Diante de possível prisão, mercado financeiro ignora Lula em encontro com presidenciáveis
Reunidos em São Paulo, empresários e investidores festejam a possibilidade de Lula não participar da corrida eleitoral
Até ano passado na lista de convidados de um evento que reúne os
principais empresários e investidores brasileiros e internacionais, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou fora da lista de convidados este
ano. Cerca de 2,5 mil pessoas participam desde terça-feira de um encontro em
São Paulo para discutir, com presidenciáveis, os rumos da economia. Diante da
possibilidade de prisão do petista, um discurso ganhou corpo nos últimos dois
dias entre os financistas: — Não
queremos ouvir o que o Lula tem hoje para dizer — disse um dos convidados do
19º CEO Conference, promovido pelo banco BTG, repetindo um mantra corrente no
luxuoso hotel que reuniu o grupo. — O melhor dos mundos é Lula fora da corrida
presidencial.
Os
empresários, aliás, arriscavam em rodinhas de bate-papo o prognóstico que eles
consideram mais viável para acelerar a economia brasileira. No contexto de que
Lula não participaria da eleição, acreditam que aumentam as chances de uma
candidatura de centro, segundo eles, mais afinado com o setor produtivo.
O temor
entre os empresários é que Lula infle durante eventual campanha o discurso
contrário à reforma previdenciária. Eles consideram que o petista tem hoje uma
massa de votos proveniente justamente dos trabalhadores, principalmente no
Norte e Nordeste, e sua posição poderia dificultar a aprovação da reforma no
Congresso. Na
terça-feira, os convidados ouviram o pré-candidato do PSC, Jair Bolsonaro.
Assim como os demais convidados, Bolsonaro foi aplaudido e cumprimentado ao
final de sua apresentação. Ao contrário dos demais, no entanto, foi quem mais
fez a plateia rir, principalmente quando afirmou: "nem sei o que estou
fazendo aqui, já que eu não entendo nada de economia". [Dilma era considerado por Lula e a trupe petista uma economista de escol e um gênio em energia - desbancava Thomas Alva Edson - e todos viram a m ... que ela fez na energia - roubou, deixou roubar, e foi incompetente.
O importante é que Bolsonaro reconhece que não sabe tudo, não entende de tudo e tem a humildade de escolher quem sabe para assessorá-lo.
Alguém acha que Trump, mesmo sendo um sucesso no mundos dos negócios, sabe tudo? Claro que não sabe, mas, soube escolher bons assessores e a economia dos EUA só cresce.]
Investidores
internacionais também teriam mostrado interesse nas palavras do Bolsonaro,
esperando que eles fossem convencidos de sua proposta para o setor, o que não
teria acontecido nesse primeiro momento. Paulo Guedes é visto como uma espécie
de "assessor" para assuntos econômicos do candidato. Guedes é hoje
dono da Bozano Investimento e foi fundador do Pactual, banco que se fundiu ao
BTG e responsável pelo evento nesses dois dias.
Também
participaram do evento o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o
presidente da Câmara dos Deputado, Rodrigo Maia. Mas os radares pareciam
voltados mais para dois nomes ausentes, o apresentador Luciano Huck e o
governador Geraldo Alckmin. Ambos alegaram incompatibilidade de agendas. — O nome
de um outsider também deve ser considerado, ainda mais se apresentar uma
política pró-reformas — reiterou outro convidado.
Roberta Scrivano e Ana Paula - O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário