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domingo, 14 de fevereiro de 2021

Bolsonaro agradece - Gazeta do Povo - VOZES

Mario Vitor Rodrigues

“PSDB rachado, DEM enviando sinais trocados, Ciro e Marina em silêncio, Huck não passa firmeza e o PT não abandona a pauta ‘Lula Livre’. Faltam 19 meses para as próximas eleições presidenciais. Que depois não culpem o eleitor pelo desastre.”

[se o desastre referido for a vitória da 'oposição' - no Brasil tem isso? -  o eleitor seria culpado, no mínimo, do crime de alta traição ao nosso Brasil. 
Só que isso não vai ocorrer. O ilustre articulista, já no subtítulo cita a ruína de alguma eventual oposição. Só nos resta ratificar as quatro linhas acima.
Por oportuno: a existência da Marina e do Ciro atende uma única necessidade: precisamos de perdedores e eles sempre estarão entre eles; o partideco da Marina quer governar através do STF.
O animador de auditório não atingiu ainda o status de merecer comentários.
Lula é um excelente concorrente para perder e a chapa que mais desejamos é ele e o Haddad - já derrotamos os dois em 2018, mas seria maravilhoso os dois juntos = pena que a necessidade de que criminosos cumpram pena, nos impede do gozo dessa alegria.
O Joãozinho, dispensa comentários pela sua incoerência e incompetência. Não passa de um 'joãozinho'.] 
Houve um pequeno fuzuê no Twitter quando publiquei o comentário acima. Confesso minha surpresa. O recado era direcionado àqueles que já deveriam estar se movimentando para derrotar Bolsonaro em 2022. Não a seus apoiadores. Ciristas e marineiros foram os mais eloquentes. Pelo que entendi, afirmar que Ciro Gomes e Marina Silva estão em silêncio é ofensivo. Constatar que a tal frente ampla já caducou e o PT tem boas chances de voltar a polarizar com Bolsonaro também; nem por isso deixa de ser verdade.
 
Como acontece desde a reabertura democrática, o destino do país passará pelo caminho que Lula determinar. Se a debacle da Lava Jato terá o condão de inocentar o grande líder ainda é cedo para dizer, contudo a estratégia adotada em 2018 poderá se pagar: após amealhar 47 milhões de votos há dois anos, Fernando Haddad será um nome ainda mais forte na próxima disputa. Bolsonaro agradece. Um novo embate com o Partido dos Trabalhadores talvez seja a única circunstância em que a maior crise sanitária em cem anos e um desempenho econômico sofrível perderiam protagonismo.
 
Imaginar que a atuação de um presidente empenhado em pôr vidas em risco seja minimizada pode não ser simples, contudo apostar no cavalo de pau de 57 milhões de eleitores avessos ao PT, em apenas quatro anos, tampouco faz sentido. O momento é tão vantajoso para Bolsonaro que, além das opções à esquerda — em maior ou menor grau todas favoráveis à sua reeleição —, restam Luciano Huck e João Doria. Que depositem tanta esperança em alguém que jamais ocupou cargo público e sempre se esquiva quando questionado sobre suas intenções de comandar o país revela desespero. Como se isso não bastasse, falta ao apresentador o que sobra ao governador: ânsia pelo poder.
 
Doria tem diante de si dois desafios inescapáveis. O primeiro, característica típica de quem não é do ramo, diz respeito à sua truculência. Episódios envolvendo os ex-governadores Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, somados ao mais recente arranca-rabo com Aécio Neves são emblemáticos. Até o governador gaúcho, Eduardo Leite, conseguiu tirar uma casquinha da sua falta de traquejo. Antes comunicador e homem de negócios, talvez Doria tenha se acostumado a tratorar seus adversários em convescotes regados a uísques caros e muito lobby. Política é outro animal.
 
Sair da própria pele nunca é fácil, entretanto o maior desafio para o governador de São Paulo será contornar o “BolsoDoria”. Em entrevista recente, concedida ao portal UOL, Doria se diz “amargamente arrependido” por ter apoiado Jair Bolsonaro, afirma não ter compromisso com o erro, acusa o governo federal de não ser liberal e garante que “rachadinha é crime”. É pouco. Tratando-se de um sentimento de rejeição crescente como o antibolsonarismo, quase nada.
 
