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sábado, 17 de fevereiro de 2018

O Governo Federal intervém na segurança do estado e transfere para as Forças Armadas o controle das polícias Civil e Militar - Necessidade ou populismo?

Governo Federal intervém na segurança do Rio de Janeiro e altera agenda política – um esforço para conter a maior crise de segurança da história do Estado. Além da promessa de melhorar a vida dos cidadãos que se tornaram reféns da violência, a medida altera a agenda política do País 

EM AÇÃO Homens das Forças Armadas na favela da Rocinha: eles agora estão no comando do combate ao crime (Crédito: Carl de Souza)

A calamidade na segurança pública do Rio de Janeiro e a vertiginosa escala dos indicadores de violência nas últimas semanas culminaram em uma inédita intervenção federal no Estado. O decreto assinado pelo presidente Michel Temer às 13h31 da sexta-feira 16, com transmissão em rede nacional, precedeu o pronunciamento no qual o chefe do Executivo expôs a urgência de intervir na segurança do estado: “Eu tomo essa medida extrema porque as circunstâncias assim exigem”, disse Temer, comparando o avanço da criminalidade a uma metástase que ameaça o Brasil inteiro. “É intolerável que estejamos enterrando pais e mães de família, trabalhadores inocentes e policiais, além de ver bairros inteiros sitiados, escolas sob a mira de fuzis e avenidas transformadas em trincheiras. Basta. Não vamos aceitar que matem nosso presente nem que continuem a assassinar nosso futuro”. O tom adotado pelo presidente foi de quem chama a responsabilidade para si. É uma decisão arriscada. Se a estratégia der resultado, Temer se apresenta à nação como o estadista que derrotou a bandidagem e restaurou a ordem. 
DESORDEM Foliões reagem a uma tentativa de assalto na Lapa, região central do Rio (Crédito:Marcelo Regua)

Caso falhe, as ambições políticas do presidente ficarão seriamente comprometidas. [Temer nada tem a perder, seja na recuperação econômica ou na segurança pública (na economia - apesar do traidor Janot, que foi ajudado em sua sabotagem sistemática ao governo Temer, por parte do Judiciário e de alguns políticos - ele está tendo algum êxito que, mantidos e um pouco aumentados, favorecerão sua imagem);

na Segurança Pública, apesar do pouco tempo que lhe resta de mandato, se agir com energia (o que inclui mandar o Jungmann para casa) firmeza e a tal turma dos 'direitos humanos' e a Constituição vigente não atrapalhar, poderá também ter bom êxito, não total, mas, apreciável.

Se tudo correr errado, mesmo fracassando totalmente, Temer nada tem a perder - é esta a vantagem da sua falta de popularidade, atualmente beirando os 6%.

 O crime organizado no Brasil é perigoso, especialmente por ter dois fortes aliados:
- a turma dos direitos humanos (sempre a favor dos bandidos, sempre procurando favorecer os bandidos, mesmo quando aqueles tripudiam sobre os DIREITOS HUMANOS dos HUMANOS DIREITOS) e a legislação, especialmente a Constituição Federal e o seu famoso artigo 5º.
Os dois fatores citados atrapalham o combate ao crime organizado mais que o arsenal dos criminosos.]

O decreto assinado por Temer transfere o comando das polícias Civil e Militar fluminenses para o general Walter Souza Braga Netto, um dos responsáveis pela coordenação da segurança durante os jogos Rio 2016 e que já atuou no serviço de inteligência do Exército. Como interventor, Braga Netto responde diretamente ao presidente da República. A decisão afasta o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá, dá às Forças Armadas carta branca para tomar medidas de combate ao crime e esvazia o poder do já desgastado governador Luiz Fernando Pezão. “Começamos uma batalha cujo caminho só pode ser o sucesso”, afirmou Temer. Antes do decreto de intervenção, o Rio de Janeiro já estava sob a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que significa que qualquer operação de segurança precisava de autorização da Presidência da República. Pezão achou que este trâmite provocava um vácuo entre as ações. Como a situação saiu do controle nas últimas semanas, o governador disse a interlocutores de Temer que combater o tráfico de armas e de drogas é responsabilidade federal. Citou o caso extremo em Angra dos Reis, onde bandidos tentaram invadir a Usina Nuclear e o prefeito Fernando Jordão cogitou pedir o desligamento dos reatores, caso não houvesse um esquema de segurança para a cidade.

