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quinta-feira, 7 de outubro de 2021

"TERCEIRA VIA" É O PRESENTE QUE A ESQUERDA PEDE AO PAPAI NOEL - Percival Puggina

Enquanto o Ocidente se suicida, fala-se em 3ª via para a corrida presidencial de 2022. O retorno dessa estratégia para o teatro das ações significa desprezar o discernimento da sociedade brasileira. Supõe que somos desmemoriados e incapacitados para nossas responsabilidades como cidadãos. A peça exibida no teatro em questão é ruim e a gente identifica, desde o início, os vilões e as vítimas do roteiro.

Lula e FHC desfilavam ombro a ombro, braços dados em campanha pelas diretas e pela anistia. Cochicho a cochicho, levaram ao limite do possível a esquerdização da Constituição de 1988. Costuraram o Pacto de Princeton, em 1993, definindo estratégias comuns ao Foro de São Paulo (Lula/PT) e ao Diálogo Interamericano (FHC/PSDB). Nas seis eleições presidenciais consecutivas de 1994 até 2014, seus partidos adotaram a estratégia conhecida como “tesoura”, em que duas esquerdas, operam as lâminas para o mesmo fim comum. E espicaçaram o país com a direita, sem nome, partido ou movimento, votando no PSDB na reta final dos pleitos presidenciais.

Tão prolongada supremacia só ocorrera no início do século passado, durante a Primeira República, com a política “Café com Leite” das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Quase cem anos mais tarde, os dois velhos amigos mantiveram o país na esquerda durante 24 anos. Nunca o MST foi tão feliz como durante o governo de FHC;  
nunca os banqueiros foram tão felizes quanto nos governos de Lula e Dilma. Juntos, com mera troca de manobristas e de retórica, levaram o Brasil para aquela esquerda que se diz “progressista”. O estrago foi grande. Mas não desanimou os propósitos, como se vê nos bastidores destes dias.
 
Aliás, o nonagenário FHC já se abraçou com Lula jurando amor para a eleição de 2022
E já se apartou de Lula quando percebeu o amplo apoio da mídia amiga da esquerda para a proposta de uma 3ª via.
Esse apoio prova que a ideia é ruim. E é ruim porque seu objetivo é restaurar a situação em que, durante 24 anos, a direita (aqui entendida como conservadores e liberais) foi representada por um candidato de esquerda: o vitorioso FHC e os derrotados José Serra, Geraldo Alckmin, José Serra II e Aécio Neves. Como resultado, a direita definhou politicamente por mais de duas décadas. 
 
Como podemos ter uma terceira via política porque política não é um candidato! – se sequer temos uma segunda via política organizada? 
A esquerda tem via própria, ampla, pavimentada por muito trabalho! 
Ela opera em toda parte, onde houver poder público, ensino, cultura, comunicação social e meio de influência. É uma via política muito mais eficiente do que a representação dos seus partidos. 
 
Agora querem retornar. Se isso ocorrer, outras décadas fluirão. Conservadores e liberais se recolherão, novamente, às catacumbas
A 3ª via é a estratégia da esquerda. 
Cair nessa é levar-lhe em mãos a minuta de nosso atestado de óbito. 
Não votar em Bolsonaro porque ele é assim ou assado, ou porque serão mais quatro anos desse ambiente conflituoso, significa esquecer que tais conflitos são criados e mantidos para produzir esse raciocínio e obter esse resultado!

Pela direita, leitores, só Bolsonaro vence essa eleição.

Olhem para o palco. Vejam quem dá apoio a essa ideia que reputo desastrosa por suas consequências passadas e futuras. O Brasil não pode retornar a quem tanto mal lhe fez no governo e continua a fazer na oposição. Retomemos o trabalho suspenso pelas absurdas regras atribuídas à pandemia e comecemos a organizar a 2ª via política de que o país tanto necessita

Ao menos aqui, salvemos o Ocidente!

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Fachin confisca presente de Bolsonaro ao lobby das armas - O Globo

O Supremo confiscou o presente de Natal de Jair Bolsonaro para o lobby das armas. Na semana passada, o presidente zerou a tarifa sobre a importação de revólveres e pistolas. Ontem o mimo foi vetado pelo ministro Edson Fachin.


