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sexta-feira, 21 de abril de 2023

Dias de loucura - Augusto Nunes

Revista Oeste

É preciso impedir que supremos superpoderes transformem 2023 no mais infame dos anos

 

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 Cabelos desgrenhados em veloz processo de extinção, o paletó de quem dorme vestido, a gravata estreita demais para camuflar a curvatura do ventre, a expressão entediada — nada na aparência do homem que empunhava um microfone induziu a pequena plateia a desconfiar que logo testemunharia um momento histórico. “Dados atualizados da invasão do Capitólio, ministro Alexandre de Moraes”, preparou a assistência o orador Dias Toffoli. Assim começou, em 14 de dezembro de 2022, a mais audaciosa ofensiva da dupla de artilheiros em ação no Supremo Tribunal Federal. “Novecentas e sessenta e quatro pessoas já foram detidas. Nos cinquenta Estados. E acusadas de crimes cometidos desde 6 de janeiro de 2021”, foi em frente o orador. “E quatrocentas e sessenta e cinco fizeram acordos se declarando culpadas com o Ministério Público”.  

O impetuoso parceiro subiu ao palanque improvisado pronto para o arremate. “Antes de dizê o que eu ia falar, eu fiquei feliz com a fala do ministro Toffoli”, emocionou-se Moraes em paulistês interiorano. “Porque comparando os números têm muita gente pra prendê”, fez uma pausa e subiu o tom de voz para o fecho glorioso: “E muita multa pra aplicá!”. A plateia formada por gente que ajudou a eleger um governo favorável à “política de desencarceramento” saudou com risos e aplausos a advertência do Supremo Carcereiro. 
Menos de um mês depois, o surto de vandalismo agravado pela invasão dos prédios que abrigam as sedes dos Três Poderes animou Moraes a deixar claro que havia mesmo muita gente implorando por cadeia.
 Em 9 de janeiro, além dos 41 detidos em outras paragens, 1.406 brasileiros foram capturados na capital federal. 
E Moraes se tornou o novo recordista mundial da modalidade não olímpica prisões em massa.  
 
Nenhum exagero, recitaram em coro porta-vozes do governo Lula fantasiados de jornalista. A democracia brasileira seria sepultada em cova rasa se Moraes não tivesse sufocado o que o consórcio da imprensa batizou de Intentona Bolsonarista. A óbvia alusão à Intentona Comunista — uma sequência de insurreições militares que tentou derrubar em novembro de 1935 o governo de Getúlio Vargas — é só um monumento à ignorância histórica.  
A desastrosa quartelada conduzida por tentativa de golpe liderada por Luiz Carlos Prestes provocou pouco mais de 100 mortes. 
Nos distúrbios de 8 de janeiro não morreu ninguém.  
Em 1936, foram julgados 35 integrantes do alto comando da Intentona Comunista
Passados mais de três meses, os presídios da Papuda e da Colmeia continuam atulhados de homens e mulheres aos quais foram negados o devido processo legal e o direito de ampla defesa.  
Os colunistas de picadeiro que resistiram à intentona que não houve acabam de ser baleados pelos vídeos que mostram o assombroso desempenho do general lulista Gonçalves Dias, em 8 de janeiro, durante a invasão do Palácio do Planalto.  
O líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes, em julgamento pelo Tribunal de Segurança, 1937 | Foto: Wikimedia Commons
Com a placidez de um bebê de colo, o agora ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional contempla a movimentação das tropas inimigas. Gentil como um guia turístico, oferece água aos futuros prisioneiros de guerra e indica-lhes a saída mais segura. 
O presidente da República, os devotos da seita e os ministros do STF fizeram de conta que não viram nada de mais. 
Lula jurou que não sabia de nada, que se houve algo errado a culpa é do velho amigo dele. 
Parlamentares do PT garantem que o chefe foi traído. Moraes deixou claro que não perde tempo com criminosos que votaram no candidato certo. Primeiro, ordenou à Polícia Federal que esperasse 48 horas para ouvir o que tem a dizer o general amigo de Lula. Em seguida, comunicou que vai manter na cadeia Anderson Torres. Ex-ministro de Bolsonaro, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e estava nos Estados Unidos em 8 de janeiro. Foi preso por omissão. Mas vai continuar preso por outros motivos que o ministro preferiu omitir. 
Os demais superjuízes não deram um pio sobre a troca de gentilezas entre Gonçalves Dias e os depredadores. 

A multidão de prisioneiros sem julgamento, formada exclusivamente por eleitores que não votaram em Lula, é a vitória da perversidade sobre a compaixão 

Como o caso do general pode esperar, os 11 Doutores enfim começaram a decidir o destino do primeiro grupo de acusados sabe Deus do quê, formado por 100 seres humanos. Exatamente 100; nem mais, nem menos. 
Como o Supremo mandou às favas a obrigatória individualização de conduta, a multidão encarcerada foi dividida em grupos (“lotes”, preferem os semideuses togados). 
A inovação pode juntar num mesmo balaio depredadores compulsivos e manifestantes que lastimavam a volta de Lula longe da Praça dos Três Poderes. 
Como o julgamento é virtual, as vítimas do arbítrio ficam nas celas, os doutores deliberam em casa e advogados sem acesso aos autos fazem a defesa oral à distância. 
Também os que saíram da cadeia não recuperaram a liberdade. 
São prisioneiros do medo, alimentado o tempo todo pelo uso da tornozeleira e por outras restrições ultrajantes. 
 
Foto: Cristyan Costa
O ministro que acredita ter sufocado a Intentona Bolsonarista talvez ignore que em 1936, ao aprovar a deportação de Olga Benario Prestes para a Alemanha nazista, o Supremo Tribunal Federal conheceu sua hora mais escura. Alheia à Constituição, aos códigos legais, à ascendência judia e à gravidez da ré, a Corte condenou à morte a mulher de Luiz Carlos Prestes
Em tese, aplicou-se a pena de expulsão a uma estrangeira presa meses antes por ter participado da Intentona Comunista. Olga foi assassinada num campo de concentração. A criança que sobrevivera à escala no inferno foi resgatada por uma campanha internacional liderada pela avó. A decisão do STF inscreveu em sua história o dia da infâmia.
 
Olga Benário Prestes | Foto: Wikimedia Commons

Em 2019, quando Dias Toffoli atropelou o sistema acusatório brasileiro, confiscou atribuições do Ministério Público, abriu o inquérito das fake news e entregou sua condução a Alexandre de Moraes, poucos juristas enxergaram um vigoroso pontapé na Constituição. 
Quatro anos, nove inquéritos abusivos e incontáveis ilegalidades depois, a democracia brasileira é deformada pela existência de exilados perseguidos pelo Judiciário, presos políticos, indultos presidenciais atirados ao lixo, jornalistas proibidos de opinar, empresários sitiados por multas multimilionárias, contas bancárias e redes sociais bloqueadas, normas constitucionais em frangalhos, cidadãos sem passaporte além do medo epidêmico infundido por ditaduras disfarçadas
A multidão de prisioneiros sem julgamento, formada exclusivamente por eleitores que não votaram em Lula, é a vitória da perversidade sobre a Justiça. O Brasil que pensa vem colecionando dias de loucura. É preciso impedir que supremos superpoderes transformem 2023 no mais infame dos anos.

