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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A democracia totalitária bolivariana

Em nome da vontade popular, tudo seria possível, inclusive o desrespeito à lei e à Constituição ou, mesmo, a abolição das duas

Nada do que está hoje acontecendo na Venezuela deveria surpreender. Presenciamos o desenvolvimento lógico-político de instauração do socialismo naquele país, tendo começado com Chávez e encontrado o seu desfecho na abolição da democracia e no assassinato de mais de uma centena de pessoas nas ruas em poucas semanas.

Espanta, contudo, o cinismo de alguns políticos que teimam em dissociar a “democracia” de Chávez da “ditadura” de Maduro, como se fosse possível separar as premissas da conclusão. Neste sentido, o elogio do indefectível Lula a Chávez — quando considerou que aquele país tinha “excesso de democracia” e não falta, acompanhado de apoio financeiro do contribuinte brasileiro através do BNDES — mostrou coerência com sua sustentação do ditador Maduro. O apoio atual do PT a este, com manifestações de sua presidente no Foro de São Paulo, segue uma mesma lógica, cuja única virtude consiste em expor a faceta totalitária do partido.

Qual democracia está em questão: a democracia representativa, com todas suas limitações e contrapesos, ou a democracia totalitária, com sua ilimitação e projeto de destruição do próprio sistema representativo? A democracia totalitária é um conceito elaborado por um célebre cientista político, J. L. Talmon, em sua obra “Origens da democracia totalitária”. Recorrendo aos filósofos do século XVIII, porém atento ao fenômeno totalitário comunista do século XX, destaca ele o surgimento de uma ideia democrática, fundada na soberania do povo, entendida como guia de uma atividade política que desconhece limites. Em nome da vontade popular, tudo seria possível, inclusive o desrespeito à lei e à Constituição ou, mesmo, a abolição das duas.

Em nosso país, por exemplo, quando políticos de esquerda procuram cancelar os seus crimes, dizendo que as eleições absolvem os que violaram as leis, estão dizendo com isto que processos eleitorais são os únicos capazes de julgar os políticos, por mais criminosos que sejam. Não seriam os tribunais os juízes, mas as eleições, na medida em que seriam expressões da vontade popular. É o mesmo argumento que está sendo utilizando por Lula e os seus apoiadores, forçando de qualquer jeito a sua candidatura, para, uma vez eleito, escapar de qualquer condenação em curso. É a faceta totalitária.

Em sua vertente totalitária, a democracia é reduzida a eleições, como se essas fossem os únicos processos decisórios válidos. Constituição, separação de poderes e respeito às leis são desconsiderados como se não fizessem parte, senão subsidiariamente e aparentemente, do conceito mesmo de democracia. O que fez Chávez?  Conquistou o poder por intermédio de eleições e nele permaneceu através de referendos que o legitimavam. A esquerda latino-americana e a brasileira, em particular, ressaltaram continuamente este aspecto com o intuito de mostrar a reconciliação do socialismo com a democracia. A imagem socialista-totalitária seria coisa do passado.

Uma vez no poder, Chávez começou a enfraquecer, senão a abolir, as instituições representativas. Primeiro, o Judiciário foi manipulado, com a substituição de juízes por ideólogos e militantes que obedeciam às orientações do Líder Máximo. Ministros foram presos por não seguirem a nova linha de conduta. O Supremo, porém, continuou funcionando em sua nova roupagem totalitária, tendo como função referendar as orientações governamentais. A esquerda clamava, então, que as leis estavam sendo respeitadas por decisão da mais Alta Corte do país. A pantomina era total.

Segundo, o Poder Legislativo foi completamente investido pelos “socialistas”, passando a ser um mero referendador das ordens de Chávez. Transferiu a ele, inclusive, o poder de legislar, investindo-o de “leis delegadas”, de tal maneira que, por atos administrativos, poderia editar e promulgar leis.  Assim sendo, concentrou em sua pessoa o poder de julgar, legislar e governar, abolindo, de fato, a separação de poderes. Fingiu respeitar a democracia, pervertendo-a completamente. Na verdade, aproveitou-se de instrumentos democráticos, como eleições, para subverter a democracia. Eis a novidade do “socialismo do século XXI”.

Para bem assegurar o seu poder, tomou conta das Forças Armadas através do seu aparelhamento por oficiais submissos ao novo regime. A ideologia apoderou-se dos militares, obrigados a jurar “socialismo ou morte”. A bem da verdade, o socialismo está levando à morte de jovens nas ruas de Maduro. Não satisfeito, utilizou a expertise totalitária de Fidel Castro e de seu irmão Raúl, importando especialistas cubanos para, com seus serviços de inteligência, fortalecer os laços “socialistas” das Forças Armadas.

Como se não fosse ainda suficiente, pois o controle deveria ser total, lançou mão da criação das milícias bolivarianas, corpo paraestatal, diretamente armado e controlado por ele, tendo como função aterrorizar a população. Seguiu o exemplo das SA de Hitler, disseminando o medo e a violência entre os cidadãos. Ora, são essas mesmas milícias que estão agora, sob a direção de Maduro, assassinando os manifestantes e os opositores venezuelanos.

O que faz Maduro? Segue os ensinamentos de seu mentor. Ele é apenas um novo elo da mesma lógica totalitária. A diferenciação reside em que a violência tornou-se explícita. A farsa de uma Assembleia Constituinte suprime o Poder Legislativo ainda vigente, que tinha se revigorado por eleições ainda permitidas. A população está na miséria, os supermercados estão desabastecidos, o PIB cai vertiginosamente, a inflação está nas alturas, e o novo governante agora o que mais teme é um processo eleitoral, um referendo. 

Uma vez tendo sido a democracia subvertida, até o véu cai, com eleições não sendo mais necessárias para a conservação do poder.  A democracia representativa está morta. Maduro prestou homenagens a Fidel em sua tumba. Foi coerente com o assassinato que perpetua de manifestantes. Em seus féretros jaz o socialismo.

Fonte: Denis Lerrer Rosenfield,  professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - O Globo

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Constituinte de Maduro toma poderes do Congresso

Opositores se recusam a se reunir com integrantes da nova Assembleia 

Constituinte de Maduro assume poderes do Congresso da Venezuela

Opositores anunciam que vão desconsiderar anulação da Assembleia Nacional

A Assembleia Constituinte da Venezuela anunciou nesta sexta-feira que, a partir de agora, vai assumir as competências legislativas do Congresso, a Assembleia Nacional de maioria opositora, do país. Os integrantes da nova Assembleia aprovaram por unanimidade um decreto que dissolve o Poder Legislativo após a direção da Assembleia Nacional (AN) informar que não vai comparecer a uma reunião convocada pela presidente da Constituinte, Delcy Rodríguez. A medida também autoriza as autoridades a ditar atos parlamentares na forma de lei.
 
O órgão decidiu "assumir as competências para legislar sobre as matérias dirigidas diretamente a garantir a preservação da paz, da soberania, do sistema sócio-econômico e financeiro, os bens do Estado e a preeminência dos direitos dos venezuelanos", segundo o decreto. No Twitter, o Parlamento, de maioria opositora, disse que desconhecerá a decisão.  "A decisão de anulação não será acatada pela AN, pela comunidade internacional ou pelo povo", publicou a AN em sua conta no Twitter. 