No papel, a isenção de impostos foi concedida pela Câmara de Comércio Exterior. Na prática, o órgão só carimbou uma ordem de Bolsonaro. O presidente se apressou para faturar com a turma do bangue-bangue. Ao anunciar a medida, publicou uma foto em que aparece de trabuco em punho num estande de tiro.

O capitão é um velho aliado de quem lucra com a morte. No primeiro mês de governo, ele editou um decreto para afrouxar o Estatuto do Desarmamento. Em abril deste ano, mandou o Exército revogar portarias de rastreamento de armas e munições. As regras facilitavam a apuração de crimes, permitindo mapear o caminho entre a fábrica e o dedo que aperta o gatilho.

A equipe de Paulo Guedes já tentou acabar com a isenção de impostos sobre a cesta básica. Agora o presidente concede a regalia a importadores de armas. O caso ilustra a inversão de prioridades no Planalto. O bolsonarismo considera aceitável tributar o quilo de arroz, mas abre mão de arrecadar sobre a venda de pistolas 9mm americanas, que custam mais de R$ 10 mil no Brasil.

Na liminar, Fachin lembrou que o governo tem autonomia para definir sua política tributária, mas não pode ignorar os princípios da Constituição. A Carta garante o direito à vida e estabelece que a segurança pública é atribuição do Estado, não de indivíduos. “Não há, por si só, um direito irrestrito ao acesso às armas, ainda que sob o manto de um direito à legítima defesa”, escreveu o ministro. Ele acrescentou que a alíquota zero resultaria num “aumento dramático” da circulação de armas. Era exatamente o objetivo do capitão. [ministro Fachin! o senhor e o STF sabem perfeitamente que o Estado brasileiro não pode exercer de forma eficiente a missão de garantir a segurança pública.
O próprio Supremo tem gasto milhões com incremento da segurança dos seus integrantes.
Enquanto o Estado não encontra condições de cumprir sua missão Constitucional de garantia a segurança pública, que permitam que o cidadão se arme. Óbvio que o Brasil fabrica ótimas armas, mas facilitar a vida dos que desejam armamento mais eficiente para garantir a vida é também um dever do Estado. Lembre-se que as autoridades policiais do Brasil, encontram inúmeros obstáculos ao exercício, ainda que precário,  da prestação de segurança pública - até zonas de exclusão que impedem  que as forças policiais atuem existe no Brasil - decisão do Supremo.]  

Bolsonaro diz defender colecionadores e atiradores esportivos, mas age como Papai Noel para um lobby muito mais influente. Baratear a importação de armas interessa às empresas de segurança e às milícias, que mantêm laços notórios com o poder em Brasília. Graças ao Supremo, essa turma vai ficar sem presente de Natal.

Bernardo M. Franco, colunista - O Globo


terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Marco Aurélio manda soltar pai que ordenou morte da filha; PGR recorre

[Já passa da hora do impeachment de um 'supremo ministro.]


O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar na última quarta-feira, 19, o empresário Renato Grembecki Archilla, condenado a 14 anos de prisão por mandar matar a própria filha. O caso, ocorrido em 2001, ficou conhecido como Crime do Papai Noel, pois o homem contratado para executar a vítima se fantasiou como o bom velhinho. A mulher conseguiu sobreviver.

A decisão do ministro do STF foi dada no mesmo dia em que ele também concedeu liminar para soltar condenados em segunda instância que não tiveram seus casos transitados em julgado, ou seja, que ainda podem recorrer a tribunais superiores. Esta liminar, porém, foi suspensa pelo presidente do STF, Dias Toffoli, no mesmo dia. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recorreu no sábado, 22, da decisão de soltar Archilla. Ela alega que a pena foi considerada transitada em julgado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e a ordem de soltura foi dada sob a equivocada percepção de que se trataria de execução provisória.

Archilla foi condenado em 2017, pelo Primeiro Tribunal do Júri de São Paulo, à pena de 10 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, em regime fechado. Após recurso do Ministério Público, a pena foi aumentada para 14 anos. A prisão do empresário, porém, ocorreu apenas no dia 12 deste mês, quando o TJ-SP determinou a certificação do trânsito em julgado, com o argumento de coibir os expedientes protelatórios do condenado. Com isso, mesmo com a possibilidade de recursos em instâncias superiores, para Dodge não há que se falar em execução provisória.