Leia também “O que aconteceu no 8 de janeiro”

Augusto Nunes, colunista - Revista  Oeste


terça-feira, 4 de abril de 2023

Lula enganou até o papa Francisco - Gazeta do Povo

Vozes - Deltan Dallagnol

Justiça, política e fé

Lula enganou até o papa Francisco - Foto: EFE


Em entrevista que foi ao ar na última quinta-feira, o Papa Francisco questionou a condenação de Lula, dizendo que não existiam provas contra ele. O trecho com pouco mais de três minutos sobre o assunto, um dos tópicos de uma longa entrevista, pode ser conferido a partir do minuto 40.

O papa Francisco é uma das principais lideranças cristãs e religiosas do mundo.
Neste artigo, para além de expressar meu profundo respeito ao papa, apresento as informações que o papa não conhecia ao fazer seu comentário.

Primeiro, ser cristão e discípulo de Jesus me faz nutrir um profundo respeito pelo Papa. Eu me esforço para aprender diariamente com Jesus, meu maior mestre e inspiração. Busco fortalecer minha fé e minha prática todos os dias com exame de consciência, oração e leitura espiritual.

Jesus me ensinou que o propósito central da vida é amar a Deus e ao próximo. E foi por amor que entrei na Lava Jato e trabalhei manhãs, tardes e noites, com dedicação incansável e permanecendo firme mesmo diante de ameaças, ataques e retaliações.

Quem acha que meu objetivo na Lava Jato era prender pessoas está enganado
Meu propósito sempre foi defender os brasileiros que sofrem com o desvio de dinheiro público: com mortes em hospitais, uma educação pobre, falta de segurança e poucas oportunidades. Ao lutar por justiça, meu combustível sempre foi a compaixão.
Compaixão e indignação são duas faces da mesma moeda
Foi por compaixão que Jesus expressou sua indignação contra a corrupção dos governantes, virando as mesas do templo, o centro do governo judaico, por ter se transformado num covil de ladrões. Essa foi a única vez que a Bíblia descreve Jesus usando a força física contra a injustiça.

    E foi por amor que entrei na Lava Jato e trabalhei manhãs, tardes e noites, com dedicação incansável e permanecendo firme mesmo diante de ameaças, ataques e retaliações

O primeiro grande opositor da corrupção política brasileira foi um cristão, padre Antônio Vieira. Ele foi muito corajoso em confrontar os governantes corruptos brasileiros, debaixo do risco de vinganças e retaliações. Para ele, a corrupção era a origem das nossas doenças e o verdadeiro ladrão não era o de galinhas, mas o governante que roubava e despojava os povos.

A dor desses povos despojados, especialmente dos pobres, faz pulsar o coração de muitos cristãos como o do papa Francisco. Quando foi escolhido para ser o novo papa, dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, abraçou-o e disse “não se esqueça dos pobres”. Como o papa conta, esse se tornou o seu sonho, o de uma igreja que cuide dos pobres, o que foi a razão da escolha de seu nome papal, inspirado na vida de Francisco de Assis.

O cuidado dos pobres passa necessariamente pelo combate à corrupção.  
Políticos corruptos que sequestram o Estado usurpam os direitos de todos, mas quem mais sofre com isso são os pobres, justamente por dependerem mais dos serviços estatais de saúde, educação e segurança. Petrolão e Mensalão tiravam o dinheiro do povo que corria para farras de guardanapos, contas no exterior, malas em apartamentos, festas e triplex. É uma ilusão achar que quem rouba o país cuida dos pobres.

Justamente por isso o próprio papa Francisco afirmou, em 2017, que “a corrupção deve ser combatida com força. É um mal baseado na idolatria do dinheiro que fere a dignidade humana”. Em 2021, ele endureceu as regras contra a corrupção no próprio Vaticano.

No ano passado, o papa sublinhou que os cristãos não podem ser indiferentes à corrupção num mundo cheio de “condutas desonestas, políticas injustas e egoísmos que dominam as escolhas dos indivíduos e das instituições”. Somos chamados a fazer o bem, disse ele. Eu não poderia concordar mais.

Tendo expressado meu imenso respeito ao papa e que compartilho dos mesmos valores e princípios bíblicos que levam os cristãos a lutar contra a corrupção, devo dizer: o que existiu contra Lula foi um processo correto que fez valer a lei contra a corrupção, porque encontrou um caminhão de provas de que Lula era culpado de um esquema de desvios e lavagem de dinheiro.

Eu tenho certeza absoluta de que não foram levadas ao papa Francisco todas as informações que constam nas acusações e condenações, por isso vou retratar um pouco do conteúdo da Lava Jato que é de conhecimento público, mas é essencial para entender o caso Lula.

Acredito que não contaram ao papa que há provas do desvio de dezenas de bilhões de reais da Petrobras e de outros órgãos e ministérios por parte de pessoas nomeadas diretamente por Lula, que criminosos confessos devolveram 15 bilhões de reais e que as empreiteiras beneficiadas nos esquemas deram benefícios milionários para Lula.

Creio que o papa não soube, por exemplo, das adulterações documentais e provas que demonstraram, segundo a Justiça, que o triplex foi dado pela OAS para Lula como contrapartida de benefícios que este concedeu à empreiteira quando era presidente. Aposto que o papa não sabe, ainda, que a empreiteira OAS colocou cozinhas caríssimas no triplex e no sítio usados por Lula sem cobrar um real por isso de ninguém.

Será que informaram o papa de que as empreiteiras que investiram milhões na reforma do triplex e do sítio usado por Lula não faziam esse tipo de serviço pequeno para ninguém, mas sim construíam grandes obras de engenharia como pontes, usinas e estradas?

Soube o papa que as condenações de Lula mostraram que o dinheiro para essas obras que beneficiaram Lula não saiu do seu bolso, mas foram pagas por meio de obras cartelizadas, superfaturadas ou irregularmente concedidas pelo governo petista? 
Contaram para o papa que havia planilha para controlar os valores das propinas devidas e pagas ao governo?

Será que o papa sabe que Lula e seu partido jamais expulsaram José Dirceu, que era braço direito de Lula quando o esquema de corrupção Mensalão aconteceu e foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, não só no Mensalão, mas também na Lava Jato? 

