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domingo, 6 de dezembro de 2020

Ricardo Kotscho quer povo atemorizado e políticos obedientes à mídia

Cristian Derosa

Em 2003, o auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva ajudou a articular a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, que pretendia controlar a mídia. O Conselho foi barrado no Congresso Nacional, à epoca ainda levado a sério. Logo depois, começou o Mensalão de Lula e Kotscho... Em seguida, diante da cumplicidade do STF, o Petrolão... 

Os ensinamentos de Stalin, Hitler  e Mao seguem fazendo escola.

Em defesa do medo popular e da submissão política aos grandes grupos de comunicação, o jornalista Ricardo Kotscho inverte o sentido da expressão estelionato eleitoral, subvertendo, assim, a definição de democracia.

Em sua coluna no UOL, o jornalista diz ser melhor que o povo esteja atemorizado e que os políticos eleitos obedeçam cegamente ao tom das manchetes dos grandes jornais ao invés de seus eleitores. Ele culpa a falta de medo do povo sobre o vírus chinês e um certo medo político de desagradar eleitores pela segunda onda da doença que estampam as manchetes dos grandes jornais do país. Paradoxalmente, ele chama de “estelionato eleitoral” o fenômeno em que políticos teriam receio de desagradar aqueles que os elegeram.

Na concepção do 'jornalista' lulista, a função do político seria priorizar exatamente o que o seu eleitor não quer que ele faça, sob pena de parecer oportunista ou populista. Trata-se da desilusão jornalística com a democracia, que em nome de um elitismo social, considera a sociedade incapaz de decidir por si mesma. A liberdade do povo passa a ser aquela definida nos termos dos especialistas segundo a realidade impressa nos jornais. “O povo perdeu o medo da covid-19 e os governantes relaxaram, com medo de desagradar os eleitores com novas restrições. A junção desses dois fatores ameaça levar hospitais públicos e privados ao colapso”, diz o 'jornalista', que já foi secretário da Presidência de Lula, entre 2003 e 2004.

Imaginem a seriedade do indigitado! Assessor do maior ladrão da história do Brasil!

Kotscho, assim, culpa o povo por simplesmente viver, o que a partir da cobertura pandêmica de 2020, passou a designar crime de irresponsabilidade. A um 'jornalista' experiente como ele, não escapa a distinção entre realidade midiática e a realidade social. Ao contrário do que indica essa distinção elementar, o 'jornalista' subscreve a ideologia segundo a qual cabe ao jornalismo determinar a verdade segundo as suas próprias concepções de bem estar social, independente do que diga ou pense a sociedade, base da democracia.

Em 2003, Kotscho ajudou a articular por dentro do governo a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, que teria, segundo ele, a função de “zelar pela profissão, em defesa da própria profissão e em defesa da sociedade”.  Para ele, o jornalismo tem uma função ordenadora da sociedade, o que significa dizer que as crenças, ideologias ou concepções do universo devem ser determinadas pelo conteúdo dos jornais. Mais do que isso, do jornalismo depende o equilíbrio do universo.

Assim, o político ideal, neste sentido, seria aquele que não se preocupa com o voto de seu eleitor, aparentemente por independência, mas ao invés de seguir a própria consciência deve seguir o que está escrito nos jornais, reflexo da “inteligência nacional” manifestada pelo ídolo da “opinião pública” esclarecida. Este ideal faz parte da crença burguesa da sociedade esclarecida como guiadora moral do povo inculto e inferior. A doutrina da inferioridade popular ficou conhecida no século XX por sua relação com a eugenia, assim como o higienismo social.

Essa doutrina nunca foi tão agressiva, violenta e radicalizada ao encarnar-se na pressão política exercida pelos jornais como incentivo e suporte a condutas autoritárias da política.

A ideologia de Kotscho aparece em declarações como a do prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, no último Roda Viva, quando o político ameaçou fechar o comércio, fonte de sustento de milhares de pessoas, em um aparente ato de benevolência “independente”, que não leva em conta a opinião do seu próprio eleitor ou o interesse da sociedade, mas ao conteúdo sensacionalistas dos jornais. 

Busca encarnar, assim, o interesse máximo dos grandes grupos de comunicação e entidades internacionais em nome de uma doutrina neo-higienista a ser imposta à toda a sociedade. “Se estão achando que a doença acabou, eu fecho tudo de novo. E disse em alto e bom som lá na entrevista coletiva, se quando eu precisava de voto eu fechei, imagina agora que eu não preciso”, ameaçou o prefeito reeleito pelo povo de Belo Horizonte no programa transmitido ao vivo.

Estudos Nacionais - Cristian Derosa


terça-feira, 7 de julho de 2020

Liberdade de expressão - J.R. Guzzo


10 questões para você entender a gravidade do projeto das fake news

[senhores senadores: fica a impressão que os senhores fizeram bobagem e das grandes.]
A seguir um teste simples, que não requer prática nem habilidade para ser respondido, sobre o que realmente vale o projeto de lei das “fake news” que o Senado acaba de aprovar por 44 votos, num total de 81 possíveis:
1) Qual o delito, além da calúnia, da difamação e da injúria, que alguém pode cometer utilizando a liberdade de expressão?

2) Se esses três são os únicos crimes possíveis, e todos já estão previstos no Código Penal Brasileiro, com penas de multa, prisão ou reclusão para os infratores que a Justiça considerar culpados, por que é preciso fazer uma nova lei sobre o assunto?

3) A lei pretende punir as mentiras contadas nas redes sociais, mas nada  prevê em relação às mentiras ditas nas demais atividades humanas. Quer dizer que é proibido mentir na internet, mas é permitido mentir na primeira página do jornal, no horário nobre da TV ou num discurso qualquer?

4) A lei pretende regular as redes sociais com “mais de 2 milhões de usuários”. E numa rede que tenha, por exemplo, 1.999.999 usuários, vale tudo?

Quem matou mais: Hitler, Mao ou Stalin?

5) Você acredita na honestidade dos membros do “Conselho” que a lei quer criar para decidir o que está certo e o que está errado nas afirmações e mensagens transmitidas nas redes sociais? Uma pista: senadores e deputados federais farão parte desse “Conselho”.

6) Segundo as pretensões da nova lei, tudo o que as pessoas disserem ou escreverem no celular, até no seu grupo de zap, poderá ser rastreado e armazenado num depósito eletrônico qualquer gerido pelas “autoridades”. Qual a garantia de que nenhuma das coisas que você disse será utilizada em benefício próprio de quem gravou?

7) Por que motivo todos os senadores atualmente acusados de corrupção votaram a favor do projeto?

8) Por que o PT, os ministros do STF que mandam soltar ladrões e todos os que estão na boca do povo apoiam a repressão às “fake news”?

9) Um dos princípios fundamentais do Direito brasileiro (e do resto do mundo onde vigora algum tipo de lei) diz que não pode haver punição sem prévia cominação legal – ou seja, é preciso estar escrito em algum lugar o que, exatamente, tem de ser punido. Em que ponto a lei aprovada diz com clareza o que entende como “mentira”?

10) A propósito: alguém é realmente capaz de definir o que é “verdade” para pode dizer o que é mentira?
O teste poderia ter mais dezenas de perguntas. Mas já está bom assim, não é mesmo?

J.R.Guzzo, jornalista  - Gazeta do Povo -Vozes


segunda-feira, 8 de junho de 2020

O caminho do arbítrio - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S.Paulo

Estamos vivendo um processo semelhante ao da Venezuela chavista, só que de sinal trocado

Urge que o presidente Bolsonaro pare sua escalada rumo ao autoritarismo, mediante o uso indiscriminado do arbítrio. Decisões presidenciais num Estado democrático passam por uma série de mediações, sendo as mais importantes o Legislativo e o Judiciário, e no que concerne a este último, o STF. Arrogar a si a verdade e a decisão arbitrária só é fonte de confrontos incessantes.

Acontece que o presidente e sua família operam segundo a concepção schmittiana da distinção entre amigo e inimigo, fazendo que qualquer crítica ou divergência seja vista sob o prisma do inimigo a ser atacado. O mesmo vale para amigos em definições mutáveis, pois, ao passarem a ser considerados uma ameaça, tornam-se inimigos a ser abatidos – os casos mais eloquentes, Bebianno, Moro e Santos Cruz.

A distinção amigo-inimigo não é, todavia, exclusiva da extrema direita, vale também para a esquerda. O próprio Carl Schmitt, após ter sido apoiador entusiasta de Hitler, escreveu, no pós-guerra, que Mao e Lenin se encaixavam na mesma concepção, tecendo-lhes elogios. Chávez e agora Maduro são seus discípulos. A distinção lulopetista entre “nós” e “eles” é dessa mesma estirpe.

No caso da experiência venezuelana, considerada por Lula um exemplo de democracia, processou-se a subversão da democracia por meios democráticos. As instituições democráticas foram inicialmente preservadas, enquanto o seu interior foi progressivamente minado. A imprensa e os meios de comunicação em geral foram, passo a passo, calados, o Legislativo perdeu suas funções, com o presidente passando a legislar por decretos, e o Supremo Tribunal, após ser atacado, foi cooptado. Milícias foram criadas e passaram a violentar e controlar os cidadãos.

No Brasil, estamos vivendo um processo semelhante nos seus inícios, só que de sinal trocado. Da extrema esquerda passamos para a extrema direita. [mudança que por si só já vale qualquer sacrifício para consolidar e ampliar.] Os ataques sistemáticos à imprensa, aos meios de comunicação em geral e o financiamento e operação organizada de grupos encarregados de difundir fake news mostram essa tática de ataque ao “inimigo”. A ameaça de ruptura institucional, apesar de apresentada como defesa da democracia contra o espantalho do comunismo, é outro de seus braços. A constituição de milícias digitais, agora tornadas milícias de rua, até mesmo armadas, caso do grupo liderado por Sara Winter, é outro de seus instrumentos. A antiga bandeira preta da Ucrânia, símbolo da extrema direita naquele país, é o seu símbolo.

Na mesma linha, a declaração presidencial de que população brasileira deve ser armada para não ser escravizada procura, na verdade, a servidão dessas forças ao domínio da extrema direita. Uma coisa é a posse de armas no legítimo exercício da autodefesa, um direito; outra, muito diferente, é armar a população para se opor às autoridades, como os governadores de Estado, por suas políticas de combate à pandemia.

Contudo parar esse processo rumo ao precipício exige moderação do presidente, com a subsequente alteração da equipe governamental mediante o afastamento dos mais exaltados, os ideológicos. A perseguir tal política, as crises sanitária, política e econômica só tendem a se agravar, levando o País a um impasse perigoso, estando o próprio mandato presidencial em questão.

As recentes manifestações de reação a este autoritarismo por meio de vários manifestos pela democracia exibem uma sociedade atuante, ciente de que suas instituições devem ser defendidas independentemente dos governos. A democracia é tida por um valor maior, situado acima das contendas políticas e partidárias. No entanto, não deveria esse processo ser conduzido sob o modo de uma nova polarização, embora possa ser necessária num primeiro momento, sob pena de outra forma de autoritarismo surgir novamente no horizonte. O impasse institucional seria o seu resultado.

Salta à vista que dois terços da população brasileira não são pró-democracia, apesar de serem anti-Bolsonaro. Aí estão incluídos, por exemplo, os responsáveis pelo mensalão, que minaram o sistema representativo com a corrupção e o descalabro fiscal, para além das tentativas, felizmente infrutíferas, de controle da imprensa e dos meios de comunicação, apresentadas naquele então como sendo a verdadeira democracia. Para não falar das milícias do MST infernizando o campo brasileiro. Convém estar atentos a esses “novos democratas”.

Deve-se olhar igualmente com precaução a participação de torcidas organizadas nas manifestações, pois considerá-las como democráticas é outro equívoco. Na pressa de uma oposição atuante nas ruas, corre-se o risco de confundir alhos com bugalhos, na medida em que se caracterizam por serem uma espécie de quadrilhas, cujo prazer é extraído do uso da violência.

A sociedade brasileira deve sair da polarização, tendo como norte a democracia, sob pena de perpetuarmos o impasse pelos próximos dois anos e meio, além de corrermos o perigo de nele permanecer por mais quatro anos, seja sob a égide da extrema direita, seja da extrema esquerda.

Denis Lerrer Rosenfield Professor de filosofia na UFRGS - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 4 de março de 2020

"A voz do povo" - Alexandre Garcia

Correio Braziliense


''O presidente não tem os poderes para governar, mas tem a responsabilidade de governo. 

O Congresso manda no orçamento e não tem o ônus de arrecadar os recursos, nem a responsabilidade de governar

Ou seja, tem o bônus de gastar''

Nós, brasileiros, não perdemos a mania de discutir o evidente. Isso acontece porque não nos damos conta do óbvio. A Constituição começa dizendo que “todo poder emana do povo”. Se democracia é a vontade da maioria, então o poder emana da maioria do povo. Mas uma grande maioria da dita intelectualidade contesta essa obviedade. Afirma que democracia não é a vontade da maioria. Que a vontade da maioria vira ditadura contra a minoria. E que, portanto, é preciso impor, sim, a vontade da minoria, para que haja democracia. Os gregos chamavam isso de sofisma. O sofisma vem, a propósito, da minoria derrotada na última eleição presidencial, numa insistência miliciana, demostrando não aceitar que por quatro anos o país seja governado de acordo com os princípios de uma maioria de mais de 57 milhões de eleitores.

Isso não é de agora. Sou eleitor desde 1960 e já participei de três consultas populares cujos resultados foram desprezados pelos legisladores, sem cobrança por parte dos meios de informação. Em 6 de janeiro de 1963, os brasileiros se pronunciaram em plebiscito a favor da forma presidencial de governo em 82%; o sistema parlamentar ficou em 18%. Trinta anos depois, em 21 de abril de 1993, em referendo, quase 70% dos eleitores afirmaram preferir uma república presidencial; e 30% ficaram com a forma parlamentar de governo republicano.
Ainda assim, nossa Constituição mantém uma forma Frankenstein de governo, em que o presidente não tem os poderes para governar, mas tem a responsabilidade de governo. 
O Congresso manda no orçamento e não tem o ônus de arrecadar os recursos, nem a responsabilidade de governar. 
Ou seja, tem o bônus de gastar.
[apesar de ser público e notório que as conclusões deste parágrafo estão fundamentadas na Constituição de 1988, é sempre conveniente a leitura seja pelo Parlamento - que só tem competência constitucional para legislar - seja pelo Judiciário - que pelo texto constitucional não legisla, nem governa.]

O mesmo aconteceu com o referendo sobre armas, em 23 de outubro de 2005, sobre a lei que queria proibir o comércio de armas. Apenas 34% concordaram. E 64% foram contra, a favor das armas. Ainda assim, as restrições ao sagrado direito da legítima defesa continuaram no Estatuto do Desarmamento.

O que há com os que foram eleitos para representar seus mandantes? 
Não teriam que refletir a vontade da maioria? 
O parlamento existe para fazer e mudar leis, fiscalizar, criticar, apoiar –– mas não para governar. 
Controlando e usando os recursos de governo, está invadindo o outro poder e o enfraquecendo – alterando o equilíbrio necessário entre os poderes. Quanto à vontade da maioria, ela se impõe nos objetivos governo, mas não em detrimento da minoria, já que os direitos têm que ser iguais para todos, maioria ou minoria. A inversão totalitária dessa igualdade é, a pretexto de justiça, dar mais direitos às minorias, como a prática tem mostrado. E aí temos o paradoxo da “democracia” com mais poder às minorias.

Nos últimos anos, as redes sociais deram voz a todos, rompendo o monopólio dos meios tradicionais de informação. Democratizou-se a informação, mesmo com a resistência dos que dominavam a opinião e a informação. Antes da era digital,  a forma de conduzir multidões foi manter uma minoria no comando dos instrumentos que poderiam controlar corações e mentes. Foi esse tipo de máquina de engodo e convencimento que ajudou a manter no poder ditadores como Mussolini, Hitler, Stálin, Mao, Castro. Uma minoria do partido, ou da ideologia, com o monopólio da informação e da voz, fazia prevalecer a vontade, o domínio do pensamento. Quem acompanhou a Constituinte de 1988 sabe muito bem como a voz da minoria produziu consequências. Agora a voz do povo já dispensa intérpretes para atravessar o concreto das duas cúpulas de Niemeyer.

Alexandre Garcia - Coluna no Correio Braziliense




terça-feira, 30 de agosto de 2016

O que falta a madama é o menor senso de loção



Ela concluiu o discurso apelando para uma metáfora grandiloquente, mas totalmente irrealista, ao dizer que a democracia brasileira estava sentada a seu lado no banco dos réus

A presidente afastada, Dilma Rousseff, tentou safar-se da condenação anunciada ao discursar no Senado Federal na própria defesa recorrendo, não a suas eventuais virtudes, mas a suas mais óbvias deficiências: falta de eloquência e confusão mental. Ela concluiu o discurso apelando para uma metáfora grandiloquente, mas totalmente irrealista, ao dizer que a democracia brasileira estava sentada a seu lado no banco dos réus: se terminasse condenada, o tal governo do povo, pelo povo e para o povo, de acordo com os antigos atenienses, sofreria o mesmo a que ela teria sido condenada: a decretação da morte política em nossos tristes trópicos.

Parece até uma imagem bonita, mas é horrenda. Pois ela implica a negação da verdade, que é a única garantia da legalidade e da legitimidade de qualquer pacto (para usar uma palavra da predileção especial dela) pessoal, familiar, social, econômico ou político. Faltar com a verdade implica quebrar qualquer acordo de qualquer natureza. E a sra. Rousseff mentiu da primeira à última palavra de um discurso montado no método cômodo, mas desonesto, do “copia e cola” aplicado pelos espertalhões para esconder seus malfeitos e exagerar eventuais conquistas.

A presidente afastada recorre ao facilitário do “copia e cola” dos redatores preguiçosos desde priscas eras. Joãozinho, um ídolo do Grêmio de Futebol Porto-Alegrense, foi uma vez vítima dessa sua prática ainda nos tempos em que ela trabalhava na assessoria da bancada parlamentar do PDT brizolista na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul

Encarregada de preparar um discurso para ele ler na tribuna, ela entregou ao deputado um texto que já havia sido lido antes por outro membro da bancada. Um atento e rabugento setorista percebeu e denunciou o plágio em seu jornal. Chamada pelo chefe a se explicar, ela saiu-se a seu estilo: “Você quer que eu queime meu bestunto para escrever um texto original para esse idiota?” Na defesa perante os 81 senadores na segunda-feira de manhã, copiou e colou vários textos preparados para ela com a mesma sem-cerimônia aplicada com Joãozinho. Não foi propriamente um autoplágio, pois, na verdade, os autores devem ser ignotos serviçais.

Afinal, ela foi militante de um grupo armado que tinha o objetivo precípuo de substituir com o uso de armas, sequestros, assaltos e mortes uma violência por outra, esta inspirada em tiranos brutais como Stalin, Mao, Pol Pot e, last but not least, seus ídolos de carteirinha, Fidel e Raúl Castro. “Não mudei de lado, continuei lutando pela democracia”, completou.

Ler íntegra da matéria >>>>>


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O aborto, a esquerda e os cães de Pavlov



A maior perda do homo sovieticus é sua separação do coletivo. (...) Sua alma está na sua participação na vida coletiva (...).  Até mesmo a rebelião contra a sociedade soviética ocorre dentro de uma perspectiva coletiva (...). A ideologia unifica a consciência individual e une milhões de pequenos “Eus” num imenso “Nós”.
Alexander Zinoviev, em Homo Sovieticus.