Segundo a procuradora-geral da República, possivelmente a defesa induziu em erro, pois “adota como premissa a existência de uma condenação mutável e de que a ordem de prisão seria para o fim de se promover a execução provisória do julgado”.
A procuradora-geral afirma ainda que o recurso tem como propósito impedir a soltura do empresário, já que “as comunicações da decisão já foram enviadas para os demais juízos vinculados ao caso e o cumprimento indevido da ordem de soltura é premente”. Dodge afirma ainda que o próprio acórdão proferido pelo Tribunal destaca a necessidade do cumprimento da pena em regime fechado, devido à violência e à gravidade do delito praticado.

A ordem de soltura ainda não havia sido cumprida neste domingo, 23. Renato está preso na penitenciária de Parelheiros, zona sul de São Paulo. Para o advogado Santiago Andre Schunck, que defende o empresário a decisão de Marco Aurélio foi acertada. “A condenação de Renato Archilla é um verdadeiro equivoco e a defesa vai provar a sua inocência”, disse. [a defesa teve oportunidade de provar a inocência do seu cliente quando do julgamento pelo Tribunal do Júri, quando da análise do recurso do MP pelo  Tribunal do Júri - ou estamos diante de outro caso similar ao presidiário petista Lula da Silva, o único bandido condenado que tem o  direito de impetrar dezenas e dezenas de recursos?
A propósito o número recorde de processos este ano no STF, é formado em sua maioria por 'habeas corpus', quase sempre julgados de forma monocrática pelos ministros (exceto os do  Lula que tem tratamento especial).
Se forem retirados os apresentados por Lula o número sofrerá apreciável redução.]
Sobre o pedido da PGR para reverter a liminar, Schunk espera não haver urgência a ponto de o STF decidir durante o recesso judiciário, que vai até fevereiro. “Além disso, o fundamento invocado para o seu pedido (da PGR) é o de que já há trânsito em julgado da decisão condenatória proferida pelo TJ-SP, porém, a defesa atacou a certificação do trânsito no HC em que a liminar foi deferida, por entendê-la ilegal e precipitada”, afirmou o advogado.

O caso
O crime aconteceu em 17 de dezembro de 2001. Renata tinha 22 anos quando foi abordada por um homem vestido de Papai Noel em um semáforo no Morumbi, na zona oeste de São Paulo. Ela recebeu três tiros, dois dos quais no rosto, mas sobreviveu.
O pistoleiro era o policial militar José Benedito da Silva, que já havia sido condenado pelo TJ-SP a 13 anos de prisão. Na agenda do policial havia o telefone do avô de Renata e pai de Renato, o fazendeiro Nicolau Archilla Galan, que morreu antes de ser julgado.

A mãe de Renata conheceu seu pai nos anos 1970, no Guarujá, no litoral paulista, e ficou grávida aos 17 anos. A família do rapaz não queria que ele assumisse a paternidade e o casal se separou. A menina estudava no Colégio Sacré Coeur e o rapaz, no Colégio Rio Branco. Com o nascimento de Renata começou um processo que durou 12 anos para que a paternidade da criança fosse reconhecida. Renato, no entanto, nunca quis saber da filha.

MSN


sábado, 1 de dezembro de 2018

Só Bolsonaro sabe quando haverá outro indulto e Continência aos idiotas = [a idiotice não tem fronteiras.]




Sem Papai Noel

Adeus indulto

Sabe quando haverá outro indulto de Natal para presos com bom comportamento e que tenham cumprido parte de suas penas?  Só o presidente eleito Jair Bolsonaro pode saber. Outro dia, ele disse que durante seu governo não haverá indulto.  É fato que Bolsonaro hoje diz uma coisa e amanhã recua. Ultimamente tem recuado na direção do melhor ou do menos ruim. [a opinião expressa pelo ilustre colunista na última frase, vale como o reconhecimento, meio acanhado, de que Bolsonaro está acertando.
Muitos dos recuos são devidos o estilo transparente com que a montagem ministerial está sendo tratada.
Tudo às claras.]

Ficará para 2019 o desfecho do julgamento da ação contra o indulto concedido pelo presidente Michel Temer no ano passado.  O recesso de fim de ano do Judiciário está logo ali. Só em fevereiro os ministros do Supremo Tribunal Federal voltarão ao trabalho.
Se Temer conceder um novo indulto nas próximas semanas, cuidará desta vez para que não beneficie presos por corrupção.

