Durante palestra em agosto, Braga Netto disse que vê "com reservas" uso das tropas, mas destacou que Forças estão prontas para agir em emergências
Após o
anúncio da intervenção federal na Segurança Pública do Rio — a decisão foi anunciada
nesta madrugada e o decreto deverá ser assinado ainda nesta sexta-feira — as
polícias Civil e Militar, além dos Bombeiros, ficarão sob o guarda-chuva do
Comando Militar do Leste (CML), liderado pelo general Walter Souza Braga Netto.
Caberá a ele, portanto, a tomada de decisões e a realização de medidas para
combater o crime organizado no estado. Braga Netto assumiu o CML em setembro de
2016, depois que o general Fernando Azevedo e Silva deixou o posto e assumiu o
Estado-Maior.
O comando
do CML foi assumido por Braga Netto pouco tempo depois da Olimpíada do Rio,
quando atuou como Coordenador Geral da Assessoria Especial para os Jogos
Olímpicos e Paralímpicos. À época de sua posse, sua atuação foi elogiada pelo
Ministro da Defesa Raul Jungmann. Natural
de Belo Horizonte, em Minas Gerais, o general, ao longo de sua carreira,
comandou o 1º Regimento de Carros de Combate e foi chefe do Estado-Maior da 5ª
Brigada de Cavalaria Blindada e do Comando Militar do Oeste. Também comandou a
1ª Região Militar (Região Marechal Hermes da Fonseca). Braga Netto, segundo
informações publicadas no Portal do Ministério da Defesa, possui 23
condecorações nacionais e quatro estrangeiras.
Além da
atuação no Rio de Janeiro, o general integrou a ação que envolveu as Forças
Armadas na crise da segurança no Espírito Santo, em fevereiro de 2017. Na
ocasião, foi realizado um reforço na segurança em municípios do estado devido
ao aumento da violência, batizada de "Operação Capixaba". O emprego
das Forças Armadas naquela época foi uma resposta à paralisação da PM no
estado. Reivindicando melhores condições de trabalho, parentes de policiais
militares acamparam em frente aos batalhões, "impedindo" a saída dos
agentes de segurança.
GENERAL
VÊ OPERAÇÃO FEDERAL 'COM RESERVAS'
Em 28 de
agosto, ao ministrar palestra no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), no
Centro do Rio, Braga Netto traçou um panorama do emprego das tropas nas
Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e citou os exemplos da atuação no
Rio e no Espírito Santo. O general ressaltou que vê "com reservas"
esse uso das tropas, mas destacou que as Forças estão prontas para cumprir o
dever em casos de emergências.
Na visão
de Braga Netto, tais operações têm alto custo financeiro, social, de imagem e
até psicológico. O general frisou que o uso das Forças Armadas não seria
necessário se os estados tivessem políticas de segurança pública e social mais
eficientes. Ele apresentou estatísticas dos órgãos de segurança estaduais que
sustentavam — na análise de ações federais e conjuntas — resultados
considerados bons em prisões de suspeitos, apreensão de armas e queda da
criminalidade em médio prazo.
O Comando
Militar do Leste coordena e executa as atividades administrativas e logísticas
do Exército Brasileiro no Rio, em Minas Gerais e no Espírito Santo. São 141
organizações que somam 50 mil militares, o que correspondia, em agosto, a 24%
do efetivo da força terrestre. Segundo dados do Ministério da Defesa, citados
pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), tratava-se da maior
concentração de tropas e escolas militares da América Latina.
O Globo
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