Com estoques de vacina no fim, novas cepas do vírus circulando e a retomada lenta da economia devido ao atraso na imunização [atraso que alcança todos os países - Israel começou bem, mas tem a população de uma cidade de porte médio, não pode ser citado como exemplo] sem mencionar o impacto nas contas públicas pelo novo auxílio emergencial, o desemprego e o rombo fiscal —, a esperança dos brasileiros recai na certeza de que os próximos meses serão muito duros para o governo Jair Bolsonaro. [serão duros, não há dúvidas; mas com resultados alvissareiros para o povo brasileiro e que serão colhidos no último semestre do primeiro governo do capitão.] Mais até do que na unidade e capacidade de articulação da oposição.
 
Mario Vitor Rodrigues, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

A vacina do Natal - Luiz Carlos Azedo

Nas Entrelinhas -  Correio Braziliense

Sim, os mais fortes sobreviverão. E por que não os mais fracos? É para isso que serve a medicina. Fé e confiança na ciência, por isso, são o melhor remédio contra a desesperança

Talvez esse seja o pior Natal de nossas vidas, em termos sociais, é claro, porque a experiência de vida de cada um é que determina a avaliação. Festa que congrega a família, confraterniza os amigos, dissemina amor e solidariedade, neste ano, a data magna do cristianismo, que é comemorada por todas as religiões ecumênicas, está sendo marcada pela maior tragédia humanitária já vista por nossas gerações, desde a Segunda Guerra Mundial. Aqui no Brasil, só não é maior por causa do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), público e universal, apesar de um presidente da República que, com seu negativismo, no combate à crise sanitária, sabota seu povo, seu governo e, em última instância, a si próprio.

Entretanto, é Natal. Os miseráveis, os enfermos, os condenados, todos sem exceção, de alguma forma, são acarinhados com votos de esperança e compaixão. Os poetas, os cantores, os cronistas, todos que podem espalhar amor e esperança se encarregam de fazer chegar sua mensagem àqueles que estão na pior. 
De igual maneira, os trabalhadores dos serviços essenciais, de plantão, mesmo privados da convivência com suas respectivas famílias, com sua labuta, principalmente os cientistas e o pessoal da saúde, mandam o recado: confiem, estamos cuidando de vocês.  
A magia do Natal é uma enorme força transformadora da sociedade, no sentido civilizatório, mesmo agnósticos e ateus devem reconhecê-lo.

A propósito, o biólogo evolucionista Richard Dawkins, no livro O Gene egoísta, publicado em 1976, sua obra-prima, tenta explicar a evolução biológica ao mostrar como certas moléculas replicadoras (ancestrais dos genes) poderiam ter evoluído de modo a formar as primeiras células e, a partir daí, todos os seres vivos existentes. O microscópico encontro de um vírus com uma bactéria, por exemplo, é um grande evento histórico da criação, que se reproduz na natureza a todo instante e provoca mutações genéticas. A covid-19 é fruto desse fenômeno.

Dawkins tentar explicar o problema profundo de nossa existência ao sugerir que os organismos vivos são sofisticadas máquinas de sobrevivência, eficientemente moldadas pelo processo de evolução para promover a replicação sexuada dos genes nelas contidos. Entretanto, essa abordagem levanta sérios questionamentos filosóficos. Seremos meros replicadores de genes, controlados por eles. Onde entra a consciência? Dawkins afirma que genes não têm vontades próprias ou valores morais. Aqueles genes que apresentam um comportamento que seria visto como egoísta pelos seres humanos são os que se mantêm representados dentro dos genomas das espécies, ao longo do processo evolutivo, com o passar dos anos e milênios. O altruísmo seria uma estratégia de sobrevivência, principalmente nos seres humanos.

Eugenia
Genes são polímeros químicos de fósforo e carbono, associados a uma molécula de açúcar e bases nitrogenadas, encapsulados em duas fitas reversas e complementares; ou seja, genes são codificados em moléculas de DNA. Dawkins sugere uma forma de seleção natural darwiniana na qual as moléculas quimicamente mais estáveis perduravam — enquanto aquelas mais instáveis eram destruídas. A evolução sempre dependeu da adaptação, uma molécula mais estável é mais adaptada ao universo em que vivemos. Assim como existe luta pela sobrevivência na sociedade humana, existe, também, num ambiente molecular.