Sem fronteiras

Assim como eleição sem Lula não é fraude, continência não é sinal de vassalagem aqui e em parte alguma.

Desafetos do presidente Jair Bolsonaro alardeiam que ele foi submisso ao prestar continência a John Bolton, assessor de Trump, que o visitou em sua casa.  Bolsonaro é militar da reserva. Continência é uma saudação trocada no meio militar. O recruta presta continência ao capitão, que presta continência ao recruta. É sinal de respeito e de cortesia.

Outro dia, Bolsonaro bateu continência à Raquel Dodge, Procuradora-Geral da República. Ninguém o chamou de subserviente.  O ex-presidente Barack Obama já foi criticado por ter se curvado além do razoável diante do imperador do Japão. Trump, por ter apenas apertado a mão do imperador.
Chamaram Obama de submisso, e a Trump de arrogante.
Como se vê, a idiotice não tem fronteiras.





domingo, 14 de outubro de 2018

O PT segue sendo o PT

Há tempo, sim, para Fernando Haddad virar o jogo a seu favor. Não é tarefa fácil, muito pelo contrário, é dificílima, mas é possível 

[cada um acredita no que quer - tem petista que acredita que Lula é inocente e que Papai Noel existe.]

Há tempo, sim, para Fernando Haddad virar o jogo a seu favor. Não é tarefa fácil, muito pelo contrário, é dificílima, mas é possível. Vejam o que mostrava a pesquisa Datafolha do dia 28 de setembro. Jair Bolsonaro tinha 28% das intenções de voto contra 22% de Haddad. Claro que era outro turno, outro cenário, mas a distância entre os dois somava seis pontos. Em duas semanas, Bolsonaro aumentou esta diferença para 16 pontos. Da mesma forma, Haddad havia crescido seis pontos entre as pesquisas dos dias 19 e 28 de setembro, enquanto Bolsonaro permanecia parado. Movimentos maciços de votos parecem ser uma característica brasileira.

Na eleição de 2014 também foi assim. No Datafolha de 19 de setembro daquele ano, Marina tinha 30% contra 17% de Aécio. Da urna, 16 dias depois, saíram Aécio com 33% e Marina com 21%. Em pouco mais de duas semanas, Aécio pulou de uma desvantagem de 13 para uma vantagem de 12 pontos e foi para o segundo turno. Os números provam que dá para Haddad virar o jogo. Mas, o problema é que seu ritmo é muito lento e aparentemente ele não tem força dentro do PT para fazer as mudanças que poderiam levar à vitória. [só que Aécio não conseguiu ganhar da escarrada Dilma e naquela ocasião Marina teve votos para transferir para Aécio.]

Do outro lado, Bolsonaro joga com desenvoltura para vencer. Entendeu muito bem como funciona a onda anti-PT e a explora com competência. Ataca o sectarismo dos adversários e prega um Estado que não se intrometa tanto na vida dos cidadãos. Hesitante no começo, conseguiu ser mais incisivo contra a violência que tomou conta da campanha e resultou em inúmeros ataques de seguidores seus contra militantes do PT, com uma morte.  [nada prova que Bolsonaro tenha alguma coisa a ver com a tal violência; desde quando o fato de um assassino ao cometer o crime usar uma camiseta de campanha de um candidato, justifica acusar o candidato? sequer insinuar que o candidato tenha alvo a ver;
muitos lembram que quando os sequestradores de Abílio Diniz foram presos - segundo turno de 89, Collor venceu Lula - usavam camisetas do PT e nunca foi provado que o PT tinha alguma coisa a ver com o sequestro.
Além do mais, Bolsonaro já se manifestou contra a violência e dispensou votos de quem pratica violência eleitoral.] Embora tenha afirmado que o assassino do capoeirista da Bahia não é eleitor seu, o capitão disse que dispensa o voto de quem pratica violência eleitoral.

Enquanto Bolsonaro reitera o discurso que o trouxe até aqui, Haddad tenta mudar o seu, mas não parece entusiasmar. Está certo que admitir categoricamente que abandonou a proposta da Constituinte e desautorizar publicamente a ideia de José Dirceu de tomar o poder foi um passo importante. Mas é preciso ir mais longe, sobretudo na questão econômica. Já era hora de Haddad ter anunciado seu ministro da Fazenda. O que ele anunciou foi o desejo de aumentar o imposto dos “super-ricos”, que pelos cálculos dos economistas do PT são aqueles que ganham mais de R$ 38 mil por mês.