Será que o papa sabe que Lula elogiou recentemente Dirceu no aniversário do Partido dos Trabalhadores, como se fosse um político modelo?

Talvez não tenham contado ao papa que o apartamento do lado de onde Lula morava em São Bernardo do Campo foi comprado com dinheiro da Odebrecht e que ele quebrou a parede e passou a usar o apartamento como seu, conforme o Ministério Público apontou no terceiro processo contra Lula.

    Creio que o papa não soube, por exemplo, das adulterações documentais e provas que demonstraram, segundo a Justiça, que o triplex foi dado pela OAS para Lula como contrapartida de benefícios que este concedeu à empreiteira quando era presidente

Será que contaram ao papa que mais de duzentos criminosos confessaram seus crimes e devolveram valores que variaram entre poucos milhões até bilhões? Que um gerente da Petrobras e um ex-governador do Rio tinham 100 milhões de dólares cada em contas no exterior?

Será que o papa soube que dezessete empreiteiras reconheceram seus crimes, incluindo as que pagaram propinas a Lula, como a OAS que assinou acordo no valor de 1,9 bilhão de reais, e a Odebrecht que se comprometeu a devolver 2,7 bilhões de reais? E tomou conhecimento de que esse trabalho envolveu centenas de agentes públicos?

É importante contar para o papa que os processos contra Lula não foram uma armação. Foram movidos por um conjunto de quinze a vinte procuradores só na primeira instância, todos concursados, com grande experiência e respeitados pelos trabalhos que fizeram ao longo de sua história no Ministério Público.

E será que o papa sabe que vários desses procuradores que acusaram Lula e pediram sua condenação por crimes haviam votado em Lula, mas apresentaram a acusação para cumprir o seu dever com a verdade e a justiça? Será que o papa tem conhecimento de que dentre os procuradores havia vários progressistas?

Acredito que não relataram ao papa que Lula não foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro apenas por Moro, mas também por outra juíza, a Gabriela Hardt. E será que tem conhecimento de que quatro desembargadores mantiveram as condenações e de que quatro Ministros do Superior Tribunal de Justiça já haviam confirmado a primeira delas?

Será que o papa sabe que o Supremo Tribunal Federal não absolveu Lula nem analisou o mérito do seu caso, mas anulou o processo por questões formais, em uma decisão de 7 votos contra 4? E será que tomou conhecimento de que, dentre os 7 ministros vitoriosos, 4 foram nomeados pelo próprio Lula?

Papa Francisco é uma pessoa boa, correta e tenho certeza de que não sabe disso tudo. Na disputa de narrativas, as pessoas sofrem a influência de quem grita mais e mais alto. Lula e o PT sabem que uma mentira gritada mil vezes vira “verdade” e conseguiram iludir muita gente – até o papa.

E se você ficou chateado e quer parar de ir à igreja por conta disso, você está errado. Primeiro, porque a solução é outra: a disseminação das informações verdadeiras e o exercício da cidadania. O próprio papa disse em 2013 que “devemos estar sempre em guarda contra o engano”.

Segundo, porque a razão que nos une em igreja não é uma discussão sobre um caso criminal, mas o compromisso último da existência, a nossa fé em Cristo. O que nos une em igreja no fundo não são pessoas, mas Deus.

Meu propósito é amar e servir a Deus e aos homens, fazendo o meu melhor. 
Acredito no amor, na compaixão, na indignação santa e na justiça. 
Por isso, seguirei lutando com perseverança e com todas as forças pelo que eu amo e acredito, levando informações a todos para que o bem, a verdade e a justiça possam, no fim, prevalecer.

Veja Também:

Em 107 minutos Lula provou que não está à altura do cargo

 Nossas famílias em risco se não agirmos

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Deltan Dallagnol, colunista - Gazeta do Povo


terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Agora, Lula acha que pode salvar o mundo

Lula se voluntaria como construtor da paz global, mas demonstra mais condescendência com a invasora Rússia do que compaixão com a vítima Ucrânia

Lula atravessou as últimas três semanas apresentando um esboço do seu projeto de política externa. Quer ser o construtor da paz entre Rússia e Ucrânia, deixou claro aos jornalistas que acompanhavam a visita do chanceler alemão Olaf Scholz a Brasília, na segunda-feira (30). Scholz preferiu falar sobre a salvação da Amazônia.

Projeta liderar a mediação da guerra com apoio dos governos da Turquia, Índia, Indonésia e África do Sul, e com alguma ajuda da China que, nas palavras dele, precisa “pôr a mão na massa”.

Na lógica do mundo de Lula, o projeto expansionista de Vladimir Putin pode até ser condenável, pelo aspecto da invasão brutal da vizinha Ucrânia. Mas, torna-se palatável, senão justificável, como instrumento de política a partir do momento em que as potências ocidentais colocaram seus “cachorros” da aliança militar Otan para “latir” na fronteira do antigo império russo que Putin tenta restaurar.

Para Lula, a Ucrânia agredida é tão culpada quanto a agressora Rússia, que invadiu o país vizinho. Nas suas palavras, “a Rússia cometeu um erro crasso de invadir o território de outro país. Mas acho que quando um não quer, dois não brigam.” Se tem alguém nesse mundo que não merece ser aplaudido, acha Lula, é o ucraniano Zelensky: “Às vezes, fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado.”

“Ele [Zelensky] quis a guerra”, acrescenta. “Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim.”

Exala mais condescendência com a invasora Rússia do que compaixão com a vítima Ucrânia: “Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México [em novembro], dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver. É preciso estimular um acordo.”

Apesar da evidente perspectiva enviesada, Lula diz que não tem lado, e pretende se apresentar a Joe Biden, em Washington, e a Xi Jinping, em Pequim, como voluntário para tentar salvar o mundo dos riscos de uma guerra nuclear. “A única coisa que eu sei é que se eu puder ajudar, vou ajudar”, disse, complementando: “Mas se for preciso conversar com o [Volodymyr] Zelensky, com o [Vladimir] Putin, eu faço.”

Ele quer ascender como líder global, e, para tanto, adota a tática de clamar num suposto vácuo de liderança política que neutralizou a iniciativa em organismos como a ONU. “Ela [ONU] não representa mais a realidade geopolítica. Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha força, tenha mais representatividade e que possa falar mais uma linguagem que o mundo está precisando. Quando a ONU estiver forte, a gente vai evitar, certamente, possíveis guerras que acontecem. Porque hoje as guerras acontecem por falta de negociação, por falta de alguém, de um conjunto de países que interfira nisso.”

Lula tem um projeto biográfico para sua estadia no Palácio do Planalto. É legítimo. Agora, só falta combinar tudo o que deseja com os EUA, a União Europeia, a China, a Rússia, a Turquia, a Índia, a Indonésia e a África do Sul, entre outros.

