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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A morte como rotina

O mundo está recebendo notícias de uma realidade alarmante, a de um país que mata como se estivesse em guerra, que comete atrocidades, corta cabeças

A morte tem sido um dos assuntos mais recorrentes do nosso noticiário. Já não falo nem das chamadas mortes naturais, causadas por velhice ou doenças (dengue, chikungunya, zika, febre amarela e até malária), mas das “mortes matadas”, ocorrências criminosas por meio de assaltos, roubos, conflitos e balas perdidas, como a que matou a menina Sofia, de 2 anos e meio, enquanto brincava no parquinho interno de uma lanchonete na Zona Norte do Rio. Essa é uma especialidade carioca, que nos últimos dois anos vitimou 18 menores de 14 anos, além daqueles maiores de idade, que só em 2016 chegaram a três casos por dia.

É a triste face de uma cidade que sempre foi o símbolo do país do hedonismo, terra do homem cordial, “abençoado por Deus e bonito por natureza” — uma imagem de exportação cujas belezas naturais e lindas mulheres seminuas nas praias e no carnaval funcionavam como cartões-postais que excitavam o imaginário dos turistas estrangeiros. Agora, o mundo está recebendo notícias de uma realidade oposta e alarmante, a de um país que mata como se estivesse em guerra, que comete atrocidades, corta cabeças como se fosse o Estado Islâmico, em que o crime organizado detém um poder paralelo cujas facções, depois de lutas sangrentas pelo domínio das penitenciárias, ameaçam estender o terror para as ruas das capitais.

Em uma semana, os massacres em dois presídios de Manaus produziram 67 mortes. Quatro dias depois, em Roraima, foram 33 execuções. Na penitenciária de Alcaçuz, em Natal, foram 26 até agora, mas a contagem não terminou. Ver na televisão as cenas apocalípticas de detentos das facções rivais se matando nos pátios dos presídios chocam. Mas acho que pior ainda para a sensibilidade de alguém civilizado, por exemplo, é saber que próximo a uma unidade prisional houve o encontro macabro de “duas cabeças, um antebraço, um braço e uma perna”.

As autoridades, impotentes ou coniventes, certamente incapazes, desistiram do combate. Talvez inspiradas em Trump, resolveram construir muro para separar as facções. Assim, cada lado fica com uma parte do território, e o Estado, bem, o Estado assiste de longe.  Não é preciso ter lido toda a obra de Freud para conhecer um de seus principais ensinamentos — o de que a pulsão, ou instinto, de vida e morte habita o ser humano e está na origem de todos os nossos conflitos psíquicos.  “A luta entre Eros e Tânatos se decide dentro de nós a cada instante”, escreveu, referindo-se a dois entes da mitologia grega: o primeiro, deus do amor, e o outro, a personificação da morte.

No Rio e, por extensão, no Brasil, essa luta parece ganha por Tânatos. Pelo menos até agora.

Fonte: Blog do Noblat - Zuenir Ventura,  jornalista


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A febre amarela pode chegar às cidades?

O surto da doença em Minas Gerais lembra que o vírus se mantém à espreita 

No início de janeiro, no norte de Minas Gerais, eram pouco mais de 20 casos suspeitos de febre amarela, uma doença que já foi o principal problema de saúde pública no Brasil até o século XIX. Duas semanas depois, até o fechamento desta edição, já somavam 206 em 29 cidades do estado – além de oito casos no estado vizinho, Espírito Santo. Trinta e quatro foram confirmados, entre eles 23 mortes. 

Em São Paulo, quatro casos importados foram confirmados e no Distrito Federal registrou-se uma morte. A escalada de casos da doença – que mata cerca de metade dos pacientes graves por complicações renais, hepáticas e hemorrágicas – voltou a chamar a atenção das autoridades de saúde e de especialistas. Eles temem que o vírusda mesma família dos que causam dengue, zika e chikungunya – volte a assolar as cidades nas asas de um velho conhecido dos brasileiros, o mosquito Aedes aegypti.

O vírus chegou ao Recife em 1685, em um navio vindo da África que fizera escala nas Antilhas durante uma epidemia. No Brasil imperial, dizimava milhares a cada episódio. Em 1850, quando chegou ao Rio de Janeiro, 9.600 adoeceram e mais de 4 mil morreram. Em Salvador, vitimara 2.800. O desenvolvimento de uma vacina, em 1937, e uma campanha agressiva para erradicar o Aedes à base de um pesticida poderoso, o DDT, hoje proibido, afastaram a ameaça da cidade e a confinaram às áreas de mata. Desde 1942, quando os três últimos casos de febre amarela transmitida por Aedes foram confirmados em Sena Madureira, no Acre, não há registro em áreas urbanas do Brasil.