Bolsonaro já está indicando nomes que vão compor seu ministério. São o economista Paulo Guedes, o deputado Onyx Lorenzoni, um astronauta e alguns generais. São os de sempre, mas pertencem ao time que está ganhando. Haddad também se cerca dos mesmos de sempre, mas seu grupo está levando goleada. Todo mundo sabe que time que está perdendo tem que ser mexido. Se o time vai muito mal e as regras permitem, a mudança tem que ser profunda. Na campanha de Haddad isso não ocorreu. As sondagens ao ex-ministro Joaquim Barbosa e ao filho do ex-vice José Alencar ainda não prosperaram.

O time de Haddad está escalado com Gleisi, Gabrielli, Okamoto, Genoino, Mercadante, Falcão, Dulci, Guimarães, Carvalho, Berzoini e Franklin. Nem mesmo o ex-governador da Bahia e senador eleito Jaques Wagner é novo. Por mais respeitáveis que sejam (alguns respondem a processos, mas nenhum está condenado), [Haddad tem contra ele 32 processos e já foi denunciado em alguns. não dá para imaginar uma campanha vitoriosa com os que melhor e mais enraizadamente representam os rejeitados PT e Lula.

E, mais grave, para atrair novos aliados o que faz o PT? Oferece cargos. Não há forma mais antiga de buscar apoio do que esta. O PT ofereceu um “ministério importante” até mesmo a Ciro Gomes. E depois, quando Ciro retribuiu com um apoio crítico e embarcou de férias para Paris, foi atacado por viajar “nesta hora grave da vida nacional”. A Ciro deveriam ter sido oferecidas a coordenação da campanha e a abertura do programa de governo para rediscussão. Mas, até aqui, o PT segue sendo o PT, egocêntrico e arrogante. Só mudar a cor da camisa não basta.

(...) 

O OUTRO LADO
O PT não é santo. Lula já ameaçou chamar o “Exército de Stédile” diversas vezes para mostrar quem manda no pedaço. Antes mesmo de a campanha começar, em frente ao Instituto Lula petistas intolerantes agrediram um adversário que acabou no hospital com a cabeça rachada. Também não é de hoje que o partido, estimulado pelo seu maior líder, adota o grito de guerra do “nós contra eles”. Mas nunca, é importante dizer, nunca petistas ameaçaram publicamente esfolar, torturar, estuprar e matar adversários.


Ascânio Seleme - Matéria completa em O Globo

 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Brincando de apartheid

Assim como o bom velhinho, a lenda do ex-operário que enfrentou as elites movimenta um mercado gigantesco 

Sérgio Cabral chegou para depor ao juiz Marcelo Bretas com uma biografia de Nelson Mandela nas mãos. Estratégia corretíssima. Está mais que provado que o Brasil ama delinquente fantasiado de coitado. Mandela morreu durante o julgamento do mensalão. Antes mesmo de ser enterrado já tinha virado alter ego de mensaleiro preso. Se ele aguentou a cadeia, nós também aguentaremos – bradava a bandidagem companheira. E assim surgiu uma dinastia de mandelas carnavalescos, que terá seu apogeu com a prisão de Lula.

Quando a Justiça deixar de fricote e puser o filho do Brasil na cadeia, se sucederá o espetáculo mais folclórico já visto na pátria do folclore. A Marquês de Sapucaí parecerá um corredor de escritório em dia de feriado perto do que se verá no país. Nada de revolta, insurreição ou multidões em polvorosa – porque o brasileiro é distraído, mas nem tanto. Vida normal. O que explodirá é o carnaval da lenda – um tsunami abstrato, simbólico, covarde, que já mobiliza um batalhão de defensores da ética de butique.


Nesse conto de fadas altamente lucrativo para um pedação do Brasil (cada vez maior), Lula será o Mandela brasileiro – e poderá até ser esquecido na prisão, porque na realidade ninguém está nem aí para ele. As obras completas da ladroagem do messias foram esfregadas na cara do país, e a relação da população com a alma mais honesta virou uma espécie de síndrome do Papai Noel: há os que querem acreditar, os que fingem acreditar e os que querem que os outros acreditem. Lenda é lenda.