Hoje, sabemos que os replicadores que sobreviveram foram aqueles que construíram as máquinas de sobrevivência mais eficazes para morarem; aqueles que foram menos aptos não deixaram descendentes. Cerca de 4 bilhões de anos depois, Dawkins explica: “Com certeza, eles não morreram, pois são antigos mestres na arte da sobrevivência. (…) Eles estão em mim e em você. Eles nos criaram, corpo e mente. E sua preservação é a razão última de nossa existência. Transformaram-se, esses replicadores. Agora, eles recebem o nome de genes e nós (todos os organismos vivos) somos suas máquinas de sobrevivência.”

O gene passa de corpo em corpo através das gerações, manipulando as máquinas de sobrevivência por meio de instruções escritas em linguagem digital (A, C, T e G), abandonando tais corpos mortais na medida que eles vão ficando senis e duplicando-se em sua prole. As instruções dizem basicamente: copie-me, ou seja, viva e reproduza. A reprodução é o processo de cópia dos genes, é o processo que os mantém vivos ao longo dos tempos. Socialmente falando, porém, essa eugenia (seleção de certos genótipos para a reprodução em lugar de outros) é totalmente inaceitável. Lembra as teorias de superioridade ariana e o Holocausto.

Sim, os mais fortes sobreviverão. E por que não os mais fracos? É para isso que serve a medicina. A postura do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia do novo coronavírus — “a melhor vacina é pegar o vírus” — é um inaceitável darwinismo social. Fé e confiança na ciência, por isso, são o melhor remédio contra a desesperança. Que venham as vacinas contra a covid-19. 

Feliz Natal!

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense

 

terça-feira, 21 de abril de 2020

Ministro amordaçado - VEJA

A ideia, evidentemente era evitar o inevitável questionamento sobre o mais grave, por suas implicações institucionais, episódio de incentivo a aglomerações patrocinado pelo presidente da República no dia anterior na porta do QG do Exército junto a uma turba de arautos da ditadura.
Como subproduto, o distanciamento permite que o novo ministro não exponha sua falta de familiaridade com a dinâmica do sistema público de Saúde. Em miúdos, trata-se de um ministro desprovido de autonomia. Como convém a Bolsonaro, mas que certamente não é conveniente à biografia do amordaçado.

Bem visto por colegas médicos, Nelson Teich pode ter começado ali a desconstruir uma reputação de vida inteira, por um ato de voluntária prestação de desserviço à sociedade. Credibilidade leva-se muito tempo para ganhar, mas perde-se num átimo de submissão ou vaidade.

Blog da Kramer - Dora Kramer, jornalista - Revista VEJA


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O Congresso está condenado a aprovar as reformas - Alon Feuerwerker

A pesquisa Veja/FSB mais recente mostra leve subida na avaliação do governo Jair Bolsonaro, enquanto a do Congresso Nacional, na melhor das hipóteses, anda de lado. O presidente beneficia-se da evolução, ainda que lenta e intermitente, do PIB e principalmente do emprego. O Legislativo continua com sua imagem no mesmo lugar, ruim, apesar de cantado dia e noite em prosa e verso como o “adulto responsável pelo avanço das indispensáveis reformas”.

O Congresso e seus líderes parecem presos a uma armadilha. Se andam com as reformas da dupla Bolsonaro/Paulo Guedes e a população sente no bolso melhoras na economia, quem come o bolo é o Executivo. Se colocam dificuldades à agenda, serão incinerados pela opinião pública que há anos vende ao país a infalibilidade dessas reformas. E se entregarem a mercadoria e mesmo assim a coisa desandar na economia? Vão dizer deles que não entregaram o suficiente.

Na vida prática, o Congresso não tem alternativa, vai ter de aprovar alguma coisa na linha exigida, para não ser acusado de travar o avanço do país. Por isso, são vazias de significado material as especulações sobre quanto o estilo verbal do presidente da República atrapalha a produção da fábrica de leis econômicas. Ou, agora, quanto a prevalência de militares no Palácio pode estar incomodando os políticos. Estes não têm opção fora andar na linha imposta.