Na capital, o caos na segurança foi agravado pela brutal onda de violência registrada durante o carnaval. Houve arrastões, roubos, tiroteios. O primeiro dos dois arrastões em Ipanema aconteceu na madrugada do domingo 11, quando um grupo de jovens com idades entre 13 e 20 anos realizaram roubos em série na Avenida Vieira Souto, em um período de cerca de três horas. Na terça-feira 13, cerca de 150 pessoas foram presas acusadas de fazer arrastões na região central da cidade. Imagens de assaltos e saques chocaram o País. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), ficou distante das festas — e dos problemas. Ele viajou com a família para a Europa. Postou nas redes sociais um vídeo explicando que embarcaria para conhecer uma agência espacial e empresas de tecnologia de segurança. “Vamos à Alemanha, vamos à Áustria, vamos à Suécia, mas quinta-feira a gente já está de volta. Só aproveitando essa folguinha de carnaval para ir buscar uma coisa que o Rio estava precisando”, disse. 

(...)

A reunião durou cerca de sete horas. Já no final da noite, Temer chamou os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e da Câmara, Rodrigo Maia, já que o decreto de intervenção federal precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. Foi quando a tensão tomou conta do encontro. Filho do ex-prefeito do Rio, César Maia, e de olho na disputa ao governo do estado, Rodrigo Maia não concordou com a intervenção. Também não gostou de não ter sido consultado antes da definição do decreto. Quando chegou ao Alvorada, tudo já havia sido decidido e planejado pela equipe de Temer. Em determinado momento, houve bate-boca entre o deputado e o ministro da Justiça. Os aliados de Temer disseram que Maia poderia ser responsabilizado publicamente pela crise na segurança pública caso não concordasse com o decreto. O presidente da Câmara, então, quis ouvir a opinião de Pezão. “Não há outra alternativa”, respondeu o governador. Maia acabou cedendo e concordou com a intervenção. “É uma decisão muito dura e extrema. Parece que nessas condições a forma de restabelecer a ordem no Rio é agora. Está se dando um salto triplo sem rede: não dá para errar”, disse Maia na sexta-feira.

  GOTA D’ÁGUA Trecho da ciclovia destruído com os temporais: cadê o prefeito? (Crédito:Marcos de Paula)

 Reforma da previdência

Quem mais está se arriscando é o próprio Temer. Se for bem-sucedido, ele pode amenizar a sua baixa popularidade — hoje na casa de 6%. Ao atacar de frente o problema da violência num dos mais importantes estados do País, ele não só entra na seara da segurança pública como hasteia a mesma bandeira do pré-candidato ao Palácio do Planalto Jair Bolsonaro (PSC). Com Lula fora do páreo, o ex-capitão passou a liderar as pesquisas de intenção de votos, com 18%. Outro fator positivo gerado com a intervenção no Rio é o adiamento da Reforma da Previdência. Segundo o inciso 1º artigo 60: “A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio”. A lógica é que, em momentos como esses, a ordem institucional está sob uma grave instabilidade, que torna inoportunas as alterações constitucionais. 
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Ainda que não tenha viés populista, a intervenção não é unanimidade entre especialistas

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Perfil combativo
O interventor militar que a partir de agora comandará as forças de segurança do Rio de Janeiro, general Walter Souza Braga Netto, 60 anos, é o atual comandante militar do Leste, que coordena as atividades do Exército nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Mineiro de Belo Horizonte, ele tem sob suas ordens mais de 50 mil militares e esteve à frente da segurança da Olimpíada de 2016. O general integrou também a operação que envolveu as Forças Armadas na crise de segurança no Espírito Santo, no ano passado. Braga Netto fez parte do serviço de inteligência do Exército, tem um perfil combativo e vem se mostrando um colaborador ativo da polícia do Rio de Janeiro.

MATÉRIA COMPLETA em  IstoÉ

 

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