Podemos ver esta característica descrita no romance satírico de Zinoviev em qualquer grupo de esquerdistas na atualidade, como também foi mostrado por Olavo de Carvalho (1), ressaltando, mais recentemente, que ‘(a) característica fundamental das ideologias é o seu caráter normativo, a ênfase no dever ser’”. 

Os grupos ideológicos funcionam exatamente como um bando de cães de Pavlov, não por acaso o inventor da reflexologia, base da pseudo-psicologia que formou o Homo Sovieticus e por tabela os grupelhos comunistófilos que abundam (com trocadilho, please!) no Ocidente: basta alguém soar a campainha e todos começam a salivar selvagemente! 

Eu poderia comentar sobre o re-lançamento do livro Mein Kampf, que suscitou dramas esquizóides terríveis numa esquerda que apoia a selvagem e assassina censura comunista, mas abomina a suavíssima censura da “ditadura militar” dos “anos de chumbo” – tão suave que fez a fortuna de alguns “artistas” e poetazinhos de meia tigela. De tanto defenderem falsamente a liberdade de expressão ficam sem saber o que fazer, pois ninguém toca a campainha para saberem quando salivar.  

Quase 77 anos depois do Pacto Molotov-Ribbentrop – que mostrou a irmandade entre comunistas e nazistas, causando imensas desagregações coletivas e individuais no seio das esquerdas, estas ainda tremem de pavor de tudo que se relaciona àquela época. O único que tentou romper o silêncio coletivo foi o indefectível Veríssimo, dizendo que a obra deveria ser obrigatoriamente vendida com um DVD que mostrasse a selvageria que gerou. Mas ninguém do “coletivo” o acompanhou!  Vá que alguém da terrível “direita” sugerisse o mesmo para as obras de Lenin, Trotsky, Mao, Guevara e outros!

Já o aborto os une, o imenso “Nós” que absolve de tudo os pequenos “Eus” permitindo que defendam o maior genocídio da história da humanidade sem culpa e com a empáfia de quem pontifica sobre uma verdade maior, divina e incontestável.  

Assim Cora Rónai (O Globo, 04-02-2016, segundo caderno) ordena:
“com a epidemia de zika e o aumento explosivo de microcefalia, o aborto tem que voltar a ser discutido! Quem sabe agora, diante do desastre e da gritaria tomem vergonha e tenência”, se referindo a “uma das classes políticas mais cínica e calhorda do mundo” que “foge de qualquer tema que possa desagradar aos religiosos”.   

No dia seguinte (notem a sequência) abre-se a ação coletiva no mesmo jornal. Em editorial intitulado “Microcefalia põe o aborto na agenda de debates”, (O Globo, 05-02-2016) chega-se a inovar sugerindo um “aborto preventivo”, pois o prazo concedido pelo Conselho Federal de Medicina para a anencefalia – 12ª semana é pequeno para a microcefalia, que pode ser diagnosticada tardiamente, com o feto mais desenvolvido. Então, segundo o editorialista deste pasquim, poder-se-ia “dar à gestante a opção de, tendo contraído o zika, decidir pelo aborto”. E termina, reconhecendo que a interrupção da gravidez é um tema “que suscita paixões”: 


“O país está diante de um drama explosivo, que afetará um grupo potencialmente grande de pessoas, e precisa lhe dar uma resposta à altura”.

Sempre que esta gente fala de “discutir”, leia-se impor decisões segundo sua excelsa onisciência, a tal resposta à altura”:
abaixo o feto!

[a ideia estúpida e imbecil dos BOIS e VACAS que defendem o aborto de instituir o ‘aborto preventivo’, vai ajudar e muito na luta contra o aborto de portadores de microcefalia.

O aborto preventivo foi a forma mais cínica e burra dos açougueiros de fetos de defender algo que nem em Cuba, China de Mao ou mesmo no Estado Islâmico se faz: matar para prevenir eventual assassinato. Mais grave quando a vítima do assassinato preventivo é um ser humano inocente e indefeso, ainda no VENTRE MATERNO e existe apenas a possibilidade de nascer com uma doença grave, mas, que eventuais sequelas não causam danos a terceiros.

Inclusive existem provas cabais de portadores de microcefalia que levam uma vida normal e não pode ser olvidado o fato de que a Organização Mundial de Saúde ainda não reconheceu o vínculo entre o vírus ZIKA e a MICROCEFALIA. [inserir link falando de portadores saudáveis da microcefalia]

Leiam os dois POSTs abaixo:





A excelente e competente (em outros assuntos, especialmente informática,  que não envolvam assassinatos de crianças ainda não nascidas) escritora Cora Ronai continua devendo aos seus leitores apresentar a diferença entre a mãe que mata seu filho, através do aborto, e os assassinos do Estado Islâmico que decapitam seres humanos que no conceito de guerra deles são prisioneiros de guerra.] 