O convite de Delcy se dirigia a Julio Borges, presidente da AN, Freddy Guevara, primeiro vice-presidente, e Dennis Fernández, segundo vice-presidente. Os legisladores da Mesa da Unidade Democrática, principal coalizão opositora, considera a Constituinte fraudulenta e inconstitucional devido às irregularidades por trás de seu processo de convocação até a posse: "Não compareceremos ante à mentira Constituinte. Não estamos obrigados a fazer isso", disse a MUD em carta aberta.


O decreto reafirma que "todos os órgãos do poder público se encontram subordinados à Assembleia Nacional Constituinte", o que o Congresso não reconhece legitimamente.
— Não vamos mais permitir desvios de poder! Chegou a Constituinte para pôr ordem! — defendeu Delcy antes da leitura do acordo.

No fim de março, o Tribunal Superior de Justiça (TSJ), acusado pela oposição de servir ao governo — tinha assumido funções do Parlamento, o que provocou ampla rejeição internacional e fez a Corte recuar. Ainda que a decisão tenha sido suspensa, a medida desencadeou uma onda de protestos no país que já deixaram 125 mortos entre abril e julho.

Fonte: AFP
 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Um imbecil governando a Venezuela

Maduro mobiliza Forças Armadas contra ameaça de Trump

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou às Forças Armadas que realizem exercícios militares nos dias 26 e 27 de agosto, em todo o país, em resposta à ameaça de Donald Trump de usar a “opção militar” contra seu governo.  A uma multidão de partidários reunida diante do Palácio Miraflores, no centro de Caracas, Maduro pediu aos venezuelanos que se prepararem “para defender a paz, com os tanques, os aviões, os mísseis”.
“Vamos derrotar a ameaça militar do imperialismo norte-americano”, disse Maduro, ressaltando que “ninguém pode intimidar o povo venezuelano” e que está “decidido a enfrentar os supremacistas, os racistas dos Estados Unidos”.

Vestido de vermelho, assim como seus simpatizantes, Maduro assegurou que na convocação do “Exercício da soberania bolivariana 2017” participarão não somente as Forças Armadas, com seus 365.000 homens, mas também civis. “Trump go home, que se escute até Washington”, gritou Maduro, em coro com milhares de simpatizantes.  Mais tarde, em um ato com embaixadores de vários países, Maduro reiterou seu pedido para realizar uma “cúpula presidencial a portas fechadas” para abordar “a paz na Venezuela” e a ameaça de Trump.  “A ameaça da guerra só pode ser dissipada com diálogo”, disse.

Em visita à Colômbia, parte de uma viagem à América Latina, o vice-presidente americano, Mike Pence, advertiu no domingo que os Estados Unidos não aceitarão “uma ditadura” na Venezuela, mas matizou a advertência de Trump, o que, entretanto, não acalmou o governo venezuelano. “Não ficaremos esperando enquanto a Venezuela desmorona, mas é importante ressaltar, como disse o presidente, que um Estado falido na Venezuela ameaça a segurança e a prosperidade do hemisfério”, afirmou nesta segunda-feira.
Pence disse que seu país está decidido “a usar todo o poder econômico e diplomático americano” até que seja “restaurada” a democracia na Venezuela.

Os Estados Unidos impuseram recentemente sanções financeiras e jurídicas contra Maduro e vinte de seus funcionários e ex-colaboradores, acusando-os de ruptura da ordem democrática, de corrupção e de violação de direitos humanos.

– “Um presente para Maduro” –
A advertência de Trump gerou forte rejeição internacional, precisamente quando vários governos vinham aumentando sua pressão contra Maduro, após a instalação – há uma semana – de uma Assembleia Constituinte que rege o país com poderes absolutos. “Isso tornará mais difícil a ação multilateral na Venezuela. Dará crédito à denuncia de que os Estados Unidos ameaçam sua soberania e planeja uma invasão. É absurdo, mas será usado politicamente pelo governo. É um presente para Maduro”, disse à AFP Michael Shifter, presidente do centro Diálogo Interamericano, com sede em Washington.

O analista Diego Moya-Ocampos, do IHS Markit, com sede em Londres, opinou que “servirá para que os altos escalões civis e militares radicais do governo se unam mais no curto prazo sob uma narrativa de possível ameaça externa”. “O presidente Trump acabará sendo, sem querer, o melhor patrocinador político do presidente Maduro”, opinou o analista político Luis Vicente León.

A psicóloga social Colette Capriles disse à AFP que a advertência “se encaixa muito bem com a imaginação arcaica do regime de Maduro e do próprio Trump, cuja política externa não parece ter rumo definido” e está “sob extrema pressão para dar um sentido ao papel dos EUA na geopolítica global”.  Este balão de oxigênio surge em meio a uma severa crise econômica e política, com protestos contra Maduro que em quatro meses deixaram 125 mortos.

– “Desmascarado” –
A aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) rejeitou no domingo “a ameaça militar de qualquer potência estrangeira” contra a Venezuela, sem mencionar Trump, o que despertou críticas do governo sobre seus adversários.  Maduro pediu nesta segunda à Assembleia Constituinte que abra uma investigação contra os “entreguistas” que, segundo o presidente, apoiariam uma suposta “intervenção” militar dos Estados Unidos.  “Peço à Comissão da Verdade, pela justiça e pela paz, que por favor inicie um processo sobre os ‘entreguistas’ que pediram a intervenção da Venezuela e que apoiam a ameaça de Donald Trump contra a paz da República”, argumentou Maduro.

“Presos, presos, presos!” – gritava a massa reunida em frente à sede do governo.
Durante uma sessão no Palácio Legislativo, sede do Parlamento de maioria opositora, os 545 constituintes da Assembleia se declararam “dispostos a tudo” caso se concretize uma intervenção militar.  “Os fuzis chegariam a Nova York, senhor Trump! Os fuzis chegariam à Casa Branca!” – clamou o constituinte Nicolás Maduro Guerra, filho do presidente venezuelano.

Rodeado de tanques de guerra e centenas de soldados armados no complexo militar de Fuerte Tiuna, em Caracas, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, classificou de “delirantes” e “loucas” as ameaças de Trump.  “Aparentemente se esgotaram todas as vias, todos os métodos do golpe suave (…) e o império norte-americano deixou cair a máscara para ir pela via direta da agressão militar”, disse Padrino López.


Fonte: Isto É


 

 

sábado, 5 de agosto de 2017

Maduro perdeu os limites

O que ocorre na Venezuela nos últimos tempos é de uma aberração sem tamanho. 

Um alerta dramático de como ditadores – de qualquer vertente política – ainda podem impor, na base da força, regimes insanos e sanguinolentos à população. Mais de uma centena de pessoas já morreram covardemente, abatidas a tiros por policiais e tropas de choque, por gritar contra as barbaridades de Nicolás Maduro. Assassinatos autorizados à luz do dia, nas ruas, sem punições, com o endosso do Estado. É a aniquilação completa da democracia naquele país. Os flagrantes chocam. Revoltam. Hordas de habitantes em filas sem fim para comprar remédio, comida, bens essenciais que já nem existem para todo mundo. Empresas batendo em retirada, receosas de terem seus negócios incorporados ao espólio estatal, sem aviso. Se nada for feito, com a intervenção da ONU, do Mercosul e de outros organismos multilaterais, a nação caminha para a inviabilidade. Social, política e econômica. O marco definitivo do autoritarismo perverso de Maduro se deu na semana passada com a imposição de uma constituinte falsa para rasgar direitos gerais. 

Representou, na prática, a destruição das liberdades civis, acompanhada da perseguição à imprensa e da dissolução do Congresso legitimamente escolhido. Uma vergonha que chocou o mundo civilizado e provocou justas retaliações. Criada na base de eleições ilegítimas, inconstitucionais e impopulares – com uma participação ínfima de votos, arrancados na base da chantagem e da ameaça junto a massas de manobra -, a constituinte serviu de pretexto para novos abusos. Com ela Maduro tenta, na verdade, sufocar a resistência a um governo que faliu. Ele extrapolou de vez nesse último movimento. Destituiu as forças opositoras. Prendeu os líderes adversários que condenam seus métodos. Colocou a mulher e o filho para legislar. Fez o diabo. Passa, daqui por diante, a administrar sem qualquer suporte que não o das armas. Passeatas, greves gerais, quebra-quebra nas ruas dão o tom da ebulição vivida ali. Empresários, trabalhadores, financistas e autoridades internacionais se colocaram contra as decisões tomadas. 

Nem um plebiscito simbólico, realizado recentemente, e que levou mais de sete milhões de venezuelanos a dizerem “Não” à constituinte demoveram o mandatário. Nesse contexto o país se aproxima perigosamente de uma guerra civil. Maduro atua como um déspota, um fascista sórdido que só mira o poder, independentemente das consequências caóticas que vem causando à população. A inflação anual, até onde é possível realmente medir, ultrapassou os 700%. Aeroportos não funcionam mais. As companhias aéreas estão suspendendo linhas regulares por temor de incidentes. O desemprego é gigantesco e o ritmo de fechamento de empresas está batendo recorde sobre recorde. A moeda local formalmente não existe mais. E a máquina pública parou por falta de recursos. Só mesmo obtusos governantes e partidários cegos continuam apoiando o sucesso de Chávez. [cabe aqui que os brasileiros - especialmente os milhões que votaram em Lula e Dilma e provaram, mais uma vez,  que Pelé estava certo quando disse que 'o povo brasileiro não sabe votar' -  tenham em mente que quando votam em aberrações da esquerda, coisas lulopetistas, usam o TÍTULO ELEITORAL como uma arma que disparam traiçoeiramente contra o Brasil e com isso quase transformam o Brasil não só em uma nova Cuba mas em uma Venezuela atual.
Felizmente, as FORÇAS DO BEM prevaleceram e escarraram o último desastre lulopetista.]

Na esfera global, apenas Bolívia, Nicarágua e El Salvador concordaram com a medida. No Brasil, a líder petista Gleisi Hoffmann, que dá caudalosas demonstrações de ter perdido o senso sobre o que é democracia, não apenas aplaudiu Maduro como escreveu artigo favorável a suas decisões. Gleisi, para quem comanda uma agremiação chamada de Partido dos Trabalhadores, desconsidera a vontade da maioria. Fecha os olhos aos crimes notórios do venezuelano. Usa de alegação furada e distorcida a ideia de que qualquer votação é válida, mesmo aquelas que não passam de torpe encenação. Há de se perguntar à ilustríssima senadora: era exatamente isso que a senhora e os seus correligionários sonhavam implantar no Brasil? A verdade é que escapamos por pouco. Na toada em que os governos Dilma e Lula saquearam os cofres nacionais e implodiram com a economia, logo, logo chegaríamos lá. O impeachment da petista interrompeu, no último minuto, um destino semelhante e terrível também para os brasileiros.

Fonte: Editorial - Revista Isto É - Carlos José Marques

terça-feira, 20 de junho de 2017

Procuradores sob pressão

Confrontos, ameaças, invasões e até sequestro de familiares de procuradores que investigam corrupção têm um mesmo alvo, revogar a autonomia do MP

Efeitos da Operação Lava-Jato: o Ministério Público está sob pressão dos governos no Brasil, na Venezuela, no Peru, na Argentina, no Panamá e no Equador, entre outros países onde se desenvolvem investigações sobre pagamentos de R$ 4,6 bilhões da Odebrecht e outras empreiteiras brasileiras em subornos de políticos. Os confrontos variam em intensidade, mas têm um mesmo objetivo, revogar a autonomia institucional do Ministério Público.

No Brasil, epicentro desses inquéritos sobre corrupção, o embate tem sido duro, mas, com algumas exceções, têm ficado restritos à retórica e às iniciativas até agora fracassadas no governo, no Congresso e em algumas áreas do Judiciário para bloquear apurações, anular processos e punir supostos abusos de juízes e procuradores responsáveis pelas investigações.  Na Venezuela a situação é pior. Daquele regime ditatorial saíram pelo menos R$ 1,5 bilhão usados pela Odebrecht para pagamentos de propina a líderes políticos brasileiros, latino-americanos, africanos e europeus. Desde quinta-feira passada, a procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega Díaz, está ameaçada de prisão pela suprema corte do país, dominada pelo governo Nicolás Maduro.

Díaz, antiga militante do chavismo, se tornou expoente da oposição a Maduro, a quem atribui a ruptura da ordem constitucional por ações como o patrocínio de um golpe do Tribunal Supremo Judicial contra a Assembleia Nacional e a convocação de uma Constituinte à margem das regras constitucionais. Na época em que defendia com fervor o projeto chavista de “revolução” , que os venezuelanos chamam de “robolución” , Díaz provavelmente não sabia, mas Maduro recebia publicitários brasileiros, que trabalhavam na campanha de mais uma reeleição de Hugo Chávez para entregar malas de dinheiro vivo, que somaram o equivalente a R$ 34 milhões, além de acertar depósitos de R$ 28 milhões em contas na Suíça. Há registros das transações financeiras e testemunhos da publicitária Mônica Moura no processo sobre a corrupção da Odebrecht e Andrade Gutierrez nos governos Chávez e Maduro.

Em fevereiro, pouco antes do carnaval, Díaz desembarcou em Brasília para um encontro de procuradores-gerais de países-alvo da Operação Lava-Jato. No segundo dia de reunião, sexta-feira 17, recebeu uma notícia: a filha e a neta do seu marido, um antigo oficial militar de Chávez, haviam sido sequestradas em Caracas. Largou tudo e viajou de volta. Seis horas depois, quando pisou no aeroporto Simon Bolívar, a 20 quilômetros da capital venezuelana, soube que os parentes já haviam sido libertados. O recado foi dado.

Díaz, de novo, está ameaçada — advertem procuradores como Vladimir Aras, responsável pela coordenação de acordos de cooperação internacional da Lava-Jato. Embora seja o caso mais grave, no momento, ela não é a única sob pressão no seu país. O procurador-geral Rodrigo Janot passou a morar numa espécie de minipresídio, em Brasília, casa cercada, equipada com alarmes e vigiada desde que a residência foi arrombada no final de janeiro de 2015, quando preparava os primeiros inquéritos contra políticos envolvidos em corrupção. As tentativas de coação crescem no ritmo do avanço das investigações. Nem todas são sutis, como se vê no caso da procuradora-geral da Venezuela. [uma das formas mais eficientes de se manter em evidência e conquistar até mesmo simpatia da população é de declarar 'ameaçado' representar o papel de 'vítima' e 'herói' sempre atrai a simpatia de incautos.]

