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quarta-feira, 13 de julho de 2022

Comerciantes criticam atraso nas obras do túnel no centro de Taguatinga

Construção interdita principal via do centro da cidade e tem incomodado quem precisa passar pelo local todos os dias. Lojistas da região tiveram perdas de 70% nas vendas: muitos pensam em fechar as portas devido à demora  

A demora das obras do Túnel de Taguatinga, iniciadas em julho de 2020, tem perturbado moradores, comerciantes, usuários do metrô, pedestres e motoristas que passam pela região diariamente.  
Previsto para ser entregue em junho do ano passado, o empreendimento teve o tempo de contrato expandido e, agora, a conclusão deve ocorrer, possivelmente, no segundo semestre de 2022. [segundo semestre significa no caso, vamos deixar bem claro, final de dezembro de 2022.] A princípio, o túnel custaria R$ 200 milhões, mas o Governo do Distrito Federal (GDF) estima que o preço total ficará em R$ 275 milhões. O Tribunal de Contas do DF (TCDF) apura superfaturamento em dois itens da construção.
 
Um longo tapume foi erguido para isolar o canteiro de obras e interditou boa parte da Avenida Central, uma das principais vias de Taguatinga, por onde circulam 26 mil veículos todos os dias. A rua tem origem na EPTG, e segue pela Avenida Elmo Serejo e faz a ponte entre o Plano Piloto e a Ceilândia, além de servir de caminho para Samambaia, Águas Claras, Guará e adjacências. A construção do túnel fechou um dos lados da Avenida Central e interrompeu o fluxo de veículos no sentido Ceilândia-Plano Piloto.

Além de desvios no trânsito, a obra complicou a circulação de pedestres, já que a entrada principal da Estação Praça do Relógio do metrô na Central está fechada. Não é possível atravessar de um lado a outro da Avenida Central por conta do tapume — e quem precisa cruzar a via tem de fazê-lo pela Avenida Comercial, perpendicular à Central. Os transtornos não afetam apenas a região central e alcançam todas as áreas próximas à construção.

Trânsito
Segundo a Secretaria de Obras, apenas um trecho de 250m da Avenida Elmo Serejo está interditado atualmente e a previsão é de que dure 40 dias. Na próxima semana, duas faixas, também de 250m cada, serão fechadas na Central, após o cruzamento com a Comercial. "Em ambas as situações, não se fez necessário desvios de trânsito, uma vez que parte das faixas de rolamento dessas vias permanece liberada para o tráfego de veículos", informou, em nota, a pasta.

Quem usa o trecho, porém, discorda da explicação da secretaria. O trajeto entre Ceilândia e Plano Piloto, de ônibus, ficou até 25 minutos mais longo devido às interdições, porque é necessário passar pela Avenida Samdu e pela Avenida das Palmeiras para chegar ao destino. Moradores de Ceilândia relataram ao Correio que o fechamento da Avenida Central sobrecarregou a Elmo Serejo, gerando engarrafamentos até a altura do estádio Serejão. Raimunda Gomes, presidente da Associação de Moradores de Ceilândia e Entorno, reitera os relatos. "A situação está muito ruim, com muito engarrafamento, nos dois sentidos. Está muito complicado essa demora", pede.

A situação também é dramática para os donos de estabelecimentos do centro de Taguatinga, conhecido pelo comércio tradicional, já que as interdições diminuíram a circulação de pessoas. Enquanto esteve no local, a reportagem presenciou a visita de um técnico da Neoenergia para cortar a rede elétrica de uma loja, por falta de pagamento. Sob um misto de indignação e tristeza, Cristhane Aguiar, dona de um comércio de calçados no mesmo local há 30 anos, conta ao Correio que praticamente "quebrou'' desde o início das obras. O estabelecimento fica de frente à saída do metrô fechada por conta da construção.

Com isso, o movimento na área está praticamente zerado. "Esta é uma loja de família. Já cheguei a vender R$ 15 mil em um dia, hoje consigo, no máximo, R$ 25. Eu tinha cinco funcionários, hoje não tenho mais nenhum. Estou passando por uma situação que não desejo para ninguém", entristece-se a comerciante, que chama de "desumana'' a ideia de começar a erguer o túnel em plena pandemia da covid-19. "O governador foi completamente inconsequente e desproporcional, não teve um pingo de pena", desabafa Cristhane, que está com o aluguel, de R$ 8 mil, vencido. O atraso na entrega da obra impacta diretamente no planejamento desses pequenos e médios empresários.

Tradição ameaçada
Além das dificuldades financeiras, a lojista tem lutado constantemente contra a falta de segurança. "Tem tido muito assalto e roubo. Fui ameaçada aqui dentro da loja com arma, arrombaram e levaram todo meu estoque. Trabalho sozinha, sem segurança nenhuma. Não tem policiamento", reclama. "Não consigo pagar nem mesmo a internet do celular e estou devendo impostos. Estou vivendo com medo e apavorada. Estou com raiva, me sinto humilhada", desabafa Cristhane, emocionada.

Wesley Alves, coordenador de uma farmácia de manipulação, calcula queda de 70% nas vendas por conta da construção. "Essa obra atrapalhou completamente o movimento da loja. Antes, formava fila para atendimento e tínhamos que distribuir senhas. Hoje, não temos clientes o suficiente", conta. "A falta de estacionamento é outro problema e quem vem de ônibus precisa descer do outro lado (na Praça do Relógio) e atravessar até aqui", relata o lojista, cujo estabelecimento também fica de frente para a passagem do metrô interditada pelas obras. "Estamos mantendo contato (com os clientes) por WhatsApp e fazendo entregas", explica Wesley, quando perguntado sobre as estratégias para driblar as dificuldades.

Gerente de uma ótica da região, Wellyson Israel de Paiva também sentiu os estragos e percebeu queda de 40% nas vendas. "Isso porque temos muitos clientes fiéis. Muitas lojas aqui não resistiram e fecharam ao longo desse tempo", conta. O comerciante pede agilidade na entrega do empreendimento. "A maioria das pessoas, quando descem do outro lado da avenida (Central), pensam que aqui está fechado (por conta do tapume). Sem falar que (o túnel) tinha a previsão de já ter sido entregue. Ficamos na expectativa para termos logo a normalização do comércio. Não está sendo fácil", desabafa Wellyson.

Na Galeria Central, o clima também é de indignação. "Os clientes não estão aparecendo. Está difícil pagar o aluguel", reclama Francisco Rodriguez, que mantém uma relojoaria no mall há 43 anos com a esposa, Rocilene de Souza Rodriguez. Eles perceberam diminuição de 70% na saída de mercadorias da loja. Devido à interdição dos estacionamentos causada pela obra do túnel, o casal precisou mudar de casa para se locomover ao trabalho de metrô. "Os engenheiros deviam ter pensado no comércio deste lado (oposto à Praça do Relógio) e ter feito uma passagem. Estamos tentando manter o ponto a todo custo. Na pandemia estava bem difícil, e bem quando retomou a circulação de pessoas, fecharam (a passagem). Aí acabou de vez. Se não abrir uma passagem aqui ainda neste ano, não vamos conseguir mais segurar as pontas", chateia-se Rocilene.

Raimundo Macedo, que também tem uma relojoaria na galeria, reforça as observações dos amigos. "Muitos aqui quebraram e o movimento só vai voltar quando abrirem uma passagem (no tapume). As despesas não baixaram, muito pelo contrário, só subiram. O faturamento está lá embaixo, mal está dando para pagar o aluguel. Vai ser difícil recuperar", preocupa-se o comerciante, no local há 47 anos. [Ibaneis já se destacou, negativamente, por tentar resolver crises no atendimento dos hospitais - por falta de médicos enfermeiros - demitindo diretores - não funcionou;

Inventou também a técnica de construir escolas,  hospitais e outras unidades de saúde, inaugurá-las e mantê-las fechada - por falta de médicos, enfermeiros e professores = NÃO FUNCIONOU;

Agora, quer ser reeleito construindo túnel sem concluir, "aumentar" a Segurança Pública sem contratar mais policiais, e por aí vai.]

Cidades - Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA

 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Maricas, covardes, picaretas - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro faz escola e até desembargador e enfermeira aderem ao baile funk na pandemia

O presidente Jair Bolsonaro cai nas pesquisas pelo negacionismo diante da pandemia e do desdém pelas vacinas. A Procuradoria-Geral da República pede e o Supremo autoriza a investigação do general da ativa Eduardo Pazuello pela falta de oxigênio e as mortes em Manaus. O deputado Rodrigo Maia aproveita sua última semana na presidência da Câmara para dizer que não há dúvida de que Pazuello cometeu crime e defender a criação da CPI da Saúde.
[O parágrafo das inverdades: a primeira frase do parágrafo expressa uma mentira e a articulista sabe que a queda do capitão foi motivada por oscilações típicas da pandemia e a maximização da existência do que,  na prática, não existe: a vacina do Doria.
Mas a 'mãe' de todas as mentiras, consubstanciada quando quem se furtou a tomar medidas e agora caminha de forma inexorável para o ostracismo, se manifesta favorável a que seja adotado o que se omitiu.]  

Falta, porém, responsabilizar autoridades e cidadãos que negam a pandemia, fazem campanha contra o isolamento social e a própria vacina, que são as únicas armas para salvar vidas, conter o vírus, aliviar a pressão sobre o sistema de saúde e, assim, normalizar a economia e o próprio País. Eles também têm culpa.

São magistrados, parlamentares, empresários e irresponsáveis em geral, até da área de saúde, movidos pelo negacionismo, a ideologia irracional, a falta de respeito e empatia com os quase 220 mil brasileiros mortos. Esse mau exemplo, que começa com o presidente da República e decanta pelos seguidores da sua seita, induz jovens, idosos, homens e mulheres a relaxar os cuidados na pior hora. Tome baile funk nas periferias! E barzinho cheio dos bairros chiques! [é presidente Bolsonaro: o senhor agora é responsável pelos bailes funk nas periferias e por barzinhos cheios nos bairros chiques = a estupidez dos 'inimigos do Brasil = inimigos do Bolsonaro. A falta de argumentos sólidos = ilícitos cometidos pelo presidente Bolsonaro, e claro provados  - valem argumentos imaginados.]

Ao assumir ontem a presidência do Tribunal de Justiça (TJ) de Mato Grosso do Sul, o desembargador Carlos Eduardo Contar pediu “o fim da esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre” e propôs que “desprezemos o irresponsável, o covarde e picareta da ocasião que afirma “fiquem em casa’”. Para Bolsonaro, o cidadão que se cuida e cuida do outro na pandemia é “maricas”. Para Contar, é “irresponsável, covarde e picareta”.

O desembargador não pronunciou uma palavra sobre os escândalos do Judiciário, onde pululam “penduricalhos”, enquanto milhões de brasileiros estão sem emprego, renda, até comida. Reportagem de Patrik Camporez, do Estadão, informa que ali do lado, em Mato Grosso, os 29 magistrados do TJ receberam, em média, R$ 262,8 mil em dezembro. Contar preferiu reclamar das “restrições orçamentárias” e o “exaurimento da capacidade humana” da corporação.

Pôs-se a criticar aqueles que creem na ciência, nas entidades de saúde, nas recomendações médicas como “rebanho indo para o matadouro”. E a atacar “a histeria coletiva, a mentira global, a exploração política, o louvor ao morticínio, a inadmissível violação dos direitos e garantias individuais, o combate leviano e indiscriminado a medicamentos”. A pandemia é uma “mentira global”?! Quem ele está papagaiando?

Isso lembra a comemoração de parlamentares bolsonaristas quando o governador do Amazonas, Wilson Lima, cedeu à pressão e recuou do lockdown. Mas, depois, não escreveram uma só linha sobre o resultado macabro: falta de UTI e oxigênio, pacientes morrendo asfixiados e transportados para outros estados às pressas. Nem o sistema funerário resistiu ao caos, que está sendo exportado para o Pará e Rondônia.Se o isolamento social tivesse sido levado a sério pelo presidente e todos os governadores, o Brasil não precisaria ter afundado tão dramaticamente em mortes e contaminações. [países que já em março de 2020 adotaram o lockdown, hoje são campeões na letalidade por habitantes = a Bélgica tem o maior índice de letalidade por milhão de habitantes - e realizou o primeiro lockdown em março 2020.]  E a dúvida, agora, é quanto às vacinas. A quantidade, a logística, a seriedade e o exemplo de cima – particularmente de Bolsonaro –, vão definir a luz no fim do túnel.

Por isso, dói na alma a enfermeira Nathanna Ceschim, do Espírito Santo, divulgar vídeos sem máscara no hospital e desdenhando: “Não acredito na vacina (...). Tomei foi água”. E por que tomou? Para se cuidar, preservar seus pacientes, pais, avós e amigos e em respeito aos colegas do Brasil inteiro que se arriscam para salvar vidas? Não. “A intenção era só viajar...” Com presidente, desembargador, parlamentares e gente assim, é difícil ser otimista.

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo


domingo, 9 de agosto de 2020

Cem mil brasileiros - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo


É torcer para as vacinas, e que Bolsonaro não tente reescrever história e recriar personagem

 
Com mais de 100 mil brasileiros mortos e de três milhões de contaminados, é impossível não lembrar que o Brasil é vice-campeão da covid-19 e apontado no mundo inteiro como o campeão de erros na condução da pandemia. O presidente Jair Bolsonaro entra para a história como o turrão que não liderou o País na hora decisiva, fez tudo errado e se aliou ao vírus, em vez de combatê-lo.

Entre a ciência e o que Bolsonaro acha, ele ficou com o que ele acha. Entre seguir as orientações de organizações médicas do mundo inteiro e os cochichos de amigos e aliados, ele optou pelos cochichos. Entre admitir os erros gritantes e dobrar a aposta, ele dobrou. Entre se solidarizar com as vítimas e lavar as mãos, ele lavou as mãos, produzindo frases que entram não para o anedotário da história, mas para a memória internacional da falta de empatia.

[o presidente da República fez alguns comentários que podem ser considerados irônicos, negativos, conformistas,etc.
Mas, em nenhum momento, tomou qualquer decisão, propôs lei ou editou MP que de alguma forma causasse problemas às ações de combate ao coronavírus.
A única autoridade que recorreu ao  Judiciário para impedir que recursos dos Fundos Eleitoral e Partidário fossem empregados no combate à pandemia, foi o presidente do Senado =  Davi Alcolumbre.
Obteve êxito = o Poder Judiciário proibiu que os recursos fossem utilizados no combate à covid-19.]

“Histeria da mídia”, “gripezinha”, “e daí?”, “todos nós vamos morrer um dia”, “não podemos entrar numa neurose”, “não acredito nesses números”, “o vírus está indo embora”, “eu não sou coveiro, tá?” “quer que eu faça o quê?”, “eu sou Messias, mas não faço milagres”. Já pertinho da marca de 100 mil brasileiros mortos, Bolsonaro continuou sendo Bolsonaro e entre sorrisos, ao lado do eterno interino ministro da Saúde, deu de ombros: “Vamos tocar a vida”.

[atualizando: todos torcemos e imploramos a DEUS por uma vacina o mais rápido possível.
Por enquanto, apesar de muitos apresentarem como fato que as vacinas, ainda não criadas, logo estarão disponíveis para o Brasil se impõe lembrar que NÃO EXISTE nada que garanta a entrega das vacinas - quando criadas, testadas e aprovadas - ainda este ano ou mesmo no primeiro semestre de 2021.
Alguém em sã consciência, agindo de forma imparcial, sensata, é capaz de apostar que a Sinovac, ou a AstraZeneca vão dar prioridade ao Brasil - deixando de lado os Estados Unidos e a própria China?
Será que essas companhias também não firmaram acordos com China, Inglaterra, Estados Unidos, União Europeia, para dar prioridade àqueles países?
Ou só o Brasil foi esperto o suficiente para ser o primeiro a garantir exclusividade?
Lembrem-se que no começo da pandemia, alguns produtos farmacêuticos destinados ao Brasil - máscaras, EPIs, anestésicos - foram confiscados quando aviões que os traziam para o Brasil, pousaram nos Estados Unidos. ] 

O que os amores, pais, mães, filhos, irmãos, amigos e colegas dos 100 mil brasileiros mortos acham disso? Tocar a vida? Como assim? E o presidente foi adiante: “Tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”. Buscar uma maneira só a esta altura da desgraça? Maneira de “se safar”? Desse “problema”? Uma frase, quatro absurdos.
São falas que não condizem com um presidente no auge de uma pandemia assassina que destrói vidas, famílias, empresas, empregos, renda e a economia do País. No mundo democrático, presidentes e primeiros ministros, com poucas exceções, falam – e agem – como líderes, respeitam a ciência e os cientistas, dão rumos, apresentam soluções, admitem erros. Conferem a devida solenidade, demonstram preocupação, dor, compaixão.

No Brasil, vice-campeão da covid-19, o presidente aparece sorrindo, provocando, ironizando a desgraça. Pior: dando mau exemplo, tomando decisões absurdas. E atrapalha muito ao desestruturar o Ministério da Saúde, rasgar protocolos internacionais, jogar no lixo a única vacina possível – o isolamento social – e virar, alegremente, ridiculamente, perigosamente, garoto-propaganda de um remédio sem nenhuma comprovação, [existe algum comprovadamente eficaz?]de nenhum órgão sério, de nenhum país. Sem coordenação central, com Bolsonaro só ligado em política, guerreando contra governadores e prefeitos, viu-se o caos. A covid-19 dá um banho em cientistas, cheia de armadilhas cruéis, manhas assassinas, surpresas a cada hora. 

Não bastasse, ela aqui encontra o ambiente perfeito para destruição e dor. A única bala de prata que resta para vencer uma guerra já perdida são as vacinas, que chegam ao Brasil pelos acordos entre o governo federal e Oxford e entre o governo de São Paulo e a China. É torcer e rezar, contando com uma expertise comprovada brasileira: as vacinações em massa. Se os testes forem um sucesso, se o Brasil cuidar adequadamente da logística e da compra e produção de insumos, há luz no fim do túnel. Antes tarde do que nunca.

Bolsonaro está sorrindo, confrontando, agredindo a população com expressões muito além de impróprias. Que não venha depois, com boa parcela da população vacinada e os números em queda, tentar reescrever a história e reinventar seu personagem numa das maiores tragédias do planeta. Todo mundo sabe que a culpa é de um vírus ardiloso, cheio de mistérios, que encontrou no presidente do Brasil um grande aliado.


 Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo



terça-feira, 4 de agosto de 2020

Sinais de melhora no mundo em crise - Míriam Leitão

Há cinco semanas tem melhorado a previsão da recessão deste ano, no Boletim Focus do Banco Central, e o tamanho da queda ficou quase um ponto percentual menor. A mediana era uma retração de 6,5%, agora é de 5,6%. A confiança empresarial subiu. A bolsa acumula alta de mais de 60% desde o seu piso em março. O que significa tudo isso? O país está vivendo a maior crise da sua história, os ativos variáveis sobem por falta de opção de rentabilidade, mas a economia tem tido pequenos alívios. Está, contudo, muito longe do fim desse túnel no qual entrou com a pandemia. O mundo todo está com uma recuperação muito desigual e volátil.

A alta das bolsas dá a falsa impressão de que a economia voltará rapidamente ao que era antes da crise, até porque as ações costumam antecipar os movimentos futuros da conjuntura. Mas o que está acontecendo tem a ver com outro fenômeno. É resultado de uma injeção de recursos nunca vista por parte dos bancos centrais mundo afora. Para se ter uma ideia, na crise de 2008, o banco central americano demorou cinco anos para elevar em 8,2 pontos percentuais o seu balanço monetário. Desta vez, em apenas quatro meses o volume de dólares despejados pelo Fed na economia chegou a 13,7 pontos do PIB dos EUA. É essa montanha de dinheiro, que foge dos juros baixos em todo o mundo, que corre em direção às bolsas. E também ao ouro - ativo de proteção — que na semana passada bateu novo recorde. No Brasil, a bolsa já subiu 61% desde o seu pior momento em 23 de março, mas ainda está 16% abaixo do que estava em 23 de janeiro.

Várias instituições estão revendo os dados da queda do PIB, atenuando a recessão prevista antes. Isso é bom, evidentemente. Mas não se pode perder a visão de que se for 4,7%, como o governo prevê, ou 5,6%, que é a atual mediana do mercado, continua sendo a maior recessão da história. E o país ainda não havia se recuperado das quedas de 2015 e 2016. Na balança comercial, a corrente de comércio do Brasil em julho ficou 18% abaixo do mesmo mês do ano passado. As exportações tiveram uma queda leve, de 3%, na mesma comparação, porque houve forte aumento nas vendas de produtos agropecuários e da indústria extrativa, especialmente para a China. A exportação para os chineses, diga-se de passagem, cresceu 24%, enquanto para os EUA despencou 37%. Já a venda de produtos manufaturados teve forte recuo de 12%. A queda de 35% nas importações sugere que o consumo interno continua fraco, e a indústria permanece sem fôlego para importar matéria-prima. Foi pela queda mais intensa da importação que se atingiu o saldo de US$ 8 bilhões na balança.

Esta semana vão sair diversos indicadores, indústria, desemprego, inflação e o Banco Central decidirá o que fazer com os juros que estão em 2,25%. Há uma parte do mercado que acredita em nova queda de 0,25%, mas há quem aposte em permanência apesar de a inflação dos últimos 12 meses estar bem abaixo da meta de 4%. O IBGE divulga hoje o resultado da indústria em junho, que deve vir com uma forte alta, na comparação com maio, mas uma grande queda em relação ao mesmo período do ano passado. A estimativa do banco ABC Brasil é de crescimento de 9% de um mês para o outro, mas um recuo de 10% sobre o mesmo período do ano passado. Isso tudo quer dizer que o setor recuperou apenas parcialmente as perdas que teve com a pandemia. Entre março e abril, a retração na produção industrial chegou a 26%. Em maio, houve alta de 7%. O crescimento de junho será o segundo consecutivo.

Dados positivos apenas atenuam a grande crise vivida no país e no mundo. Mais do que a coleção de números de cada semana, o fundamental é que o Brasil e o mundo ainda vivem os rigores de uma pandemia e a enorme incerteza que isso traz. A economia mundial está superando seu pior momento, mas não se sabe quando voltará a ser o que era antes da pandemia. Na Europa, países industriais como a Alemanha estão melhores do que os que são mais dependentes do turismo, como França, Espanha e Itália. A recuperação por lá está sendo assimétrica. Os Estados Unidos estão discutindo um novo socorro de um trilhão de dólares, no meio da polarização do processo eleitoral no qual o presidente Trump, em queda nas pesquisas, cria conflitos para ver se melhora nas intenções de voto.

Míriam Leitão, colunista - Com Alvaro Gribel, de São Paulo - O Globo

terça-feira, 24 de março de 2020

A Escolha de Sofia - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

O Brasil hoje: se correr, o bicho covid-19 pega; se ficar, o bicho da recessão come

O mundo todo e o Brasil, particularmente, vivem um dilema típico de “A Escolha de Sofia”. Aprofundar o isolamento e a paralisação de estados, cidades, empresas, empregos e pessoas, em nome da saúde e da vida? Ou mitigar o combate radical ao coronavírus para tentar preservar empresas e empregos, em nome da economia?
Na prática, uma guerra da área sanitária com parte de governantes, empresários e economistas. De um lado, governadores que trabalham diretamente com o Ministério da Saúde e os especialistas no setor; de outro, o presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Economia e aliados.

Em tese, todos têm razão. A prioridade absoluta neste momento é trabalhadores, funcionários, autônomos e diaristas em casa para interromper a transmissão do vírus maldito. A prioridade de hoje, porém, não pode desconsiderar a de amanhã: a pandemia acaba e as vítimas não serão só os mortos e contaminados, mas todos que produzem, vendem, trabalham. O horizonte é de terra arrasada, com recessão, quebradeira de empresas e lojas, 40 milhões de desempregados, na previsão de um grupo de empresários.

Como sempre, em todas as crises, dificuldades e momentos, as maiores vítimas todos nós sabemos quem são e serão: velhos, homens, mulheres e crianças da tal da “base da pirâmide”. Passado o momento em que os infectados e mortos eram recém-chegados da Ásia e da Europa, ou por eles foram contaminados, a expectativa, que dá um tremor no corpo e um frio na coluna, é que o vírus chegue às favelas, cortiços, às imensas áreas sem água, sabão, muito menos álcool gel.

São milhões com imunidade baixa, higiene precária, compreensão da situação equivalente ao (mínimo) grau de educação. Logo, serão os alvos fáceis de um vírus oportunista e letal. São os moradores de rua, os que vendem água, milho ou qualquer coisa por aí, os diaristas que só recebem (e comem) quando trabalham e, entre eles, os informais, que crescem freneticamente e sem amparo legal. Eles vão morrer mais com o vírus e vão sofrer mais no pós-vírus. Se correrem, o bicho covid-19 pega; se ficarem, o bicho da recessão come.

O novo coronavírus chegou para valer em todas as unidades da Federação, decretando calamidade pública, prenunciando colapso da saúde e crescendo na velocidade do exemplo mais dramático, a Itália. E tudo isso na pior hora. Um dos líderes mundiais em desigualdade social, o Brasil convive com falta de estado e bolsões de miséria absoluta em todas as suas regiões. E vem de dois anos de recessão, de mais dois “crescendo” 1,3% e desperdiçou 2019 com PIB de 1,1%. Mais: a questão fiscal é o maior obstáculo da economia.

De onde tirar a montanha de dinheiro que o País precisa para salvar vidas, tratar doentes, preservar setores mais atingidos, empregos, milhões de famílias sem renda? O governo tem anunciado medidas, como flexibilização das regras trabalhistas e de pagamento de dívidas e vales de R$ 200,00 para informais e os mais miseráveis entre os miseráveis. Mas, num País populoso como o nosso, significa que a conta é altíssima para os cofres públicos, mas o valor que chega à mesa das famílias é irrisório. Tudo deprimente, apavorante.

A luz no fim do túnel só virá, primeiro, com o máximo rigor contra a transmissão do vírus e, depois, com união, patriotismo, solidariedade, as disputas políticas de lado, o presidente acordando para a realidade e uma certa elite esquecendo, por ora, a eterna ganância e a velha arrogância. Aliás, uma pergunta: como os bancos vão entrar nessa onda? Governos de esquerda, centro e direita vêm e vão e esse é o setor que mais lucra. É hora de retribuir, porque se trata de questão de vida e morte. Das pessoas e da economia. [os bancos são os que mais e sempre ganham;
Até quando todos perdem,  eles encontram uma forma de ganhar.
Clique aqui e comprove o empenho do Banco Central em que os bancos continuem ganhando.] 

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo



domingo, 19 de janeiro de 2020

Presos do PCC que fugiram no Paraguai já podem estar no Brasil

Autoridades dos dois países acreditam que alguns dos presos cruzaram a fronteira após fugirem da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero

Membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que estavam presos no Paraguai retornaram ao Brasil após uma fuga em massa ocorrida neste domingo (19/1) na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, acreditam autoridades dos dois países. O presídio fica na fronteira entre os dois países, próximo a Ponta Porã (MS).

No Brasil, o ministro da Justiça, Sergio Moro, se colocou à disposição das autoridades paraguaias e disse que trabalha para que os criminosos não retornem ao Brasil. "Se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal", escreveu o ministro no Twitter. O governo brasileiro também determinou o fechamento da fronteira entre as duas nações na altura do Mato Grosso do Sul.

Porém, o ministro do Interior paraguaio, Euclides Acevedo, disse acreditar que alguns dos presos tenham escapado para o Brasil logo após a fuga, dada a proximidade do presídio com a fronteira.  Além disso, a Polícia de Ponta Porã (MS) encontrou três veículos queimados na BR-463, próximo ao distrito de Sanga Puitã, do lado brasileiro da linha internacional que separa os dois países. Como o achado se deu logo após a fuga, o secretário da Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, também acredita que parte dos criminosos fugiu para o Brasil.

Ação nas fronteiras
Ele disse que 200 policiais de várias forças foram deslocados para a região. "São homens da Polícia Rodoviária Estadual, do Departamento de Operações de Fronteira, além de equipes do Bope, Choque e Garra da capital (Campo Grande), com apoio de helicóptero nosso. Vamos fechar não só a fronteira, mas também as divisas com os Estados de São Paulo, Paraná e Goiás, pois já temos a informação de que muitos dos fugitivos são brasileiros de fora do nosso Estado".

[são bandidos extremamente perigosos, com longa folha de crimes, sentenças longas e não se renderão;
haverá confronto e ou os policiais os abatem ou serão abatidos e para salvaguardar os policiais o 'excludente de ilicitude' é necessário.
Só que a turma dos DIREITOS DOS MANOS, não quer mortes, mas, defendem que se alguém tem que morrer que sejam policiais.]
O secretário informou ter feito contato com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), com as secretarias desses Estados e com a Guarda Nacional do Paraguai para ações conjuntas. "Nossa inteligência está em contato ininterrupto com a polícia do Paraguai para troca de informações e, se necessário, de documentos. Pode haver casos de presos de lá que não tenham mandado de prisão aqui. Vamos dar apoio incondicional a eles nesse caso, pois interessa à nossa segurança", disse. Segundo o secretário, as seguranças de terminais rodoviários, aeroportos e postos de fiscalização foram colocadas em alerta.

Fuga facilitada
Um túnel foi encontrado perto da prisão, mas o governo paraguaio acredita que a fuga tenha sido facilitada, pois as primeiras informações são de que os detentos conseguiram sair pela porta da frente. A ministra da Justiça paraguaia, Cecilia Pérez, afirmou que o efetivo policial havia sido reforçado no presídio depois que um plano de fuga foi descoberto, em dezembro. Segundo apurou-se à época, agentes penitenciários podiam receber até US$ 80 mil para deixar que líderes do PCC fugissem. 

Após descrever o episódio como "extremamente grave e sem precedentes", Cecilia colocou o cargo à disposição do presidente Mario Abdo Benítez. O número exato de presos não estava claro até a última atualização desta matéria. Inicialmente, falou-se em quase 100 fugitivos. O número, depois, foi reduzido para cerca de 75. Sabe-se porém, que, entre os que escaparam, está David Timóteo Ferreira, considerado o líder do PCC dentro do sistema penitenciário do Paraguai. Outros seis são tidos como matadores de aluguel ligados ao tráfico.

Com informações da Agência Estado
 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Balanço, mas não caio



O panorama em torno do fosso moral e financeiro da Petrobras não é alentador
O balanço da Petrobras, a “joia” das estatais brasileiras, é uma confissão pública da abissal incompetência da presidente Dilma Rousseff. Bastaram dois anos, 2013 e 2014, para que 23 anos de lucros e distribuição de dividendos da Petrobras fossem abortados pela mãe do PAE (Programa de Aceleração do Endividamento). O lucro de R$ 23,6 bilhões virou prejuízo de R$ 21,6 bilhões. Os desvios das propinas foram de R$ 6,2 bilhões. A desvalorização de ativos da Petrobras chegou a R$ 44,6 bilhões. Perdão pelo enfileiramento de bilhões que nenhum de nós consegue sequer visualizar. Mas a divulgação do balanço foi tão elogiada como início de um novo ciclo de transparência e profissionalização da Petrobras que os números precisam ser trombeteados.