O zika e a microcefalia, mesmo sem segura comprovação científica da relação entre as duas coisas, são as atuais campainhas que fazem os cães de Pavlov salivarem sangue de ódio!  Todo o pretexto é válido para “discutir o aborto”. Dona Cora, de modo professoral, diz queInterromper uma gravidez, em qualquer situação, é prerrogativa da mulher”. A ênfase é minha para mostrar que Dona Cora mente!  


 continuar lendo.................................



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A falsidade como meio de vida



Em 2009, já escolhida pelo então chefe, Luiz Inácio Lula da Silva, para lhe suceder na Presidência da República, Dilma Rousseff teve registrada no currículo oficial, divulgado no site da Casa Civil, que chefiava, sua condição de mestre (master of science) e doutora (Ph. D.) em Ciências Econômicas pela Universidade de Campinas (Unicamp).  

Pilhada em flagrante delito pela revista Piauí, ela reconheceu que não era nada disso. E mandou corrigir seu Curriculum Lattes (padrão nacional no registro do percurso acadêmico de estudantes e pesquisadores, adotado pela maioria das instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do país), que informava ter ela cursado Ciências Sociais.

Falsificar Curriculum Lattes equivale, na Academia, a usar um falso diploma de médico. Cobrada, Dilma justificou-se: “Aquela ficha do Lattes era de 2000. Eu era secretária de Minas, Energia e Telecomunicações no Rio Grande do Sul. Eu não tinha mais nenhuma vida acadêmica. Eu era doutoranda porque eu não tinha sido jubilada, era doutoranda. Ao que parece eu fui jubilada em 2004, mas não fui comunicada”.

Do episódio se conclui que, pelo menos desde então, Dilma tem mantido hábitos que se mostraram recorrentes nas duas eleições presidenciais que disputou (em 2010 e 2014) e nos mandatos que nelas obteve. Um deles é conjugar verbos repetitivamente na primeira pessoa do singular. Outro, recusar-se a assumir a responsabilidade pelos próprios erros. Para ela, a culpa era do Lattes, não dela.  

Já no dilmês tatibitate, ao qual o país se acostumaria nestes tempos, ela se eximiu da falsificação do documento. Quem falsificou seu currículo? Ela mesma nunca se interessou em saber e denunciar. Nem explicou como pagou créditos de doutorado sem ter apresentado dissertação de mestrado, como é praxe. Esta, contudo, é uma mentira desprezível se comparada com outro acréscimo que fez a sua biografia: o da condição de heroína da democracia, falsificando o conceito básico que definiria o objetivo de sua luta.

Ela combateu, sim, a ditadura, ao se engajar num grupo armado de extrema esquerda de inspiração marxista-leninista, o VAR-Palmares. Sua atuação está confirmada em autos de processos na Justiça Militar, em que foi acusada de subversão e prática de atentados terroristas. E foi narrado em detalhes por Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, que a delatou em depoimento mantido no arquivo digital de O Globo: oglobo.globo.com/politica/confira-integra-do-depoimento-de-beto-dado-em-1971-2789754

Dilma mente porque, como atestam ex-guerrilheiros mais honestos, eles não lutavam por uma democracia burguesa, mas, sim, pela “ditadura do proletariado” de Marx, Lenin, Stalin, Pol Pot, Mao e dos Castros.

Na campanha pela reeleição, que ela empreendeu em 2014, Dilma parecia padecer de uma compulsão doentia à mentira. No palanque, ela prometeu o Paraíso de Milton e já nos primeiros dias do segundo governo, este ano, começou a entregar a prestações o Inferno de Dante. No debate na TV Globo com Aécio Neves, do PSDB, que derrotaria nas urnas, ela sugeriu à cearense Elizabeth Maria, de 55 anos, que disse estar desempregada, apesar de seu diploma (não falsificado) de economista, que procurasse o Pronatec. Em 2015, esse carro-chefe da propaganda engendrada pelo bruxo marqueteiro João Santana, o Patinhas, terá 1 milhão de vagas, um terço das do ano passado. E, em sua Pátria Enganadora (que “Educadora”?), foram cortados R$ 2,9 bilhões das escolas públicas.

Este é apenas um dos exemplos da terrível crise econômica, política e moral, com riscos de virar institucional, causada pela desastrada gestão das contas públicas em seu primeiro mandato, em especial no último ano, o da eleição, Em 2014 viu-se forçada a violar a Lei da Responsabilidade Fiscal, cobrindo rombos nos bancos públicos para pagar programas sociais, como seria reconhecido até por seu padim Lula.

Tudo isso põe no chinelo os lucros do falsário Clifford Irving, causador de imensos prejuízos no mercado das artes plásticas e que terminou virando protagonista de Orson Welles no filme Verdades e Mentiras. Não dá para comparar milhares de dólares perdidos na compra de obras de arte falsas com a perda de emprego por mais de 1 milhão de brasileiros em 12 meses nem a empresários fechando suas empresas.

Os dois só se comparam porque neles falsificar é meio de vida – jeito de obter um emprego e se manter nele. Na Suécia, onde começou a semana, Dilma fez seu habitual sermão da permanência doa a quem doer (e como dói!). 

Questionada se havia risco de os contratos que assinou serem anulados por um sucessor que capitalize a crise criada por seu desgoverno, afirmou: “O Brasil está em busca de estabilidade política e não acreditamos que haja qualquer processo de ruptura institucional”. A imprecisão semântica serve à falsificação da realidade – não como método, mas como ofício. Se se busca estabilidade, estabilidade não há. Não é necessária ruptura institucional para ela cair.

E ontem ela atingiu o auge do desprezo à inteligência alheia ao repetir a madrasta da Branca de Neve em frente ao espelho, num delírio de falsidade e má-fé: “O meu governo não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção”.

Os jardineiros de Alice no país das Maravilhas, de Lewis Carrol, pintavam de vermelho rosas brancas que plantaram, em vez de vermelhas, que a Rainha de Copas os mandara plantar. Quem apoia a alucinação obsessiva de nossa Rainha de Copas falsária 150 anos após a publicação da obra“depô-la é golpe” – não tem memória. Pois ignora que o que ela tenta é alterar a cor da História: o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura, Fernando Collor, hoje investigado por corrupção, foi deposto por impeachment e substituído pelo vice, Itamar Franco, por quem ninguém dava nada, mas que nos libertou da servidão da inflação. O resto é a falsidade de ofício dela. [por questão de fidelidade histórica cabe lembrar que Fernando Collor renunciou.]

Fonte: JOSÉ NÊUMANNE - Estadão

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Em louvor de Lula



É fácil chamá-lo de ladrão, de vigarista, do diabo. Mas o fato é que essas críticas se baseiam num critério de idoneidade administrativa que só vale no quadro da “moral burguesa” e que, em toda a literatura marxista, não passa de objeto de zombaria.

Nem mesmo o enriquecimento pessoal ilícito pode ser alegado seriamente contra ele, pelos cânones da moral revolucionária.

Na peça teatral Processo e Morte de Stalin, de Eugenio Corti – escritor da estatura de um Manzoni ou de um Tolstói --, o ditador soviético convida alguns de seus ministros e assessores para um jantar na sua casa de campo, na intenção de prendê-los e sacrificá-los num dos seus célebres “expurgos”. Eles descobrem o plano e decidem virar o jogo. 

Desarmam os guardas da casa e já estão quase liquidando com um tiro na nuca o velho companheiro, quando surge a idéia de lhe dar uma última oportunidade de se explicar perante o tribunal do materialismo histórico. O que se segue é uma obra-prima de argumentação dialética, na qual Stalin logra demonstrar, ante os olhos estupefatos de seus executores, que os crimes que perpetrou não foram jamais traições aos ideais revolucionários, mas sim a realização fiel, exata e genial dos princípios do marxismo-leninismo nas circunstâncias históricas dadas. Os conspiradores admitem que ele tem razão, mas resolvem matá-lo mesmo assim.
Para confirmar o dito de Karl Marx de que as tragédias históricas se repetem como farsas, alguém deveria escrever uma peça similar sobre o sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Qualquer estudioso de marxismo que tenha feito a sua lição de casa – um tipo que, admito, é uma raridade absoluta tanto na esquerda quanto na direita hoje em dia --, tem a obrigação de perceber que, do ponto de vista da estratégia revolucionária, Lula nada fez de errado. Ao contrário. Seguiu a receita fielmente, com um fino senso dialético das condições objetivas, dos momentos e das oportunidades, logrando realizar o quase impossível: salvar da extinção o movimento comunista latino-americano e colocá-lo no poder em uma dúzia de países. Fidel e Raul Castro jamais puseram isso em dúvida. As próprias Farc reconheceram-no enfaticamente, na carta de agradecimento que enviaram ao XV aniversário do Foro de São Paulo.
Mais ainda: no seu próprio país, Lula foi o líder e símbolo aglutinador da “revolução cultural” que deu aos esquerdistas o completo controle hegemônico das discussões públicas, ao ponto de que praticamente toda oposição ideológica desapareceu do cenário, sobrando, no máximo, as críticas administrativas e legalísticas que em nada se opunham à substância dos planos revolucionários. Isso nunca tinha acontecido antes em país nenhum. O próprio Lula, consciente da obra realizada, chegou a celebrar a mais espetacular vitória ideológica de todos os tempos ao declarar que, na eleição presidencial de 2002, o Brasil havia alcançado a perfeição da democracia: todos os candidatos eram de esquerda.