Foi assim com a mudança nas aposentadorias. Ao longo de 2019 proliferaram teses sobre os graves riscos corridos pela reforma da previdência por causa da suposta desarticulação política do Executivo. Na real nunca houve desarticulação. As circunstâncias permitiram que o governo aprovasse a coisa apenas com custo orçamentário, sem ter de nomear ministros indicados pelas bancadas. Sem as "porteiras fechadas". A liberação/promessa recorde de emendas resolveu.
O quadro na essência não mudou desde então, assim como não mudou a correlação de forças no Parlamento. A oposição continua a depender de alianças com os presidentes da Câmara e do Senado e com o dito centrão para não ser esmagada. Daí que os chefes do Legislativo reúnam hoje um poder indisputado. Mas poder para quê? No bottom line, tirando as espumas que entretêm a plateia, para fazer o que o Planalto e ministério da Economia consideram essencial.

A economia ofereceu alguma decepção no final do ano para quem esperava uma decolagem mais vertical. As vendas não foram tão brilhantes quanto o anunciado. A verdade é que as autoridades econômicas só prometem mesmo alívio verdadeiro e consistente para o final deste mandato de Bolsonaro. Até lá, o público terá de satisfazer-se com alívios pontuais. Estes parecem estar bastando para manter os bons índices de aprovação do governo.

A dúvida de sempre: até quando? 


Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política



 

sábado, 4 de maio de 2019

O direito de repelir invasões





Prevenir e repelir atos ilegais contra prédios públicos sem precisar recorrer à Justiça não é apenas um direito, é um dever da administração pública

A Advocacia-Geral da União (AGU) expediu, em fevereiro, uma orientação normativa a respeito da não necessidade da intervenção do Poder Judiciário para coibir a invasão e a ocupação irregular de prédios públicos. A medida não tem nenhum pendor autoritário. Trata-se da prudente aplicação do Direito na proteção do patrimônio e da continuidade dos serviços públicos. O Estado e a população não podem ficar reféns de quem, afrontando a lei, usa a violência para fazer pressão política, difundir suas bandeiras ou apropriar-se de bens públicos para fins particulares.

Apesar de não encontrar respaldo na legislação, o entendimento contrário de que, diante, por exemplo, de uma invasão de uma repartição pública, a autoridade nada podia fazer sem antes recorrer à Justiça – deu azo a omissões da administração pública e serviu de estímulo para outras tantas desordens. Se o invasor tem a certeza de que não enfrentará resistência para ocupar um prédio público e de que só um mandado judicial poderá retirá-lo de lá, ele tem a garantia de que, ao menos por um tempo, seus atos criminosos prevalecerão sobre a boa ordem.

No caso da administração pública federal, antes da nova orientação, a praxe era que os administradores de prédios públicos deviam recorrer à AGU para que ela tentasse junto ao Poder Judiciário obter medida liminar de reintegração de posse. Evidentemente, não era um modo muito eficiente de proteção do patrimônio público.

Produzida pela Consultoria-Geral da União (CGU), um órgão da AGU, a nova orientação possibilita que os gestores de prédios públicos atuem com mais segurança jurídica e mais eficiência. Eles poderão tomar providências acionar a autoridade policial, por exemplo – ainda nos primeiros momentos de uma invasão, evitando assim que ela se consolide. “A relevância desse entendimento é impedir que se crie mais uma demanda judicial, para desafogar o Poder Judiciário de uma demanda desnecessária, além de preservar com mais eficiência o patrimônio público e a continuidade da prestação dos serviços públicos. Isso dará maior eficiência à administração e resguardará melhor o patrimônio dos danos decorrentes de ocupações, afirmou Victor Ximenes Nogueira, diretor do Departamento de Coordenação e Orientação de Órgãos Jurídicos da CGU.

Aprovada pelo advogado-geral da União, André Mendonça, a orientação normativa deve ser observada por toda a administração pública federal
. Está claro, portanto, que a autoridade pública tem o direito e o dever de atuar para proteger o patrimônio público e a continuidade dos serviços. “Impedir a invasão ou ocupação dos imóveis públicos é dever do gestor, para fins de garantir sua utilização adequada, sua preservação, a manutenção de sua finalidade legal ou contratual”, diz o documento da AGU. Cabe, portanto, ao administrador do prédio público acionar as forças policiais a fim de prevenir e repelir atos de invasão e ocupação ou de utilização diversa da destinação prevista pela autoridade competente.