Fonte: José Casado, Jornalista - O Globo

 

segunda-feira, 22 de maio de 2017

O país no bolso e a bandeira na mão

José Mujica, o ex-presidente fofo do Uruguai, está com Lula. Assim como o papa, fofura ainda mais exuberante 

Os arautos da bondade no planeta Terra nunca trabalharam tanto. José Mujica, o ex-presidente fofo do Uruguai, disse que seu coração está com Lula. A solidariedade emocionante foi prestada na festa pela libertação de José Dirceu, outra alma boa do mesmo planeta. Umas 48 horas depois, Renato Duque confirmou a Sergio Moro que Lula é o chefe do petrolão. Ou seja: o coração solidário de Mujica e o dinheiro roubado do contribuinte estão juntos, sob a mesma guarda. O Brasil e parte do mundo hoje são súditos dessa lenda idiota.

O papa Francisco, uma fofura ainda mais exuberante que Mujica, também deu seu jeitinho de hipotecar o coração a Lula, o filho do Brasil. Quando foi aprovado o impeachment da presidente delinquente, o sumo pontífice declarou que o momento era “muito triste” e cancelou sua visita ao país. Já sobre a Venezuela, enquanto o sangue corre nas ruas e o companheiro Maduro fecha o Congresso, Francisco declara que a solução da crise fica difícil com “a oposição dividida”. Vamos repetir, porque você achou que não ouviu direito: o papa bonzinho encontrou um jeito sutil como um elefante de culpar a oposição venezuelana pela ditadura sanguinária do filhote de Hugo Chávez.

Este texto poderia terminar aqui, porque é incrível que ainda seja preciso dizer algo mais sobre uma lenda progressista vagabunda que virou crime perfeito, graças a uma opinião pública demente que engole e propaga a fraude – contando até com astros de Hollywood para isso. Já mostramos que Mujica é um canastrão, o papa é um covarde e a casta cultural e acadêmica que apoia essa malandragem para ficar bem na foto é um flagelo. Mas vamos prosseguir em homenagem a Lula, o democrata que prometeu voltar à Presidência e mandar prender todos os jornalistas que mentiram sobre ele.  Parêntese: é muita ingratidão você passar mais de década alugando gente para exaltar sua honestidade e depois ameaçar prender quem mentiu.

Lula desembarcou em Curitiba para o depoimento a Sergio Moro de jatinho particular, cercado por uma comitiva de petistas sorridentes e gordos. Eles levam um vidão, nem precisam mais fingir que governam. Dilma faz palestras pelo mundo numa língua só dela viajando de primeira classe. A tropa da alegria reservou dois andares de um dos melhores hotéis de Curitiba, de onde foram se encontrar com seus advogados milionários. A Justiça Federal acabara de interditar o Instituto Lula, identificando-o como centro de articulações criminosas e distribuição de propina. Bumlai, um dos articuladores, foi solto pelo STF a tempo de declarar que a ideia do instituto foi de Marisa Letícia. Não seria preciso dizer mais nada.

Mas é, porque essa quadrilha ou, pior, sua narrativa inacreditável continua viva e bem, obrigado. Não estivesse, seria impossível montar uma greve geral de fachada, empurrando uma militância pífia e fisiológica para sabotar um dia na vida do país. Ruas, estradas, lojas e aeroportos invadidos e depredados por supostos manifestantes trabalhistas insuflados e/ou pagos pelos heróis da lenda para posar de revolucionários – num momento em que a única revolução possível a favor do povo é consertar o estrago que os heróis deixaram após 13 anos de sucção.

O mais chocante não é o show de violência dos parasitas – defendido envergonhada e dissimuladamente por essa elite cultural e acadêmica como “direito à livre manifestação”, entre outros disfarces retóricos para o teatro ideológico. O mais impressionante é a leniência, a catatonia, a frouxidão do país e de suas autoridades diante do escárnio. Saiu barato, quase de graça, para os pimpolhos selvagens e seus mentores intelectuais esculhambarem a vida nacional e ainda saírem reclamando da violência policial. O Brasil é uma mãe.

É por tudo isso que Lula pode ainda ser apresentado como protagonista de um duelo com Sergio Moro, como se o juiz fosse um carrasco de Os dias eram assim e não alguém que está julgando um réu, acusado de uma série de crimes contra o povo que finge defender. A imagem da chegada do ex-presidente à audiência da Lava Jato carregando uma bandeira do Brasil é um emblema, com uma única legenda possível: “Vou continuar enganando, até que eles se cansem de ser enganados”.

Fonte: Guilherme Fiuza - Época

 

sábado, 1 de abril de 2017

Correção de rumo

Tribunal venezuelano recua e anula decisões que restringiam atuação da Assembleia

Propósito é manter a estabilidade institucional e o equilíbrio de poderes

A Sala Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela informou que, depois de analisar o conteúdo de sentenças 155 e 156, publicadas nos dias 28 e 29 de março, respectivamente, suspendeu as decisões que retiravam as competências da Assembleia Nacional e a imunidade parlamentar de seus deputados. A decisão é um desdobramento do acordo entre os poderes públicos do país anunciado na madrugada deste sábado. Os representantes destas instituições - menos o Legislativo, de maioria opositora - decidiram "exortar o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) a revisar as decisões (...) com o propósito de manter a estabilidade institucional e o equilíbrio de poderes mediante os recursos contemplados na ordem jurídica", informava um comunicado divulgado antes da decisão.
 
O chamado Conselho de Defesa, integrado pelos poderes do Estado, havia sido convocado pelo presidente Nicolás Maduro para solucionar as diferenças, depois que a procuradora-geral, Luisa Ortega, ligada ao chavismo, denunciou, ontem, que as sentenças do TSJ representavam uma ruptura da ordem constitucional.

O opositor Julio Borges, presidente da Assembleia, negou-se a comparecer, alegando que Maduro "é "responsável pela quebra da ordem constitucional" e "não pode pretender, agora, ser um mediador".  - Chegamos a um acordo importante de solução desta controvérsia, que, com (...) a publicação dos esclarecimentos e correções respectivas das sentenças 155 e 156, fica superada - disse Maduro em rede de rádio e TV, antes de o vice-presidente, Tareck El Aissami, ler o documento.

Participou da reunião o presidente do Supremo Tribunal, Maikel Moreno, mas não Luisa Ortega, com quem, segundo o governante, teria havido conversas durante a reunião do Conselho.  As sentenças do TSJ - acusado pela oposição de servir ao governo - geraram um forte rechaço internacional, principalmente a emitida na última quarta-feira, com a qual a corte assumiu as competências da câmara, que declarou em desacato há mais de um ano. A oposição acusa Maduro de ter dado um golpe de Estado, enquanto o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, denunciou um "autogolpe".  O chefe de Estado respondeu ontem que, "na Venezuela, há plena vigência da Constituição, dos direitos civis e políticos, dos direitos humanos".


Fortalecidos pela pressão internacional sobre o governo, os adversários de Maduro irão protestar neste sábado, sob as advertências do presidente de que enfrentará qualquer "aventura golpista".  Após um período de letargia, em que, segundo pesquisas, perdeu apoio de simpatizantes ao fracassar um diálogo com o governo, a oposição voltará às ruas para exigir respeito à Assembleia e eleições para superar a grave crise política e econômica.

A partir de hoje, "iremos planejar ações de protesto, para criar um imenso movimento de pressão cidadã e resistência", disse o chefe do bloco parlamentar, Stalin González. Os deputados irão realizar uma sessão numa praça pública de Caracas, para "ratificar que a Assembleia representa a vontade cidadã", assinalou.

