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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Na marca do pênalti - Fernando Gabeira

In Blog

Bolsonaro fez parte de um seleto grupo de estadistas que negaram a pandemia. Em seguida, foi o único no mundo, ressalta o jornal “Le Figaro”, que se colocou negativamente diante da vacinação. Ele foi escolhido como o pior corrupto do ano, pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project. Coisa de comunistas? Os escolhidos anteriormente foram Putin, Maduro e Duterte.

[a pandemia, com as BÊNÇÃOS DIVINAS, vai passar ainda no inicio de 2021 - é só cessar os efeitos de alguns excessos praticados por incautos.
Cessando a pandemia, quer os inimigos do Brasil gostem ou não,  o presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, vai conseguir governar - missão que lhe foi concedida por quase 60.000.000 de brasileiros.
 
Voltará com suas pautas de campanha, incluindo sem limitar,  a de COSTUMES, de SEGURANÇA e todas serão aprovadas e implantadas. Algumas, com destaque para a de COSTUMES, precisam de ajustes, até mesmo endurecimento, pela deterioração sofrida.
Serão NOVOS e BONS TEMPOS, o que nos leva a perguntar
- Que nos importa a opinião de um jornal francês (não nos importam nem as ameaças feitas pelo presidente francês de internacionalizar a Amazônia - se tentar, vai perder)?
- Que valor tem uma organização de gringos  considerar o presidente Bolsonaro o pior corrupto do ano?  
Estranho,  o PIOR = a principio se pensa em ser o pior por ser o mais corrupto; só que no caso não vale tal pensamento, já que acusaram o presidente de quase tudo e mais alguma coisa, mas quanto a ser corrupto nada existe - tanto que tentam jogar a pecha de corruptos sobre os filhos do presidente para então associar = só que são CPFs diferentes.]

Bolsonaro chegou ao fim de 2020 com 24 pedidos de impeachment acumulados na gaveta. Alguns comentaristas acham que ele zombou da tortura em Dilma Rousseff para desviar a atenção de seu fracasso diante da pandemia. Mas é uma tática estúpida. Não se disfarça a morte com cheiro de morte, muito menos se esconde a desumanidade contra muitos, concentrando-a numa só pessoa.

O conjunto de declarações de Bolsonaro está registrado. Uma pandemia com quase 200 mil mortos não desaparece na história como um relâmpago no céu. [também não desaparece a comprovação farta de que o Governo Federal foi afastado do comando, da linha de frente das ações de combate ao coronavírus, sendo dado o protagonismo aos governadores e prefeitos.]  Ele contribuiu para que uma parte do povo brasileiro desafiasse o perigo da pandemia e colocasse em risco a própria vida e a dos outros.

Bolsonaro ignorou os apelos para que o Estado protegesse as populações indígenas. Por duas vezes, o STF devolveu ao governo a lição de casa que não consegue realizar: um plano eficaz para protegê-las. No governo, Bolsonaro aumentou a destruição da Amazônia, queimou um terço do Pantanal, e o Cerrado perdeu 13 % de sua vegetação. No seu prontuário, não pesam apenas vidas humanas, mas espécies animais, plantas, enfim, todos os componentes da riqueza do Brasil.

Sua política arruína as chances de nos apresentarmos como uma potência ambiental, atraindo energias, capitais, poderosos governos, todos ansiosos por trabalhar conosco numa nova etapa da luta mundial pela sobrevivência das novas gerações. Numa das suas últimas lives, Bolsonaro afirmou que não seria retirado da Presidência sem um motivo justo. Ninguém faria isso. Mas a situação muda de figura quando se consideram 200 mil mortes diante de um governo negacionista. Se isso não for um motivo justo para milhares de famílias que perderam seus entes queridos, o que será? [a primeira providência que decide o que é um motivo justo - no caso um crime de responsabilidade, devidamente comprovado - são os votos de 342 deputados favoráveis a que seja aberto um processo de impeachment. 
341 votos não autorizam sequer que a sessão para apreciar o pedido de impeachment seja aberta.]

O auxílio emergencial aprovado pelo Congresso atenuou o impacto da posição inicial na imagem de Bolsonaro. A má vontade com a vacina atualizou sua culpa. O general Pazuello tem responsabilidade, mas obedece a Bolsonaro. Só é formalmente um Sancho Pança. Sancho seguia Dom Quixote, um símbolo permanente da humanidade. Assim mesmo, era capaz de alertar: olha mestre, olha o que senhor está falando.

Juntos, capitão e general arrastaram as Forças Armadas para uma política que nega sua proximidade com a ciência, lança dúvida sobre sua capacidade e chega a nos fazer duvidar dos critérios que levam alguém ao generalato. [um pouco de prudência ao lançar dúvidas sobre, ou acusar, nossas Forças Armadas, é aconselhável. 

Acusações ou dúvidas, sem amparo em fatos, costumam causar constrangimento. Recentemente o Exército Brasileiro foi acusado de estar promovendo um genocídio = o autor da acusação teve que recuar quando percebeu que faltavam os mortos.]

A aventura da hidroxicloroquina, justificada pelo Exército como um conforto à população assustada, é um argumento religioso. Remédios são feitos para curar.  A pandemia revelou o abismo da desigualdade social. Entramos em 2021 sem resposta para milhares de pessoas necessitadas. Não só estamos longe de um contrato social, mas sendo cada vez mais empurrados para a barbárie.

Bolsonaro é a barbárie de que o capitalismo escapou no século passado, com a ajuda da social-democracia e de políticas sociais. E de que a globalização procura escapar, no século XXI, com as diretivas de governança sustentável e socialmente responsável. No seu governo, vigora a tese de que o homem é o lobo do homem, de que os fortes sobrevivem de armas na mão. Não há chances de construir um país com essas ideias. A esperança em 2021 passa por nos livrarmos desse pesadelo, em condições ainda difíceis de movimento e contato físico.

Quando os valores humanos são negados tão radicalmente por um líder e seus fiéis que riem da tortura, é fácil compreender que a luta não é apenas por um país, mas pela sobrevivência da espécie. No Brasil, a humanidade está em jogo. Muitos já compreendem, mesmo vivendo fora daqui, o potencial destrutivo dessa ameaça.

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista - O Globo 

Artigo publicado no jornal O Globo em 04/01/2020

 

sábado, 5 de dezembro de 2020

Poderia ser pior? - Nas Entrelinhas

Não temos um plano efetivo de vacinação em massa por parte do Ministério da Saúde, cujo titular é um general de divisão da ativa, especialista em logística

Não gosto de análises catastróficas nem do quanto pior, melhor. Prefiro a teoria das duas hipóteses do humorista Aparíccio Apporelly, o Barão de Itararé, descrita por Graciliano Ramos em Memórias do Cárcere. O escritor alagoano deliciava-se com as anedotas e os comentários espirituosos do jornalista gaúcho, encarcerado durante a ditadura de Getúlio Vargas. Com sua voz pastosa e hesitante, dono de um “otimismo panglossiano”, o Barão sustentava que tudo ia bem e poderia melhorar, fundado numa demonstração de que diante de cada situação haveria sempre uma pior: “Excluía-se uma, desdobrava-se a segunda em outras duas; uma se eliminava, a outra se bipartia, e assim por diante, numa cadeia comprida”, explicava Graciliano. Com a palavra, o próprio Apporelly quando estava preso:

“Que nos poderia acontecer? Seríamos postos em liberdade ou continuaríamos presos. Se nos soltassem, bem: era o que desejávamos. Se ficássemos na prisão, deixar-nos-iam sem processo ou com processo. Se não nos processassem, bem: à falta de provas, cedo ou tarde nos mandariam embora. Se nos processassem, seríamos julgados, absolvidos ou condenados. Se nos absolvessem, bem: nada melhor, esperávamos. Se nos condenassem, dar-nos-iam pena leve ou pena grande. Se se contentassem com a pena leve, muito bem: descansaríamos algum tempo sustentados pelo governo, depois iríamos para a rua. Se nos arrumassem pena dura, seríamos anistiados, ou não seríamos. Se fôssemos anistiados, excelente: era como se não houvesse condenação. Se não nos anistiassem, cumpriríamos a sentença ou morreríamos. Se cumpríssemos a sentença, magnífico: voltaríamos para casa. Se morrêssemos, iríamos para o céu ou para o inferno. Se fôssemos para o céu, ótimo: era a suprema aspiração de cada um. E se fôssemos para o inferno? A cadeia findava aí. Realmente. Realmente ignorávamos o que nos sucederia se fôssemos para o inferno. Mas, ainda assim, não convinha alarmar-nos, pois essa desgraça poderia chegar a qualquer pessoa, na Casa de Detenção ou fora dela”.