Seria incongruente que o particular, na defesa do seu patrimônio pessoal, pudesse realizar atos de autodefesa, enquanto o poder público tivesse de assistir passivamente a agressões ao patrimônio público. O Direito assegura meios de proteção tanto do patrimônio particular como do público. Nos dois casos, como é lógico, os atos de proteção devem ser moderados e proporcionais à agressão sofrida. Eventuais abusos no exercício desse direito de autodefesa devem ser investigados e punidos. O que não faz sentido é que esse direito que, no caso da administração pública, é um dever – de repelir a violência seja tolhido a priori por receio a um possível abuso. É essa estranha lógica que a AGU veio corrigir.

O dever por parte da administração pública de prevenir e repelir atos ilegais contra prédios públicos, sem precisar recorrer à Justiça, não é uma opção pela eficiência em detrimento do bom Direito. É antes o cabal cumprimento de dois importantes princípios do Direito – o da indisponibilidade dos bens públicos e o da continuidade dos serviços públicos. O interesse público agradece esse cuidado.


Editorial - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A palavra maldita

Brumadinho traz severas consequências políticas para o governo Bolsonaro

Todo motorista alemão teme a frase “até que o TÜV” nos separe. Significa que o veículo dele não passou pelo TÜV (“Technischer Überwachungsverein”, a organização privada que vigia, entre milhares de outras coisas, se um carro obedece às normas técnicas para circular nas ruas). O TÜV foi inventado em 1865 no sul da Alemanha para acabar com as frequentes explosões de caldeiras a vapor, especialmente em cervejarias.
Trata-se de uma organização privada que assumiu funções do poder público (vigiar normas técnicas) e deu tão certo nos últimos 150 anos a ponto de se transformar num produto de exportação alemão. “Examinado pelo TÜV” está carimbado na placa de cada veículo, no reator de uma central nuclear ou numa escova de dentes. Funciona como atestado de qualidade e respeito às normas (legais e técnicas) emitido por organização independente e privada.
No Brasil, uma das três grandes “holdings” regionais dessa organização, o TÜV SÜD (24 mil funcionários, US$ 2,6 bilhões de faturamento) em meados do ano passado conferiu à barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho um macabro “tudo ok” de trágicas consequências. Como assim aquilo que os alemães apontam com tanto orgulho – o autocontrole exercido pelo próprio setor privado da economia – não funcionou no Brasil?
Advogados já consideram como o TÜV – assim como a Vale – terá de assumir no mínimo responsabilidades cíveis pela tragédia, mas o que as investigações e o noticiário de Brumadinho já parecem sugerir é um contexto de falha coletiva que envolve a grosso modo os dois setores (público e privado). Por exemplo, barragens como a de Brumadinho (rio acima) são proibidas em países de tradicional atividade de mineração, como Peru e Chile, por causa de frequentes terremotos.

No Brasil, a técnica obsoleta de confecção dessas barragens (nas quais se utilizam os próprios rejeitos da mina) se arrasta desde a década dos anos 1970. A fiscalização não existe ou é incipiente, numa clara demonstração que talvez o principal problema da burocracia brasileira nem é o excesso dela, mas o fato de que não funciona. E que prevalece em boa parte a mentalidade – nos setores público e privado – resumida na expressão “se nada aconteceu até agora é porque nada vai acontecer”. Pois aconteceu. E deve alterar substancialmente a atmosfera política nacional e internacional para se debater a relação entre desenvolvimento econômico (sobretudo a exploração de recursos naturais, como agricultura e mineração) e proteção do meio ambiente.
Se o governo de Bolsonaro se elegeu apegado em parte à narrativa política de que licenciamento ambiental não pode se transformar em barreira burocrática à atividade empresarial, a tragédia de Brumadinho altera fortemente a percepção que o público tem da questão e, portanto, vai exigir do presidente e seus ministros habilidade política em vez de frases de efeito. A palavra mágica “desregulação” se arrisca a virar palavra maldita. [só que um TÜV SÜD contratado no governo Bolsonaro estará imune è praga da corrupção; 
já o contrato para a Copa 2014 foi na corrupção de todas as corrupções.]
O TÜV SÜD expandiu sua venda de serviços ao Brasil na euforia das obras de infraestrutura para a Copa de 2014. Também empenhada em crescer a todo custo, a organização alemã encontrou aqui nosso jeito tradicional no qual leis “pegam” ou “não pegam”, fiscalização existe sobretudo no papel, a burocracia é pesada e ineficiente e um autointitulado “orgulho nacional”, como a Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro, demonstrou que, se sabia de erros do passado, precisou de mais um desastre para dizer que vai corrigi-los.
Ambiente institucional – a relação entre ideias e interesses – , diria esse tão citado sociólogo alemão, Max Weber, é tudo.
 
William Waack - O Estado de S. Paulo
 

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Moro ofendeu a neutralidade da Justiça

Publicidade da confissão de Palocci ofendeu a neutralidade da Justiça 

Juiz Sérgio Moro optou por revelar conteúdo seis dias antes da eleição 

[as decisões de um juiz, proferidas nos autos, estão sujeitas ao entendimento do magistrado, só sendo possível contestá-las na via judicial = instância superior a do magistrado que as prolatou, excluindo análise do Conselho Nacional de Justiça.

Por óbvio, cabe ao magistrado decidir a ocasião em que um acusado prestará depoimento - tal decisão não está sujeita ao arbítrio do depoente e deverá ocorrer de forma a impedir que o criminoso use o interrogatório em beneficio dos seus interesses.] 

Se era bala de prata, o teor da colaboração do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci tornou-se um atentado à neutralidade do Poder Judiciário, à desejada exposição das roubalheiras do comissariado petista e à boa fé do público. Foi uma ofensa à neutralidade da Justiça porque o juiz Sergio Moro deu o tiro seis dias antes do primeiro turno da eleição presidencial.    Trata-se de um depoimento tomado em abril que não revela o conjunto da colaboração do poderoso detento-comissário. Podia ter esperado o fim do processo eleitoral, até mesmo porque o doutor Moro é pessoa cuidadosa com o calendário. Com toda razão, ele suspendeu dois depoimentos de Lula porque o ex-presidente transforma "seus interrogatórios em eventos partidários". 

Foi uma ofensa para quem espera mais detalhes sobre as roubalheiras petistas, porque a peça de dez páginas tem apenas uma revelação factual comprovável, a reunião de 2010 no Alvorada, na qual combinou-se um processo de extorsão, cabendo a Palocci "gerenciar os recursos ilícitos que seriam gerados e seu devido emprego na campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República".   Traduzindo: Palocci foi nomeado operador da caixinha das empresas contratadas para construir 40 sondas para a Petrobras. Só a divulgação de outras peças da confissão do comissário poderá mostrar como o dinheiro foi recebido, a quem foi entregue e como foi lavado. O juiz Sergio Moro fica devendo essa.

Afora esse episódio, o que não é pouca coisa, a colaboração de Palocci é uma palestra sobre roubalheiras que estão documentadas, disponíveis na rede, em áudios e vídeos, na voz de empresários e ex-diretores da Petrobras. Em julho passado o procurador Carlos Fernando de Souza contou que a força-tarefa da Lava Jato tratou com Palocci: "Demoramos meses negociando. Não tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos". Se as confissões de Palocci à Polícia Federal quebraram a sua barreira de silêncio, só se vai saber quando o conjunto da papelada for conhecido.

Nessa parte da colaboração, Palocci, quindim da plutocracia que se aninhou no petismo, diz na página dois que em 2003 o governo tinha duas bandas: a "programática" e a "pragmática". Ao longo do tempo "a visão programática adotada pelo colaborador (ele) foi sendo derrotada". Na página seis o doutor conta que foi nomeado operador da caixinha das sondas. Isso é que é derrota.   Em 2006, quando estava prestes a ser defenestrado do Ministério da Fazenda, uma pessoa presente a uma conversa no Alvorada ouviu Lula dizendo-lhe: "Pô, Palofi, você não para de mentir?"