O mundo, certamente, deverá atravessar os próximos quatro anos muito preocupado com a autoestima de Lula da Silva, presidente do Brasil.

José Casado, jornalista - Revista VEJA

 

terça-feira, 14 de junho de 2022

Discurso do presidente da República no Lançamento do Programa Brasil pela Vida e pela Família

Consideração e sugestão do Blog Prontidão Total: Na íntegra pronunciamento do Presidente da República Federativa do Brasil. Consideramos ser um texto com assuntos de grande importância, sempre atual e o que aponta é de dificil contestação.
Vale a pena ser lido na íntegra.

"Senhoras e senhores, boa tarde.

Eu vou falar do tema, mas queria perguntar para vocês: o que é indignação? Quando é que você fica indignado? Quando você vê um brutal ato de injustiça. E não interessa contra quem seja esse ato de injustiça. Nós temos que nos indignar. Nós temos que demonstrar o nosso sentimento. Nós temos que tentar mostrar que o outro lado está errado. Bem, tem um jurista aqui na frente, nosso ministro Humberto. Nós somos autoridade para agir em flagrante delito. Não é isso mesmo? Nós podemos deter uma pessoa que tenha cometido um delito grave, de forma flagrante. Eu pergunto: eu poderia aqui, agora, deter alguém por ter espancado um marciano? Poderia? Acredito que não. Não existe nada na lei que fale: se você espancar marciano, maltratar ou matar, você vem a detê-lo. 
Eu pergunto a vocês: pode alguém ser punido por fake news? "Olha, ele está espalhando o fake news". E se esse fake news não for fake news, for uma verdade, pior ainda. 
Enquanto aqui a gente está num evento voltado para a fraternidade, amizade, amor, compaixão, aqui, do outro lado da Praça dos Três Poderes, uma turma do Supremo Tribunal Federal, por 3 a 2, mantém a cassação de um deputado acusado em 2018 de espalhar fake news. Esse deputado não espalhou fake news. Porque, o que ele falou na live, eu também falei para todo mundo: que estava havendo fraude nas eleições 2018. Ia se apertar o número, quando se apertava o número 1, já aparecia o 13 na tela e concluía a votação. Foram dezenas de vídeos. Dezenas de pessoas ligaram para mim, ao longo de toda noite daquela primeira votação do 1° turno, de 2018. Isso é uma verdade.
 
E esse deputado foi cassado. Primeiro ele foi absolvido por 7 a 0 no TRE do Paraná, depois por 6 a 1 foi condenado no Tribunal Superior Eleitoral, cujo objetivo era criar jurisprudência para perseguir os outros que, porventura, não gostassem do seu comportamento. Deputados que estão aqui que, porventura, estejam vendo, vai chegar a sua hora, se você não se indignar. Não existe tipificação penal para fake news. Se for para punir fake news com a derrubada de páginas, fecha a imprensa brasileira, que é uma fábrica de fake news. Em especial, O Globo, Folha. Outro caso hipotético, vamos supor, um caso hipotético, que o João assassinou a esposa, Maria, e ele foi condenado. 
Algum tempo depois, descobriu-se que o João não era casado com a Maria. Eles viviam em união estável.
Solte-se o João. Volte o processo às origens. Assim foi a absolvição do Lula. Patrocinada por quem? Edson Fachin? Ele que botou o Lula em liberdade. Baseado no quê? No CEP, Código de Endereçamento Postal. Ele não podia ser julgado em Curitiba. Tinha que ser julgado em São Paulo ou Brasília. E anulou-se na época que já se prescrevia todas as acusações contra ele. Que Brasil é esse? Que justiça é essa, me desculpem os demais magistrados aqui presentes? 
Onde está o nosso TSE, quando convida as Forças Armadas, via portaria assinada pelo ministro Barroso, a participar de uma Comissão de Transparência Eleitoral? As Forças Armadas descobrem centenas de vulnerabilidades. Apresentam nove sugestões. Não gostaram. "Eleição é coisa para forças desarmadas." Convidá-los para quê, ora bolas? Para fazer o papel do quê? Eu sou o chefe das Forças Armadas. Nós não vamos fazer o papel de idiotas. Eu tenho a obrigação de agir.
 
Tenho jogado dentro das quatro linhas. Não acham uma só palavra minha, um só gesto, um só ato fora da Constituição. Será que 3 do Supremo Tribunal Federal, que podem muito, pode continuar achando que podem tudo? Eu não vou viver como um rato. Tem que haver uma reação. E se a população achar que não deve ser dessa maneira, preparem-se para ser prisioneiros sem algemas. O ministro que solta o Lula é o mesmo que está à frente do Tribunal Supremo Eleitoral, dando as cartas como dono da verdade
O que ele fez essa semana que passou? A política externa é minha e do ministro França, do Itamaraty. 
Ele convida, então, 70 embaixadores, e eles vão lá para dentro do TSE, e ele, de forma indireta, ataca a Presidência da República, como "o homem que não respeita a Constituição, que não respeita o processo eleitoral, que pensa em dar um golpe". E conclui de forma indireta: "acabou as eleições, imediatamente seu Chefe de Estado deve reconhecer o ganhador das eleições, para que não haja qualquer questionamento junto à Justiça." O que é isso, senão arbítrio? Um estupro à democracia brasileira? Para mim, é muito mais fácil eu estar do outro lado, muito mais fácil. Otoni de Paula, Carla Zambelli, é muito mais fácil.
 
Tenho a família toda perseguida, até a esposa processada. Canalhas. Processar minha esposa? Vem pra cima de mim, se são homens. Eu sou suspeito para falar de parentes ao meu lado. 
A minha esposa, pelo que eu vejo, pelo que eu sei, é uma pessoa discreta, que trabalha pelos menos favorecidos, por pessoas com deficiência, aprendeu libras, dá exemplo. 
Porque participa ao lado da ministra da Mulher no Dia das Mães, no horário das 20h30 da noite, ela é processada. O que querem com isso? Essa questão, julgada agora há pouco por 3 a 2, o ministro Alexandre de Moraes falou: "Temos jurisprudência em cima do Francischini para cassar registro e prender candidatos que, porventura, duvidem do sistema eleitoral."
 
A dúvida, o debate, faz parte da democracia. Onde não há debate, há ditadura. Nós confiamos nas máquinas, e eu confio nas máquinas. Não confio em quem está atrás das máquinas.  
Se me permitem avançar, a minha segunda live do ano passado, onde eu peguei o inquérito da Polícia Federal, que foi aberto no início de novembro. Por que foi aberto? 
Porque um hacker fez uma denúncia e a ministra Rosa Weber, que não sabia de nada, fez com que a Polícia Federal, determinou, que instaurasse o inquérito.
O que vou falar aqui está dentro do inquérito, que não tinha qualquer classificação sigilosa até aquele momento.  
 
