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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

China comunista, Brasil vermelho

“Os chineses compraram a África e estão tentando comprar o Brasil” – disse, em 2010, Antonio Delfim Neto, raposa velha que já foi e já fez de tudo por essas bandas (inclusive assessorar Lula, o Chacal). 

Hoje, passados quase oito anos da denúncia premonitória do ex-titular de algumas pastas ministeriais (entre elas, as da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento), a China – sempre fazendo “negócios da China” – não só comprou e ocupou boa parte do território nacional, como fincou suas garras nos mais diversos setores da nossa economia, a destacar, além de hidrelétrica e refinaria, empresas automotivas e de transportes pesados, de mineração, siderurgia, gás, petróleo, construção civil e até bancos afinados com o mais refinado capitalismo de Estado, mil vezes mais deletério do que o moribundo capitalismo selvagem.
(Antigamente se falava do “imperialismo ianque”, mas reina silêncio absoluto em torno da nociva invasão chinesa que, agora, para inocular a peçonha comunista, usa a retórica do globalismo).

A coisa chegou a tal ponto que o próprio diretor-geral da FAO,  agência da famigerada ONU para Alimentação e Agricultura, chamou a atenção do mundo para o avanço do neocolonialismo chinês no território africano – neocolonialismo tido pelos nativos como “predatório, odioso e animalesco”.  Os africanos protestam contra o que chamam de “mercantilismo de palitinhos”, caracterizado como pura e simples pilhagem dos seus recursos e commodities, em geral lastreada por contratos obscuros modelados pelos chineses.

Só para exemplificar o modus operandi dos asiáticos na África: tornou-se célebre o caso de uma mina de carvão na Zâmbia em que, devido a manifestação de protesto contra  baixas condições de segurança e de salários, dezenas de trabalhadores foram dispersos a bala pelos gerentes chineses – o que gerou comoção nacional e o repúdio da população.
Por sua vez, numa outra vertente, a militarista, autoridades do Quênia, esbulhados pelos asiáticos na construção de uma ponte, asseguram que o governo chinês negocia com qualquer regime, inclusive os repressivos, fornecendo jatos, veículos militares e armas para países belicistas como Zimbabwe, Sudão e outros que tais. “Em alguns casos, a China opera” – dizem os líderes africanos – “sem escrúpulos morais ou limites éticos”. No ramo do agronegócio, para plantar soja, milho e outras cositas, os chineses já compraram, desde o alerta do Delfim, terras em profusão no oeste baiano e num extenso conjunto de áreas do cerrado do Maranhão, do Piauí e do Tocantins conhecido pela sigla “Mapito”.

Recentemente, o próprio Michel Temer viajou à Pequim (cidade mais poluída do mundo) para oferecer a Eletrobrás e outras empresas, provavelmente a preço de banana, tal como fez FHC com a Vale do Rio Doce. Qual é o problema? – questionarão esquerdistas e progressistas de toda ordem. Precisamos sair da crise e dinheiro novo é sempre bem vindo, sobretudo neste quadro de insolvência em que o País se desmancha. Concordo, pois sou a favor da redução do Estado e, quando à frente da pasta da Cultura no escorraçado governo Collor, lutei dia e noite para fechar a corrupta Embrafilme e dezenas de fundações parasitárias a serviço da subversão na área cultural.

Mas o problema é que, por trás dos homens de negócios chineses, com seus “investimentos estratégicos”, se escamoteia a fúria expansionista de um regime comunista de linha marxista-leninista, consagrada pela recente elevação de Xi Jinping ao trono do império chinês, em tudo semelhante à exercida pelo ditador (pedófilo) Mao Tse Tung, o “Grande Timoneiro”, que atingiu a apoteose na era da sangrenta Revolução Cultural (quando expurgou e mandou fuzilar  cerca de um milhão de professores, estudantes, intelectuais e artistas considerados dissidentes).

Embora apontado como secretário-geral por 2.300 delegados presentes no XIX Congresso do PCC, em outubro, Xi Jinping, seguindo o dogma do “centralismo democrático” soviético, já comanda a cúpula do Politburo chinês (composto por 18 vassalos) com mão de ferro, apelando para o total controle da sociedade pela prática da espionagem, da censura, da brutalidade do Estado policial e, no plano externo, da inevitável escalada armamentista para implantação de uma “nova ordem mundial”.
Na agenda de Xi, como é notório, gays, lésbicas, muçulmanos, ecologistas, religiosos, internautas e suas redes sociais continuarão sendo caçados com porretes, prisões e penas de morte. Dissidentes e ativistas, por sua vez, continuarão sendo empurrados, aos milhares, para campos de trabalhos forçados e de reeducação política e ideológica, exatamente como fizeram Lenin e Stalin.

O mais curioso em tudo isso é que, no Brasil, o pessoal dos “direitos humanos”, legiões de gays, lésbicas, ambientalistas, movimentos sociais e a mídia amestrada permaneçam de bico calado, deixando pra lá o drama de um bilhão e trezentos milhões de chineses – 600 milhões dos quais sobrevivendo, esquecidos e abandonados, na sombria miséria do meio rural.

Quanto a mim, penso que poucos políticos brasileiros possam se antepor ao neocolonialismo chinês em marcha e estimular, na alma da sociedade, a criação de uma agenda de resistência comprometida com desenvolvimento sem coação e sem medo de assegurar as liberdades fundamentais que dão substância ao indivíduo.
Aponto Bolsonaro como um deles.
Até.

Ipojuca Pontes, cineasta, jornalista, e autor de livros como ‘A Era Lula‘, ‘Cultura e Desenvolvimento‘ e ‘Politicamente Corretíssimos’, é um dos mais antigos colunistas do Mídia Sem Máscara. Também é conferencista e foi secretário Nacional da Cultura.


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