E assim como o bom velhinho natalino, a lenda do ex-­operário que enfrentou as elites movimenta um mercado gigantesco – no caso, de altruísmo contrabandeado e bondade de aluguel. É como um conto de Natal pornô: vai tudo muito bem, até que você é obrigado a tirar as crianças da sala quando o herói da pobreza fica milionário com o dinheiro do povo. Aumenta o som do “Jingle bell” (também serve algum hino canastrão da MPB) e segue o baile, que se fantasiar de progressista revolucionário está dando um vidão para muita gente. Viva o Lula. Dane-se o Lula.

A planilha da propina na Odebrecht revelou uma série de desembolsos para as reformas do sítio que não é do Lula, totalizando R$ 700 mil em menos de duas semanas – por uma coincidência atroz, exatamente as duas últimas do governo Lula. Sergio Moro já sabe das contas de propina abertas na Espanha pela Engevix para Lula e Dirceu. E por aí vai. Ou foi. São só duas novidades de uma epopeia caudalosa (o maior assalto governamental já perpetrado na história da democracia), mais do que suficiente para prender o grande líder por várias encarnações. Mas Luiz Inácio está soltinho da Silva – graças à lenda.

>> Mais colunas de Guilherme Fiuza

Ele, Dilma workalcoolic e grande elenco bandoleiro. Janot, que protegeu a gangue se fingindo de justiceiro, conspirou com o laranja bilionário do PT às sombras do STF e nem investigado é. Assim como o padre pedófilo, valeu-se da autoridade de guardião da virtude para montar a operação mais obscura envolvendo a Presidência da República desde a ruptura institucional dos militares. Um procurador blindado até hoje por essa mesma lenda progressista que lhe permitiu agir ao arrepio das instituições (leiam suas denúncias no original), exatamente como faziam as autoridades nos anos de chumbo.

E aí você dá de cara com a notícia de um aeroporto-fantasma em Moçambique, construído pela Odebrecht com dinheiro do BNDES – enfim, o mesmo DNA, a mesma tecnologia, o mesmo know-how de rapinagem que o governo do PT, apenas o governo do PT, como nunca antes do governo do PT alguém ousou fazer. Porque ninguém jamais teve a ditadura da lenda, a mágica de ser governo e coitado ao mesmo tempo. Um habeas corpus vitalício.

Essa praga de transformar qualquer disparate na internet em escândalo hediondo contra os direitos humanos e as minorias S.A. uma histeria fashion que não ajuda em nada as causas verdadeiras – é a disputa por esse legado hipócrita. Lula irá em cana fingindo ler os ensinamentos do companheiro Mandela, e os mandelas de carnaval continuarão à solta cafetinando a boa-fé.  A não ser que a plateia passe a vaiar o teatrinho. E mostre ao Cabral que nem um Maracanã repleto de diamantes é tão fraudulento quanto brincar de apartheid.


Ricardo Fiuza - Revista Época

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O terrorismo é repugnante e deve ser combatido - mas, no país em que é proibido o porte de um canivete, um único homem mata 1/3 do número de vítimas de Istambul

Estado Islâmico reivindica massacre em boate de Istambul

Ataque deixou 39 pessoas mortas e 65 feridas; autor continua foragido 

O Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta segunda-feira o ataque contra uma boate de Istambul na madrugada de domingo, na passagem do Ano Novo, no qual 39 pessoas morreram e 65 ficaram feridas. 

Flores são colocadas em frente a uma barreira policial na entrada da boate Reina, alvo de ataque, em Istambul - UMIT BEKTAS / REUTERS

Em um comunicado divulgado nas redes sociais, o grupo extremista afirmou que um dos "soldados do califado" cometeu o massacre na boate Reina, uma exclusiva casa noturna situada às margens do Bósforo.

O autor do massacre, que segue foragido, utilizou granadas e uma arma de fogo para atirar contra os clientes da boate, disse o texto. Dos 39 mortos, mais de 20 eram estrangeiros.  O comunicado acusa a Turquia, um país de maioria muçulmana, de ter se aliado aos cristãos, em alusão à incursão do Exército turco há quatro meses no Norte da Síria para combater o EI e as milícias curdas.

A emissora NTV noticiou que o atirador havia disparado entre 120 e 180 vezes durante sete minutos semeando pânico, fazendo com que algumas pessoas se jogassem nas geladas águas do Estreito de Bósforo para escapar do massacre.  O primeiro-ministro turco, Binali Yildrim, qualificou como "infundadas" as informações da imprensa de que o autor do massacre estaria fantasiado de Papai Noel. Ele explicou que o atirador havia deixado a arma no local e que havia se aproveitado do caos na boate para fugir.


Entre as vítimas fatais estrangeiras haveria, segundo as autoridades de cada país, pelo menos um cidadão belga-turco, uma israelense, três jordanianos, três libaneses, vários sauditas, um líbio, dois indianos, dois marroquinos, uma franco-tunisiana e um tunisiano. Entre os feridos estariam pelo menos quatro franceses e outros quatro marroquinos.

Em decorrência de uma série de atentados nos últimos meses, cerca de 17 mil policiais estavam de prontidão em Istambul durante o ano novo para prevenir atentados. 

Chacina durante festa de fim de ano deixa 13 mortos em Campinas

Homem invade casa, mata ex-mulher, filho e parentes e se mata em SP

Crime ocorreu na Rua Pompílio Morandi, na Vila Prost de Souza, próximo ao Shopping Unimart - Reprodução EPTV

[o famigerado 'estatuto do desarmamento' possibilita que apenas os assassinos portem armas - excluindo policiais, militares e agentes de segurança;
fosse o porte de armas livre, certamente o louco Sidnei não tentaria o massacre em massa, por saber que não seria o único armado e encontraria reação.]
 
O técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos, aproveitou a queima de fogos durante a virada do ano, pulou o muro de uma casa em Campinas (interior de SP) e matou 12 pessoas, entre elas sua ex-mulher Isamara Filier, de 41 anos, e o filho. Ele invadiu a casa disparando uma pistola 9 mm pouco antes da meia-noite, depois atirou contra a própria cabeça. O motivo do crime seria a separação do casal e uma disputa pela guarda do filho, João Victor Filier de Araújo, de 8 anos. 
 Poucos antes de ser morta, Isamara desejou um ano de felicidade. "Para 2017...saúde paz prosperidade e muitas alegrias", postou ela em uma rede social ontem à noite, horas antes do crime.  Com os disparos feitos por Sidnei, uma das vítimas, que festejavam a passagem do ano em família, chegou a pensar que estava ouvindo o barulho de fogos. Ela percebeu o que estava acontecendo ao ver uma das vítimas caindo ao chão. Só sobreviveu porque correu e se escondeu em um banheiro da casa, segundo a polícia.
 Isamara Filier e o filho, João Victor Filier de Araújo - Reprodução do Facebook
 
Sidnei planejou o crime e chegou a gravar um áudio, cujo conteúdo ainda não foi divulgado, pouco antes da chacina. A gravação foi encontrada em seu carro, estacionado perto da casa invadida, no Jardim Aurélia, bairro de classe média de Campinas. Além da pistola usada na chacina, o técnico estava com dois carregadores, munições, um canivete e dez artefatos, aparentemente explosivos, segundo a polícia. O material passará por análise.

Das vítimas, 11 morreram na casa. Uma outra pessoa morreu a caminho do hospital e três estão internadas, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. De acordo com o boletim de ocorrência, quatro pessoas que estavam na festa não foram atingidas pelos disparos.  As investigações iniciais apontam que pelo menos 30 tiros foram disparados, que vizinhos também chegaram a confundir com fogos de artifício em comemoração ao Ano Novo. A polícia foi chamada após uma das vítimas, baleada na perna, conseguir pedir ajuda a vizinhos.

De acordo com informação dada pela família de Sidnei à Polícia Militar, o atirador sofria problemas psicológicos desde a separação da mulher. Segundo dados de processos judiciais, eles travavam uma disputa sobre as visitas do técnico ao filho pelo menos desde 2013. Sidnei trabalhava desde 1991 no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas. Ele tinha em seu histórico profissional vários trabalhos publicados, além de participação em congressos e cursos feitos nos Estados Unidos, Holanda e Inglaterra.