O raciocínio irônico do Barão de Itararé é altamente filosófico e serve para qualquer situação. Por exemplo, para a turma enrolada na Lava-Jato, que agora assiste, de tornozeleira eletrônica ou no xadrez, o ex-juiz Sergio Moro ser contratado como especialista em combate à corrupção por um grande escritório de consultoria que presta serviços à Odebrecht. Como se sabe, Emilio Odebrecht, para salvar a empresa e aliviar a cana de seu filho, Marcelo Odebrecht, negociou uma delação premiada com o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que quase implodiu o sistema político brasileiro. Alguns imaginam que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff pavimentou o caminho para a eleição de Jair Bolsonaro; não, essa estrada foi asfaltada pelo escândalo da Petrobras e o uso generalizado de caixa dois nas campanhas eleitorais.

Pandemia
Mas, voltemos à teoria das duas hipóteses. O ano da pandemia do novo coronavírus está acabando, porém a covid-19 recrudesceu. Há uma corrida mundial para conter a segunda onda na Europa e nos Estados Unidos, que é repetição do que ocorreu com a gripe espanhola, 100 anos atrás. Agora, além do isolamento social, estarão sendo utilizadas vacinas em caráter emergencial. No Brasil, em razão do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e da mentalidade castrense do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, estamos numa guerra entre o governo federal, que comprou a vacina de Oxford, inglesa, que será produzida pela Fundação Oswaldo Cruz, e o governo de São Paulo, que adquiriu a vacina chinesa CoronaVac, cuja fabricação será iniciada pelo Instituto Butantan. Há, também, uma vacina russa, a Sputnick V, adquirida pelo governo do Paraná. [detalhe bobo, irrelevante: Oxford e Coronavac, indicam vacinas cuja produção SERÁ INICIADA (sendo acaciano: futuro) a Sputnick V já está sendo aplicada na Rússia, não se sabe em qual fase sua aprovação está na Anvisa. De tudo se conclui que a notícia de uma guerra tendo como abertura o Barão de Itararé é mais uma tirada genial do articulista Luiz Carlos Azedo.]

Entretanto, não temos um plano efetivo de vacinação em massa por parte do Ministério da Saúde, cujo titular é um general de divisão da ativa, especialista em logística, que será o grande responsável [sic] pelo atraso da campanha de vacinação. No momento, sua grande preocupação é negar a existência de uma segunda onda da pandemia, sabotar as medidas de isolamento social e atrasar a liberação da vacina chinesa. Vidas não importam, afinal, não existe guerra sem defuntos. E onde aplica-se a teoria das duas hipóteses? Ao comparar o número de mortos com os que sobreviveram à covid-19, graças aos esforços heroicos dos profissionais da saúde.

Nas últimas 24 horas, houve 776 mortes, somando 175.307 óbitos desde o começo da pandemia. A média móvel de mortes no Brasil, nos últimos sete dias, foi de 544. Desde o começo da pandemia, 6.487.516 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 50.883 desses casos confirmados nas últimas 24 horas. Em média, nos últimos sete dias, houve 40.421 novos diagnósticos por dia, a maior desde agosto, que registrou 40.526 mortes. O aumento no número de casos foi de 37%. A pandemia recrudesceu nos seguintes estados: PR, RS, SC, ES, MS, AC, AP, RO, CE, PB, PE, RN e SE. [o recrudescimento é o reflexo dos contágios ocorridos no feriadão do inicio de novembro; das eleições realizadas em 15 de novembro aditivado pelo segundo turno do dia 30p.p.

Lembrando que as aglomerações ao longo do mês de novembro, sem o uso de  máscaras, tiveram continuidade  pela realização de comícios. E, para facilitar a vida dos arautos do pessimismo a pane ocorrida no sistema de informática do Ministério da Saúde, represou o número de casos de contágio e mortes, forçando uma divulgação com atraso e 'aumentando' o número de casos - o que causou intensa alegria nos que conseguiram a graduação como  contadores de cadáveres na primeira onda e esperam a segunda para a pós.