As sentenças do TSJ se basearam no status de desacato em que a câmara foi declarada em janeiro de 2016 por não ter desvinculado três deputados opositores acusados de fraude eleitoral.  Borges disse ontem que a voz crítica da procuradora mostra que o governo está dividido, e pediu às Forças Armadas e aos demais poderes que seguissem o seu exemplo.  Diante da onda de críticas, Maduro lançou ontem uma dura advertência à oposição.  - Que ninguém aproveite estas circunstâncias para aventuras, porque a vontade de enfrentar aventuras golpistas é absoluta, e eu chamaria o povo às ruas - desafiou o presidente, rejeitado por sete em cada 10 venezuelanos, segundo pesquisas. Maduro afirmou ser vítima de um "linchamento diplomático" e de um plano liderado por Estados e governos de direita, através da OEA, para derrubá-lo. [já passou em muito a hora de Maduro ser deposto e enforcado em praça pública.
Além de ser um antidemocrata convicto o capacho do falecido Chávez é um 'poço de incompetência', um câncer,  e tem que ser extirpado da Venezuela.]


Ainda assim, reiterou que está disposto a retomar o diálogo que a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) congelou em dezembro passado alegando que o governo não cumpriu acordos envolvendo o cronograma eleitoral e a libertação de opositores. - Estou pronto para retomar o diálogo com a participação do Papa (um dos facilitadores do processo) - assinalou.
Um grupo de 13 países apresentou um projeto de resolução para ser discutido na próxima segunda-feira em reunião de emergência do Conselho Permanente da OEA, a fim de declarar que as sentenças do TSJ constituem "uma violação da ordem constitucional".

Fonte: O Globo
 

domingo, 4 de setembro de 2016

O fiasco da campanha petista

A desvairada tese do “golpe” só sobrevive na boca dos incautos, dos intelectuais e artistas divorciados da realidade, dos chefes de Estado bolivarianos e dos petistas destituídos das preciosas boquinhas federais

A campanha de desinformação liderada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela presidente cassada Dilma Rousseff e por seus simpatizantes mundo afora, a título de denunciar um certo “golpe” no Brasil, foi amplamente desmoralizada por Estados Unidos, China e Argentina. Os governos americano e chinês, que lideram a economia global, e o governo da Argentina, principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, trataram de reconhecer Temer como presidente de fato e de direito, e com a nova administração brasileira pretendem tocar a vida adiante.

Assim, a desvairada tese do “golpe” só sobrevive na boca dos incautos, dos intelectuais e artistas divorciados da realidade, dos chefes de Estado bolivarianos e dos petistas destituídos das preciosas boquinhas federais. Logo depois do desfecho do impeachment e da posse de Temer, segundo informou o Palácio do Planalto, o secretário de Estado americano, John Kerry, enviou mensagem ao novo presidente dizendo que os Estados Unidos confiam na manutenção do forte relacionamento com o Brasil.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, em entrevista coletiva, informou que, no entender do governo americano, tudo se deu “de acordo com o ordenamento constitucional do Brasil”. Questionado por um repórter fiel à versão do “golpe”, que lhe perguntou mais de uma vez se o governo americano não tinha mesmo nenhuma preocupação a respeito do impeachment, Kirby foi enfático: “Esta é uma questão interna do Brasil, e eu acho que você deveria procurar as autoridades brasileiras para colher informações sobre o assunto. E nós acreditamos que as instituições democráticas do Brasil atuaram de acordo com a Constituição”.

Na China, onde acontece a reunião do G-20, Temer foi recebido pelo presidente Xi Jinping. Num encontro de 40 minutos, o líder chinês expressou o desejo de fazer diversos negócios com o Brasil. Qualificou Temer como “amigo”.  Por fim, o governo da Argentina, que já havia respaldado o governo interino de Temer, expressou seu respeito pela decisão do Congresso de destituir Dilma e reafirmou sua “vontade de continuar pelo caminho de uma real e efetiva integração, no marco do absoluto respeito aos direitos humanos, às instituições democráticas e ao direito internacional”. Outros países sul-americanos, como Peru, Chile e Paraguai, foram na mesma linha.

Já o Equador, a Bolívia e a Venezuela, países governados por autocratas inspirados na cartilha antidemocrática chavista, convocaram seus embaixadores no Brasil – uma dura medida diplomática – em protesto contra o desfecho do processo de impeachment, que eles chamam de “golpe parlamentar”. Para Nicolás Maduro, responsável pela transformação da Venezuela em um inferno, “esse golpe não é apenas contra Dilma Rousseff, é contra a América Latina e países do Caribe, é um ataque contra os movimentos populares, progressistas, contra os partidários das ideias de esquerda”.

Enquanto isso, Lula, provavelmente consciente de que as principais potências mundiais e os mais importantes parceiros regionais do Brasil já reconheceram o governo Temer, tenta desesperadamente angariar ainda algum apoio internacional. Ele enviou uma carta a governantes e ex-governantes com quem se relacionou quando foi presidente, na qual diz que o impeachment não passa de uma ação das “forças conservadoras” para “impedir a continuidade e o avanço do projeto de desenvolvimento e inclusão social liderado pelo PT”. Nem é o caso de perder tempo com as inúmeras mentiras do texto. O que importa é notar que a carta se presta a denunciar a perseguição de que Lula se diz vítima, pois está claro, a esta altura, que está chegando o momento em que o chefão petista terá de prestar contas de suas maracutaias à Justiça.

Ao fim e ao cabo, parece mesmo não haver alternativa a Lula e a seus colegas latino-americanos inimigos da democracia – não por acaso os únicos a defender Dilma – senão esperar que o mundo seja acometido de um surto de ingenuidade e lhes dê ainda algum crédito.

Fonte: Editorial - O Estadão 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Diplomacia e democracia

A democracia perdeu o seu valor universal, vindo a ser manipulada segundo as conveniências particularistas do momento 

A diplomacia passa frequentemente ao largo dos interesses dos cidadãos brasileiros. Em qualquer disputa político-eleitoral, questões externas não fazem parte da agenda propriamente política. Logo, esse importante setor da vida nacional não recebe a atenção devida. Contudo, o novo governo Temer, graças à atuação de seu ministro de Relações Exteriores, senador José Serra, está tomando importantes iniciativas, que têm impacto direto no terreno da política nacional. 

O governo petista havia tornado essa área um instrumento de suas posições partidárias mais retrógradas. O PT considerou a diplomacia uma prolongação de sua doutrina bolivariana, alinhando o país às posições socialistas/comunistas do século XX. A democracia perdeu o seu valor universal, vindo a ser manipulada segundo as conveniências particularistas do momento. 

O governo Temer está recolocando a questão em sua verdadeira dimensão, rompendo decisivamente com essa orientação ideológica. Busca o bem da nação, e não o contentamento ideológico de um partido. Diplomacia é instrumento de um país, e não de um partido. Exemplo disso é o tratamento que o ministro Serra está dando ao governo Maduro, tomando iniciativas que venham a impedi-lo de assumir a presidência rotativa do Mercosul. Tal orientação se situa em linha de continuidade com sua defesa dos opositores presos e através de várias mensagens sobre os seus procedimentos nada democráticos. Uma linha demarcatória está sendo desenhada.

Esse assunto é particularmente importante porque diz respeito ao que esse governo e o anterior consideram como democracia. A acepção de um e outro é completamente distinta.
Para os governos petistas, os governos bolivarianos daquele país seriam exemplos de democracia. O ex-presidente Lula chegou mesmo a dizer que havia excesso de democracia sob o governo Chávez. A presidente Dilma foi conivente com todas as violações da liberdade sendo lá cometidas, chegando a suspender o Paraguai do bloco, por discordar da “democracia” daquele país. 