E lá está escrito, dentro do inquérito, porque o delegado encarregado do inquérito pediu ao TSE informações. O TSE informou que os hackers ficaram por oito meses dentro do TSE, com a senha do ministro Banhos. Está escrito isso, e essa imprensa não enxerga isso? Vai falar amanhã que eu estou atacando as urnas eletrônicas. Vocês serão os primeiros a ser perseguidos no futuro, podem ter certeza disso. Os hackers tiveram oito meses com a senha do ministro Banhos.  
Nos primeiros dias, o delegado encarregado do inquérito pediu os logs. Sete meses depois, o TSE informou. 
 Está no processo que os logs foram apagados por uma firma terceirizada que fazia manutenção dos computadores. 
Os logs são entregues no mesmo dia, no dia seguinte, é como um backup. Por que há sete meses? Ficaram arrumando o quê dentro do TSE? Porque só sobra margem para desconfiança.
 
Será que o Datafolha está perfeitamente alinhado com o que está previsto no resultado do TSE? Nós não podemos viver sob suspeição. Até num casal, tem que sentar e conversar. 
Por que é que os técnicos do TSE não conversam com os técnicos das Forças Armadas que foram convidados a participar do critério? 
Queriam a participação das Forças Armadas como uma moldura de uma fotografia, para dar ares de credibilidade? 
Esqueceram que eu sou o chefe das Forças Armadas? 
O que queremos pro nosso Brasil? Ganhe quem ganhar as eleições, eu entrego a faixa numas eleições limpas, democráticas e auditáveis. 
O que aconteceu no dia de ontem, depois do show com os embaixadores? O ministro Fachin, presidente do TSE, convida lideranças religiosas. 
E o título do convite era Paz e Tolerância. 
Olhe só, o Ministro Fachin fala Paz e Tolerância. O que o Ministro Fachin fez no ano passado? Tentou, de todas as formas, no TSE, criar uma jurisprudência ao tentar cassar uma vereadora evangélica, de Luziânia, Goiás, que pediu votos numa pequena igreja para meia dúzia de pessoas. "Vote em mim".  
Com essa cena, o ministro Edson Fachin tentou criar a jurisprudência para cassar registro de cristãos, evangélicos e espíritas sobre abuso do poder religioso.
 
Qual é a coerência desse ministro? Um convite falando sobre tolerância, ele sendo um intolerante com uma pobre de uma coitada de uma vereadora eleita em Luziânia. 
Qual a isenção que tem esse ministro para conduzir as eleições? 
Qual terá Alexandre de Moraes para, 40 dias, assumir aquele posto? 
O que podemos pensar que essas pessoas… o que eles querem? Querem uma ruptura? 
Por que atacam a democracia o tempo todo? Aqui não tem ninguém mais homem do que outro. Mas nós não podemos nos curvar. Eu não sou dono da verdade nem dono do Brasil. Eu não sou a pessoa mais poderosa. Eu não sou a pessoa perfeita. E assim, ninguém o é. Ou nós nos indignamos, acordamos para o que está acontecendo, ou marcharemos no caminho da Venezuela.
 
O outro lado fala de aborto, isso de forma escancarada. Ataca os valores familiares o tempo todo, como o decreto 2009 do PNDH3, cujo capítulo mais importante é a desconstrução da heteronormatividade. 
O outro lado diz que vai valorizar o MST, que nós acalmamos, titulando os mesmos. 
Diz que vai voltar a fazer empréstimos para outros países, que isso é investimento. Nós já pagamos 4 bilhões, nós, no FAT, para o BNDES, dinheiro emprestado para a Venezuela. 
Mineiro, se tem algum aqui: Belo Horizonte não tem metrô, mas Caracas tem. Com dinheiro nosso. 
Esse outro lado fala em desarmar a população. Não deu certo a política de desarmamento. O Chile está sendo desarmado agora. Todas as ditaduras precederam de movimentos desarmamentistas. Povo armado jamais será escravizado. Ninguém desarma o povo americano. Não adianta aparecer por lá alguém com espírito de ditador, que não vai dar certo. O Brasil tem que criar esse espírito também. Tenho falado para todos os meus ministros: em 64, tentaram tomar o poder pelas armas; agora, as armas que usam são as armas da democracia.

"Eu quero, eu não quero, eu puno, eu caço, eu prendo um deputado por oito meses, eu faço com que a jornalista seja exilado, outros sejam presos." Oras, bolas, se as urnas são inexpugnáveis, por que temos o hacker preso há quase um ano em Minas Gerais? São inexpugnáveis. O que se espera de um país que age dessa maneira?

Eu não estou dizendo que há fraude, mas há suspeita. Temos que dissipar essa nuvem da suspeição. Não podemos viver dessa maneira. Metade do meu tempo eu tomo para me defender de acusações do outro lado da Praça dos Três Poderes. 
Como agora, uma ministra me dá 10 dias para explicar como anda a população de rua do Brasil. 
Agora, Alexandre de Moraes, novamente: "Qual é o seu plano para defender os ianomâmis?"  
Se eu perguntar para ele qual o tamanho da área Yanomami, duvido que ele saiba. Olha, se foi demarcado, é porque não podemos estar lá dentro.
É o tempo todo aceitando ações propostas por partidos que não têm mais que meia dúzia de representantes.  
 
As coisas mais absurdas acontecem, como, por exemplo, começamos a fazer um contorno numa reserva indígena de 190 km, aqui em Mato Grosso, onde que, passando pela reserva, seriam 110
E pela reserva pode passar, mas não pode asfaltar a estrada, é uma estrada intransitável grande parte do tempo, tendo em vista os atoleiros. Vamos fazer um contorno de mais 80 km. Cada safra, 2.000 caminhões bi-trens passam por essa rodovia, que agora vão andar mais 80 para ir e mais 80 para voltar, com o preço do diesel que está aí nas alturas. Mas a Justiça diz: "Não pode asfaltar a reserva indígena." 
E agora, para concluir, que eu gostaria de falar 1 hora com os senhores, desde que os senhores não fossem embora, obviamente, está o Supremo discutindo marco temporal. O que é isso?
 
Já temos no Brasil uma área do tamanho da região Sudeste demarcada como terra indígena.  
Uma nova interpretação querem dar a um artigo da Constituição. E quem quer dar essa nova interpretação? Ministro Fachin, marxista-leninista, advogado do MST, votou depois o Cássio Nunes, 1 a 1. 
Agora está com o ministro Alexandre de Moraes. E eu tenho falado: se o novo Marco Temporal for aprovado, além de uma área do tamanho da região Sudeste, já demarcada como terra indígena, teremos outra área do tamanho da região Sul; que, pela localização geográfica dessas centenas de terras indígenas, teremos uma outra área, também, do tamanho do estado de São Paulo, como terra indígena. Acabou a economia brasileira do agronegócio, acabou a nossa garantia alimentar, acabou o Brasil. O que eu faço se aprovar o marco temporal? Tenho duas opções: entrego a chave para o ministro supremo ou digo "não vou cumprir".
 