Após o dia 10 de dezembro será comprovada a inexistência da segunda onde.]

Luiz Carlos Azedo, jornalista - Nas Entrelinhas - Correio Braziliense

 


domingo, 17 de novembro de 2019

Tomar dinheiro de desempregado é covardia - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo 

Tinha razão o poeta Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, mas Paulo Guedes afaga para cima e apedreja para baixo 

O doutor Paulo Guedes garantiu a sua presença nos anais da ciência econômica: propôs a taxação dos desempregados para financiar um programa de estímulo ao emprego. Não se conhece iniciativa igual no mundo, nos séculos afora. 

Pela proposta da ekipekonômica, os brasileiros que recebem o seguro-desemprego, que vai de R$ 998 a R$ 1.735, pagarão de R$ 75 a R$ 130 como contribuição previdenciária. O sujeito perdeu o emprego, não tem outra renda, pede o benefício, que dura até cinco meses, e querem mordê-lo em 7,5% do que é pouco mais que uma esmola. 

Se isso fosse pouco, no mesmo pacote a ekipekonômika desonerou os empregadores que aderirem ao programa do pagamento de sua cota previdenciária de 20%. Tinha razão o poeta Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, mas o doutor Paulo Guedes afaga para cima e apedreja para baixo.
Tomar dinheiro dos miseráveis era coisa comum no tempo da escravidão. Em 1734, para combater “a ociosidade dos negros forros e dos vadios em geral” a Coroa cobrava quatro oitavas de ouro a cada bípede livre que vivia na região das minas. Em 1835 a Assembleia da Bahia tomava dez mil réis de todos os negros libertos nascidos na África. Esse imposto rendia um bom dinheiro, algo como 7,6% do orçamento da província. Eram tungas de outra época. 

No século XXI, a ekipekonômica de Guedes quer arrecadar R$ 11 bilhões em cinco anos com argumentos mais refinados e cosmopolitas. Como o programa de estímulo ao emprego (e à propaganda oficial) gera despesa, deve-se indicar uma fonte de receita para custeá-lo. Sob o céu de anil deste grande Brasil, os doutores miraram no bolso dos desempregados que conseguem acesso ao seguro, um benefício restrito aos trabalhadores do mercado formal. Em julho, 11,7 milhões de pessoas trabalhavam sem carteira assinada.

O argumento dos doutores pode ser uma girafa social, mas parece matematicamente correto. É intelectualmente desonesto porque o programa de estímulo ao emprego dos jovens durará só até 2022, enquanto a tunga do seguro dos desempregados ficará para sempre.
Há três semanas, neste espaço, Eremildo, o Idiota, propôs que, junto com a discussão do fim dos incentivos à energia solar, se pensasse também na cobrança de um imposto aos desempregados, pois eles usam os serviços públicos e não contribuem para a caixa da Viúva.
Eremildo é um cretino assumido e se orgulha disso. 

O Dossiê Bragança
No clima de feijoada da ascensão e queda do deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança no seu voo para vice na chapa de Jair Bolsonaro surgiu uma nova vertente: nunca teria existido dossiê algum contra o príncipe. O deputado e Bolsonaro já disseram que sua candidatura estava com os papéis passados até que Gustavo Bebianno mostrou um dossiê que o incriminava por comportamentos horizontais.
 
Até as 18h da véspera do prazo fatal para o registro da chapa, o capitão estava fechado com o príncipe na vice. Bragança explodiu num telefonema de Bolsonaro para Bebianno às 4h, da madrugada. Nele, o capitão teria falado na existência de um dossiê e o deputado Julian Lemos, que estava com Bebianno, é testemunha disso.

Não se sabe o que aconteceu entre o fim da tarde e a madrugada (na manhã anterior, o príncipe chegou com duas horas de atraso para uma reunião com o capitão).
Bolsonaro encontrou Bebianno no dia seguinte e, pela lembrança do ex-ministro, não se voltou a falar do dossiê. Nem então, nem nunca mais.
Uma coisa é certa: fala-se nesse dossiê há mais de um ano, mas ninguém o viu. 

(...)
Sem chanceler
Se Bolsonaro tivesse um ministro das Relações Exteriores, os invasores da embaixada da Venezuela teriam sido detidos em poucas horas e, no mínimo, identificados numa delegacia de polícia.
Se Bolsonaro tivesse chanceler, durante a reunião com os colegas ele não seria servido de água por um militar fardado.