O vírus corre zonas silvestres em mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que vivem na mata e se alimentam preferencialmente do sangue de macacos, como bugios, mas também de humanos. Ano a ano, o país registra casos de pessoas que contraem febre amarela nas zonas rurais (leia o quadro acima). A cada sete anos, em média, há registros de surtos maiores. Se os casos suspeitos se confirmarem, o Brasil está a caminho de seu maior surto em décadas. Para cada infectado com sintomas, há outros dois assintomáticos. A Organização Mundial de Saúde estima que, em surtos, o número de casos seja entre dez e 250 vezes maior do que o confirmado. Como quase um terço dos casos é grave e o Aedes, o vetor urbano, é frequente nas cidades, o país convive com a sombra da reurbanização da doença.

Leia também:  >> Por que estamos perdendo a guerra contra o Aedes aegypti
>> “É impossível acabar com o Aedes aegypti”, diz criadora de mosquito transgênico

Ler matéria completa em Época

 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Mortes por H1N1, gripe Influenza A, já passam de mil

Sobe para 1.003 número de mortos por H1N1 no Brasil em 2016


A gripe Influenza A (H1N1) já causou a morte de 1.003 pessoas este ano no Brasil, país que sediará os Jogos Olímpicos em menos de dois meses, em pleno inverno no hemisfério sul, quando o vírus costuma se proliferar, informaram as autoridades sanitárias.

Entre 3 de janeiro e 11 de junho foram reportados 5.214 casos de contaminação e 1.003 mortes pela H1N1, segundo um boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira pelo Ministério da Saúde.  Trata-se do maior número de mortes causadas por esta doença no Brasil desde a pandemia de 2009, quando morreram 2.060 pessoas.  O vírus H1N1 costuma aparecer entre maio e junho, quando as temperaturas caem. Mas o surto deste ano começou antes do fim do verão e já atinge 22 estados do país, uma evolução que pegou as autoridades de surpresa. “Como a epidemia veio antes do esperado, a população vulnerável, ou seja, sem vacina, estava desprotegida”, disse o infectologista Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ao portal de notícias G1.

Cerca da metade dos casos se concentrou na região sudeste – 2.606 infectados e 540 mortos. O estado de São Paulo é o mais afetado, com 2.197 infectados e 434 mortos.
No início de junho, o governo informou que tinha vacinado mais de 97% da população prioritária paulista – crianças de até 5 anos, idosos, gestantes, indígenas e profissionais da saúde. 

No Rio de Janeiro, que entre 5 e 21 de agosto sediará os primeiros Jogos Olímpicos realizados na América do Sul, foram reportados 150 casos e 44 mortes.  O Brasil vive também um surto do vírus da zika desde outubro de 2015, transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, assim como a dengue. O zika vírus pode causar transtornos neurológicos e microcefalia, uma malformação rara e grave que se caracteriza por um tamanho abaixo da média da cabeça de recém-nascidos e que causa problemas de desenvolvimento. 

De outubro a 18 de junho foram confirmados 1.616 casos de microcefalia no país, segundo dados do Ministério da Saúde. As autoridades estimam, porém, que a probabilidade de contaminação pelo zika vírus durante os Jogos é de menos de um caso entre o meio milhão de turistas estrangeiros que vão visitar o país.  O jogador de golfe norte-irlandês Rory McIlroy, o quarto melhor do mundo, anunciou nesta quarta-feira que não virá ao Rio-2016 por medo ao zika.

 Fonte: AFP
 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Confusão burocrática - desde fevereiro, ainda no governo da Afastada - atrasa teste rápido para zika na rede pública

A Fiocruz, a Anvisa e o Ministério da Saúde não se entendem. E grávidas do país inteiro continuam sem acesso ao exame rápido para detectar o zika, que deveria ter chegado em fevereiro 

O obstetra Olimpio Moraes Filho viveu os piores momentos da epidemia do vírus zika, que passou a assustar o Brasil e o mundo em novembro de 2015. Ele administra uma maternidade no Recife ligada à Universidade Estadual de Pernambuco, Estado que concentra um em cada quatro dos 1.384 casos de microcefalia confirmados no país

Ele estava lá quando grávidas começaram a chegar com sintomas de uma doença que, até poucos meses antes, não era comum. Quando ultrassonografias passaram a diagnosticar com frequência microcefalia em fetos. Quando uma onda de pânico assolou gestantes ao se relacionar o novo vírus transmitido pelo Aedes aegypti à malformação congênita que impede o desenvolvimento normal do cérebro.

Seis meses se passaram, o mundo entrou em alerta com a epidemia que se espalhou por 46 países e o Ministério da Saúde divulgou seu plano para enfrentar o zika. Mas, no hospital em que Moraes Filho trabalha, a situação não melhorou: os casos de microcefalia continuam a ser diagnosticados e os médicos seguem sem respostas para as grávidas que chegam  com sintomas, como vermelhidão na pele, semelhantes aos causados pelo zika. Moraes Filho e seus colegas contam com as mesmas ferramentas de seis meses atrás: colher uma amostra de sangue da paciente e enviar a um dos 12 laboratórios públicos no país capacitados a procurar vestígios do material genético do vírus. O resultado demora um mês – e isso quando há resultado. “Só 20% dos testes que mandamos estão voltando”, diz Moraes Filho. “O volume é muito grande, e o governo não se preparou. Os laboratórios públicos não dão conta.”
 

Não deveria ser assim. Em janeiro, o ministro da Saúde à época, Marcelo Castro, afirmou que as gestantes contariam em breve com um novo teste. Com ele, em até oito horas, é possível detectar os vírus zika, da dengue e da febre chikungunya. O novo teste ganhou o apelido de “três em um”. A expectativa era de que começaria a ser distribuído em fevereiro. O fim de maio se aproxima e, até hoje, não há notícia do teste. O motivo é a falta de entendimento entre dois órgãos vinculados ao Ministério da Saúde e o próprio ministério, sobre as etapas regulatórias necessárias para liberar o exame. É o governo brigando com o próprio governo em meio a uma situação de emergência pública em saúde.


O anúncio inicial da novidade foi feito em janeiro, por duas entidades: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de pesquisas em saúde, ligada ao ministério, e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná. Foram encomendados 500 mil kits. A Fiocruz diz que teria condições de produzir e distribuir os kits imediatamente. Seriam fabricados em sua unidade conhecida como Bio-Manguinhos, no Rio de Janeiro, responsável pela produção de vacinas, medicamentos e substâncias químicas usadas em exames, chamadas reagentes. 

O problema é que a Fiocruz acreditava que seu teste não precisaria passar pela aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, responsável por avaliar medicamentos e dispositivos médicos usados no Brasil. “Houve uma reunião na Fiocruz com o ministro Marcelo Castro, em janeiro”, diz Rodrigo Stabeli, vice-presidente de pesquisa e laboratórios de referência da Fiocruz. “Foi perguntado a ele: ‘Estamos em emergência. Podemos padronizar um teste que será distribuído não comercialmente em laboratórios públicos. Vai precisar passar pela Anvisa ou não?’. Ele respondeu que não”, afirma Stabeli.

A Fiocruz entendeu, inicialmente, que o teste “três em um” se enquadrava dentro de uma categoria de exames, prevista por uma resolução da Anvisa, que elimina a necessidade de passar por um processo de aprovação sanitária. São os testes “in house” – desenvolvido e usado pelo mesmo laboratório. Por isso, a Fiocruz se surpreendeu, posteriormente, quando foi informada pela Anvisa de que deveria submeter o teste ao processo de registro na agência. Segundo a Fiocruz, essa informação foi passada por um técnico da Anvisa a um técnico da Bio-Manguinhos em fevereiro. O Ministério da Saúde afirmou que tudo não passou de um “mal-entendido”. E que a aprovação é, sim, necessária.


De acordo com a Anvisa, o teste “três em um” não pode ser considerado do tipo “in house”. “Ele não será realizado apenas em um laboratório, ele será distribuído para outros laboratórios públicos”, afirma Jarbas Barbosa,  diretor presidente da Anvisa. “O Ministério da Saúde terá de comprá-los. Nesse caso, precisa de registro.”

A Fiocruz discorda. “Não há venda. O Ministério da Saúde financia os custos de produção dos testes, a Fiocruz fabrica e o ministério distribui no sistema público”, afirma Cláudia Martins, assessora de gestão da vice-presidência de pesquisa e laboratórios de referência da Fiocruz. Para atender à exigência da Anvisa, a Fiocruz segue trabalhando nos documentos necessários para solicitar o registro à Anvisa. A previsão é de que o pedido seja entregue até o fim de maio. O prazo para a aprovação é incerto. A Anvisa pode pedir mais informações a Fiocruz, caso considere insuficientes ou incompletas as que constarem do documento. “Se não houver necessidade de complementos, o registro deve sair em menos de dois meses”, afirma Barbosa, da Anvisa. “Tudo relacionado ao zika tem prioridade.” Ainda que o processo transcorra sem nenhuma intercorrência e o teste triplo seja aprovado até julho, serão cinco meses de atraso.

Atualmente, os testes genéticos na rede pública usam reagentes importados, comprados pelo Ministério da Saúde. Neste ano, foram gastos R$ 6 milhões. As substâncias foram compradas de quatro empresas estrangeiras e de quatro empresas nacionais, filiais de empresas estrangeiras. O exame desenvolvido pela Fiocruz usa reagentes nacionais, o que baixará em 50% o custo do teste. Além disso, como é um kit pronto, que dispensa a mistura de reagentes, é mais fácil de usar e pode ser feito em mais laboratórios. O número de laboratórios públicos que fará o exame passará de 12 para 27. Isso deverá acelerar a entrega dos resultados.