O que lá estava e está em curso?  Pode-se, assim, caracterizar a linha mestra do bolivarianismo: a subversão da democracia por meios democráticos. Na tradição socialista/comunista do século XX, a tomada do poder foi sempre defendida como um ato de violência revolucionária, mediante o uso da força. Daí nascem símbolos como a tomada do “Palácio de Inverno” na Rússia. Assim foi também em Cuba, com seus “revolucionários” em uniforme militar, também tomando pela violência os símbolos do poder. 

Revolução e violência estavam umbilicalmente ligadas. O uso da violência era o ato inaugural desta forma de fazer política, que se prolongava, depois, na dominação violenta de seus cidadãos, tornados meros servos do Estado. A liberdade foi extinta desde esse momento inicial. A criatividade da doutrina bolivariana consistiu em uma inovação, depois tornada corriqueira na esquerda latino-americana. O ato violento de tomada do poder foi substituído por um processo eleitoral, que seria, então, o momento inicial da extinção progressiva das liberdades. A democracia seria devorada aos pouquinhos, via uma conquista da opinião pública. É como se a liberdade e a democracia devessem desaparecer sem que os cidadãos se dessem conta deste processo. 

A esquerda dissociou, desta maneira, a revolução da violência, com o intuito de melhor conseguir a adesão da sociedade. Aparentemente, a democracia estaria sendo respeitada, quando, na verdade, estava sendo completamente subvertida. Note-se a “evolução” política do bolivarianismo na Venezuela, sendo esse processo, depois, imitado em outros países. O governo de Chávez, progressivamente, começou a sufocar a imprensa livre e os meios de comunicação. Uma vez tendo conquistado o poder, sua tarefa consistia em manipular a opinião pública. Quanto mais silenciosa fosse, melhor para sua dominação totalitária.

Ato seguinte, controle do processo legislativo, de tal maneira que a Câmara dos Deputados passasse a ser uma mera correia de transmissão de suas ordens, sem nenhuma iniciativa própria. A aparência democrática permanecia, pois a instituição legislativa continuava existindo, embora completamente evacuada de sua função constitucional. Chávez passou a legislar por decreto, instituindo-se em Poder Legislativo, além, evidentemente, de manter suas prerrogativas executivas. 

A próxima etapa consistiu no amordaçamento completo do Poder Judiciário, de tal maneira que este se lhe tornasse completamente subserviente. Embora tenha deixado de ser um poder independente, a sua mera “existência” servia como uma aparência de constitucionalidade, como se prender opositores e eliminar manifestantes fossem atos “legais”. Sempre poderia aduzir que a lei foi respeitada, sem precisar que ele próprio tinha se tornado a fonte e o braço da própria lei. 

Durante todo esse processo, o Exército se tornou uma espécie de guarda pretoriana, a serviço de Chávez. Perdeu totalmente a sua missão constitucional, vindo a ser um mero instrumento de operação e consolidação do poder bolivariano. Seu lema “socialismo o muerte” bem mostra a sua deformação. Na verdade, tal bandeira deveria significar: socialismo para os donos do poder e morte para os venezuelanos. 

A violência revolucionária não desapareceu, apenas ganhou novos contornos com a repressão aos cidadãos. Milícias foram criadas e armadas com o único intuito de aterrorizar as pessoas e calar os opositores. São meros instrumentos da política bolivariana. A liberdade, sua maior vítima. As instituições democráticas são, então, progressivamente desmontadas, destruídas. Enquanto isso, no Brasil, os petistas e afins aplaudiam esse processo, dizendo, pasmem!, defender a democracia. Até um mínimo de pudor desapareceu.

Logo, quando presenciamos as escaramuças diplomáticas em torno da questão de se Maduro deve ou não assumir a presença rotativa do Mercosul, devemos ter presente que estamos diante de uma questão plena de significado e, sobretudo, de consequências.

Fonte: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - O Globo



sexta-feira, 20 de maio de 2016

O mundo pop do golpe - Exército de Stédile

O “exército do Stédile” estava perdendo a guerra da opinião pública e os que ainda insistem em falar em “golpe” trocaram os carimbados MST, CUT, UNE e MTST por uma tropa de elite: os artistas, que se misturam às mocinhas bonitas da classe média alta de Rio e São Paulo que ilustram as manifestações da Avenida Paulista e as capas dos jornais.

Como a turma do vermelho é a minoria da minoria, a estratégia petista é usar a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria como pretexto para mobilizar os aliados do ambiente artístico, que acham chiquérrimo ser “de esquerda” e, a partir disso, defendem qualquer coisa. Os “movimentos sociais” dividem, mas o PT acha que esse “mundo pop” soma. É assim que artistas e assemelhados invadem prédios da área de Cultura, para ganhar espaço nas TVs e atrair simpatias entre os que não entenderam nada das pedaladas fiscais e caem na história do “golpe”.

Se ainda há dúvidas sobre por que Dilma Rousseff foi afastada, basta olhar o rombo das contas públicas: o governo dela admitia que era mais de R$ 90 bilhões e Henrique Meirelles e equipealiás, excelente equipe – já trabalham com quase R$ 200 bilhões. R$ 200 bi!

As pedaladas foram exatamente isso: Dilma gastou o que tinha e o que não tinha e, mesmo depois de estourar o Orçamento, continuou contraindo mais dívida, inclusive sem permissão do Congresso. Ou seja: ela “pedalou” para esconder o rombo, para continuar gastando mais e mais em políticas populistas e para se reeleger. É ou não crime de responsabilidade?

Aliás, há quem diga, principalmente nas Forças Armadas e na diplomacia, que um outro crime de responsabilidade de Dilma foi, e é, insistir na história do “golpe” no exterior. Para parlamentares, isso configura calúnia e difamações contra as instituições brasileiras: o Supremo, a Câmara e o Senado. Sem falar nos ataques do PT ao MP, à PF e à mídia, pilares da democracia.

Se faltava cutucar os militares, não falta mais, depois da Resolução do Diretório Nacional sobre Conjuntura em que os petistas lamentam terem aproveitado os tempos de poder para modificar os currículos das academias militares e promover oficiais “com compromisso democrático e nacionalista”. Por em dúvida o compromisso democrático e até o nacionalismo de generais, almirantes e brigadeiros é um insulto às Forças Armadas.

Apesar de as três Forças terem mantido silêncio e distância da crise política, econômica e ética, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, não resistiu. Ontem, ele me disse que, com coisas assim, o PT está agindo como nas décadas de 1960 e 1970, aproximando-se do “bolivarianismo” de Cuba e Venezuela e “plantando o antipetismo no Exército”. Essa declaração de um comandante militar, convenhamos, não é trivial.

No próprio plano externo, a tese do golpe está ficando restrita aos próprios “bolivarianos”. Os Estados Unidos já se manifestaram em sentido contrário na Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Argentina e o Paraguai, entre outros, abortaram ameaças conjuntas contra o Brasil. Venezuela e seus seguidores podem ficar falando sozinhos.

Nicolás Maduro diz que há um golpe no Brasil, mas ele é que está na mira da OEA. O diretor-geral da organização, Luis Almagro, o chamou de “ditadorzinho”. Maduro reagiu dizendo que ele é “agente da Cia”. E, como Almagro foi chanceler do Uruguai, o ex-presidente Mujica tomou as dores: “Maduro está louco como uma cabra”.