Folha de S. Paulo  -   O Globo - MATÉRIA COMPLETA - Elio Gaspari, jornalista


terça-feira, 6 de agosto de 2019

Inocentes aflitos e Os onze inimputáveis - Blog do Augusto Nunes


Veja

#SanatórioGeral: Inocentes aflitos

Gilmar Mendes e Dias Toffoli têm pavor de investigações porque não há nada a ser investigado



“Por que se queria investigar Toffoli ou a mim? Porque nós fizemos algo errado? Não, porque nós representávamos algum tipo de resistência às más práticas que se desenvolviam. No fundo, a Lava Jato é um jogo de compadres. É uma organização criminosa para investigar pessoas”. 
(Gilmar Mendes, ministro do STF, numa entrevista ao Correio Braziliense, explicando que é por terem resistido a “más práticas” que ele e o parceiro Dias Toffoli têm pavor do Coaf, da Receita Federal e dos procuradores da Lava Jato)

Os onze inimputáveis

Daqui a pouco o Supremo vai decidir que seus integrantes estão dispensados até do julgamento do Juízo Final


O ministro Dias Toffoli, ao julgar um recurso apresentado pelo senador Flávio Bolsonaro, praticamente proibiu o uso de informações do COAF para o esclarecimento de crimes. Agora, Alexandre de Moraes proibiu a Receita Federal de investigar possíveis irregularidades cometidas pelos membros do STF.

Daqui a pouco, algum titular do time da toga vai decidir que os integrantes do Supremo estão dispensados até do julgamento no dia do Juízo Final. Todos irão diretamente para o céu sem escalas.


Blog do Augusto Nunes - Veja

 

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Um novo Ulysses

Ulysses Guimarães foi o maior líder parlamentar; Rodrigo Maia vai no mesmo caminho

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sai da votação da reforma da Previdência com três troféus: é o principal responsável pela vitória, o maior defensor das instituições e o dono da pauta econômica no Congresso que vai retomar o crescimento do País. [um pequeno detalhe: Ulysses Guimarães tinha capacidade política e campo para se projetar - bastava ser o que foi e que o levou a ser tetra presidente: o ANTITUDO.
E, mesmo sendo político, Ulysses sempre assumiu posturas claras, que permitia todos saber seu posicionamento.
 
Já o 'primeiro-ministro', ainda continua com aquela tática do morde e assopra e adotou,  como filha por ele gerada,  uma reforma que não era sua, conseguiu aprová-la e agora encontra percalços na votação dos destaques - o que tem salvado é que quando sente que a coisa vai pegar, ele se vale do 'corajoso' recurso de encerrar a sessão, adiando a discussão do problema (confira no Extra Globo, aqui: Previdência: com risco de derrota, Maia encerra sessão antes do esperado), reforma vai sofrer modificações no Senado e o pingue pingue começa. Anotem e confiram, se teremos reforma da Previdência - exceto se sofrer alterações substanciais, ainda este ano.]

Outro tríplice coroado foi o grande político Ulysses Guimarães, que em 1988 foi, simultaneamente, presidente da Câmara, presidente da Constituinte e presidente do então PMDB – na época o partido da liberdade e da redemocratização. Morreu em 1992, num desastre de helicóptero em Angra dos Reis, e seu corpo jamais foi encontrado. Mas entrou para a história como exemplo de político decente, habilidoso, corajoso e patriótico. Um líder.  Ulysses era um intelectual humanista, autor de discursos memoráveis e com personalidade reservada. Maia é um economista pragmático, que não arroga a condição de intelectual, não se fez conhecido por discursos sofisticados e tem um temperamento bonachão, simples, informal.

Os dois, porém, têm em comum o talento para a política, a dedicação profunda ao Parlamento, a imensa capacidade de liderança e de fazer as coisas acontecerem. E mais: a defesa incondicional do Congresso, além de confrontar, cada um a seu modo e a seu tempo, os governos de plantão. Ulysses não dava sossego ao governo José Sarney. Maia é o maior defensor do Congresso diante dos ataques do governo Jair Bolsonaro. Aliás, do próprio Bolsonaro.