Segundo Palocci, de cada R$ 5 gastos nas campanhas, R$ 4 vêm de propinas e a candidatura de Dilma Rousseff recebeu algo como R$ 400 milhões de forma ilícita. Como gerente de uma parte dessa caixa, a palavra está com ele. Até lá, o ex-ministro continuará na carceragem de Curitiba onde teria um pequeno cultivo de alecrim e lavanda, ecoando o jardim do falsário Louis Dega na Ilha do Diabo. (Dustin Hoffman no filme "Papillon".)

Antes mesmo da "bala de prata", Lula, Haddad e o comissariado tinham motivos para duvidar que a postura de soberba castidade do PT teria um preço. A conta chegou: a rejeição a Haddad subiu 9 pontos em cinco dias, chegando a 41%, segundo o Datafolha. É rejeição ao PT e ao "Andrade" que percorre o Brasil blindando-o. Faltam cinco dias para o primeiro turno e nesta quinta-feira (4) os candidatos irão ao último debate. A ver. 




 

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Queiram ou não, gostem ou não, escrevam ofendendo ou elogiando, DONALD TRUMP é o presidente dos EUA e fará o melhor para seu País

Nacionalistas fazem saudação nazista para celebrar presidente eleito: ‘Heil Trump’

Evento do movimento Direita Alternativa reuniu cerca de 200 pessoas em Washington, com discurso marcado por ataque a minorias

Integrantes do movimento racista e antissemita Direita Alternativa fizeram saudações nazistas durante um evento em Washington, no último sábado, no qual celebraram a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Em um vídeo publicado no YouTube pela revista "The Atlantic", é possível ver Richard Spencer, presidente do Instituto Nacional de Política e líder da Direita Alternativa, iniciando seu discurso com a saudação "Heil Trump! Heil our people! Heil our victory".

'Hail Trump!': Richard Spencer Speech Excerpts

Cerca de 200 nacionalistas participaram da conferência anual do Instituto Nacional de Política e ouviram o discurso de Spencer, marcado por mensagens racistas e ataques a minorias. De acordo com a "The Atlantic", ele pediu uma "limpeza étnica pacífica". — Os Estados Unidos foram até esta última geração um país branco, projetado para nós mesmos e para a nossa posteridade. É nossa criação, é nossa herança e pertence a nós.

Segundo a revista, Spencer discursou depois do jantar, quando a maioria dos jornalistas já tinha ido embora. O público reagiu com fortes aplausos e saudações nazistas.


Ele afirmou que o presidente eleito tem posições muito amigáveis com as minorias e com os judeus por deixar a porta aberta para uma futura anistia aos imigrantes “bons”.  Além disso, o líder nacionalista referiu-se à imprensa como "Lügenpresse", um termo alemão usado por nazistas para chamar os seus críticos.  O vídeo foi extraído de um documentário da "Atlantic" sobre Spencer, que será estreado em dezembro.

Fonte: O Globo

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

PT se acovarda e desiste de convocar 7 de setembro pro Dilma

Para não repetir Collor, PT recua sobre ir às ruas de verde e amarelo no feriado da Independência

Partido queria fazer ato de apoio a Dilma e Lula no dia 7 de setembro

Menos de 24 horas depois de convocar os militantes para ir às ruas vestidos de verde e amarelo no Dia da Independência, na próxima segunda-feira, em defesa da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, o PT recuou e desistiu da ideia. Em agosto de 1992, o ex-presidente Fernando Collor pediu ao povo para ir às ruas com as cores da bandeira brasileira, em apoio ao seu governo. O pedido inspirou o protesto dos caras-pintadas, que foram às ruas de preto. [caras-pintadas de triste memória; um dos líderes dos jovens, aproveitou a ocasião, o tal Lindberg,  ingressou na política, hoje é senador - pelo maldito partido PT = Perda Total e é acusados de vários atos de corrupção =  ser corrupto é, com raras exceções,  regra entre os petistas.]
 
Um texto publicado no site do partido no final da tarde de quarta-feira dizia: “A direção nacional do partido está mobilizando a militância em todo o país de verde e amarelo em defesa da democracia, de Dilma, Lula e contra o golpe”. A convocação foi destacada durante o dia de ontem na página principal do site do partido. O presidente do nacional da legenda, Rui Falcão, chegou a republicar em sua conta no Twitter um chamamento feito pela liderança do PT no Senado para que os militantes aderissem ao uso do verde e amarelo no 7 de setembro.

