele, continua sendo um grande obstáculo para conseguir apoio. “Muitos ainda nem sabem do que trata o texto”, disse.
PreocupaçõesA nova proposta de reforma será levada hoje aos líderes partidários, mas só será apresentada oficialmente pelo líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), caso a matéria seja colocada em pauta, o que é esperado para ocorrer até 20 de fevereiro. Ontem, Ribeiro afirmou que falta verificar se a repercussão positiva das mudanças “já atingiu os parlamentares”. Ao Correio um dos responsáveis pela redação do texto respondeu que não. O entendimento dos deputados, segundo ele, continua sendo um grande obstáculo para conseguir apoio. “Muitos ainda nem sabem do que trata o texto”, disse.
O embate entre as áreas técnica e política do governo não é mais apenas sobre o que deve mudar em relação ao texto. Agora, há uma divisão entre os que acreditam que é melhor deixar a reforma para depois, para que não seja completamente desfigurada, e os que defendem a votação agora, mesmo que o texto se resuma a uma idade mínima para aposentadoria. O primeiro grupo afirma que uma reforma muito pequena, além de não produzir ganhos fiscais relevantes, pode atrapalhar o andamento de uma mais completa nos próximos anos, porque os parlamentares poderiam adotar o discurso de que “já houve uma reforma em 2018” para se esquivarem de retomar o assunto.
O segundo, composto basicamente de políticos, afirma que é melhor aprovar uma reforma menor do que nenhuma, e não se incomoda com as mudanças que serão feitas no plenário, uma das maiores preocupações de boa parte da equipe econômica. O agrado à bancada da bala, por exemplo, poderia facilmente ser incluído por destaque (sugestão de mudança apresentada no plenário), mas, como era um das poucas alterações aceitas pelas áreas política e técnica, foi inserida no texto atual.
Correio Braziliense
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