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terça-feira, 11 de outubro de 2022

O TSE foi longe demais, diz O Globo - Revista Oeste

Jornal argumenta que a Corte está ‘cometendo exageros que configuram censura descabida a veículos de imprensa’ 


O jornal <i>O Globo</i> criticou a atuação do TSE
O jornal O Globo criticou a atuação do TSE | Foto: Reprodução/Pixabay

Em editorial publicado nesta terça-feira, 11, O Globo argumenta que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está cometendo “exageros que configuram censura descabida a veículos de imprensa”. Os casos de intromissão indevida no trabalho dos jornalistas, diz o jornal, têm se acumulado ao longo dos dias.

Um exemplo disso ocorreu na sexta-feira 7, quando a ministra Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro, do TSE, ordenou que a Jovem Pan removesse um vídeo no qual a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) associa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.

Na mesma linha, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino censurou o jornal Gazeta do Povo. O juiz determinou que o Twitter removesse 31 postagens que informam o apoio de Lula ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega.

“A Associação Nacional dos Jornais [ANJ] e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo [Abraji] acertaram ao condenar as decisões”, diz O Globo. “A Abraji também criticou o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, por ter mandado retirar do ar no domingo do primeiro turno um artigo do site O Antagonista sugerindo que o líder da principal facção criminosa dos presídios brasileiros apoiava Lula.”

O jornal ressalta que “não é papel da Corte julgar a qualidade dos veículos de imprensa, muito menos censurá-los preventivamente apenas por causa de um título malfeito, nem mesmo pela eventual publicação de informações erradas, que podem perfeitamente ser corrigidas”. “As partes que se sentirem ofendidas deveriam acionar a Justiça comum, onde os veículos têm o direito de se defender, caso já não tenham reparado o próprio erro”, escreveu O Globo. “O inaceitável é confundir trabalho jornalístico — mesmo ruim — com a desinformação deliberada que em geral emana das campanhas eleitorais.”

O jornal conclui o texto alertando para o fato de que a Corte Eleitoral “tem de tomar cuidado para não desrespeitar o Direito constitucional mais essencial à democracia: a liberdade de expressão”.

Leia também:Advogados repudiam tentativa de censura do PT a veículos de imprensa

Revista Oeste

 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

ESG, sim, mas não esse - Alex Pipkin, PhD

Já escrevi bastante, inclusive sendo criticado por alguns (genuína liberdade de expressão!), referente à agenda do ESG - meio ambiente, social e de governança.

Evidente que não sou contrário a determinados temas dessa programática, no entanto, há muitos interesses de poucos envolvidos, muita ganância política e de grandes investidores, uma profusão de modismos contraproducentes e, especialmente, uma miscelânea de temáticas que, de fato, depõem contra a possibilidade de as empresas solucionarem os problemas efetivos dos consumidores e melhorarem, objetivamente, a vida das pessoas e das comunidades em que essas vivem.

É mais do que crucial enfatizar que a missão de uma organização é satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores, resolvendo seus problemas reais, o que em um mercado livre é sinalizado pelo alcance de uma lucratividade superior. O consumidor é o soberano.

Aliás, os velhinhos - e as velhinhas - investem suas aposentadorias na expectativa de ganharem dinheiro. Infelizmente, há muita manipulação ideológica por parte de intermediários, possuidores de interesses distintos dos poupadores. Para os pequenos investidores, sem retorno financeiro, “no dancing”! Eles ainda dançam?

O ESG, como muitos quiméricos e lúdicos aludem e confundem, não se trata exclusivamente de pautas relacionadas à sustentabilidade e as políticas de identidade, baseadas pesadamente no binômio raça e gênero. Vive-se a era “progressista” da sinalização de virtudes e dos esteriótipos! Crenças são crenças.

A preservação do meio ambiente é um imperativo. No entanto, sem meios financeiros agora, demandas utópicas em relação ao futuro podem ser desastrosas no tempo presente, trazendo pobreza, desemprego, fome e morte.  A crise energética na Europa com a proximidade do inverno mandou para longe as metas relativas ao carbono. E as usinas termelétricas queimarão todo o carvão necessário.

 Nesse quesito, é essencial lembrar que a vasta maioria do “bicho homem” pensa e factualmente necessita viver dentro de uma lógica de curto prazo.

No que se refere às políticas de raça/cor e gênero, evidentemente que essas foram apropriadas pela politicagem. Inclusão e diversidade tocam igualmente jovens da periferia, idosos, indivíduos de outras etnias, deficientes, enfim, algo para muito além da “indústria da diversidade”, que notadamente tem criado rachas sociais e preconceitos em relação aos vilões racistas”, homens, brancos, heterossexuais…

O ativismo social, verdadeiramente político, pouco ou nada faz em relação a uma questão fundamental do ESG, ou seja, a criação de empregos, sobretudo, melhores e mais bem remunerados. A solução? Crescimento.

Não me parece que exista a pressão necessária para aliviar o peso do Estado das costas dos criadores de riqueza, as pessoas e as empresas.

Pelo contrário, a grita é por impostos corporativos mais altos, mais taxação ao empreendedorismo, mais intervencionismo e burocracia estatal, a fim de sustentar seus burocratas e o compadrio, e a sempre presente educação, quando se sabe, comprovadamente, que o problema não são os investimentos no ensino, mas o atual e fracassado modelo tupiniquim.

Qualquer discussão racional e não ideológica, contempla a ideia de que é vital o crescimento e o aumento da produtividade, até mesmo para que as pautas inteligentes do ESG avancem objetivamente. Para gerar mais empregos, renda e riqueza, para as pessoas e para os pequenos acionistas, precisa-se de níveis justos de tributação, regulamentação sensata, e políticas que incentivem o empreendedorismo verde-amarelo.

Quase todos são dotados de altruísmo e de impulsos morais a fim de contribuir e criar um mundo melhor e/ou, se preferirem, de “salvar o mundo”. Porém, há uma linha lógica que separa o utópico da realidade.

Propósito empresarial é importante e edificante, com lucro.

As empresas existem, e se manterão no mercado de forma sustentável, com o atingimento de rentabilidade superior, por meio da satisfação das necessidades e da oferta da melhor - e inovadora - solução para os problemas das pessoas.

Portanto, para o bem da sociedade, penso que chegou a hora de ajustes finos e lúcidos nas pautas do ESG.

domingo, 11 de setembro de 2022

Professora com pós-graduação em crueldade

Educadora desejou à Rainha Elizabeth II uma "dor insuportável" em sua morte

A parte mais civilizada do mundo ficou chocada com o tweet de U, professora da Universidade Carnegie Mellon da cidade de Pittsburgh, nos EUA. Anya, nascida na Nigéria, é professora de Linguística e na sua conta se define como “anti racista e feminista”.

No momento em que a rainha Elizabeth agonizava na Escócia, a professora escreveu o seguinte post: “Ouvi dizer que o monarca chefe de um império genocida de ladrões está finalmente morrendo. Que a dor dela seja insuportável.” [essa coisa está doente de corpo e espírito; nos recusamos sua foto - causa asco, repugnância. Também seu nome para as pessoas de BEM é apenas uma letra. Provavelmente, buscou alguns  miseráveis segundos de fama.]