Eu fui do tempo em que decisão do Supremo não se discute, se cumpre. Eu fui desse tempo, não sou mais. Certas medidas saltam aos olhos dos leigos. É inacreditável o que fazem. Querem prejudicar a mim e prejudicam o Brasil.
Para onde vai a nossa Pátria? Como está o Brasil pós pandemia? 
E mesmo com essa guerra, estamos bem, levando-se em conta a maioria dos outros países do mundo. 
Para onde queremos ir? Por que essas decisões? Não têm um diálogo, não tem um convite para nada. É só pancada, pancada, pancada o tempo todo.
 
Querem a volta daquele cara que roubou o país, o cara responsável pelo maior lote de corrupção da Via Láctea. Quer isso de volta?  
Já loteou todo o futuro ministério, o outro lado. Inclusive as duas vagas para o Supremo Tribunal Federal. 
Cristiane, quando se fala em aborto, que nós somos contra. Primeiro, eu conheço o Parlamento. Não vão aprovar uma proposta nesse sentido lá. Se aprovarem, tem o poder de veto aqui. 
Mas quem aprovou aborto na Colômbia foi a Suprema Corte colombiana. Vocês acham que, aquele cara voltando, botando o advogado do PT lá, o Zanin, e outro indicado por esse que está fazendo a miséria do TSE, vai botar que perfil de gente lá? 
Não adianta o André Mendonça pedir vista, porque ele é um evangélico. Vão passar o trator em cima dele. O que vão fazer com a nossa pátria?
 
Olha o que está sendo feito, via Assembleia Constituinte no Chile, um país que estava redondinho na economia, que crescia no mínimo, cinco 5%, próximo disso, todos os anos. 
Olha para onde foi. E olha que lá o voto é no papel. O outro lado ganhou porque o pessoal resolveu se acomodar. "Eu sou isentão, eu sou limpinho, uso talco pompom". E não foi votar. Agora estão fazendo movimento de rua: "Fora, Presidente do Chile".

E aqui, as andanças minhas pelo Brasil. Não é no local onde eu vou, que tem 1.000, 2.000, 5.000, 10.000 pessoas, que aí podem falar: "essa gente é simpático a ele". Mesmo sem ter um ônibus parado na periferia. Mas, ao longo do percurso, como povo nos trata, a mim e aos meus meninos. O outro lado não consegue sair às ruas. Não sai de casa. Agora diz que está com Covid. Dez dias que não vai sair de casa mesmo. 

Que eleições são essas? Eu sou do tempo em que, eleições, ganhava quem tinha o voto nas urnas. Agora, parece que é quem tem amigo no TSE. E lá tem uma sala cofre que ninguém entra. 
A apuração é um ato público. Qualquer um de vocês tem que entender como são feitas as apurações. Não interessa se conheça ou não de tecnologia. E como é feito? Ninguém sabe. Pode ser que seja feito corretamente? Pode, mas não podemos ter a suspeição. Não podemos terminar umas eleições onde um lado não vai se satisfazer com o resultado. E olha que eu sou o chefe do Executivo. O que é normal seria o chefe do Executivo estar conspirando para permanecer no poder. Jamais farei isso. Entrego para qualquer um a faixa, mas tem que ganhar no voto transparente. Alguns falam: "Ah, o Bolsonaro, está fazendo isso porque está criando um clima, que vai perder."
 
Meu Deus do céu, se o Lula tem 45%, vamos dar transparência para ele ganhar no primeiro turno. Isso não é um desabafo, é um alerta à nação brasileira. Podia ter ficado quieto, como quase todos os meus ministros, me aconselham: "fique quieto, fique na tua, calma"
Olha o que aconteceu agora, o 3 a 2. O que nós estamos vendo no dia-a-dia? É para ficar calmo? Vamos esperar acabar o jogo para pedir o VAR? Aqui tem gente que vai votar na esquerda, tenho certeza disso. É um direito teu, parabéns. Mas quem tem que ganhar a eleição é quem tem mais voto. E outra, se houver, se por acaso houver, vai haver só para presidente, ou não vai haver para outros cargos? Por que é que o TSE não fala o seguinte: "Presidente, deixa os técnicos das Forças Armadas virem aqui para dentro do TSE, conversar com o nosso pessoal, debater, e fazer com que não tenhamos quaisquer dúvidas no pleito eleitoral"?. Nada mais justo do que isso. Por que vivemos na incerteza? É um milagre eu estar aqui. Sobrevivi a uma facada. Um milagre minha eleição. Quem eu era? Eu não era nada dentro do Parlamento. Era mais um deputado do baixo clero que discursava para as paredes, como tantos outros discursam lá dentro. Resolvi vir candidato porque, me desculpe, deputado, eu cansei do Parlamento. Eu quero cuidar da minha vida. E falava durante a campanha: Eu tenho duas alternativas, praia ou Planalto. Me dei mal. Vim para o Planalto.

Mas eu entendo, aqui, Otoni, a gente que não podemos medir a fé. Não temos como ter uma fita métrica para isso. A fé está dentro de você. Ou você tem, ou você não tem. Eu aprendi uma coisa ao longo da minha vida. Sou católico, já li a Bíblia quando estava na fronteira. Naquele tempo, não tinha energia elétrica, não tinha celular. Então tinha mais tempo para a família, para ler a Bíblia. E o que eu aprendi? O que for possível fazer, que você faça. O que for impossível, bote nas mãos de Deus. Eu entendo que é dessa forma que devemos agir, e concluo mais uma vez: Não sou mais homem que nenhum dos homens que estão aqui. Somos iguais. Quando tiver um ponto final para cada um de nós, o nosso destino é o mesmo. Se ninguém enterrar, o urubu vai comer. Nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna.

Parabéns a todos da secretaria pelo brilhante trabalho que fazem. Não queremos que pessoas, que está viva na memória de nós, voltem a ocupar o lugar que já ocupou a Damares e que ocupa atualmente a Cristiane.

Muito obrigado a todos vocês.

[Grifos do Blog Prontidão Total.]


domingo, 26 de dezembro de 2021

NATAL – POR QUE CANCELARAM O ANIVERSARIANTE? - Samir Keedi

No terceiro capítulo do Especial de Natal 2020 da Brasil Paralelo, lançado em três capítulos em 14-15-16/12/2020, aliás, uma série espetacular de comemoração do Natal, foi feita a pergunta do título.