Veja a lista de vítimas fatais da tragédia:


Isamara Filier, 41 anos, ex-mulher
João Victor Filier de Araújo, 8 anos,
Liliane Ferreira Donato, 44 anos;
Antonia Dalva Ferreira de Freitas, 62 anos;

Ana Luiza Ferreira, 52 anos;
Rafael Filier, 33 anos;
Abadia das Graças Ferreira, 56 anos;
Paulo de Almeida, 61 anos;

Larissa Ferreira de Almeida, 24 anos;
Carolina de Oliveira Batista, 26 anos;
Alessandra Ferreira de Freitas, 40 anos;
Luzia Maia Ferreira, 85 anos.

Fonte: O Globo



domingo, 6 de setembro de 2015

O papa, o aborto e o Brasil - o aborto tem que ser combatido em uma guerra sem tréguas e em todos os campos

Ao mudar o discurso sobre a prática do aborto, o papa devolveu o assunto ao centro das discussões. Francisco, em carta pastoral divulgada para o Jubileu da Misericórdia, surpreendeu o mundo com posição não só inédita, mas também inimaginável. No período de duração do evento - 13 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016 - os padres ficam autorizados a perdoar as mulheres que interromperam a gravidez e as pessoas que as ajudaram no ato extremo.

Vale lembrar que não se trata de qualquer remissão.
O aborto está na restrita lista dos crimes que a Igreja considera mais graves. A excomunhão é automática. Só o pontífice ou um bispo pode devolver o condenado ao convívio da comunidade católica. Com a decisão, Sua Santidade mira com novos olhos realidade que não cabe mais debaixo do tapete. O mesmo ocorreu em relação aos homossexuais e ao acolhimento de homens e mulheres que refizeram a vida com novas núpcias.
Ora, se uma das mais conservadoras instituições do mundo aceita rever princípios milenares, incentiva outros setores a lhe seguir o exemplo. É o caso do Brasil. Aqui, a criminalização do aborto se tornou problema de saúde pública. Estima-se que sejam realizados entre 750 mil e 1,5 milhão de procedimentos inseguros por ano - a maior parte sem as condições de higiene necessárias e o acompanhamento profissional adequado. Resultado: o risco de morrer aumenta em até 350 vezes. [mulher que morre durante o procedimento de aborto é certo que não mais assassinará nenhum ser humano inocente e indefeso.]

Não se deve ao acaso ou à má sorte o fato de o aborto ser a quarta causa de mortes maternas no país. Se considerar hemorragias e infecções puerperais, ocupará posição de destaque em outros rankings. A cegueira ou a acomodação de manter a zona de conforto cobra preço alto da sociedade. Além da perda de vidas e da incapacitação para o trabalho, sobrecarrega-se o já precário equipamento hospitalar e se aumentam os encargos da combalida Previdência. [não podemos considerar a assassina que morre ao realizar um aborto com as pessoas que morrem por doenças ou outras causas.

A mulher que decide realizar um aborto, age de forma consciente e comete um dos mais covardes assassinatos e é justo que seja punida com a morte durante o procedimento, ou em consequência, ou no mínimo se torne estéril.
Respeitamos Sua Santidade, Papa Francisco, mas, entendemos que com esse gesto absurdo, o Papa estimula o aborto e facilita até mesmo que governos propensos ao aborto - caso do atual desgoverno do Brasil - encontrem terreno fértil para liberar o assassinato em massa de seres humanos inocentes e indefesos.]

Acredita em Papai Noel ou Branca de Neve quem supõe que a lei é capaz de impedir a interrupção da gravidez. Ou que o medo da excomunhão sirva de freio. Os números comprovam que quem quer encontra meios de atingir o objetivo. A mudança do Código Penal, de 1940, é exigência da contemporaneidade. A própria Igreja reconhece a necessidade de ler o tempo com olhos da contemporaneidade.
Não se trata de apologia ao aborto. Trata-se, isso sim, de sintonia com a realidade. A legalização, ao abrir as portas da rede pública de saúde para os necessários procedimentos médicos, acaba com o próspero mercado que rouba vidas ou inutiliza para o trabalho. É, repita-se, questão de saúde pública. Passou da hora de fazer de conta que tudo está bem como está. Não está. [ousamos afirmar que o CB só encontrou espaço para publicar o Editorial ora transcrito, verdadeiro manifesto pró aborto, exatamente, por encontrar terreno fértil em defender sua posição devido a postura de Sua Santidade.]

Fonte: Correio Braziliense - Editorial