Segundo o jornal New York Post, Jeff Bezos, o proprietário da Amazon, comentou na sua conta, sobre a professora: “Essa é uma pessoa que supostamente está trabalhando para fazer o mundo melhor? Acho que não”.

Outro usuário perguntou a U.,  por que ela desejava a morte da rainha. A resposta da educadora: “Eu não estou desejando que ela morra. Ela já está morrendo. Estou desejando a ela uma morte dolorosa como a que ela causou a milhões de pessoas.” E completou com um festival de clichês politicamente corretos: ““Por causa da exclusão sistêmica, minha voz é única e fundamental no campo. Sou a principal estudiosa que analisa a raça e as experiências de negritude no aprendizado de idiomas e uma das poucas que examinam a educação de idiomas a partir de uma perspectiva de justiça social.” [sempre o maldito politicamente correto; esquecem que,  sendo político não pode ser correto.]

Para deixar ainda mais claro seu ponto de vista, U., tuitou: “Se alguém espera que eu expresse qualquer coisa além de desprezo pela monarca que supervisionou um governo que patrocinou o genocídio que massacrou e deslocou metade da minha família e cujas consequências os que vivem hoje ainda tentam superar, pode continuar desejando a uma estrela”.

Revista Oeste 

 

terça-feira, 19 de julho de 2022

Moraes já decidiu: só quem vota em Bolsonaro é capaz de odiar - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo
 
Quem ver a imagem abaixo  pergunta: que haveria se a simulação de morte fosse de outra autoridade, um parlamentar, um ministro do Supremo, ou mesmo de um simples candidato a candidato à presidente da República. No mínimo,  seria considerado ato antidemocrático, porém, sendo Bolsonaro, nada acontece.]



Gravação de imagens simulando a morte do presidente Jair Bolsonaro (PL) seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado “A Fúria”.| Foto: Reprodução/Redes sociais


Anote os seguintes fatos e,
em seguida, forme a sua opinião sobre os responsáveis pelo caráter cada vez mais perverso das eleições presidenciais de outubro próximo:

1 – Circulam nas redes sociais cenas de um filme que mostra o presidente Jair Bolsonaro assassinado durante uma passeata de motocicletas – seu corpo, representado por um boneco, está jogado no chão, coberto de sangue e uma bandeira do Brasil. É sabido por todo mundo que o diretor do filme é o cineasta Ruy Guerra. Os produtores são conhecidos; a Rede Globo, aliás, é uma das financiadoras do filme, através de uma pequena participação, e sem interferência no roteiro.

2 - Circulou antes disso, também com autores conhecidos publicamente, um vídeo em que uma moça rouba de um tumulo de cemitério a cabeça do presidente Bolsonaro. Em seguida, um grupo de pessoas, em clima de festa, passa a jogar uma partida de futebol com a cabeça roubada.

3 – Um colaborador do jornal Folha de S. Paulo escreveu em julho de 2020 um artigo com o seguinte título: “Por que torço para que Bolsonaro morra”.

4 - Durante a campanha eleitoral de 2018 o presidente levou uma facada no estômago, fato ocorrida numa manifestação em Juiz de Fora, e ficou entre a vida e a morte. O autor do crime foi um militante do Psol.

5 – Uma deputada do PT declarou em público, no ano anterior, que “sem derramamento de sangue” não haverá solução para os problemas do Brasil.

6 – O ex-presidente Lula, por sua livre e espontânea vontade, acaba de fazer elogios públicos a um militante do PT processado por tentativa de homicídio; empurrou contra um ônibus que passava na rua, e quase matou, um empresário que protestava diante do “Instituo Lula”, por ocasião da sua prisão pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro. A vítima ficou 20 das na UTI.

A lista pode continuar, mas o que está aí já é suficiente para se ter uma ideia do que a esquerda, o PT e Lula estão fazendo na vida real. Diante disso, a pergunta é: “Quem está agindo com ódio na política e na campanha eleitoral?” 
 É realmente algo extraordinário que em nenhum momento, até agora, as autoridades da justiça, a mídia ou as classes intelectuais tenham considerado que qualquer dos episódios citados acima faça parte do “discurso do ódio” que tanto os horroriza
Em vez disso, o ministro Alexandre Moraes, atendendo a mais um pedido do habitual consórcio de partidecos de esquerda que vivem no STF, acaba de cobrar “explicações” do presidente Bolsonaro – acredite se quiser, mas é ele quem está sendo acusado de “discurso do ódio, porque suas “falas se configuram em estímulos psicológicos que vão construindo no imaginário de seus apoiadores e seguidores a desumanização do opositor”. [esperamos que o ministro não tenha fixado os habituais dois ou cinco dias para uma resposta - o presidente da República não terá como cumprir prazo explicar algo que não fez, nem mandou fazer e nem tem interesse em que seja feito.]

Não é toda hora que se encontra tanta cretinice exposta em tão poucas palavras. “Estímulos psicológicos?” “Imaginário” dos apoiadores? Que raio quer dizer essa conversa toda? 
 Desde quando uma alucinação como essa pode ser recebida oficialmente e levada a sério pela corte suprema do país? 
Mas o problema não é o que a esquerda diz ou pensa. 
O problema é o ministro Moraes aliar-se a ela e mostrar que está participando da atual campanha eleitoral como um inimigo declarado da candidatura do presidente da República. 
Honestamente: qual a imparcialidade que se pode esperar de um magistrado que age assim? 
É ele que preside, justamente, a repartição pública que cuida das eleições, o TSE. 
Não há hipótese de que Moraes e os colegas de STF achem que qualquer dos fatos relacionados no início deste artigo tenha algo a ver com ódio. Para eles, só quem vota em Bolsonaro é capaz de odiar.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Teatro chinfrim de “pacifistas” defensores da violência - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino


A esquerda sempre dá seu jeito de sambar em cima de cadáveres cujo sangue sequer esfriou ainda, caso enxergue algum dividendo político. É justamente o que está fazendo no caso da confusão que terminou em morte em Foz do Iguaçu.
Devido ao fato de um dos atiradores ser bolsonarista, a turma logo viu a oportunidade para impor sua narrativa: seguidores do presidente invadem festas de opositores atirando para matar.

Não importa que as imagens das câmeras mostrem algo diferente. Não importa que se trate, infelizmente, de mais um caso de violência banal como tantos pelo país, cujo pretexto fora a política dessa vez, mas poderia ter sido o futebol, a religião, uma desavença boba qualquer.

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A politização do caso, que é de polícia, era irresistível para quem vive em palanque e não liga para nada mais. Alguns parentes da vítima petista estão incomodados com esse uso político do caso, com razão. Mas afetações morais burguesas nunca foram impeditivos para a tática socialista.

E eis que figuras como Gleisi Hoffmann e Randolfe Rodrigues resolveram bancar os pacifistas! 
Foram até o ministro Alexandre de Moraes entregar "carta" para demonstrar preocupação com a violência política. 
Um teatro chinfrim armado com a cumplicidade do futuro presidente do TSE para ajudar na narrativa patética de que Bolsonaro é quem instiga atos violentos - justo aquele que foi a maior vítima de um, ao ser esfaqueado por um ex-filiado do PSOL que quase o matou. [por falar em ministro Moraes, andamos tão enrolados com alguns assuntos de grande importância, que não temos acompanhado alguns temas. Um deles é: nos parece que o ministro do STF não está mais aplicando multas ao deputado federal Daniel Silveira. 
Perguntamos:
- perdemos o rumo da prosa e as multas continuam sendo aplicadas?
- o ministro reconheceu, talvez devido manifestações da PGR, que o Decreto de perdão do presidente Bolsonaro ao deputado é válido e tem que ser cumprido?  
Agradecemos aos que nos responderem.] 
 
Gleisi e Randolfe são defensores do regime cubano, que prende jovens pelo "crime" de condenar a ditadura.  
Eles também apoiam a ditadura venezuelana de Maduro, que usa milícias para espancar e intimidar manifestantes. 
Os petistas já deram declarações bizarras, como quando Dirceu disse que opositores tinham que apanhar nas urnas e nas ruas, ou quando a própria Gleisi disse que gente teria de morrer para impedir o "fascismo" do atual governo.

O ex-presidente Lula, que esses "pacifistas" de araque apoiam, disse semana passada mesmo que tinha uma dívida de gratidão, que dinheiro não paga, com o ex-vereador petista Maninho, por tê-lo "defendido" de um crítico. A "defesa", na prática, foi empurrar o sujeito em direção a um caminhão e deixá-lo estirado no asfalto sangrando até quase morrer, com traumatismo craniano.

A patota que defende os black blocs, o MTST e o MST, movimentos extremamente violentos e criminosos, resolveu posar de filhotes de Gandhi, para ajudar no discurso surrado de que o bolsonarismo representa a verdadeira ameaça violenta na política nacional. É tudo ridículo demais, um esquete medíocre do sistema podre unido.

E além de parlamentares esquerdistas e ministros supremos, o teatro conta, claro, com a velha imprensa. 
Merval Pereira, em sua coluna de hoje no GLOBO, responsabiliza Bolsonaro pelo clima de violência política no país e traça um paralelo com milícias armadas que fariam "rondas" para perseguir petistas. 
O irônico é que os perseguidos pelo sistema, aqueles que efetivamente foram presos ou levaram facadas, são justamente os bolsonaristas. Mas isso é apenas um detalhe nesse filme de categoria D criado pela oposição...

Rodrigo Constantino, colunista -  Gazeta do Povo - VOZES

 

 

 

 

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Família de bolsonarista diz que crime em Foz não foi político e que vive pesadelo - Folha de S. Paulo

Familiares do policial penal Jorge Guaranho negam que o caso em que ele matou o militante petista Marcelo de Arruda tenha sido político e dizem viver um pesadelo.

O bolsonarista invadiu a festa de 50 anos de Marcelo, que tinha o PT como tema, e o matou, no último sábado (9), em Foz do Iguaçu (PR). Ele também acabou baleado e segue internado em estado grave. Irmão de Guaranho, John Lennon Araújo diz que o policial foi até o clube social da Aresf (Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física), onde acontecia a festa, para fazer uma ronda. Ele era associado ao clube e, segundo o irmão, essa era uma rotina."Várias outras pessoas que eram associadas também faziam essa ronda. Então não foi nada de anormal como foi noticiado, é uma rotina deles fazerem isso", disse.

A polícia, por outro lado, investiga se o homem não foi até lá após ter tido acesso a imagens das câmeras do local onde acontecia a festa com temática petista.Sobre o caso que acabou em morte, Araújo afirma que os atos do irmão não se justificam por questões políticas.Segundo pessoas que estavam na festa, no dia do crime, Jorge passou de carro em frente ao salão de festas dizendo "aqui é Bolsonaro" e "Lula ladrão", além de proferir xingamentos. Ele saiu após uma rápida discussão e disse que retornaria.

De acordo com as testemunhas, Marcelo então foi ao seu carro e pegou uma arma para se defender. Jorge de fato retornou, invadiu o salão de festas e atirou. O petista, já ferido no chão, também baleou o bolsonarista. Uma câmera de segurança registrou o crime. O irmão contesta a versão das pessoas que estavam na festa. "Eu tenho certeza que ele estava ali defendendo a família dele, foi somente isso. Não teve nada a mais do que isso. Meu irmão não estava nem aí que o cara era Lula, aniversário era do Lula, tema do Lula."

"Pra gente isso é indiferente, tenho certeza que para o meu irmão também. O cara é que, quando ouviu uma música do Bolsonaro, infelizmente, perdeu a linha", disse Araújo.

Ele afirmou que o irmão era apoiador de Bolsonaro, mas não fanático. Araújo disse que o irmão jamais foi a alguma passeata ou participou de partido e que só fez algumas postagens a favor do presidente."Ele não estava nem aí se o cara era PT ou não. Tem vários amigos nossos que são da esquerda, que frequentam a minha casa, frequentam a casa dele, nunca tivemos problemas com isso", disse.

"A gente sempre teve esse relacionamento de diversidade. Eu sou flamenguista, meu irmão é vascaíno. Eu sou evangélico, meu irmão é católico, a gente conversava sobre esses assuntos, nunca discutimos por causa disso", disse.

Dalvalice Rosa, mãe de Jorge Guaranho, diz que toda a situação tem dois lados. "Nós estamos vivendo um pesadelo desde sábado", disse, em curta conversa por telefone.

A reportagem entrou em contato com ela posteriormente. Rosa disse que estava muito mal e que a ficha estava caindo agora, por isso, não conseguiria falar mais naquele momento. A reportagem também foi até a vizinhança de Jorge Guaranho, em um bairro de classe média em Foz do Iguaçu. No local, encontrou a mulher de Guaranho, que preferiu não falar. A esposa do bolsonarista disse apenas que estava indo até o hospital.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, Guaranho se encontrava sedado em assistência ventilatória mecânica, hemodinamicamente estável e sem previsão de alta.Jorge Guaranho parece ter uma vida discreta na vizinhança do Jardim das Laranjeiras, onde vive com a família em Foz do Iguaçu. Em comércios próximos de sua casa, as pessoas se mostraram surpresas com o fato de que ele morava ali e não lembravam de tê-lo visto.

Em suas redes sociais, Jorge se define como conservador e cristão. Ele usa as redes sociais principalmente para defender Bolsonaro, se diz contra o aborto e as drogas e considera arma sinônimo de defesa.Em junho de 2021, ele aparece sorrindo em uma foto ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do mandatário. "Vamos fortalecer a direita", escreveu em 30 de abril numa corrente da "#DireitaForte" para impulsionar perfis de conservadores com poucos seguidores.

Sua última postagem antes do crime é um retuíte de uma publicação do ex-presidente da Fundação Cultural Palmares Sérgio Camargo, dizendo: "Não podemos permitir que bandidos travestidos de políticos retornem ao poder no Brasil. A responsabilidade é de cada um de nós".

Semanas atrás, o policial penal (trabalha em unidades prisionais) publicou ainda uma mensagem de cunho LGBTfóbico ao comentar o anúncio do jogador de futebol Richarlyson sobre ser bissexual. "Popeye assume que come espinafre", escreveu Guaranho.

Xingamentos e palavrões de cunho sexual também são comuns. "Sua bunda" e "meus ovos", respondeu a postagens da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e do influenciador Felipe Neto em setembro do ano passado. 

Poder - Eleições 2022 - Folha de S.Paulo 

 

 

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Cuidado, é arapuca! - Percival Puggina

O interlocutor me advertiu: “Não gosto de política!”.  Mais ou menos como se dissesse "prefiro hip hop", "prefiro sorvete", "prefiro namorar". Eu também não gosto, respondi; aliás, detesto ter que viver sob o modelo institucional e a política que temos. Convenhamos, gostar disso, gostar mesmo, a ponto de o preferir a tantas delícias da vida é até sinal de mau gosto.

A política, porém, não perde sua importância em função de nossos agrados e desagrados. 
Ela vai influenciar nossa vida desde a qualidade da Educação até a sobrevivência na aposentadoria. 
Desde a concepção com ou sem aborto até a morte com ou sem direitos testamentários. 
É para lutar contra as deformidades que ensombrecem o céu da pátria que acordo todo dia de manhã, não raro após algumas horas de inquietude e insônia.

Nós temos, no Brasil, muitos maus hábitos. Um deles, com severos reflexos na política, é o de cair de pau nos problemas e fazer cafuné naquilo que os causa. Condenamos o que está errado e concedemos alvará de soltura para o que dá causa ao erro.

Está tudo errado. Mas não mexe. Morte às consequências! Longa vida às causas! “Vou desreformar tudo que foi reformado!” anuncia um ex-presidiário como plano de governo. Quando alguém sustenta a necessidade de promover mudanças para corrigir os erros, imediatamente as fisionomias exibem sinais de surpresa: de onde é que você tirou essa ideia? Nossas instituições são boas, dizem, só falta fazer com que elas funcionem. 

Nessa crença tola, muitos fazem desavisadas genuflexões e reverências perante aberrações cotidianas cometidas pelos poderes de Estado. É nessa crença tola ou nessa desinformação, que tantos se deixam manipular por certos detentores de poder, indivíduos que jamais seriam convidados para jantar com a família de quem os conhecesse.

Em 2010, lancei meu livro “Pombas e Gaviões” com uma advertência de capa: “Os ingênuos estão na cadeia alimentar dos mal intencionados”. Os ingênuos apontam os problemas e não se preocupam de corrigir o que lhes dá causa. Ficam no sofá. São as pombas. Os mal intencionados conhecem as causas e se beneficiam da ingenuidade dos ingênuos. São os gaviões.

Pela ingenuidade de tantos e pela malícia de uns poucos, o ex-presidiário é candidato a presidente da República. Por isso, e só por isso, os gaviões do Senado e do STF vendem o privilégio da mútua tolerância com o rótulo dourado de “harmonia entre os poderes”, paga pelas pombas.

Permaneceremos encalhados nas arapucas do século XX? A decisão estará nas mãos dos eleitores de outubro. 
Estou convencido, porém, de ser preciso ouvir o cívico e irresistível rugir das ruas, antes de ouvirmos o rugir das urnas.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

domingo, 17 de abril de 2022

O ministério da verdade - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

É assustador ler a distopia de George Orwell, como se ela profetizasse os tempos atuais: “Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado” 


Oeste vence outra batalha contra a censura disfarçada de agência de checagem -  Foto: Shutterstock 

 A pandemia jogou as máscaras dos tiranos no chão e expôs as guilhotinas dos jacobinos, afiadas como poucas vezes na história, sempre prontas para degolar todos aqueles que ousaram e ousam questionar a cartilha do “beautiful people”. Médicos, jornalistas, pais, professores, atletas profissionais, cidadãos comuns. 
Basta uma pergunta fora do roteiro aprovado pelas big pharmas e big techs e é ouvido o tilintar da navalha virtual. 
Mas não foi apenas o vírus chinês que uniu tiranos e jacobinos numa mesma página bizarra da história, a censura também esteve em nosso cotidiano nos últimos dois anos e no centro da última eleição presidencial norte-americana, talvez uma das eleições mais controversas da história do país. Além das muitas denúncias de fraude que sacudiram a eleição de 2020, a afiada navalha dos censores na liberdade de expressão, pilar sagrado na nação mais livre do planeta, golpeou sem piedade palavras, atos, ações e até pensamentos.

Talvez muitos brasileiros, assim como milhões de norte-americanos, não souberam do famigerado e escandaloso computador do filho de Joe Biden, Hunter Biden. Você faz parte desse grupo? Não se sinta culpado, você não estava desatento. A velha imprensa não apenas escondeu o caso, como, em conluio com um dos atuais fabricantes de guilhotinas, as big techs, derrubou tuítes, links a matérias que te levariam a entender as razões pelas quais Hunter Biden fazia parte de conselhos do ramo energético em países como a Ucrânia, sem nenhuma credencial técnica ou aptidão profissional na área, faturando milhões e milhões de dólares que eram pagos para que ele fosse a conexão até seu pai, na época vice de Barack Obama.

O furo original da descoberta do laptop de Hunter, que contém centenas de conversas, e-mails, mensagens de texto, fotos e vídeos pra lá de comprometedores e nada republicanos, pertence ao New York Post, que divulgou a história sobre o laptop em outubro de 2020, poucas semanas antes das acirradas eleições de novembro daquele ano. O que seria uma faísca em qualquer era de grandes publicações encontrou apenas uma parede de negação ou distorção da mídia. Em vez de tentar confirmar os e-mails, quase toda a imprensa norte-americana ignorou a história ou colocou o selo de “verificada” como falsa. Essa preciosa contribuição das redações para o candidato Joe Biden foi ainda mais notória devido a outras evidências que apoiam o furo do New York Post. Nem Hunter Biden, nem a campanha de Biden negaram que o laptop fosse do filho do democrata. Além disso, o ex-parceiro de negócios de Hunter, Tony Bobulinski, veio a público com documentos de backup de alguns dos conteúdos do laptop confirmando a veracidade do material. O silêncio da imprensa foi sepulcral. Talvez pela sua terrível morte.

O rebanho de militantes e ativistas da mídia divulgou incansavelmente a especulação de “oficiais de Inteligência”, obviamente partidários, vendendo a linha de “desinformação russa” (bocejos…) mesmo admitindo que não tinham provas sobre a declaração. As “agências de checagem” correram para fazer o que fazem: soltar a sua “verdade” e, sem contraponto e sem investigação alguma, checar absolutamente nada. O resultado foi um apagão geral das notícias escandalosas de Hunter Biden. O Twitter bloqueou a conta do New York Post, veículo criado por um dos Pais Fundadores dos EUA, Alexander Hamilton, por quase duas semanas e o Facebook usou algoritmos para esconder por completo a história. Isso privou os eleitores de informações que eles poderiam querer saber antes do dia da eleição. Os checadores da mídia nem sequer checaram que Bobulinski forneceu cópias de documentos mostrando que Hunter estava, de fato, tentando usar o nome Biden para lucrar com uma empresa sediada em Xangai com vínculos com o governo chinês. Um e-mail de “expectativas” de maio de 2017 do associado de Hunter Biden, James Gilliar, mostra Hunter recebendo 20% do capital do empreendimento, com outros “10% detidos por H para o big guy”. O ex-sócio de Hunter afirma que o “big guy” é Joe Biden. Até hoje, os Bidens não tiveram sequer de explicar seu acordo comercial nem com as autoridades, nem com a imprensa. Os e-mails deixam claro que Hunter estava lucrando com o nome Biden, inclusive como membro do conselho da Burisma, uma empresa de gás ucraniana.

É claro que esse tráfico de influência poderia ter trazido graves consequências para Joe Biden, mas as alegações na reportagem de que o filho do homem favorito para se tornar o próximo presidente, de acordo com as pesquisas, estava vendendo suas conexões políticas familiares de alto nível para estrangeiros, incluindo sugestões de uma possível comissão para seu pai mereciam ter sido divulgadas antes da eleição. E que o eleitor decidisse o que fazer com essas informações.

Depois de 17 meses, o New York Times finalmente reconheceu que as notícias dos negócios de Hunter Biden e o tal laptop que não passava de “desinformação russa” são, na verdade, notícias legítimas. O outrora grande jornal norte-americano, hoje apenas um braço militante do Partido Democrata, vem publicando reportagens com os “assuntos fiscais” do filho do presidente, incluindo manchetes como esta joia que não despertará nenhum desejo de um pedido de desculpas pelas “agências checadoras”: “Esses e-mails foram obtidos pelo The New York Times de um cache de arquivos que parece ter vindo de um laptop abandonado por Biden em uma oficina em Delaware. O e-mail e outros arquivos no cache foram autenticados por pessoas familiarizadas com eles e com a investigação”. Não há dúvida de que o fracasso em buscar as divulgações no laptop de Hunter Biden foi o exemplo mais flagrante do viés político e da veia inescrupulosa da mídia em nossa recente história.

1984
Distorções, mentiras, acusações falsas. Os últimos dois anos parecem ter saído do famoso 1984, romance de George Orwell. As palavras de Orwell, publicadas em 1949, aumentaram em popularidade nos últimos anos não apenas porque as sociedades modernas estão se tornando cada vez mais parecidas com o que foi descrito na obra fictícia do autor, seja na vigilância em massa, seja na guerra cultural perpétua. O romance de Orwell é presciente de várias maneiras e o livro costura os sintomas da atual sociedade com um tipo de totalitarismo que ele satirizou em sua obra. Chega a ser assustador ler sobre o Ministério da Verdade da distopia de Orwell, escrita há mais de 70 anos, como se ela profetizasse os atuais tempos: “Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado”.
 
Nesta semana, nossa revista Oeste venceu mais uma batalha judicial contra a prepotência e o ativismo das tais “agências de checagem”. Em 2020, a agência Aos Fatos qualificou de “fake news” uma reportagem de Oeste que informava, diferentemente do que retratava a imprensa tradicional e internacional, que a Floresta Amazônica não estava em chamas. Como todo bom e prestativo Ministério da Verdade orwelliano, em março de 2021, a agência mirou uma reportagem sobre a pandemia do vírus chinês na cidade de São Lourenço
Nossa revista verificou que, enquanto o restante do país era castigado pelo agravamento da tragédia, o município de 46 mil habitantes em Minas Gerais completava a terceira semana sem registrar mortes
Sem checar, de fato, Aos Fatos tirou a carta favorita dos novos fascistas de plantão e gritou “fake news” à matilha raivosa.

Proibir a liberdade de expressão nunca é apresentado como provocativo, mas sempre como o ato final de uma sociedade ofendida

Assim como a reportagem do computador de Hunter Biden que foi tachada de falsa, a “agência checadora”sempre com aspas! — deu de ombros às provas da veracidade do que Oeste publicara e continuou carimbando os textos como “fake news”. No Facebook, uma tarja sobre a foto que ilustra os posts de todos aqueles que compartilham os textos vinha acompanhada de um alerta: “Informação falsa — Checada por verificadores de fatos independentes”.

Na decisão que condenou a agência Aos Fatos de pagar uma multa no valor de R$ 50 mil e ter de excluir qualquer insinuação de que os textos publicados pela revista não expressam a verdade, o juiz Marcelo Augusto Oliveira, da 41ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, não demonstrou apenas ser um magistrado com capacidade técnica para aplicar as leis de nossa Constituição, mas estar acima dos ativistas de um Judiciário cada dia mais militante — e proferiu de maneira primorosa a razão de as leis no Ocidente serem como são.

Em sua sentença, escreveu: “A ideia de que a sociedade precisa ser protegida, muitas vezes de si mesma, por uma autoridade isenta superior pressupõe a concentração do poder. (…) Portanto, a prática da empresa requerida de categorizar as outras empresas jornalísticas como propagadoras de ‘fake news’ é materialmente inconstitucional. (…) A censura pelos indivíduos — incluídas as pessoas jurídicas — à liberdade de expressão, de manifestação ou de opinião, sob qualquer aspecto ou pretexto, não é condizente nem compatível com qualquer dos princípios norteadores da sociedade democrática vislumbrada pelo constituinte de 1988”. O magistrado ainda ressaltou que as duas interferências de Aos Fatos afrontaram a liberdade de imprensa, “pois tiveram a finalidade explícita de impingir a pecha de falsidade às notícias divulgadas pela autora”. Segundo o juiz, “agrava a conduta praticada o fato de a requerida não ter possibilitado à autora qualquer chance de defesa ou colhido sua versão, simplesmente propagando as acusações na internet”. E encerra dizendo que “aspirações de proteger a sociedade, não só contra notícias falsas, mas contra qualquer potencial ameaça, desde um ponto de vista supostamente isento e superior, flertam perigosamente com o totalitarismo”.

Tradições ocidentais
A liberdade de expressão e a expressão artística e intelectual têm sido tradições ocidentais controversas desde que o mundo é mundo. Quando os Pais Fundadores da América introduziram garantias de tais liberdades para a nova nação, e com um eco para todas as novas nações livres, eles nunca tiveram a intenção de proteger aqueles pensadores que todos admiravam. A Primeira Emenda da Constituição Norte-Americana, em vez disso, foi projetada para proteger os provocativos e os grosseiros; e com o princípio de que, se os desbocados podem dizer ou expressar o que desejam e o público pode aturar isso, a todos os outros é assegurada a liberdade de expressão.

Toda vez que o Ocidente se esqueceu desse fato — desde o julgamento do excêntrico Sócrates até a queima de livros no Terceiro Reich —, nos arrependemos do que se seguiu. A censura, é claro, nunca é rotulada como extrema e perigosa, mas, sim, como um meio moderado e útil para conter o “discurso de ódio de um filósofo maluco que polui mentes jovens”, médicos que investigam além do permitido pela nova seita científica que acende velas para as big pharmas, ou simples cidadãos que questionam demais sobre vírus, vacinas, urnas e eleições. Proibir a liberdade de expressão nunca é apresentado como provocativo, mas sempre como o ato final de uma sociedade ofendida e compreensivelmente provocada.

O desprezo pelo progresso
E entre aqueles que mais atacam a liberdade de expressão estão os chamados progressistas, que, na verdade, desprezam o progresso, já que permanecem em algum canto da sangrenta Revolução Francesa aguardando a próxima cabeça. Os tais progressistas e falsos transgressores não gostam de discursos politicamente incorretos, porque eles não promovem suas próprias agendas. 
Sem liberdade de expressão, o Ocidente torna-se apenas um punhado de oportunistas e bajuladores que distorce a expressão para suas próprias programações carreiristas e políticas. 
Que estranho que nós, em pleno século 21, não temos a visão nem a coragem de brilhantes homens do século 18 que escreveram a Constituição da nação mais próspera do mundo — mais próspera porque é a mais livre — e que nos alertaram exatamente sobre o que estamos nos tornando agora.

Apenas a verdade, e não um ministério de verdade, nos protegerá de tempos sombrios. Marcelo Augusto Oliveira, da 41ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paul, o bravo juiz que proferiu a correta sentença contra a agência checadora de 1984 em 2022, mostra com honradez o que o próprio George Orwell resumiu em definitivo: “Se liberdade significa alguma coisa, ela significa o direito de dizer às pessoas aquilo que elas não querem escutar”.

Leia também “A preservação das liberdades”

 

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


sábado, 16 de abril de 2022

“Morte, onde está teu aguilhão?” - Percival Puggina

A partir do Iluminismo, a humanidade passou a conviver de maneira crescente com a noção idealista de um evolucionismo sempre positivo. Acreditava-se, então, que, assim como a natureza evoluía para formas cada vez mais complexas, o pensamento e a cultura se elevariam de maneira inexorável na direção da verdade e do bem.


Surpresa! A ciência criou a bomba atômica. A organização “perfeita” da sociedade abriu o século XX para os manicômios políticos, o racismo ideológico, a eugenia e as mais terríveis formas de totalitarismo que a humanidade conheceu. 
E os desencontros com a verdade foram tão flagrantes que a sociedade foi invadida por um relativismo que em tudo e por tudo dela se afasta. 
Paul Johnson, em seu admirável “Tempos Modernos”, relata esse fenômeno a partir das reflexões feitas por Einstein, aturdido perante o fato de que sua Teoria da Relatividade fora apropriada para atribuir consistência ao relativismo moral (que ele qualificava como doença), e registra: “Houve vezes, no final de sua vida, em que Einstein afirmou desejar ter sido um simples relojoeiro”.
A Paixão de Cristo e a Páscoa da Ressurreição nos colocam frente ao fato central da História.  
Para os cristãos, a história é História da Salvação. E Cristo é o senhor da História. 
Deus não é alguém que joga dados, como ironizavam alguns cientistas no início do século passado, nem está subjugado a outras leis que não a do Amor, que é a lei da própria natureza de Deus, pois “Deus é amor”. Como sustenta S. Paulo, quando até mesmo a fé e a esperança tiverem passado, permanecerá o amor porque Ele será, então, tudo em todos.
 
No século XIX, foi recitada a crônica da morte de Deus. 
No século XX, tentaram transformá-lO num bem de consumo supérfluo. 
No século XXI, seus inimigos acrescentam, no chulo desrespeito a Ele e à Sua Santíssima Mãe, mais e mais chibatadas à sua dor física. 
Sobre tudo e todos, porém, o Senhor da História venceu a morte (“Morte, onde está teu aguilhão?” I Cor 15, 55) para que tivéssemos vida plena e não quedássemos como personagens de Platão na Alegoria da Caverna, vendo apenas o fim de tudo porque o fim de tudo é tudo que o começo nos mostra.

Feliz Páscoa, portanto!

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 10 de abril de 2022

Além dos vídeos, Zelensky usa lei marcial para consolidar apoio e conter dissidências internas - O Globo

 Filipe Barini

Presidente viu popularidade chegar a 90% depois do início da invasão russa e é visto como 'herói' no Ocidente, mas analistas apontam que algumas de ações, como a suspensão de siglas de oposição, podem ter impactos após o fim do conflito

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, entrega alimentos a moradores da cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, no dia 4 de abril Foto: STR / AFP
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, entrega alimentos a moradores da cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, no dia 4 de abril Foto: STR / AFP

Em 31 de março, pouco depois de a Rússia anunciar uma mudança de estratégia na invasão da Ucrânia, com a redução “drástica” de seus ataques à região de Kiev, o presidente Volodymyr Zelensky revelou dois raros sinais de dissidências internas. Primeiro, anunciou a demissão de dois integrantes do Serviço de Segurança da Ucrânia, dois agora ex-generais apontados como “traidores” e “anti-heróis”. Depois, ordenou o retorno de seus embaixadores na Geórgia e no Marrocos, afirmando que eles não cumpriram suas funções de defender o país.[Será que a queda da máscara do ex-comediante ??? permitirá que o mundo perceba,  apesar do noticiário da mídia adestrada pelo esquerdismo progressista, que Zelensky é apenas um aproveitador, a favor dos seus interesses e dos seus aliados de  Ocidente que estão mais para aliados de 'palanque' e que para satisfazer sua vaidade permanece em uma guerra que sabe que não vai vencer e causará morte de milhares de ucranianos.]

Desde o início do conflito, Zelensky ostenta uma imagem de líder forte, contrariando uma postura vista como instável e questionada por adversários até semanas antes da invasão — em entrevista à Time, em março, amigos revelaram proibi-lo de olhar o Facebook, uma vez que comentários negativos o deixavam triste.

Isso até as primeiras bombas russas começarem a cair, quando Zelensky passou a criticar as forças de Moscou e a pedir aos ucranianos que resistissem a todo custo, incluindo com coquetéis-molotovs. Ao exterior, intensificou os apelos por ajuda militar e sanções contra os invasores, tornando-se uma espécie de “herói” no Ocidente. Até no Grammy, a maior premiação da música nos EUA, ele discursou.

Caçada de espiões:Medo de sabotadores da Rússia causa ansiedade e paranoia na Ucrânia

Hoje, sua popularidade, que era de 30% a 35% em meados de dezembro, está perto dos 90%, resultado da nova postura e da coesão entre seus assessores mais diretos, alguns deles conhecidos dos tempos de ator e comediante. A imagem de um governo unido é reforçada nas falas do presidente— Estamos todos aqui. Nossos militares estão aqui. Cidadãos da sociedade estão aqui. Estamos todos aqui defendendo nossa independência, nosso país, e isso vai continuar da mesma forma — disse Zelensky em vídeo de 25 de fevereiro, horas depois do início da invasão, do lado de fora do palácio presidencial em Kiev.

Lei marcial e imprensa
Mas nem só de vídeos de incentivo, apoio de adversários políticos e imagens da resistência contra os russos é feita a base do poder de Zelensky em tempos de guerra. Um de seus pilares de ação é a lei marcial, adotada nas primeiras horas de 24 de fevereiro, que, além de impedir a saída de homens aptos ao serviço militar da Ucrânia, restringe os direitos civis, incluindo de expressão.

Dois dias depois da adoção da medida, as principais empresas de mídia da Ucrânia anunciaram uma plataforma conjunta de informação, com viés pró-Kiev, que seria transmitida 24 horas por dia. [algo tipo o consórcio brasileiro, contra Bolsonaro, liderado por uma TV que foi campeã em audiência e que hoje, devido queda da audiência,  demite seus principais profissionais?] A iniciativa foi transformada em decreto presidencial no dia 18 de março. “Nós entendemos o quão poderosa a máquina de propaganda russa é, e quais os tipos de esforços que o agressor faz para propagar notícias falsas e cinicamente enganar as pessoas. Nós absolutamente nos opomos a isso”, diz o manifesto das empresas, publicado em 26 de fevereiro. A essa altura, canais de TV russos já eram proibidos no país.

Declarações e ações vistas como “antipatrióticas” também passaram a ser punidas. Até o início de março, segundo a agência Interfax Ucrânia, 38 pessoas estavam sendo investigadas por “assistência ao agressor”, e poderiam ser enquadradas no artigo 111 do Código Penal do país, relacionado ao crime de alta traição.

Entre os suspeitos estavam autoridades de cidades ocupadas e representantes de governos locais um morador de Kramatorsk, na região de Donetsk, foi o primeiro indiciado em um caso de traição, acusado de publicar vídeos no TikTok “negando a agressão armada da Rússia” e de ter feito convocações para atos de apoio a Moscou. Caso condenado, pode receber uma pena de até 12 anos de prisão.

(...)

Partidos suspensos
Uma das decisões tomadas por Zelensky, embora justificável em tempos de guerra, pode assombrá-lo no futuro, depois que as armas silenciarem e quando o país precisará discutir um acordo de paz com os russos e a sua própria reconstrução como um Estado. Também em 30 de março, o presidente anunciou a suspensão temporária de 11 partidos de oposição, acusados de serem “pró-Rússia”: entre eles, a principal sigla contrária ao governo na Rada, o Parlamento local, a Plataforma de Oposição - Pela Vida, que tem 34 cadeiras.
 
(...)

Analistas apontam que todos os partidos suspensos expressaram apoio ao governo ucraniano e são contra a guerra, sugerindo que a finalidade de Zelensky seria outra.“Tudo indica que a decisão de suspender siglas de esquerda e de oposição tenha pouco a ver com as necessidades de segurança da Ucrânia em tempos de guerra, e muito a ver com a polarização da política após a Euromaidan, além da redefinição da identidade ucraniana que empurrou posições dissonantes para fora dos limites tolerados”, escreveu, em artigo na Al Jazeera, Volodymyr Ishchenko, pesquisador associado do Instituto de Estudos do Leste Europeu, na Universidade Livre de Berlim. “Também tem a ver com as tentativas de Zelensky para consolidar o poder político iniciadas bem antes da invasão russa.”

Mundo - O Globo - MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

O mundo se despede da pandemia - Revista Oeste

Artur Piva - Paula Leal

Na Europa, países derrubam restrições e tratam a covid como uma doença comum. No Brasil, casos em queda e máscaras em alta 
Foto: Montagem/Shutterstock
Foto: Montagem/Shutterstock
 
 A Inglaterra se tornou o país mais livre da Europa. Há algumas semanas, os ingleses experimentam a vida livres de máscaras, passaportes sanitários ou restrições de circulação. Até os contaminados pelo coronavírus foram dispensados de fazer isolamento social. O governo do primeiro-ministro, Boris Johnson, pôs em prática o plano “Viver com covid”, antecipando o desfecho dado como certo pela comunidade científica: a covid-19 se tornará uma endemia, ou seja, uma doença comum, como é a gripe. 
A decisão da Inglaterra é acompanhada por outros países que já entenderam, nessa altura do campeonato, que a apresentação de passaportes de vacina e lockdowns rigorosos são incapazes de conter o curso da doença. Com o mundo adentrando no terceiro ano da pandemia, algumas “verdades incontestáveis” simplesmente perderam a “validade científica”. Não dá para seguir em um embate permanente contra a doença, tratando a liberdade como sinônimo de morte e as restrições infinitas como corretas e saudáveis. Parte do planeta já despertou para a realidade.   

Ao menos 20 países já anunciaram a flexibilização de regras no combate à pandemia. A Espanha, no mês passado, propôs classificar a covid-19 como uma doença endêmica. Coube ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fazer o anúncio: “A ciência nos deu a resposta para que consigamos nos proteger”, afirmou Sánchez, em entrevista à rádio Cadena Ser. “Nós temos de começar a avaliar a evolução da covid-19 de uma pandemia para uma doença endêmica.” Desde 29 de janeiro, a Espanha voltou a permitir que as pessoas frequentem bares e restaurantes sem restrições. Nem a comprovação de vacinação é necessária.

A Suíça suspendeu a maioria das medidas restritivas contra a covid-19. O uso de máscaras e a apresentação do certificado de vacinação não serão mais exigidos para entrar em lojas, restaurantes, cinemas e teatros. Não há mais restrições para reuniões privadas nem a necessidade de obter licença para grandes eventos. A Dinamarca liberou geral e derrubou todas as proibições. “Estamos prontos para sair da sombra do coronavírus, nos despedimos das restrições e saudamos a vida que tínhamos antes”, disse a primeira-ministra, Mette Frederiksen

A Polônia vai remover a maioria das restrições à covid-19 a partir de 1º de março. Na Itália, o uso de máscaras ao ar livre tornou-se facultativo. E Israel derrubou a exigência do passaporte sanitário. O primeiro-ministro, Naftali Bennett, justificou a medida afirmando que a onda de contágio da Ômicron está diminuindo rapidamente. O país, que já está na quarta dose de vacina, quer combater o coronavírus por meio da vacinação, sem “bloquear” a economia.

Combinação ideal para acelerar o fim da pandemia
Depois da chegada da Ômicron
, a mais transmissível das variantes do coronavírus, a pandemia perdeu fôlego. No último dia 15, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou pela segunda vez neste ano queda no número de novos casos de covid-19 no mundo. As mortes pela doença estão reduzindo. É verdade que já vivemos outros períodos de trégua do vírus, seguidos de surtos ainda piores. Até agora, a doença já matou cerca de 6 milhões de pessoas no mundo e contaminou aproximadamente 430 milhões. Mas em nenhum momento, desde que a OMS decretou a pandemia, em março de 2020, o planeta reuniu três condições capazes de acelerar o fim de tragédias sanitárias causadas por vírus como agora: a vacinação em massa, um vírus menos letal em comparação com outras variantes e a grande quantidade de pessoas que se imunizaram naturalmente, [a famosa e desejada 'imunidade de rebanho' que o presidente Bolsonaro tanto defendeu e, por isso, foi tão execrado. Mais uma vez os especialistas mostraram as razões de estarem desempregados ou desatualizados - esses pelo longo período de aposentadoria.] por terem contraído a doença.

Assim como outros vírus respiratórios, o coronavírus provavelmente buscará o equilíbrio entre letalidade e sobrevivência. “O vírus só consegue se multiplicar se ele estiver dentro de um organismo vivo”, explica a infectologista Patrícia Rady Muller. “Não é a intenção do vírus sair matando todo mundo, senão ele não vai ter como se multiplicar e sobreviver.” Logo, variantes com alto poder de infecção se tornam dominantes, mas com baixa capacidade de provocar doenças graves e mortes.A alta transmissibilidade faz com que a Ômicron circule com muita rapidez entre suscetíveis, infectando num curto período grande parte da população”, explica José Eduardo Levi, virologista e coordenador de pesquisa da Dasa, uma das maiores redes de saúde integrada do Brasil. “O que também leva à queda rápida pelo esgotamento de suscetíveis e torna a maior parte da população imune.” O médico Christopher Murray, especialista em métricas da saúde da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, escreveu em artigo, publicado no mês passado, na revista científica The Lancet: “O nível de infecções sem precedentes sugere que mais da metade da população mundial terá sido contaminada pela Ômicron entre novembro de 2021 e março de 2022”. 

Somado a isso, já foram aplicados mais de 10 bilhões de injeções anticovid no mundo. Apesar de as vacinas não serem 100% eficazes para evitar contaminações pelo coronavírus, estudos mostram que pessoas vacinadas, quando infectadas, têm menos chances de evoluir para casos graves e mortes. “Embora a Ômicron seja mais competente, tanto em escapar da resposta vacinal quanto da imunidade pós-infecção, já que a taxa de reinfecção por essa variante em quem já teve covid é alta, as vacinas têm evitado quadros mais graves também pela Ômicron”, disse Levi. 

A pandemia no Brasil
No final do ano passado, o surgimento da Ômicron causou uma nova onda de pessimismo global. No Brasil, não foi diferente. As festas de réveillon foram canceladas, governantes recuaram em aliviar medidas como uso de máscaras, o trabalho remoto foi reativado e alguns gestores, como o governador de São de Paulo, João Doria, se apressaram em anunciar doses extras de vacinas para a população. Um novo déjà vu pandêmico se instalou no país. As manchetes voltaram a repercutir recordes de contaminações, alta nas internações hospitalares, a curva de mortes aumentou. De fato, a nova variante impactou o ritmo da crise sanitária no Brasil. Mas os números mostram que o solavanco provocado pela Ômicron, como antecipou reportagem da Revista Oeste, foi bem menos intenso quando comparado com outros períodos da pandemia, e está em desaceleração. 
 
Cenário atual de casos e mortes por covid-19
No Brasil, assim como em outros países em que a Ômicron aterrissou
, o número de casos de covid-19 explodiu. Em 3 de fevereiro, o país registrou recorde de infecções: quase 300 mil em um único dia. No entanto, a média móvel de casos, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em pouco mais de 90 mil na última quinta-feira, 24, abaixo de 100 mil pela terceira vez desde 19 de janeiro. A redução da taxa ocorre desde 6 de fevereiro, o que também já começa a refletir na diminuição das mortes. O número total de contaminados pelo coronavírus é de pouco mais de 28,5 milhões de brasileiros até agora.

Enquanto boa parte do mundo se despede das restrições impostas por autoridades em razão do coronavírus, o Brasil resiste

Contudo, diferente do que se viu no início de 2021, o índice de mortes não aumentou na mesma proporção que os casos dispararam. A média móvel de mortes registrou queda pelo quarto dia consecutivo, chegando a quase 800, menor número desde 7 de fevereiro. No entanto, levando em consideração o pico da pandemia, em abril do ano passado, quando mais de 3,1 mil pessoas morreram em um único dia, houve redução de cerca de 75% das mortes, considerando a média móvel para sete dias.

A Maquiagem das estatísticas
No período mais trágico da pandemia no Brasil, a ocupação de leitos de UTI destinados ao tratamento da covid-19 no Estado de São Paulo chegou perto de 90%, segundo dados da Seade, fundação vinculada à Secretaria de Governo do Estado. Em 7 de abril de 2021, havia cerca de 13 mil pacientes internados para pouco mais de 14 mil vagas.

Ainda no ano passado, quando a pandemia perdeu força, os hospitais reduziram a quantidade de leitos destinados exclusivamente para pacientes com covid-19. Por exemplo, no Estado de São Paulo, a disponibilidade de leitos de UTI covid caiu de 14 mil para menos de 5 mil (redução de quase três vezes). Nesta semana, em 24 de fevereiro, quase 2,5 mil pacientes ocupavam leitos de UTI covid. No entanto, o governo do Estado registrava lotação acima de 50%. Se a quantidade de UTIs destinadas à covid-19 fosse a mesma de 7 de abril de 2021, a ocupação atual não chegaria a 20%. 

Considerando as mais de 14 mil vagas de UTI reservadas em abril do ano passado para pacientes com covid-19, mesmo em 3 de fevereiro — momento de maior pressão no sistema de saúde depois do surgimento da Ômicron até agora —, a lotação teria ficado abaixo de 30%.

 

Na vanguarda do atraso

Enquanto boa parte do mundo se despede das restrições impostas por autoridades em razão do coronavírus, o Brasil resiste. Por aqui, os gestores não dispensaram o acessório mais simbólico desta pandemia: as máscaras. Elas continuam por toda parte. São usadas ao ar livre, em alguns casos até dentro de piscinas. Máscaras (às vezes duas) cobrem o rosto em academias, parques, na chegada de restaurantes e festas (sentado pode tirar). O uso do equipamento, mais do que evitar a contaminação pelo coronavírus, virou gesto político e ato de resistência. Nesta semana, o Fórum Nacional de Governadores se reuniu para avaliar a flexibilização do uso de máscaras no país a partir de março. O grupo pediu uma análise ao comitê científico para formular um cronograma de transição de medidas restritivas relacionadas à covid.

Outro ponto em que o Brasil patina em relação às nações desenvolvidas é o debate transparente sobre a vacinação infantil. Embora o Ministério da Saúde tenha deixado claro que a vacinação de crianças não é obrigatória, os Estados têm obrigado indiretamente a imunização de menores de 12 anos, sob ameaça de denunciar os pais que optarem por não imunizar seus filhos ao Conselho Tutelar. Para completar o combo do atraso, ainda discutimos a imposição do passaporte sanitário, quando países da Europa já entenderam que a vacinação não impede a transmissão e quem opta por não se vacinar não representa um risco para a humanidade. O retorno à vida como era antes está mais perto do que nunca. O Brasil não pode ficar para trás. 

Leia também “As inúmeras contradições da pandemia”

Artur Piva - Paula Leal, jornalista - Revista Oeste