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Depois de O GLOBO questionar o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, responsável pela comunicação da legenda na internet, sobre a publicação, o partido alterou o texto.Essa é um movimento que está sendo feito pelo PT de Brasília — afirmou Cantalice, negando participação da direção nacional da legenda na mobilização, ao contrário do que estava escrito no texto publicado no site.
  No começo da noite de ontem, o trecho do texto foi alterado para: “A direção nacional do partido está mobilizando a militância em todo o país a ir às ruas com as bandeiras do Brasil e do PT, em defesa da democracia”. — Resolvemos mudar para não parecer que estamos querendo confusão — justificou Cantalice. O verde e amarelo tem sido usado pelos participantes de manifestações contra o governo federal. Neste ano, já foram três grandes protestos, que aconteceram nos dias 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto.

DILMA PARTICIPARÁ DAS ATIVIDADES DO DIA 7
O Revoltados Online, um dos movimentos que têm participado os atos contra Dilma, programou um protesto para o dia 7 em Brasília com o objetivo de constranger a presidente durante o desfile do Dia da Independência. Mas mesmo correndo o risco de ser vaiada, Dilma já decidiu participar, como fez nos outros anos, do desfile. O governo aposta que a maioria do público será formado por famílias interessadas em assistir ao desfile e à apresentação da esquadrilha da fumaça.

De acordo com o vice-presidente do PT, o objetivo do partido é apenas convocar os militantes para participarem da 21ª edição do Grito dos Excluídos, manifestação organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com apoio de outros movimentos sociais, que acontece tradicionalmente no dia 7 de setembro. — Não queremos fazer nenhum confronto ou medição de força. O que existe é uma convocação para engrossar as manifestações do Grito dos Excluídos — disse Cantalice. [esses trastes que se apresentam como 'excluídos' são reles integrantes de movimentos sociais petistas que, como todo movimento petista é integrado por vagabundos que participam a troco de R$ 30,00, um copo de refresco e pão com margarina = depois da descoberta da roubalheira a direção petista cancelou o sanduba de mortadela.]

Fonte: O Globo
 

sábado, 18 de julho de 2015

Governo Federal conta os mais pobres - Governo federal suspende verbas do 'Minha Casa' das famílias mais pobres

No primeiro semestre, o governo contratou 202.064 mil unidades do programa.  

Apenas 3,66% dessas casas foram destinadas às famílias dessa faixa de renda

 O governo federal suspendeu novas contratações da faixa 1 do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, a que contempla as famílias mais pobres, que ganham até R$ 1,6 mil por mês. Quase 4 milhões de famílias precisam de moradia no Brasil. No primeiro semestre deste ano, o governo contratou 202.064 mil unidades do programa de habitação popular, uma das principais vitrines da presidente Dilma Rousseff. Apenas 3,66% dessas casas foram destinadas às famílias da faixa 1. As contratações para esse público só ocorreram no início do ano e estavam relacionadas a contratos acertados em 2014, mas que ficaram para 2015. Na prática, o programa de habitação popular deixou de contratar moradias para o público que mais precisa dele.
A orientação dada pelo governo é não fechar mais contratos para essa faixa inicial do Minha Casa, enquanto não colocar em dia os pagamentos atrasados das obras. A grande maioria das moradias que foram contratadas no primeiro semestre deste ano será construída para abrigar famílias que ganham acima de R$ 1,6 mil, até o teto de R$ 5 mil por mês. Elas participam das faixas 2 e 3 do programa.

Promessa descumprida

Os dados mostram que o governo descumpriu a promessa de construir 350 mil novas casas no primeiro semestre deste ano. O anúncio oficial da prorrogação da segunda etapa foi um agrado para o setor da construção civil, que tinha medo do que realmente viria a acontecer: uma paralisia do segmento. A promessa de criação da fase 3 do Minha Casa foi usada durante a campanha eleitoral, mas o lançamento do programa foi adiado várias vezes, principalmente por causa da frustração da arrecadação de impostos. Neste ano, o orçamento do Minha Casa caiu de quase R$ 20 bilhões para R$ 13 bilhões.

Fonte: Correio Braziliense