Para Stabeli, da Fiocruz, a confusão burocrática que deixou milhares de pacientes sem acesso a testes rápidos para o zika é causada por interesses comerciais travestidos de excesso de zelo. “A partir do momento em que se coloca um teste feito por uma instituição pública nos laboratórios públicos, reduzindo a compra de testes externos, o país deixa de comprar de uma empresa e ela sai de um mercado para o qual vendia antes”, afirma Stabeli. “Deve ter havido pressão sobre a Anvisa para fazer o teste da Fiocruz passar pela aprovação. Com isso, empresas continuam ganhando ao vender para o ministério”, diz Stabeli. “A Fiocruz em nenhum momento pensou em entrar em um jogo comercial. Essa morosidade prejudica quem precisa agora dos testes.” O diretor presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, rebate a acusação. “Não podemos ter exigências diferentes para produtos fabricados por empresas privadas e por instituições públicas. A Fiocruz não pode querer baixar o sarrafo. O cidadão tem direito a um produto de qualidade.”

>> Um ano de zika: o vírus e as crianças que não podem ser esquecidos 

A importância de submeter medicamentos, exames e dispositivos médicos a avaliações de segurança e eficácia não está em discussão. Mas são absurdas a confusão de informações entre instituições públicas, durante uma situação de emergência, e a incapacidade de definir prazos para agir. “É preciso ter canais de comunicação mais ágeis entre a Fiocruz, que desenvolve o teste, e a Anvisa, uma agência reguladora”, diz o epidemiologista Gustavo Bretas, consultor de doenças transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde.

A confusão mantém o país dois passos atrás do vírus. O teste genético da Fiocruz seria um belo avanço. Contar apenas com testes genéticos, porém, não é a melhor estratégia para diagnosticar o vírus zika. Eles procuram traços do vírus no sangue ou na urina do paciente – usualmente detectáveis no período em que os sintomas se manifestam e o doente procura atendimento. Mas 80% dos infectados não apresentam sintoma nenhum.



>> A breve vida de um bebê com microcefalia expõe a fragilidade da saúde no Brasil


Para dar uma resposta definitiva a grávidas que temem ter sido infectadas sem perceber e entender melhor a circulação do vírus pela população, o mais indicado é o teste que procura anticorpos específicos. Eles são produzidos pelo organismo em resposta ao vírus (leia o quadro). “Precisamos ter esses testes disponíveis na rede pública”, diz a obstetra Melânia Amorim, que trabalha no Hospital Municipal Pedro I, em Campina Grande, na Paraíba. A Fiocruz desenvolveu um teste desse tipo, em fase de análise pela Anvisa. O Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo também desenvolveu um exame assim, prepara-se para submetê-lo à Anvisa e espera que ele esteja aprovado em até um ano. Os dois testes sorológicos, feitos em parceria com empresas privadas, serão vendidos. O Ministério da Saúde terá de negociar a compra para distribuí-los nos laboratórios públicos, se quiser e se puder. Estamos longe de obter resposta para a pergunta mais básica em uma epidemia – onde está o vírus?


Aedes aegypti  

Fonte: Revista Época
 

 

terça-feira, 17 de maio de 2016

Mágoas de maio

Vizinhos no asfalto e na seca de Brasília, Dilma amarga promessas irrealizadas, e Temer se arrisca à decepção coletiva com mais do mesmo

Há cinco dias o Brasil vive a situação peculiar de um país em grave crise econômica, com inflação alta, desemprego em massa, três epidemias e que possui dois presidentes.

Um, o vice, é interino. Detém o poder e vive numa casa grande, confortável, que as placas de trânsito identificam como Palácio do Jaburu. Outra é a titular, afastada na quinta-feira passada, que ocupa a residência destinada a presidentes, o Palácio da Alvorada.
Menos de mil metros de asfalto os separam na mesma avenida, em Brasília. Anos-luz de ressentimentos os distancia na política. É uma indigestão de mágoas — incurável, como a vida.

Dilma Rousseff acredita que seu vice passou o último ano conspirando para “o golpe”. Michel Temer tem certeza de que foi espionado durante esse período. A antiga Abin, ex-SNI da ditadura, nega contribuição.  É provável que ambos tenham razão — e, mesmo assim, isso continuará não tendo importância alguma diante da devastação econômica, do desemprego que avança para 14% da população com capacidade de produzir e das três epidemias (dengue, zika e H1N1) que desnudam indigências do serviço público de saúde.

Esse é o problema real de quem, no Partido dos Trabalhadores, desfrutou do poder nos últimos 13 anos e viu-se obrigado a começar a semana na liderança de uma bancada de oposição, sem força, absolutamente desidratada.  Na Câmara, PT e aliados agora somam 95 votos, ou 18,5% do plenário. É pouco mais da metade do necessário para criar uma CPI (171 votos). No Senado, a situação é idêntica, contam somente com 14 votos, ou 17,2% do total.