Temos, pois, que Dilma anda mal de defensores. Os artistas farão manifestações inconsequentes internamente e Maduro tem de se preocupar mais com ele e com a OEA do que com o Brasil, enquanto Michel Temer toureia um Congresso rebelde e Henrique Meirelles tenta descobrir o tamanho do rombo e o fundo de um poço que parece não ter fim.

Fonte: Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Aumentam as chances do impeachment - O governo Dilma acabou de fato.

Quarta-feira, dia 5 de agosto: um dia que poderá ser visto, nos anais da história, como o marco do começo do processo que levou ao impeachment da presidente Dilma. Explico. Foram muitos acontecimentos convergindo para o mesmo ponto. Um amigo meu, que trabalha na Câmara, resumiu bem os principais fatos marcantes do dia:
1) Michel Temer, o vive-presidente, fez nervoso um discurso de pacto de união, falando quase como o novo presidente; 
2) PDT e PTB desembarcaram da base do governo, que agora conta, pelos cálculos de Carlos Sampaio, líder do PSDB, com apenas 128 votos; 
3) Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, colocou em votação as contas dos governos passados, movimento necessário se for o caso de votar as contas do governo Dilma, que deverão ser rejeitadas pelo TCU nos próximos dias e que poderá levar ao seu impeachment; 
 4) Aloizio Mercadante deixou sua típica arrogância em casa e reconheceu erros do PT, chegando inclusive a fazer elogios ao PSDB e pedir um pacto pelo país.

[o que importa é afastar o PT, Dilma e Lula - de preferencia, forçando a que os dois sejam banidos, se tornem reles apátridas;
alguma reação haverá de pequena parte da militância do PT e será a oportunidade de erradicar em definitivo com essa raça.
Na hora de restabelecer a ORDEM as Forças Armadas e Auxiliares entrarão em ação e também os BRASILEIROS DO BEM - afinal o passatempo da esquerda é sempre perder, perderão mais uma vez e se espera que os VENCEDORES não cometam os erros que favoreceram a esquerda em outros embates.
A derrota da esquerda agora tem que ser definitiva, conclusiva - lideres banidos ou excluídos... .]

Mas não é “só” isso, claro. Renato Duque, o homem do PT na Petrobras, dispensou o antigo advogado e tudo indica que está correndo para assinar um acordo de delação premiada. É bom correr mesmo, pois dizem que o próprio Dirceu está muito abatido e isolado, e cansado de “pagar o pato” sozinho. Já teria mandado mensagens cifradas que, sem dúvida, tiraram o sono do ex-presidente Lula e da presidente Dilma essa noite. Se Dirceu falar, acaba a utilidade de outros delatores. Ainda tem o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, na fila. Quem vai entregar Lula antes? Quem vai colocar a sujeira do PT no ventilador primeiro? Teoria dos jogos em ação, e os “prisioneiros” têm o incentivo para entregar os comparsas graúdos, antes que outros o façam.

Como se nada disso bastasse, a rejeição da presidente Dilma atingiu o recorde histórico de 71%, acima até mesmo de Collor. Dois terços dos entrevistados defendem a abertura de um processo de impeachment já, ou seja, o povo brasileiro já teria “impedido” a presidente se possível, se o Brasil fosse uma “democracia direta” como desejam os… petistas. Mas como, felizmente, temos uma democracia representativa, ainda que represente mais os interesses de grupos organizados do que do povo, o “julgamento sumário” terá de passar pelo processo político mais frio e cauteloso, como deve ser para fortalecer a própria democracia.

Isso tudo, não custa lembrar, no mês de agosto, o mês do desgosto na política nacional. Na verdade, no começo do mês de agosto! Hoje tem pronunciamento com panelaço, para deixar bem claro o “apoio” que a presidente tem do povo. Dia 16 tem manifestação pelo país todo, e provavelmente milhões vão às ruas demonstrar como esse é um governo sem nenhum apoio popular, restando apenas a defesa feita pelos vendidos, que recebem “esmolas” em troca. O governo Dilma acabou de fato.

Temer já fala como o governante, conclamando os demais políticos e pensarem no país, a evitarem uma crise muito desagradável. Poderia ser um último apelo desesperado para evitar o impeachment, ou poderia, também, ser uma forma de se mostrar líder e concentrar apenas em Dilma o “fuzilamento político”, formando-se, depois, um novo governo com uma nova base de apoio. O fato marcante é que o próprio Temer teve que fazer isso, pois se a presidente Dilma o fizesse, ninguém sequer a escutaria. Dilma fala aos ventos…

Juntando tudo e batendo no liquidificador, as chances de um impeachment de Dilma aumentaram muito. Se tivesse que chutar, diria que há 50% de probabilidade de ela terminar o mandado, e 50% de não terminar. Dito isso, cabe perguntar: o impeachment é desejável para quem não suporta mais não apenas Dilma, mas o PT todo? [temos que começar a faxina por algum lugar... e o ideal é começar retirar a m ... mais fedida.O resto se tira aos poucos e no final o ideal é jogar álcool e tocar fogo.]  Há controvérsias, e pessoas que respeito muito pensam que não. É o caso do jornalista Carlos Alberto Di Franco, que escreveu recentemente um artigo afirmando que o impeachment não é solução. Não é pelo mesmo motivo de FHC, por exemplo, mas de quem quer, acima de tudo, responsabilizar os verdadeiros culpados pelo estrago todo:
O impedimento é um processo extremo, traumático, imprevisível. E o pós-impeachment só beneficia um lado: Lula e o PT. Passam de vidraça a estilingue. Numa boa. O sucessor de Dilma vai receber um baita abacaxi. Passará todo o mandato lutando contra os efeitos da incompetência de Dilma Rousseff. Será fustigado pelo lulopetismo. Finalmente, em 2018, se conseguir escapar da magnífica varredura do juiz Sérgio Moro, Lula, com cara limpa e banho tomado, se apresentará como salvador da pátria. É isso que você quer, amigo leitor? É isso que pretendem os organizadores da passeata do dia 16?

Entendo seus pontos. Muitos acham que o impeachment seria bom para o PT ou para Lula, que poderia virar oposição logo de uma vez, num momento de profunda crise econômica. Mas tenho ressalvas. Primeiro, os casos da Venezuela e da Argentina mostram que, mesmo em severas crises econômicas, o poder político não necessariamente muda. Controle da máquina estatal, quiçá das urnas eletrônicas, compra de votos, ameaças: o fato é que nem Maduro caiu ainda!

O leitor poderá dizer, com razão, que o Brasil ainda não é a Venezuela, nem mesmo a Argentina, e que ainda temos instituições funcionando. Mas pagar para ver é um risco e tanto. O PT tem milhares de soldados incrustados na máquina do estado, e isso seria desmontado com o eventual impeachment. Há a questão das urnas eletrônicas: o leitor confia nelas mesmo, de olhos fechados? Enfim, é sempre um risco deixar a raposa no galinheiro, mesmo que machucada e sangrando. Nunca se sabe do que ela será capaz de fazer para não largar o osso. Especialmente quando já deixou claro que faria o “diabo”.

Em segundo lugar, acho que há um efeito pedagógico importante em impedir que Dilma termine seu mandato. O PT precisa ser desmascarado, ainda mais. Collor carregou o estigma e ainda carrega, apesar de ter se tornado senador anos depois (só no Brasil mesmo!), e já estar envolvido em escândalos enormes. Dilma e o PT merecem essa mancha no currículo: impeachment. É uma forma de mostrar que todo esse descalabro não pode ficar impune. E aí vem o xis da questão: há mesmo razão para o impeachment, além da revolta popular com a crise e os escândalos? Tudo indica que sim, que Dilma, no mínimo, pode ser enquadrada no crime de responsabilidade. Então, cumpra-se a lei e o desejo dos brasileiros!