Pergunta com toda razão de ser. Chega o Natal e todos os anos é a mesma coisa. A mesma “comemoração”. Todos dando presentes a todos e, claro, muitos a si próprios. Tornou-se uma obrigação presentear. Não só adultos, mas, especialmente as crianças. E o símbolo maior do Natal é o Papai-Noel. Aquele que todos vão aos mais diversos Shopping Centers para ver. Colocar crianças em seu colo. E elas a pedir presentes a ele, que os pais devem comprar. Podendo ou não.

Mas, e o aniversariante da data? Por que foi esquecido? Ou quase esquecido? Poucos vão às igrejas para as missas de Natal ou véspera. Poucos o evocam e/ou lembram-se dele em 25/12.  Por que o verdadeiro símbolo, motivo da existência do Natal desapareceu das comemorações, dos marketings? 
Por que não vemos o aniversariante nos Shopping Centers recebendo e abençoando as crianças, assim como os adultos, ao invés do Papai-Noel, ou apenas o Papai-Noel?
 
Por que com o tempo o Papai-Noel e os presentes assumiram o seu lugar? O que estamos fazendo? Se não os 7,8 bilhões de habitantes da terra redonda, pelo qual estão espalhados, simetricamente ou não, por que os 2 bilhões de Cristãos agem da mesma forma? 
São Cristãos ou não? 
Estão interessados na sua doutrina ou apenas em mais um feriado e mais um presente?
Apenas movimentar a economia? 
Louvável, mas não suficiente. Será que ficamos tão egoístas a este ponto, e poucos percebem?

E isso pode ser visto em todas as partes e em todos os assuntos. Vide, por exemplo, a política brasileira. Assim como o aniversariante foi praticamente descartado, o Brasil também o foi. Nossos políticos e imprensa vêem os seus interesses e não os do país. Para isso usam de todas as armas destrutivas para prejudicar o país e o povo para seus próprios interesses. E muitos se dizem Cristãos. Onde está o Cristão em suas mentes e atos?

Não é exatamente a mesma coisa que acontece com o Natal?
Cada um usando-o para seu próprio interesse?

Quando o aniversariante será resgatado e a sua data comemorada? 
Por que hoje não se comemora a sua data, mas o feriado e os presentes? Natal é apenas uma palavra para justificar.
Onde estará a fé que muitos dizem ter, mas que não praticam? 
E não adianta dizer que praticam se no Natal o que mais vale é o presente. 
Onde está a meditação?

Será que ainda voltaremos a entender que o Natal é a data de aniversário de Cristo? Se vamos dizer que o presente se justifica porque ele ganhou presentes no seu nascimento, então ok, vamos presentear. Mas, não a cada um de nós, como se fosse o nosso aniversário. Nosso presente deve ser a ele. Com fé, lealdade, amor e compaixão de cada um a cada um.

Então, para isso, repetimos a pergunta. Por que cancelaram o aniversariante?

 Samir Keedi - Blog 


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Bolsonarismo, conservadorismo e liberalismo - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

Unidos na eleição de 2018, diferenciações e divergências vão se tornando mais nítidas

Jair Bolsonaro, em sua eleição, conseguiu encarnar a força do antilogismo, congregando em torno de si três correntes de ideias que, naquele então, apareceram juntas na luta contra um inimigo comum: a extrema direita, os conservadores e os liberais. Compareceram amalgamados, unidos, mesmo indistintos, prometendo uma regeneração nacional, contra a corrupção e os políticos que a ela tinham aderido.

A concepção propriamente de extrema direita, embora já presente, foi progressivamente ganhando forma, exercendo forte influência graças à família presidencial e à captura de ministérios importantes. Os conservadores, bem delineados, surgiram na defesa de valores morais, tendo como representantes principais os evangélicos. Os liberais apresentaram-se, principalmente, sob a pauta do liberalismo econômico e menos sob a forma do liberalismo político.

No entanto, nestes mais de dois anos transcorridos, as diferenciações e divergências internas foram se tornando mais nítidas, embora algumas ainda não se tenham configurado completamente. Por exemplo, o liberalismo econômico já foi praticamente deixado de lado, apesar de o ministro da Economia continuar no poder como figurante de um governo de extrema direita, afeito a intervenções em empresas públicas, abandono das reformas, irresponsabilidade fiscal e ausência de privatizações. Sobra apenas um fiapo de discurso e práticas liberais.

No que diz respeito ao conservadorismo, ele continua ainda aderido à extrema direita, apesar de fissuras se fazerem cada vez mais presentes. Os evangélicos prezam a solidariedade, a compaixão, os valores morais, são reconhecidos como pessoas que reverenciam as virtudes e o trabalho, logo, não podem compactuar com o tratamento que o bolsonarismo dispensa à morte, à doença, o seu desprezo pela vida. Quando a morte e a doença batem à porta, pelo descaso e pela inépcia governamentais, um limite está sendo ultrapassado. Não há nenhuma gracinha na “gripezinha” e nos efeitos da vacina criando caudas de jacaré. O que há, sim, é um completo menosprezo por valores religiosos e morais.

Os traços principais da extrema direita no poder são:  
1) A concepção da política baseada na distinção entre amigos e inimigos. Todo aquele que não segue as ordens do clã presidencial é considerado inimigo efetivo ou potencial, seja ele real ou imaginário. Afirma-se, assim, o ódio ao próximo. 
2) A sociedade e o mundo em geral são vistos pelo prisma de uma teoria conspiratória, com inimigos invisíveis urdindo um grande complô internacional, sendo o atual governo o bastião de “valores”, evidentemente os seus. 
3) O presidente considera-se investido de uma missão de caráter absoluto, como se tudo por ele proferido devesse ser simplesmente acatado, no estilo ele manda e os outros obedecem. 
4) Deduz-se daí um culto à personalidade, particularmente presente em sua apresentação de si como se fosse um mito, uma espécie de messias, numa deturpação dos valores religiosos. 
5) A destruição e a morte tornam-se traços principais dessa arte de (des)governar, com as instituições representativas, liberais, sendo atacadas e dando livre circulação ao coronavírus, com atrasos, incompetência e tergiversações sobre vacinas, apregoando o contágio por aglomerações e ausência do uso de máscaras. A morte pode circular livremente!

Ora, o conservadorismo no Brasil, fortemente ancorado em valores morais de cunho religioso, está baseado no amor ao próximo, e não em sua exclusão ou potencial eliminação. Sua expressão política na representação parlamentar se faz pelo diálogo e pela negociação, o outro não podendo ser tomado como inimigo. Mais precisamente, não haveria como aceitar o culto à personalidade, muito menos ordens a serem simplesmente acatadas, pois, nesse caso, o poder laico estaria adotando uma forma religiosa. E conforme assinalado, a vida é algo sagrado, não pode ser tratada com incúria e desprezo. Torna-se nítido que o conservadorismo começa a distanciar-se do bolsonarismo, embora sua imagem continue atrelada a ele.