Em contraste, Temer montou um governo parlamentar: tem 11 partidos e 71,7% dos votos disponíveis no Congresso. Falta mostrar a que veio.  Foi essa maioria que afastou Dilma da Presidência e vai julgá-la em plena temporada de eleições municipais. Os efeitos desse juízo final durante a campanha tendem a ser ainda mais destrutivos para o PT, que até abril perdeu quase uma centena de pré-candidatos. Como Lula na cerimônia do adeus, quinta-feira passada na porta do Palácio do Planalto, alforriaram-se da última fotografia solidária com Dilma.

Em reuniões programadas até amanhã, parlamentares do PT procuram uma saída da hecatombe, pela oposição. Lula anunciou ausência (Na prática, já inaugurou uma linha direta com Temer, via Henrique Meirelles, comandante do Banco Central durante a ortodoxia econômica no seu governo.)

Reflexos dessa postura do líder permearam defesas de uma oposição construtiva”, até pela escassez de alternativas diante das evidências de rejeição ao modo de governar petista.
O ressentimento permanece perceptível. Muitos confessam — ainda sob anonimato — alívio com o epílogo. Ela nunca teve relações fluidas nem mesmo com sua bancada, queixam-se. Semana passada, por exemplo, senadores do PT, PDT e do PCdoB foram visitá-la. Discutiam a provável aprovação do Senado à abertura do processo de impeachment, quando Dilma cortou, quase gritando: — Vocês não representam a massa!

Vizinhos no asfalto e na seca de Brasília, os dois presidentes conservam singularidades da política: ela amarga promessas irrealizadas, ele se arrisca à decepção coletiva com mais do mesmo.

Fonte: José Casado, jornalista - O Globo

sábado, 26 de março de 2016

"O drama da microcefalia é mais chocante do que a morte", diz especialista


Professor de medicina social na UnB acredita que quantidade de investimentos em pesquisas e de pessoas debruçadas sobre o tema levará à descoberta da vacina para a zika. 

Mas destaca que o controle passa por saneamento e destino adequado

Especialista em medicina social e tropical, Pedro Luiz Tauil tem esperanças de que, em médio prazo, uma solução para o surto de zika e de microcefalia que assola o país seja encontrada. Apesar de assustado com o número de casos da malformação confirmados, o médico acredita que a quantidade de investimentos em pesquisas em todo o mundo e de pessoas debruçadas sobre o tema trará logo uma vacina para o vírus e uma solução no combate ao mosquito Aedes aegypti. Em entrevista ao Correio, o médico detalha as técnicas em andamento para o combate ao mosquito e destaca que sempre houve preocupação do Estado com a dengue, mas que os casos de microcefalia, cada vez mais comprovadamente associados ao zika vírus, são devastadores e têm acelerado estudos para o desenvolvimento de vacinas. 

“É uma coisa que choca as pessoas.” Para o professor, que dedicou grande parte da carreira à epidemiologia e ao controle da malária, da dengue e da febre amarela, o combate mecânico aos criadouros não é a solução mais efetiva, mas é o que pode ser feito neste momento para conter a epidemia. “Eliminar o mosquito é uma tarefa muito difícil. Precisamos de inovações. E, enquanto elas não vêm, o que tem de ser feito é o combate mecânico mesmo.” Entretanto, Tauil ressalta que o controle das viroses transmitidas pelo mosquito passa por saneamento básico, abastecimento adequado de água e destinação correta dos resíduos sólidos.
O Brasil já teve um controle maior do Aedes aegypti?
Em uma época onde a população urbana era muito menor. Nós tínhamos 50% da população em área rural e 50% em área urbana, isso na década de 1950, 1960. Como conseguimos eliminar o mosquito? Aliás, nós e mais 17 países da América. Foi uma campanha interamericana e, a partir de outros países que não conseguiram eliminar, como os Estados Unidos, o México, a Venezuela e alguns do Caribe, os outros se reinfestaram, com exceção da Ilha de Páscoa, no Chile, e o Canadá. A maioria está reinfestada, tanto que a chicungunha começou na América Central, em 2014. A complexidade da vida urbana é muito grande. Hoje, 85% da população brasileira vive em área urbana, e o fluxo foi tão intenso e rápido que fez com que a maioria dos municípios não conseguisse fornecer à população condições dignas de habitação e saneamento. Com isso, cresce a quantidade de Aedes. Recentemente, li que encontraram o Aedes até na Nova Zelândia, coisa que eles não tinham.


E qual é a principal dificuldade?
Primeiro, a expansão de prédios. Segundo, a falta de saneamento em favelas, cortiços e invasões. O cuidado básico nesses locais seria um bom fornecimento de água e destino adequado de dejetos. Terceiro, a indústria moderna privilegiou a confecção das embalagens descartáveis que, quando não recicladas, viram criadouros. Nunca tivemos tantos carros produzidos e o subproduto, os pneus, ninguém sabe o que fazer com ele. Houve uma solução, que era usá-los na confecção de massa asfáltica, mas pararam porque estava muito caro. E um quarto motivo é a segurança. As cidades são inseguras e as pessoas têm medo. O dono da casa não quer deixar o agente de saúde entrar para fiscalizar. E certos lugares que são inalcançáveis, como as favelas controladas pelo crime organizado.


O caminho de tentar eliminar as doenças com o combate ao mosquito é ineficaz?
Não. É uma das opções. Agora, estamos trabalhando em inovações para o controle desse mosquito. A primeira técnica, que acho bem promissora, é australiana. Eles introduzem no mosquito uma bactéria, a Wolbachia. Ela impede que o mosquito infectado viva infectante. Ela interrompe o ciclo impedindo que o vírus passe para o estômago e para as glândulas salivares. Está sendo testado em vários países: Singapura, Tailândia, China, Austrália. No Brasil, estamos trabalhando em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, em Tubiacanga, na Ilha do Governador e em Jurujuba, em Niterói (RJ). Em 20 semanas, cerca de 80% dos mosquitos foram substituídos por esses com a bactéria. Eles são produzidos em laboratório e liberados na natureza. Essa bactéria faz com que você conviva com o mosquito sem contrair as doenças, porque elas serão bloqueadas dentro dele. A segunda técnica é inglesa. Ela utiliza mosquitos transgênicos, que, mesmo fecundando as fêmeas, a prole não se desenvolve, morre como larva. Essa é está sendo utilizada no Brasil, em Juazeiro e em Jacobina, na Bahia.


Essa, utilizada na Bahia, pretende eliminar o mosquito?
Sim, nesse método, você elimina o mosquito, no outro você convive com ele. Em São Paulo, quando teve uma epidemia de dengue, construíram uma fábrica desses mosquitos em Campinas e estão testando em Piracicaba. Esse método é polêmico: você não pode parar de liberar esse mosquito na natureza, o que exige uma produção permanente, e o fato de ele ser transgênico pode fazer com que ele tenha uma outra adaptação. E a terceira técnica é a dos mosquitos irradiados com radiação gama proposta pela Agência Nuclear da ONU. Assim, ficam estéreis. Nessa você tem que jogar quatro mosquitos irradiados para um. Em alguns lugares, 10 para um, para competir com os mosquitos naturais.

Ler matéria na íntegra


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Em ano de dengue,m zika, governo federal, DF e 17 estados cortam recursos contra epidemias

Em ano de dengue e zika: Governo federal, DF e 17 Estados cortam recursos de luta contra epidemias 

No ano em que o país atingiu recorde de casos de dengue e entrou em alerta devido ao avanço do vírus da zika, os gastos do governo federal e da maioria dos Estados com vigilância epidemiológica (atividade de prevenção e controle de doenças) caíram. 

Levantamento da Folha aponta que, além da própria União, houve queda nos investimentos de pelo menos 17 Estados e no Distrito Federal. Com a recessão derrubando as receitas, os desembolsos federais para combater epidemias diminuíram 9,2% -em valores corrigidos e efetivamente pagos pelo Ministério da Saúde, somaram
R$ 4,6 bilhões em 2015, ante R$ 5,1 bilhões no ano anterior. 


A área de vigência epidemiológica compreende repasses a Estados e municípios, campanhas de prevenção de doenças e combate a potenciais vetores (caso do Aedes aegypti, por exemplo, que transmite dengue e zika) e oferta de insumos e testes de diagnóstico, por exemplo. 

A queda maior do que a nos gastos gerais em saúde, que foi de 2%, e ocorreu no ano em que o Brasil teve 1,6 milhões de casos notificados de dengue, com 863 mortes.
Foi em 2015 também que o país identificou a presença do zika, hoje apontado como a principal hipótese para o aumento de ocorrências de recém-nascidos com microcefalia - que, no ultimo balanço, tinha 462 casos confirmados. 

‘FUMACÊ’
Nos Estados, houve cortes de até 85% nas verbas destinadas vigilância epidemiológica entre 2014 e 2015, conforme dados dos relatórios de execução orçamentaria.  Esses recursos são voltados investigação de surtos de epidemias, pesquisas e manutenção de laboratórios. A verba também pode ser usada em ações de combate direto doença, como contratação de carros de pulverização de inseticida, o “fumacê”.

A redução atingiu até Estados nordestinos que são epicentro de zika e dengue.
Pernambuco, que lidera os casos de microcefalia, reduziu de R$ 33,7 milhões para R$ 24,1 milhões os recursos da vigilância. Na Bahia, o corte foi de 30%, de R$ 45,3 milhões para R$ 32 milhões. 

Além da queda de verbas, os Estados nordestinos ainda enfrentaram greve de agentes de controle de vetores, corte nas equipes e falta de larvicida contra o aedes. O Distrito Federal foi o que mais cortou em 2015, enquanto o Piauí foi o que menos investiu: os relatórios apontam que apenas R$ 10 foram liquidado em vigilância epidemiológica em 2015. No ano anterior, foi ainda pior: zero. [o Distrito Federal está sendo a pior unidade da Federação em termos de Saúde Pública, Educação, Segurança Pública e Transporte Coletivo.
Para ficar só na Saúde Pública, informamos que há 6 (seis) meses está em falta na rede pública do DF a vacina contra tétano - importantíssima pelo fato do tétano ser uma doença letal e incurável, sendo a vacina a única forma de evitar.
Além de ser também uma vacina necessária para as mulheres grávidas. Desde agosto 2015 que não tem uma ampola sequer da antitetânica na rede pública de saúde.
A coisa está tão feia no DF, que por duas vezes o vice-governador, utilizou a imprensa para admoestar o atual governador: o incompetente Rollemberg. Só este mês o vice deu dois esporros públicos, ao vivo via Rádio e TV no atual governador.]

REDE DE VIGILÂNCIA
Municípios também dizem ter sentido os efeitos da falta de recursos, afirma Nilo Bretas, coordenador da assessoria tcnica do Conasems (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Sade). 

Entre os impactos estão problemas na contratação de agentes que atuam no controle contra o aedes. “Nós temos prova de que a queda dos recursos causou esse cenário. Mas com certeza o subfinanciamento est ligado a isso.” 

O infectologista Kleber Luz, diretor da Sociedade de Dengue e Arboviroses, taxativo: a redução na vigilância tem impacto direto na saúde.
“Se tem inflação e o recurso diminui, a consequência pode ser isso que estamos vendo, com três epidemias [de dengue, zika e chikungunya].”




Leia a íntegra na Folha de São Paulo



 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Derrotas sucessivas no combate ao mosquito

Emergência internacional contra a microcefalia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não aceita como fato cientificamente comprovado a relação entre a epidemia de zika (uma das doenças provocadas pelo Aedes aegypti) e o preocupante aumento da incidência de microcefalia no Brasil. Dos 462 casos confirmados pelo Ministério da Saúde, na sexta, de crianças nascidas com esse tipo de má-formação do cérebro, comprovou-se que apenas 41 foram consequência da exposição das mães ao vírus espalhado pelo mosquito.

Essa (por enquanto) baixa associação, no entanto, não reflete o que as evidências mais do que sugerem: a primeira semana de fevereiro fechou com o espantoso registro de quase cinco mil notificações de suspeita de vítimas de microcefalia (3.600 ainda permaneciam sob investigação dos organismos de saúde).

A gravidade da situação se mede, entre outros fatores, pela decisão da OMS de, mesmo sem comprovação, ter decretado uma incomum emergência de saúde internacional. O paradigma dessa medida se encontra na dimensão de episódios em que o organismo recorreu à convocação da excepcionalidade. Desde a reformulação do Regulamento Sanitário Internacional, em 2007, o mundo confrontou-se com três grandes ameaças de ordem sanitária: em 2009 (vírus H1N1) e em 2014 (poliovírus selvagem e ebola). O simbolismo da mobilização proposta pelo organismo internacional fala por si: a zika e sua virtualmente provável associação mais grave, a microcefalia, constituem uma ameaça palpável à saúde de boa parte do planeta. E, por descaso e incompetência do poder público do país, o Brasil comparece como indesejável protagonista dessa situação.

As evidências são que, sem uma mobilização internacional que junte ações de colaboração entre os governos e iniciativas no âmbito interno de cada país ameaçado pelo mosquito, o Brasil em especial, o caminho rumo a uma pandemia parece incontornável. Visto pelo ângulo dos números, o quadro é ainda mais assustador. Para além dos casos (zika e microcefalia) já registrados em diversos países, a OMS estima que, deixando-se a situação no curso atual, o vetor contaminará 4 milhões de pessoas nas Américas (1,5 milhão no Brasil). [Enquanto o maldito governo petista planejava se perenizar no poder, conseguiu perenizar além da miséria - retorno as classes D e E da chamada nova classe C, criada por Lula e Dilma, baseada no crédito fácil, a ser pago por pessoas sem renda, exceto as bolsas esmolas - a microcefalia, já que um mais de um terço dos atingidos na América Latina, se localiza em Banânia.]

Isso, sem contar os casos de dengue, variação ainda mais forte de mal transmitido pelo Aedes. Segundo o Ministério da Saúde, a doença atingiu ano passado 1,65 milhão de brasileiros, um recorde desde a primeira grande epidemia, nos anos de 1980. Convém lembrar que ambas, zika e dengue, são manifestações que podem levar à morte. Desde 2015, o número de óbitos atribuídos à zika, cujos registros são mais recentes, se aproxima de 80; já a dengue tem sido bem mais letal: entre 1990 e 2015, a febre hemorrágica e outras complicações dela decorrentes mataram mais de cinco mil pessoas no Brasil — quase 900 somente no ano passado, um recorde.

A decretação de emergência internacional pela OMS reflete a tibieza dos esforços do poder público brasileiro para controlar o mosquito depois de ele ter sido erradicado na década de 50. Mas, uma vez que se trata de situação de fato, em que importa mais agir que lamentar o que até aqui deixou de ser feito, a iniciativa do organismo deve ser vista pelo seu aspecto positivo. Ao recorrer a essa medida extrema, a instituição sinaliza que o problema, ainda que agravado pela leniência de um Estado-membro, passa a ser de todos, o que implica redobrar a mobilização para além dos limites de cada país a fim de conter o Aedes e reduzir os danos provocados pelo vetor.

A sinalização para o Brasil é inequívoca: o país, por meio do poder público, e, também, com a imprescindível colaboração da população, precisa fazer a sua parte nos procedimentos que inibam a reprodução do mosquito. O país precisa mostrar que é capaz de executar mais do que fez até agora. Afinal, está em jogo a vida de milhões de pessoas. [levar o 'poder público' a entender que tem que ser o protagonista no combate ao mosquito Aedes aegypti, é algo impossível.
Foi amplamente divulgada as entrevistas da ainda presidente - realizadas no seu idioma, o 'dilmês' -  em que a mesma intercalava asneiras com bobagens, mas, precariamente, deixou o recado que a responsabilidade é da população.
É a população que tem que reservar tempo para combater o mosquito. O governo tem mais o que fazer - na ótica da microcefalocrata Dilma Rousseff - envidar esforços para que a cérebro baldio não seja expulsa da cadeira presidencial e o apedeuta do seu criador não seja preso.]
Os pontos-chave
1
Por determinação da OMS, as notificações de zika/microcefalia precisam ser
aperfeiçoadas e padronizadas
2
Também por orientação do organismo de saúde, gestantes expostas ao zika devem ser acompanhadas antes e depois do parto
3
Estima-se que uma pandemia de zika atinja até 4 milhões de pessoas nas Américas,
1,5 milhão só no Brasill
4
Em 2015, o Brasil bateu o recorde de vítimas da dengue (1,65 milhão) e de mortes provocadas pela doença (854)

5
O Rio registra em média duas notificações de casos suspeitos de zika por hora,
número que pode estar subestimado



Fonte: Editorial - O Globo



quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

OMS espera até 4 milhões de casos de Zika nas Américas; 1,5 milhão no Brasil



Segundo o órgão, o vírus se propaga de maneira explosiva no continente
A Organização Mundial da Saúde afirmou nesta quinta-feira (28) que o número de infectados pelo Zika vírus nas Américas pode ficar entre 3 milhões e 4 milhões, incluindo 1,5 milhão no Brasil. Segundo o órgão, o vírus se propaga de maneira explosiva no continente.

O temor da OMS se deve à rápida propagação da doença, segundo Marcos Espinal, chefe de doenças transmissíveis e saúde sanitária do escritório regional da organização nas Américas. "O vírus foi detectado ano passado na região das Américas, onde se propaga de maneira explosiva", afirmou a diretora da OMS, Margaret Chan, durante uma reunião de informações para os Estados-membros da OMS em Genebra. "Atualmente, casos foram notificados em 23 países e territórios na região. O nível de alerta é extremamente alto", acrescentou.

Frente à gravidade da situação, Chan decidiu convocar um comitê de emergência em 1º de fevereiro. Os especialistas vão decidir se a epidemia constitui "uma urgência de saúde pública de nível internacional", informou a OMS em comunicado.  A organização está particularmente preocupada com "uma potencial disseminação internacional".

A OMS também teme uma "associação provável da infecção com má formação congênita e síndromes neurológicas", mas também "a falta de imunidade entre a população nas regiões infectadas" e a "falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápidos".

Segundo Chan, "a situação decorrente do El Niño (fenômeno climático particularmente poderoso desde 2015) deve fazer aumentar o número de mosquitos este ano".  Como a dengue e o chikungunya, o Zika, cujo nome vem de uma floresta de Uganda onde foi identificado pela primeira vez, em 1947, é transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus (mosquito tigre).

Na América Latina, o país mais afetado pelo Zika é o Brasil.  Apesar de a ligação causal direta entre o vírus e complicações - como microcefalia - ainda não ter sido estabelecida, Colômbia, El Salvador, Equador, Brasil e Jamaica recomendam que as mulheres não engravidem neste momento.

Fonte: AFP