Dilma Vana Rousseff não concluiu os cursos de mestrado e doutorado em ciências econômicas na Unicamp, apesar de constarem em seu currículo (ela já admitiu o erro). Mas sua vida foi pautada por números. Seu primeiro cargo executivo foi como secretária municipal da Fazenda em Porto Alegre, em 1985, há 30 anos. Ao deixar a Secretaria, em 1988, tentou convencer seu substituto a não assumir o cargo: “Não assume não, que isso pode manchar tua biografia. Eu não consigo controlar esses loucos e estou saindo antes que manche a minha”.

Dilma começou a escalar o setor de Minas e Energia. Foi dona da Pasta no ministério de Lula. E presidiu o Conselho de Administração da Petrobras até 2010, quando se elegeu presidente. Seu fiador era Lula. Ela foi a escolhida com base nos seguintes quesitos: era especialista em energia, eficiente como “gerentona” (gerente durona), mulher e mãe. Sua escolha não contou com o apoio do Partido. Dilma foi imposta por Lula. Era considerada um poste. E um poste sem luz própria, sem flexibilidade, sem gosto pela conversa e sem dom de oratória. Por tudo isso, Dilma é hoje presa fácil dos políticos profissionais, que fazem dela gato e sapato.

O balanço da Petrobras revela o imenso desastre de uma presidente perdida em seu primeiro mandato e, mais ainda, no segundo. Percebam que não dá para aceitar sem ressalvas o balanço divulgado. Quem diz que a propina foi de “apenas” R$ 6,2 bilhões? Ah, os delatores, que confessaram uma percentagem tal sobre os contratos. Quem diz que o prejuízo foi de “apenas” R$ 21,6 bilhões em 2014? Ah sim, o balanço foi auditado.

O balanço não foi aprovado por unanimidade.
Dois dos cinco conselheiros fiscais não assinaram o documento. Eles representam acionistas minoritários e trabalhadores. Só para refrescar a memória, a ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, caiu porque havia calculado a perda total da Petrobras em R$ 88,6 bilhões, o dobro do que foi admitido agora, de R$ 44,6 bilhões. Graça – ou “Graciosa”, o apelido dado pela chefe – era, segundo o staff do Palácio da Alvorada, a única assessora que podia dormir na residência oficial de Dilma quando ia a Brasília. Caiu em desgraça por querer divulgar números mais catastróficos que os revelados agora. Por que, então, eu ou você devemos crer no balanço?

Devemos crer porque queremos que o Brasil passe a dar certo. O brasileiro não quer perder o otimismo, quer ver uma luz no fim do túnel. Mesmo que a reconstrução leve anos. Essa é uma boa razão. Mas não é alentador o panorama em torno do fosso moral e financeiro da Petrobras. O novo presidente, Aldemir Bendine, pede desculpas e se diz envergonhado pelo que encontrou na estatal. Desmandos, corrupção, roubalheira, péssimas decisões de investimento, interferência política. Só que Bendine acabou de entrar. Ele não tem nada a ver com isso. E Dilma? E Lula? Nada, nada mesmo?

Precisamos crer na boa intenção de Dilma. Ela não quer ficar na História como a pior presidente do Brasil. Suas ações são, no entanto, claudicantes. Típicas de alguém que não sabe mais o que fazer. Dilma insiste em manter 38 ministérios. Isso não tem desculpa, não tem perdão. Ela está paralisada. Com receio de retaliação do Congresso, Dilma triplicou o Fundo Partidário para R$ 868 milhões neste ano, a pedido do senador Romero Jucá, do PMDB. As raposas esfomeadas do Congresso querem compensar a perda de doações empresariais. O presidente do Senado, Renan Calheiros, tirou proveito para alfinetar sua ex-amiga Dilma. Criticou-a por esbanjar em momento de ajuste. Ela tentou se defender. Disse ter cedido a um apelo do Legislativo. Tá ruço, Dilma. Não é mais “ou dá ou desce”. É “dá e desce”. Por tudo isso, pela carestia da vida e pelas mentiras desmascaradas, as panelas fazem estardalhaço nas janelas. Não é só pela Petrobras.

Fonte: Ruth de Aquino – Revista Época