O processo será traumático? Há incertezas quanto ao que vem depois? Sem dúvida. Mas pergunto: e por acaso não será muito traumático também manter uma presidente sem nenhuma credibilidade e capacidade no poder? Não é totalmente incerto o futuro até 2018 com a manutenção do status quo? Trauma por trauma, incerteza por incerteza, eu, particularmente, prefiro encarar a pedreira sem o PT no poder, e sem uma presidente como Dilma Rousseff ainda com poder de causar inúmeros estragos. E você?

Fonte: Blog do Rodrigo Constantino 

 

sábado, 20 de junho de 2015

A agressão chavista só ocorreu porque Dilma, tutelada pelo Foro de São Paulo, apoia. A oposição deveria cuidar de detonar Dilma. Chege de enrolar

Agressão chavista ao Congresso brasileiro

O incidente diplomático apanha Dilma em mau momento, e, para evitar maiores dissabores, a presidente deveria reagir com vigor ao ataque, fugindo do padrão do PT

É característica do chavismo o desrespeito aos poderes republicanos. Mas orquestrar ou permitir um ataque a parlamentares brasileiros em Caracas extrapola as fronteiras venezuelanas e passa a ter outra dimensão, o de um ato hostil ao Legislativo de outro país. O governo de Nicolás Maduro tem se tornado mais violento à medida que a crise econômica e social da Venezuela aumenta a tensão política e reforça as previsões de uma difícil eleição parlamentar, que por sinal já deveria ter sido marcada.

Maduro mantém presos políticos, entre eles, Leopoldo Lopes, em greve de fome, o que faz crescer a preocupação no exterior de grupos e países com algum tipo de relação com a Venezuela. Neste contexto, um grupo de senadores da oposição — Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Sérgio Petecão (PSD-AC), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), José Medeiros (PPS-MT) e José Agripino Maia (DEM-RN) — organizou uma ida a Caracas para se encontrar com mulheres e familiares de presos e outros representantes da oposição ao chavismo.

Não conseguiram. Manifestantes barraram e atacaram a van em que estavam os brasileiros, logo após a saída do aeroporto, sob a passividade de batedores e policiais venezuelanos. Os senadores decidiram voltar ao Brasil. Enquanto isso, um grupo de brasileiros simpatizantes do chavismo também desembarcava em Caracas, numa ação provocadora e articulada entre companheiros, e pôde circular com liberdade.

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A questão é saber se a reação do governo será a necessária. No primeiro momento, o Itamaraty parece ter agido de acordo com o manual: pediu explicações a Venezuela, mas parece pouco. O incidente apanha Dilma em mau momento: sob a mira do TCU, fragilizada, debaixo de críticas de sindicatos e de petistas, devido ao ajuste fiscal. Pelo histórico da presidente e do próprio petismo em situações como esta, talvez em tempos melhores o Planalto até criticasse publicamente os senadores, o que teria feito agora intramuros.

 
Já se sabe que entre os interesses nacionais e a aliança com chavistas e bolivarianos, parentes ideológicos, o PT fica com chavistas e bolivarianos. Lembre-se que, na expropriação de uma refinaria da Petrobras pela Bolívia de Evo Morales, o então presidente Lula nada fez.  Com um Congresso hostil, o governo Dilma poderá ter problemas. Numa reação correta, a oposição se articula para que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o embaixador na Venezuela, Rui Pereira — que não teria dado o devido apoio à comitiva em Caracas —, sejam convocados ao Senado. 

Ao mesmo tempo estuda recorrer ao Supremo, devido ao fato de o Brasil nada fazer para punir a Venezuela no Mercosul por descumprir a cláusula democrática. A melhor alternativa para Dilma é tentar esvaziar esta onda com uma atitude firme de repúdio ao ataque aos senadores.

Fonte: Editorial - O Globo
 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Bolívia colocou Lula e o Brasil de 'quatro' - Venezuela de Maduro coloca Dilma de quatro e monta

Governo da Venezuela debocha de ataque a senadores brasileiros

'Se os senadores estão aqui, é porque não têm muito trabalho por lá [no Brasil]', escreveu o vice-presidente venezuelano à Lilian Tintori, mulher do preso político Leopoldo López

O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, debochou nesta quinta-feira da viagem dos senadores brasileiros à Caracas para visitar os presos políticos. Segundo jornal Folha de S. Paulo, Arreaza enviou uma mensagem irônica ao celular de Lilian Tintori, mulher do político oposicionista preso Leopoldo López. "Se os senadores estão aqui, é porque não têm muito trabalho por lá [no Brasil]. Assim, umas horas a mais ou a menos, dá no mesmo", diz o texto enviado a Lilian, que acompanhava a comitiva brasileira e estava presa no trânsito, impedida de chegar à prisão militar de Ramo Verde.

O texto debochado só reforça a percepção de que o bloqueio da estrada foi, como suspeitam os senadores e a ex-deputada opositora venezuelana Maria Corina Machado, iniciativa do governo. "Se alguma dúvida ainda existia em relação à escalada autoritária da Venezuela, nós voltamos de lá sem dúvida alguma", declarou o senador Aécio Neves (PSDB). Além do tucano, o grupo era formado pelos senadores Aloysio Nunes (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM), Cássio Cunha Lima (PSDB), José Medeiros (PPS), Agripino Maia (DEM), Ricardo Ferraço (PMDB) e Sérgio Petecão (PSD).

Bloqueios e protestos - Na primeira tentativa de chegar à prisão, o veículo em que viajavam os políticos brasileiros ficou preso no trânsito engarrafado devido, segundo a versão das autoridades, a "obras de manutenção" que o governo venezuelano resolveu fazer justamente nesta quinta. Manifestantes chavistas aproveitaram a oportunidade para cercar o micro-ônibus e intimidar os senadores entoando gritos de guerra como "Chávez não morreu, se multiplicou" e "Fora, fora". Segundo Caiado e Ferraço, o veículo foi apedrejado por partidários do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Quando finalmente conseguiram retornar ao aeroporto, os políticos foram impedidos de entrar no local onde estava o avião da FAB que os aguardava porque o terminal havia sido fechado.

Os senadores tentaram por uma segunda vez ir até o presídio, mas o túnel de acesso na estrada continuava fechado. As autoridades justificaram o bloqueio dizendo que a passagem estava sendo "lavada", disse Aloysio Nunes. "Esse episódio vai gerar profundos desdobramentos na relação Brasil e Venezuela", declarou Caiado. Em vista dos incidentes, a Câmara aprovou uma moção de repúdio contra os protestos que bloquearam a passagem da delegação brasileira.[senador Ronaldo Caiado não decepcione seus possíveis eleitores em uma futura eleição presidencial; até as pedras sabem que foi tudo feito em comum acordo entre Dilma, Maduro e o estrupício do futuro presidiário, ou futuro presidente da República, Lula da Silva - a desvalorização da presidência da República de 2003 para cá justifica que sejam apresentadas duas alternativas.]

Em nota, o governo brasileiro lamentou os incidentes que impediram a visita dos senadores de oposição aos presos políticos venezuelanos e classificou de "inaceitáveis atos hostis" os protestos que bloquearam o avanço do micro-ônibus da comitiva. A nota emitida pelo ministério das Relações Exteriores afirma que Brasília solicitará explicações do presidente Maduro.

Fonte: Revista VEJA