É fácil chamá-lo de ladrão, de vigarista, do diabo. Mas o fato é que essas críticas se baseiam num critério de idoneidade administrativa que só vale no quadro da “moral burguesa” e que, em toda a literatura marxista, não passa de objeto de zombaria. O que aconteceu foi apenas que Lula, como todo agente do movimento comunista internacional que não chega ao poder por meio de uma insurreição armada e sim por via eleitoral, como foi também o caso de Allende no Chile, teve de fazer alianças e concessões – inclusive e principalmente ao vocabulário da “honestidade burguesa”—com a firme intenção de jogá-las fora tão logo começassem a atrapalhar em vez de ajudar.  
Tanto ele quanto seu fiel escudeiro Marco Aurélio TOP TOP Garcia foram muito explícitos quanto a esse ponto: ele, em entrevista a Le Monde; Garcia, La Nación. Mover-se no meio das  ambigüidades de uma conciliação oportunista entre as exigências estratégicas do movimento revolucionário e os interesses objetivos dos aliados capitalistas de ocasião é uma das operações mais delicadas e complexas em que um líder comunista pode se meter. Mas, pelo critério dos resultados obtidos – o único que vale na luta política --, o sucesso do Foro de São Paulo é a prova cabal  de que Lênin, Stálin ou Fidel Castro, no lugar de Lula, não teriam feito melhor.
Nem mesmo o enriquecimento pessoal ilícito pode ser alegado seriamente contra ele, pelos cânones da moral revolucionária. De um lado, em todos os clássicos da literatura comunista não se encontrará uma única palavra que sugira, nem mesmo de longe, que o compromisso de fachada com a “moral burguesa” deva ser cumprido literalmente como guiamento moral da pessoa do líder, ou mesmo do menor dos militantes
De outro lado, é fato histórico arquicomprovado que todas as estrelas maiores do cast comunista enriqueceram ilicitamente – Stalin, Mao, Fidel Castro, Pol-Pot, Allende, Ceaucescu --, sendo uma norma tácita que tinham até a obrigação de fazê-lo, de preferência com contas na Suíça, para ter os meios de resguardar-se e reiniciar a revolução no exterior em caso de fracasso do projeto local. O próprio Lênin só não chegou a poder desfrutar do estatuto de nababo porque semanas após a vitória da Revolução a sífilis terciária, cumprindo seu prazo fatal, o reduziu a um farrapo humano. Como dizia Yakov Stanislavovich Ganetsky (também chamado Hanecki), o mentor financeiro de Lênin, “a melhor maneira de destruirmos o capitalismo é nós mesmos nos tornarmos capitalistas”.

O movimento revolucionário sempre viveu do roubo, da fraude, do contrabando, dos seqüestros, do narcotráfico e, nos países democráticos onde chegou ao poder, do assalto aos cofres públicos. Lula não inventou nada, não inovou em nada, não alterou nada, apenas demonstrou uma habilidade extraordinária em aplicar truques tão velhos quanto o próprio comunismo.  No tribunal da ética revolucionária, portanto, nem uma palavra se pode dizer contra ele. As críticas só podem provir de três fontes:

a) Reacionários empedernidos, frios, desumanos e incompreensivos como o autor destas linhas, que não condenam Lula por desviar-se do movimento revolucionário e sim por permanecer fiel ao esquema de destruição civilizacional mais cínico e diabólico que o mundo já conheceu.
b) Aliados burgueses insatisfeitos de que ele viole de maneira demasiado ostensiva as regras da moral capitalista, sujando a reputação de quem só quer ajudá-lo.
c) Esquerdistas com precária formação marxista, que não entendem a natureza puramente tática da retórica burguesa de idoneidade administrativa e imaginam – ou se esforçam para imaginar diante do espelho -- que a roubalheira seja uma traição aos ideais revolucionários. [para esses a eliminação pura e simples, casos do Celso Daniel e Toninho do PT, ambos do PT].
Os primeiros são os únicos que dizem o português claro: a roubalheira petista não é um caso de “corrupção” igual a tantos outros que a antecederam, mas é um plano gigantesco de apropriação do dinheiro público para dar ao movimento comunista o poder total sobre o continente.
Os segundos, ideologicamente castrados, imaginam poder vencer ou controlar o comunopetismo mediante simples acusações de “corrupção” desligadas e isoladas de qualquer exame da sua retaguarda estratégica. Inclui-se aí toda a grande mídia brasileira, com a exceção de alguns colunistas mais ousados como Reinaldo Azevedo, Percival Puggina e Felipe Moura Brasil.

Os terceiros macaqueiam o discurso dos segundos na esperança de salvar a reputação do movimento revolucionário mediante o sacrifício de uns quantos “corruptos” mais visíveis. Nas suas mentes misturam-se, em doses iguais, a falsa consciência, o fingimento histérico de intenções angélicas e o desejo intenso de limpar com duas palavrinhas tardias uma vida inteira de serviços prestados ao mal.

Não espanta a pressa obscena dos segundos em celebrar estes últimos como heróis nacionais. Vêem neles uma ajuda providencial para tomar do parceiro incômodo o controle da aliança sem ter de passar por anticomunistas, uma perspectiva que os horroriza mais que o risco do paredón.

Por: Olavo de Carvalho - http://olavodecarvalho.org - Publicado no Diário do Comércio.