Até aqui – porque o céu é o limite para Rodrigo Maia – há um outro ponto em comum: apesar de todos os seus méritos e de seu invejável currículo, Ulysses jamais foi um político majoritário. Nunca disputou uma prefeitura, um governo, nem mesmo o Senado, e amargou um constrangedor sétimo lugar ao disputar a eleição presidencial de 1989, que foi no ano seguinte à Constituinte, com a vitória do jovem Fernando Collor de Mello, vendido ao eleitorado como “o caçador de marajás”.

Rodrigo Maia já tentou a prefeitura do Rio e foi um fiasco, já se insinuou como candidato à Presidência da República no ano passado, mas nem levou a aventura até o fim. Teria ele fôlego para se candidatar em 2022, contra o próprio Bolsonaro e contra o aliado João Doria, do PSDB? [Em 2014, quase lhe faltam votos para ser reeleito deputado e em 2018, teve pouco mais de 70.000 votos = menos que  1/6 dos votos que Bolsonaro teve em 2014, para o mesmo cargo.] Até lá, muita água vai rolar e Rodrigo Maia está obcecadamente empenhado em tirar o País da crise e de manter a independência do Congresso em relação ao Executivo. Bastou a aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência na Câmara para ele já lançar a nova etapa: a reforma tributária.[um detalhe: Bolsonaro, por precipitação cometeu um erro elementar quando usou um decreto para mudar uma lei - algum quinta coluna em sua assessoria deixou o erro passar; O Supremo de forma rotineira ignora o Congresso, atropela e o 'dom quixote' Maia nada faz, nem diz.
Bom ficar alerta com essa 'reforma tributária' = tem cheiro de CPMF no ar, com outro nome;
- quanto a combater a pobreza, reduzindo desigualdades, ou é feito elevando a renda dos que estão embaixo, ou resulta no distribuir a miséria.
BOM LEMBRAR:
Não Criarás a Prosperidade se desestimulares a poupança.
Não fortaleceras os fracos por enfraqueceres os fortes.
Não ajudaras o assalariado se arruinares aquele que o paga.
Não estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes.
Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos.
Não poderás criar estabilidade permanente baseada em dinheiro emprestado.
Não evitarás as dificuldades se gastares mais do que ganhas.
Não Fortalecerás a dignidade e o anônimo se Subtraíres ao homem a iniciativa da liberdade.
Não poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios.

Ou seja: Maia quer que a Câmara mantenha o protagonismo e lidere a agenda nacional. Com um detalhe: enquanto Bolsonaro nunca fala diretamente na grave situação social brasileira, o presidente da Câmara deu muita ênfase, no seu discurso de quarta-feira, em atacar a pobreza e falou em tom de palanque: “As soluções (contra a pobreza) passam pela política”. A inegável vitória de Maia, porém, não significa que Bolsonaro não terá bônus político pela aprovação da reforma da Previdência. Muito pelo contrário. Hoje, a festa é principalmente do presidente da Câmara. A médio prazo, o maior beneficiário político poderá ser Bolsonaro. O discurso bolsonarista está pronto: todos os presidentes tentaram a reforma, mas só um está conseguindo... A seu jeito, sem o “toma lá, dá cá”, instalando a “nova política”. Todos sabemos que não é bem assim, que Bolsonaro jogou a reforma na Câmara e lavou as mãos. Mas, em tempos de marketing e de redes sociais, a verdade não é a verdade, é a que querem que seja verdade.

EUA. Eduardo Bolsonaro na embaixada mais cobiçada do mundo é uma surpresa geral, mas, cá pra nós, tem tudo a ver com esse governo. [Bolsonaro tem vários defeitos e um deles é que quando ganha uma, procura um jeito de fazer algo errado. Essa ameaça de decisão, prova que nada mudou.]
 
O Estado de S. Paulo - Eliane Cantanhêde
 
 

sábado, 7 de outubro de 2017

A ditadura venezuelana agoniza



Sem remédios, sem cirurgias e sem esperança, os venezuelanos padecem sob o regime de Nicolás Maduro 


Era bem cedo e estávamos tomando café da manhã quando ele engasgou. Tossiu um pouco e começou a vomitar. Primeiro vieram pedaços de pão; depois, o sangue. Bastante sangue. Desde que não conseguimos mais comprar o remédio de que ele precisa tem sido assim. As varizes que ele tem no esôfago não suportam a pressão do sangue, se rompem e ele vomita sangue. Eu não consigo encontrar esse propranolol desde o ano passado. 

Alenxon Gòmez,5 anos (Foto: Karla Calderon)
De vez em quando, alguém nos dá uma cartela e ele toma, mas é raro. Os médicos já me avisaram que, se eu não conseguir os remédios, ele pode morrer. A veia pode se romper e ele ter uma hemorragia. Pode morrer dormindo. Eu sei que ele tem um pé aqui na Terra e o outro no Céu. Isso nem é o pior. O pior é quando ele tem dores e chora. Dou remédio para febre, que é o único que tenho. Aí torço para ele dormir, para cansar da dor e dormir. Passo a noite fazendo carinho na barriga dele, no peito, é tudo que eu posso fazer para diminuir a dor. Algumas vezes funciona. Em outras, não.

"Eu sei que ele tem um pé aqui na terra e o outro no céu"
Ninoska Torrealba

 Ninoska Torrealba, de 50 anos, acompanha seu neto Alenxon Gomes, de 5, em sua agonia no Hospital de Niños J.M. de los Ríos, em Caracas. Pernas finas, cabelo curto, ele deveria estar brincando, não naquela cama. Suas varizes no esôfago poderiam ser curadas com uma cirurgia. Mas o hospital não tem o kit básico para a operação. O rompimento dos vasos poderia ser tratado com remédios, mas eles não estão disponíveis. Ao menos as dores poderiam ser aliviadas com analgésicos; mas estes também não existem nas farmácias. Alenxon sofre de algo plenamente curável, como sofria um doente há 100 anos, apenas porque vive na Venezuela. 



Os amplos corredores iluminados pela luz tropical que atravessa as grandes janelas da ala de infectologia do Hospital Universitário de Caracas dão um ar de grandiosidade decadente a esse conjunto de três prédios dos anos 1950, símbolo da arquitetura modernista da Bauhaus, considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Há um bosque ao redor. O piso vermelho de cimento queimado reluz de tão limpo, enquanto armários, cadeiras e mesas de metal pintados de bege, já enferrujados, fazem tudo ali parecer velho, antigo. 

Nos cantos, pacientes aguardam ser atendidos. Muitos estão debilitados.  Outros trazem sacolas com comida, água ou medicamentos de que seus familiares internados vão precisar. São observados por idosos, homens e mulheres, metidos em fardas militares dois ou três números maiores. Eles integram os chamados Milicianos do Povo, responsáveis por vigiar quem entra e sai e se alguém faz fotos. Fazem parte da rígida segurança instalada nos hospitais venezuelanos desde que os problemas crônicos na saúde pública ganharam contornos de crise humanitária.

>> O colapso da Venezuela - A ditadura agoniza

>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana

 

terça-feira, 6 de junho de 2017

Se escapar...

Vi um quadro de alerta na porta dos elevadores de um prédio público que, além de enumerar procedimentos de segurança em caso de incêndio, arrematava com a frase: Se escapar, chame os bombeiros.  A indicação puxada pro terror é perfeita para o agora.

Se escapar...
Anda muito difícil escapar.
Oceanos longe de nós, correm soltas guerras declaradas, nada santas, com todas as tragédias e dores que provocam – terra arrasada, mortos, feridos, mutilados, refugiados errantes, expatriados para além de suas fronteiras, rejeitados em fronteiras mais seguras.
Seguras?

Pelo mundo, o terrorismo é ameaça real, constante.  Os alvos são cidadãos comuns, gente como a gene. Explosivos são a modalidade mais comum dos ataques que vêm do nada, em qualquer lugar. Nos últimos dois anos, atropelamentos, tiros, esfaqueamento acrescentam corpo a corpo ao terror.

São ataques sem coordenação central, mas iniciativa de um ou alguns que odeiam – a própria vida inclusive. Por causas difusas, saem para matar quantos conseguirem até que sejam mortos.  O ódio é a pilha de todas as violências, toda a barbárie. Aqui e lá.
Vítimas do terrorismo pelo mundo somam mais de 16 milhões, mais de 43 mil mortos. Iraque, Paquistão e Índia registram o maior número de ataques e de vítimas.

Mas, quando tudo – carros, facas, aviões, bombas – vira arma, ninguém, nenhum lugar é suficientemente protegido.  Nos cinco primeiros meses de 2017, no planeta Terra, 3.349 pessoas morreram em atentados terroristas. Notícia de ontem: em três semanas, o Brasil alcança esse número de mortos, seja nos assassinatos coletivosas já vulgarizadas chacinas – ou no um a um de cada dia. Jovens de 15 a 29 são os mais atingidos - a maioria é negra, pobre e das desprotegidas periferias brasileiras.

No Brasil de hoje a violência é intensa e cada vez mais espalhada.  Aqui a guerra é real , mas não declarada.  Em 20 anos, entre 1955 e 1975, morreram 1,1 milhão de pessoas nas guerras do Vietnã.  No Brasil, também em 20 anos, entre 1995 e 2015, outros 1,3 milhão foram assassinados.  Em 2015, foram 59.080 as vítimas de homicídio - 161 mortos por dia. A maioria classificada como MVCI – morte violenta com causa indeterminada.

“Temos uma crise civilizatória”, concluiu um técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).  Não disse quanto custa ao país, nem ao mundo, a crise civilizatória.
Uma “googada” e sabemos que, no mundo de 840 milhões de famintos, as despesas militares de três anos superam 1,7 trilhões. Tipo, 260 dólares por pessoa.  O comércio internacional de armas convencionais movimenta US$ 80 bilhões por ano. Mas o número real deve ser bemmm maior. Os principais exportadores, China e o Reino Unido, por exemplo, não dão informação precisa sobre essas suas exportações.

Questão de segurança, entende?  Ou seja, o dinheiro rolado nesse “business” é estimado. Nunca estão incluídas vendas para o mercado doméstico ou as embaixo do pano –contrabando e a tal da caixa 2, com a qual estamos muito familiarizados.  A crise civilizatória é também cínica.Combatemos guerras vendendo armas. Combatemos assassinatos comprando armas, aparelhando melhor a polícia para alcançar o mesmo nível de armamentos dos bandidos, que compram dos produtores, que são absolutamente democráticos nas vendas. Vendem para quem paga –  bandido ou mocinho, no oficial ou no não contabilizado.

A crise civilizatória não tem fronteiras.  Aqui, no nosso penar sem fim de perplexidades, chegamos até um Ministro da Fazenda [óbvio que o tal ministro amantegado é petista desde sempre - o PT sempre inaugura novos tipos de crimes ou novas formas de praticar os antigos.] que sonegou impostos durante todo o tempo que cuidava da economia.  

Temos um presidente investigado. Temos pencas de indignados indignos.

Temos um humorista-apresentador de TV que recebe uma notificação extrajudicial, rasga, derrama nas partes intimas, recolhe e envelopa, para devolver ao remetente. Antes, destaca por escrito que a encomenda segue com “cheirinho especial”. Para não deixar dúvidas sobre o grau da grosseria e do deboche, toda a ação é gravada e postada nas redes sociais. [considerando a mulher que provocou o envio da notificação e que foi a destinatária da 'cheirosa' devolução, está tudo normal.] 

Recente, ali na Paraíba e em Pernambuco, tivemos rebeliões em centros socioeducativos – desses que guardam menores apreendidos”. Num e noutro, morreu gente.  Sete daqueles mortos socioeducados foram queimados vivos por outros dos socioeducados. Nas rebeliões de presos maiores de 18 anos, degolar é costumeiro. Notícias que, de tão corriqueiras, passam batido. 

O menu da “crise civilizatória” é amplo. Não há spy que dê conta. E eles são muitos.
Assim, se escapar do terrorismo, da guerra, da bala perdida, do assalto, da degola, da fogueira, de corruptores e corrompidos, das escutas, reze.
Agradeça ao divino, porque seguro mesmo só o céu, esse que existe como abstração, como sinônimo de paraíso, que é a esperança de coisa melhor a ser alcançada, um dia, talvez, quem sabe, para os merecedores.  E para merecer é preciso andar santo e muito protegido por outros santos, vida afora. Coisa muito difícil nas crises civilizatórias.

PS: Se escapou hoje, agradeça. E reze também pelo TSE.

Por: Tânia Fusco - Blog do Noblat - O Globo