Quanto ao liberalismo, se o seu componente econômico já está sendo relegado a uma posição secundária, se não irrelevante, outro valor seu começa a ser contaminado, a saber, a sua feição propriamente política. Vocações autoritárias do bolsonarismo são inadmissíveis para um liberal. A política enquanto distinção amigo/inimigo é o contraponto de tudo o que essa concepção defendeu no transcurso de sua história. O culto à personalidade lembra tanto o stalinismo quanto o nazismo e o fascismo, com a glorificação e a santificação do líder máximo. A distinção dos Poderes, tão cara, está sendo cotidianamente testada, como se as instituições representativas fosse um obstáculo ao exercício do poder que devesse ser eliminado.

Eis alguns aspectos que serão centrais nas próximas eleições e para o destino do País, cujas distinções aparecerão mais claramente numa abertura para o futuro – isso se algumas dessas correntes não optarem por um jogo de esconde-esconde, do qual o bolsonarismo sairá vencedor.

Mais vale prevenir do que remediar.

 Denis Lerrer Rosenfield, professor de  filosofia - O Estado de S. Paulo


domingo, 9 de agosto de 2020

Cem mil brasileiros - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo


É torcer para as vacinas, e que Bolsonaro não tente reescrever história e recriar personagem

 
Com mais de 100 mil brasileiros mortos e de três milhões de contaminados, é impossível não lembrar que o Brasil é vice-campeão da covid-19 e apontado no mundo inteiro como o campeão de erros na condução da pandemia. O presidente Jair Bolsonaro entra para a história como o turrão que não liderou o País na hora decisiva, fez tudo errado e se aliou ao vírus, em vez de combatê-lo.

Entre a ciência e o que Bolsonaro acha, ele ficou com o que ele acha. Entre seguir as orientações de organizações médicas do mundo inteiro e os cochichos de amigos e aliados, ele optou pelos cochichos. Entre admitir os erros gritantes e dobrar a aposta, ele dobrou. Entre se solidarizar com as vítimas e lavar as mãos, ele lavou as mãos, produzindo frases que entram não para o anedotário da história, mas para a memória internacional da falta de empatia.

[o presidente da República fez alguns comentários que podem ser considerados irônicos, negativos, conformistas,etc.
Mas, em nenhum momento, tomou qualquer decisão, propôs lei ou editou MP que de alguma forma causasse problemas às ações de combate ao coronavírus.
A única autoridade que recorreu ao  Judiciário para impedir que recursos dos Fundos Eleitoral e Partidário fossem empregados no combate à pandemia, foi o presidente do Senado =  Davi Alcolumbre.
Obteve êxito = o Poder Judiciário proibiu que os recursos fossem utilizados no combate à covid-19.]

“Histeria da mídia”, “gripezinha”, “e daí?”, “todos nós vamos morrer um dia”, “não podemos entrar numa neurose”, “não acredito nesses números”, “o vírus está indo embora”, “eu não sou coveiro, tá?” “quer que eu faça o quê?”, “eu sou Messias, mas não faço milagres”. Já pertinho da marca de 100 mil brasileiros mortos, Bolsonaro continuou sendo Bolsonaro e entre sorrisos, ao lado do eterno interino ministro da Saúde, deu de ombros: “Vamos tocar a vida”.

[atualizando: todos torcemos e imploramos a DEUS por uma vacina o mais rápido possível.
Por enquanto, apesar de muitos apresentarem como fato que as vacinas, ainda não criadas, logo estarão disponíveis para o Brasil se impõe lembrar que NÃO EXISTE nada que garanta a entrega das vacinas - quando criadas, testadas e aprovadas - ainda este ano ou mesmo no primeiro semestre de 2021.
Alguém em sã consciência, agindo de forma imparcial, sensata, é capaz de apostar que a Sinovac, ou a AstraZeneca vão dar prioridade ao Brasil - deixando de lado os Estados Unidos e a própria China?
Será que essas companhias também não firmaram acordos com China, Inglaterra, Estados Unidos, União Europeia, para dar prioridade àqueles países?
Ou só o Brasil foi esperto o suficiente para ser o primeiro a garantir exclusividade?
Lembrem-se que no começo da pandemia, alguns produtos farmacêuticos destinados ao Brasil - máscaras, EPIs, anestésicos - foram confiscados quando aviões que os traziam para o Brasil, pousaram nos Estados Unidos. ] 

O que os amores, pais, mães, filhos, irmãos, amigos e colegas dos 100 mil brasileiros mortos acham disso? Tocar a vida? Como assim? E o presidente foi adiante: “Tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”. Buscar uma maneira só a esta altura da desgraça? Maneira de “se safar”? Desse “problema”? Uma frase, quatro absurdos.
São falas que não condizem com um presidente no auge de uma pandemia assassina que destrói vidas, famílias, empresas, empregos, renda e a economia do País. No mundo democrático, presidentes e primeiros ministros, com poucas exceções, falam – e agem – como líderes, respeitam a ciência e os cientistas, dão rumos, apresentam soluções, admitem erros. Conferem a devida solenidade, demonstram preocupação, dor, compaixão.

No Brasil, vice-campeão da covid-19, o presidente aparece sorrindo, provocando, ironizando a desgraça. Pior: dando mau exemplo, tomando decisões absurdas. E atrapalha muito ao desestruturar o Ministério da Saúde, rasgar protocolos internacionais, jogar no lixo a única vacina possível – o isolamento social – e virar, alegremente, ridiculamente, perigosamente, garoto-propaganda de um remédio sem nenhuma comprovação, [existe algum comprovadamente eficaz?]de nenhum órgão sério, de nenhum país. Sem coordenação central, com Bolsonaro só ligado em política, guerreando contra governadores e prefeitos, viu-se o caos. A covid-19 dá um banho em cientistas, cheia de armadilhas cruéis, manhas assassinas, surpresas a cada hora. 

Não bastasse, ela aqui encontra o ambiente perfeito para destruição e dor. A única bala de prata que resta para vencer uma guerra já perdida são as vacinas, que chegam ao Brasil pelos acordos entre o governo federal e Oxford e entre o governo de São Paulo e a China. É torcer e rezar, contando com uma expertise comprovada brasileira: as vacinações em massa. Se os testes forem um sucesso, se o Brasil cuidar adequadamente da logística e da compra e produção de insumos, há luz no fim do túnel. Antes tarde do que nunca.

Bolsonaro está sorrindo, confrontando, agredindo a população com expressões muito além de impróprias. Que não venha depois, com boa parcela da população vacinada e os números em queda, tentar reescrever a história e reinventar seu personagem numa das maiores tragédias do planeta. Todo mundo sabe que a culpa é de um vírus ardiloso, cheio de mistérios, que encontrou no presidente do Brasil um grande aliado.


 Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo