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sábado, 13 de fevereiro de 2021

Vacina, auxílio, reforma e privatização - Carlos Alberto Sardenberg

 Coluna publicada em O Globo - Economia 13 de fevereiro de 2021

Outra coisa que aproxima esquerda e direita no Brasil:  a bronca com o mercado. E a ignorância a respeito dessa obscura entidade, motivo de contradições dos dois lados. O vice-presidente Hamilton Mourão, ao justificar a concessão de um novo auxílio emergencial, comentou: “Não podemos ficar escravos do mercado”.

Ora, não é difícil encontrar entre economistas e investidoresmembros do tal mercadoquem defenda fortemente o auxílio. Inclusive por razões econômicas. O auxílio coloca renda na mão das famílias, o que vai movimentar comércio e serviços, como se verificou no ano passado.  A ressalva do chamado mercado está na demanda por uma política pública organizada e permanente – e não um quebra-galho populista.

É grande a diferença. Uma política bem pensada define com clareza os beneficiários do programa, mede sua eficácia e, sobretudo, define as fontes de financiamento, respeitando o controle das contas públicas. O quebra-galho, esse exigido pelo Centrão e pelo presidente Bolsonaro, é um arranjo de momento para fins eleitoreiros.[ou uma forma de impedir a ação dos adeptos do quanto pior, melhor = inimigos do Brasil = inimigos do presidente Bolsonaro, que buscam apenas impedir que o presidente governe. Para eles o povo é apenas um detalhe incômodo.] Simplesmente aumenta o gasto, sem cortar nada em troca. E não dá horizonte aos mais pobres, por ser provisório.

Mais interessante ainda é que o Centrão pede o auxilio dizendo que já atendeu o mercado com a lei da autonomia do Banco Central. Sim, economistas e investidores gostam da independência do BC. Quer dizer que nisso o governo é escravo do mercado? Sim, é a resposta, mas não do Mourão, e sim de Fernando Haddad. Para ele e toda a esquerda, a autonomia significa entregar o BC ao mercado e, pior, aos banqueiros.

Trata-se de equívoco e contradição, pelo outro lado. Ao passado: quando FHC nomeou Armínio Fraga, então gestor dos fundos de George Soros, para a presidência do BC, o PT disse que era a raposa tomando conta do galinheiro. Aí, Lula se elege presidente e quem coloca no BC? Henrique Meirelles, ex-presidente mundial do Bank of Boston. Ou seja, um chefe das raposas.

Meirelles, que havia recebido promessa de independência de Lula, cumprida, ficou no BC durante os oito anos do governo petista e fez um bom trabalho. A pobreza do debate político-econômico é causa dos nossos atrasos. No mundo, todos os BCs independentes são mais eficientes, ou seja, entregam estabilidade e condições de crescimento.

Políticas públicas de apoio aos mais pobres estão incorporadas às mais variadas doutrinas econômicas há muito tempo. Bolsa Família, por exemplo, é uma ideia surgida nos quadros do Banco Mundial. Ali se chegou à conclusão de que distribuir comida e bens aos mais pobres era simplesmente ineficiente.

Órgãos governamentais gastavam a maior parte do dinheiro em burocracia e no processo de distribuição, sem contar a corrupção. Ora, por que não entregar o dinheiro direto na mão das famílias? Com uma condição: que colocassem os filhos na escola e mantivessem em dia a carteirinha do posto de saúde. Teoria: com o dinheiro, as famílias não precisavam colocar as crianças para trabalhar; estudando, as crianças tinham a chance de escapar da pobreza.

Foi introduzido no Brasil pelo prefeito tucano Magalhães Teixeira, de Campinas, em 1994. Depois, em Brasília pelo então governador Cristóvão Buarque. E virou Bolsa Escola no governo FHC. É simplesmente um bom programa social, que não pode ser chamado de esquerda ou direita. Assim, como não há BC de direita ou de esquerda. Há os que controlam e os que não controlam a inflação. Tudo considerado, o Brasil precisa de vacina/programas sociais, por óbvio, de reformas, porque o setor público não cabe no nosso PIB, e privatizações, porque os governos não têm dinheiro para investir.

Sim, o mercado gosta disso. Nós também.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista


terça-feira, 28 de abril de 2020

Não tem impeachment - O povo saiu para rua pedindo que Bolsonaro fique - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Na segunda-feira (27) de manhã, o presidente Jair Bolsonaro apresentou o Paulo Guedes como o legítimo homem chefe da economia. Ele pediu para chamar o ministro e disse “eu não falo por ele, mas ele fala por mim”. O presidente deu a maior força para ele.  Guedes lembrou 50 mil anônimos que estão sem renda por conta da paralisia econômica por conta do coronavírus. O ministro também falou sobre a grande esperança dele de retomar a economia.

Estava ao lado do presidente a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Tanto ela quanto Guedes estavam sob os boatos, já tradicionais, de serem demitidos do governo, já que o mercado e o agro estão temerosos. Gente que não gosta da ministra conversa com jornalista e eles noticiam. Parece que os jornais viraram sites de fofoca. Mas o presidente Jair Bolsonaro já pôs uma água fria nesses boatos.

Nesse encontro, o ministro Tarcísio de Freitas falou sobre investimentos, parcerias e concessões em infraestrutura. Do lado deles também estava o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foi praticamente uma reunião da mini-cúpula da economia do governo. Tudo isso graças ao juiz Sergio Moro, talvez. O ex-ministro alertou o presidente de que ele deveria dar mais força para Guedes e para Teresa Cristina.

Rodrigo Maia vem dizendo sempre que não há ambiente para o impeachment de Bolsonaro e mesmo assim as pessoas insistem em fazer isso. Tem 31 pedidos de impedimento, certamente de pessoas cuja ideologia é totalitária e não aceitam os resultados das urnas.  Não se vê nenhum motivo para tirar o presidente do poder. Maia disse que o cenário não é para isso, porque atrapalha muito fazer um impeachment. Além do fato de o presidente da Câmara saber que não tem voto para isso.

Bolsonaro sairia reforçado de um processo de impedimento, porque basta ter 172 votos contra que o processo acaba. Se pegar as bancadas ruralista, evangélica e de segurança... o impeachment não acontece, nem passa perto. A esquerda também está com um pé atrás porque se Bolsonaro sair quem assume é o general Hamilton Mourão, que em termos ideológicos é mais duro. Além do fato de que o povo não quer isso.

Veja Também:    Escolha de Ramagem para chefiar PF vai parar nos tribunais. STF pode barrar nomeação?

Se o povo apoiasse os ex-presidentes Jânio Quadros, o Collor ou a Dilma, eles não teriam saído do poder. Foi o povo que pediu a derrubada deles. Em relação a Bolsonaro é ao contrário: o povo saiu para rua pedindo que o presidente fique. Agora com a saída de Moro, o presidente pode colocar em cargos importante gente da maior confiança dele. Tem também a trapalhada para a oposição, porque provavelmente agora tem mais um candidato na corrida presidencial, Sergio Moro.

Eu lembro que Golbery uma vez riu e disse “eles não querem uma anistia ampla, geral e irrestrita porque isso permite que Brizola volte e seja candidato a presidente da República e eles [a oposição] não querem concorrência.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo 






sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O grande perigo da taxa de juros zero

Vários bancos centrais consideraram elevar a meta de inflação. Mas tal iniciativa tem diversas desvantagens 

Os mercados hoje estão obcecados sobre qual será o nível de elevação dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nos próximos 12 meses. Isso representa uma miopia perigosa: a verdadeira preocupação deveria ser o quanto ele poderá cortar os juros na próxima recessão profunda. Considerando-se que o Fed deve lutar para conseguir elevar seu juro básico para 2% no ano que vem, haverá muito pouco espaço para corte se houver uma recessão. 

A presidente do Fed, Janet Yellen, tentou tranquilizar os mercados numa palestra no fim de agosto, sugerindo que uma combinação de compra massiva de títulos do governo e orientação direta sobre política de juros poderiam alcançar o mesmo estímulo que cortar a taxa do overnight para -6%. Ela pode estar certa, mas a maioria dos economistas duvida que os instrumentos não convencionais de política monetária do Fed sejam tão eficazes. 

Há outras ideias que podem ser experimentadas. Por exemplo, o Fed poderia seguir a iniciativa recente do Banco do Japão de ter como meta taxas de juros de dez anos, em vez daquela de curto prazo na qual normalmente mira. A ideia é que, mesmo que as taxas de juros de curto prazo sejam zero, as taxas de longo prazo continuarão positivas. A taxa sobre os títulos de dez anos do Tesouro americano estavam em torno de 1,8% no fim de outubro. 

Esta abordagem pode funcionar por um tempo. Mas há igualmente um risco significativo de que eventualmente ela explodirá, da mesma forma como taxas de câmbio fixo tendem a funcionar por um período e depois provocam uma catástrofe. Se o Fed conseguir ser altamente convincente em sua meta de manter baixa a taxa de juros de dez anos, provavelmente poderia passar sem ter que intervir muito nos mercados, cujos agentes em geral estariam com muito medo para lutar contra o banco central mais poderoso do mundo. 

Mas imagine que o mercado comece a ter dúvidas, e que o Fed tenha sido forçado a intervir massivamente, comprando uma alta porcentagem da dívida total do governo. Isso deixaria o BC americano extremamente vulnerável a enormes perdas, caso as forças globais repentinamente elevassem o equilíbrio das taxas de juros, com o governo americano compelido a pagar taxas de juros muito mais elevadas para rolar sua dívida. 

As duas melhores ideias para lidar com o limite zero da taxa de juros parecem estar fora de alcance no momento. A melhor abordagem seria implementar todas as variadas mudanças institucionais, legais e tributárias necessárias para tornar as taxas de juros significativamente negativas, eliminando assim a necessidade do limite zero. Isso exige evitar que as pessoas reajam acumulando papel moeda; mas isso não é tão difícil. De fato, tentativas iniciais com políticas de juros negativos no Japão e na Europa causaram algum desapontamento. Mas as falhas nesses casos refletiram, em sua maioria, o fato de que os bancos centrais não podem por si mesmos implementar as políticas necessárias para tornar totalmente efetiva a política de taxa de juros negativa. 

A outra abordagem, analisada pelos economistas do Fed em meados dos anos 1990, seria elevar a meta de inflação de 2% para 4%. A ideia é que isto acabaria por eventualmente elevar o perfil de todas as classes de juros em dois pontos percentuais, reservando assim aquele espaço extra para corte.  Vários bancos centrais, inclusive o Fed, consideraram elevar a meta de inflação. Mas tal iniciativa tem várias desvantagens significativas. O problema principal é que uma mudança dessa magnitude arrisca minar a preciosa credibilidade do Banco Central; afinal, os bancos centrais têm prometido manter a inflação em 2% já há algumas décadas, e este patamar está profundamente incorporado em contratos financeiros de longo prazo. 

Além disso, assim como ocorreu na crise financeira de 2008, simplesmente ser capaz de reduzir as taxas de juros em 2% provavelmente não será suficiente. Muitas estimativas sugerem que o Fed gostaria de ter cortado os juros 4% ou 5% mais do que fez, mas não pôde reduzir mais depois que as taxas chegaram a zero.  Uma terceira falha é que, após um período de ajuste, os salários e contratos se tornam mais propensos a se ajustarem com mais frequência do que fariam com uma meta de inflação de 2%, tornando a política monetária menos eficiente. E, finalmente, uma inflação maior provoca distorções nos preços relativos e no sistema tributário — distorções que têm custos significativos, e não apenas durante recessões. 

Se ideias como taxas de juros negativas e metas de inflação mais elevadas soam perigosamente radicais, bem, a radicalidade é relativa. A não ser que os bancos centrais descubram uma maneira convincente de resolver sua paralisia no limite zero, provavelmente haverá uma torrente contínua de propostas inusitadas, ainda mais radicais. Por exemplo, Barry Eichengreen, economista da Universidade da California Berkeley, já argumentou que o protecionismo pode ajudar a gerar inflação quando os bancos centrais estão presos ao juro zero. E muitos economistas, incluindo Lawrence Summers e Paul Krugman, alertaram que reformas estruturais para aumentar a produtividade podem ser contraproducentes quando os bancos centrais estão paralisados, exatamente porque elas reduzem os preços.


Claro, há sempre política fiscal para gerar estímulo econômico. Mas é altamente desaconselhável que os gastos do governo sejam tão voláteis quanto teriam que ser para compensar a ineficiência da política monetária. Talvez não haja tempo suficiente antes que a próxima recessão profunda para lançar as bases para uma política de taxa de juros negativa ou para estabelecer uma meta de inflação mais alta. Mas isso não é desculpa para não considerar seriamente estas opções, especialmente se alternativas forem provavelmente mais problemáticas. 

Fonte: Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do FMI, é professor de Economia e Política Pública na Universidade de Harvard


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Mercado já aposta em queda de 1,7% do PIB e inflação de 9,15% em 2015

[até os petralhas sabem que a crise vai demorar, não é coisa para se resolver em dois ou três meses - a merdas que a Dilma e a petralhada fizeram com a economia foram inúmeras e bem fedidas.
Mas, a causa principal da crise está na permanência da Dilma -enquanto ela permanecer o governo não terá credibilidade, aliás, não teremos governo; 
logo que  Dilma SAIA a crise ainda persistirá, mas, sem a causa principal será  menor e com redução mais rápida.
Enquanto Dilma estiver presidente a crise vai continuar  aumentando e logo as previsões de aumento da inflação e da recessão serão diárias.]

Depois da divulgação de dados ruins sobre a atividade na semana passada, os analistas do mercado financeiro passaram a esperar uma retração econômica maior neste ano. A previsão saltou de 1,5% para 1,7%. No quadro desenhado pelos especialistas, há ainda mais inflação. O impacto da recessão econômica já afeta as projeções do ano que vem, que deve ter menos crescimento. No entanto, esse freio na economia faz com que os prognósticos para a inflação em 2016 melhorem.

Segundo a pesquisa que o Banco Central faz semanalmente com os economistas das principais instituições financeiras do país, 2015 deve ser um ano de um reajuste de tarifas de serviços públicos ainda mais pesado que o previsto antes. A projeção para a alta dos chamados preços administrados chegou a nada menos que 15%. Até a semana passada, a estimativa era de 14,9%.

Esse “tarifaço” tem impacto direto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A expectativa dos economistas para a inflação oficial neste ano passou de 9,12% para 9,15%. Essa foi a 14a alta seguida da perspectiva dos analistas. Está cada vez mais distante da meta de 4,5% com uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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Por isso, praticamente a totalidade do mercado financeiro espera mais duas altas da taxa básica de juros (Selic), que está em 13,75% ao ano. Com isso, os juros chegariam a 14,5% ao ano. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na semana que vem para decidir os próximos passos da condução da política contra a inflação. 

Por causa desse aperto, a previsão para a inflação no ano que vem caiu pela terceira semana seguida. Passou de 5,44% para 5,40%. Esse remédio contra a alta de preços tem custo: a retomada do crescimento econômico deve ser bem mais lenta que o imaginado antes. Há um mês, a aposta era de um crescimento de 0,7% em 2016. Na semana passada, estava em 0,5%. Agora, é de apenas 0,3%.  No entanto, esse ajuste na economia faz com que alguns números melhores. Um dos exemplos é a atração de investimentos estrangeiros, que entram no país para aumentar a capacidade de produção das fábricas. A estimativa para este ano subiu de US$ 66 bilhões para US$ 66,25 bilhões neste ano.

Já a expectativa para a balança comercial também melhorou na esteira da cotação maior da moeda americana. Subiu de US$ 5,5 bilhões para US$ 6,4 bilhões em 2015. Foi a quinta alta consecutiva. Tudo isso ajuda a diminuir o rombo das contas externas. A projeção para o déficit nas chamadas transações correntes _ resultado de todas as trocas de serviço e do comércio do Brasil com o resto do mundo _ caiu de US$ 80,5 bilhões para US$ 80 bilhões.
Para 2016, o mercado também reduziu a previsão para a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira. O número passou de 12,25% ao ano para 12%.

Fonte: O Globo


terça-feira, 30 de junho de 2015

Em termos de alta da inflação e dos juros, no governo da economista Dilma, também doutora em nada, o céu é o limite



Previsão de analistas para o IPCA neste ano sobe a 9%
Economistas também elevam projeção de Selic a 14,5% em 2015
Apesar de o Banco Central ter subido o tom do discurso de combate ao aumento de preços e de a equipe econômica diminuir o teto para a meta de inflação em 2017, os economistas do mercado financeiro traçaram um cenário pior para economia brasileira com mais inflação, recessão e juros. E todo esse ajuste esperado para a economia neste ano não mexeu nas projeções de inflação do ano que vem, o alvo do BC. 

Ao contrário, só retraiu a possibilidade de crescimento em 2016.  Os analistas das principais instituições financeiras, ouvidos na pesquisa semanal do Banco Central, aumentaram a previsão de inflação de 8,97% para 9% (a mesma esperada pelo BC) neste ano. Já a aposta para os juros básicos da economia subiu de 14,25% ao ano para 14,5% ao ano. E a previsão de recessão em 2015 passou de 1,45% para 1,49%.

Depois da leitura de que o BC será mais rigoroso, a ideia é que a autarquia deve aumentar a taxa Selic, que está em 13,75% ao ano, em mais 0,5 ponto percentual em julho e mais 0,25 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro. A política monetária só seria afrouxada no ano que vem. Mesmo com mais juros, remédio contra o aumento de preços, o mercado não mexeu nas expectativas para a inflação em 2016.

Segundo o levantamento do Banco Central, a perspectiva para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou estável em 5,5% no ano que vem. É o mesmo patamar das últimas seis semanas.  Estamos chegando no limite do fundo do poço. Esses ajustes nos levam a uma estagflação que deve ter seu pico no segundo semestre. Apesar de ser feita com números, economia é uma ciência social. Não é adivinhação, mas é percepção de que as coisas não vão melhorar — argumentou o professor do Ibmec Gilberto Braga.

Por outro lado, mais juros significa uma retomada mais lenta da economia em 2016. A estimativa para o crescimento da atividade econômica caiu de 0,7% para 0,5%. Essa foi a terceira revisão para baixo consecutiva.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

A farra dos Bancos – Santander lucra R$ 1,16 BI e Cielo lucra 911,8 MI



Santander anuncia lucro de R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre
Valor é 15% maior do que o mesmo período do ano passado, diz banco
O Santander Brasil encerrou o primeiro trimestre com lucro liquido de R$ 1,6 bilhão, valor 15% superior aos ganhos do mesmo período de 2014. O resultado, classificado pelo banco como lucro gerencial, não considera o impacto de despesas com amortização de ágio. Se incluído esse gasto, o lucro líquido ficou em R$ 683,8 milhões, um aumento de 31,9% frente ao mesmo trimestre do ano passado considerando a mesma base de comparação (lucro societário).

A carteira de crédito do Santander alcançou saldo de R$ 258,23 bilhões ao final de março, o que representou um avanço de 15,3% em relação à posição de um ano antes. Frente ao saldo de dezembro de 2014, o aumentou foi de 5,2%.

O índice de inadimplência para operações vencidas a mais de 90 dias caiu 0,4 ponto percentual em relação a março de 2014, para 3,3%. O resultado da operação do Santander no Brasil representou 21% do lucro global do banco, que foi divulgado nesta terça-feira e alcançou 1,7 bilhão de euros nos primeiros três meses do ano.

Desaceleração do mercado de cartões pesa no resultado da Cielo

Empresa tem lucro 14,9% maior, mas volume de transações sobe apenas 5,8%

A companhia anunciou nesta quarta-feira que teve lucro líquido de R$ 926,17 milhões no período, alta de 14,9% sobre um ano antes. Considerando apenas o resultado atribuído a acionistas da companhia, o lucro de R$ 911,8 milhões foi 13,6% maior, também na comparação anual.

Na esteira da menor atividade econômica do país, o volume de transações com cartões de crédito e de débito processado pela Cielo subiu apenas 5,8% em 12 meses, a R$ 126,5 bilhões, distante do crescimento de dois dígitos que caracterizou esse mercado no Brasil nos últimos anos.

Em número de transações, o aumento foi de 8,1%, revelando também uma queda do tíquete médio das operações.

Fonte: G 1

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Balanço da Petrobras = tiro pela culatra



Mercado recebe mal o balanço da Petrobras e ações têm forte oscilação 

Na abertura, as ações da estatal chegaram a cair mais de 7% e figuraram entre as maiores baixas do Ibovespa, mas no fim da manhã as perdas eram menores
Se havia dúvida sobre como o mercado receberia o balanço da Petrobras, que mostraram uma perda de R$ 6,2 bilhões com corrupção, agora elas acabaram.  

As ações da Petrobras abriram com queda expressiva nesta quinta-feira, 23 após a empresa ter anunciado ontem que encerrou 2014 com prejuízo de R$ 21,587 bilhões. No fim da manhã, porém, a queda já era menor.  Às 10h25, o papel preferencial (PN) cedia 7,39% e o ordinário (ON) recuava 5,03%, ambos no topo das maiores baixas do Ibovespa

Às 11h10, porém, a ON já subia 0,30% e a PN recuava 3,73%. O principal índice da Bolsa, no mesmo momento, registrava desvalorização de 0,68%, aos 54.245 pontos. Um bom sinal veio hoje com a elevação, pelo HSBC, da projeção de preço-alvo para ações PN da Petrobras de R$ 7 para R$ 9. Ainda assim, a maioria do mercado se desfaz das ações da companhia.

Para calcular as perdas com corrupção, a Petrobras considerou a a aplicação de um porcentual fixo sobre o valor total de todos os contratos entre 2004 e abril de 2014. Os mesmos 3% que foram indicados nos depoimentos do ex-diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, que depois de preso pela Polícia Federal, revelou o esquema em delação premiada.  A Petrobras reconheceu em seu balanço financeiro de 2014, divulgado com atraso, a perda de R$ 6,194 bilhões por causa de gastos relacionados à corrupção, feitos de 2004 a 2012, e identificados nas investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal. Outros R$ 44,636 bilhões foram registrados como perdas após revisão no valor de ativos. Com isso, registrou prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991. A estatal pontuou que as investigações internas e externas ainda estão em andamento, mas que já toma medidas jurídicas necessárias perante as autoridades brasileiras para buscar ressarcimento pelos prejuízos sofridos, incluindo aqueles relacionados à sua reputação. A Petrobrás espera inclusive, entrar com ações cíveis contra membros da Lava Jato.

Dívida da estatal cresce e bate recorde
O endividamento total da Petrobras aumentou 31% em 2014 e atingiu R$ 351 bilhões
, um recorde no setor de petróleo mundial. O presidente da companhia, Aldemir Bendine, reconheceu que a delicada situação da estatal é o "desafio central" para a retomada do crescimento. Outro indicador que aponta a capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a alavancagem subiu 36% na comparação com 2013, expondo a urgência da estatal em conseguir novos recursos.

A alavancagem é medida pela relação entre o total de endividamento líquido e a sua capacidade de geração de caixa (Ebtida) para pagar o que deve. Nesse indicador, a estatal ultrapassou a marca de 4,7 vezes. Um nível considerado adequado pela própria estatal, por meio de seu conselho de administração, seria de 2,5 vezes. Para efeito de comparação, a Exxon, maior petroleira do mundo, registrou alavancagem de 0,48 em 2014. "A companhia passou por um período de dificuldade onde foi a mais prejudicada. Hoje, a gestão de dívidas é um dos desafios centrais da Petrobras. Passada a limpo, retomará a capacidade enorme de geração de valor para os acionistas e toda a sociedade brasileira", afirmou Bendine. Segundo a estatal, a alta no endividamento se deve a uma depreciação cambial de 13,4%.

A viabilidade do pagamento das dívidas da companhia está ligada ao prazo contratado. De acordo com o balanço, nos próximos três anos, a companhia deverá amortizar cerca de R$ 45 bilhões por ano. Nos anos seguintes, o nível se elevará até atingir o volume de R$ 208 bilhões em 2020. Esses prazos estão relacionados à expectativa da companhia de aumentar sua produção. De acordo com o último Plano de Negócios, de 2014, a estatal prevê dobrar a produção atual, de 2,6 milhões de barris por dia para 4 milhões de barris. Ontem, a diretoria informou que está revisando o Plano de Negócios, para parâmetros mais realistas, de acordo com o atual cenário mundial.

Piora
A situação da Petrobras começou a se deteriorar a partir de 2010, quando adotou uma política de preços de combustíveis ajustadas à política macroeconômica do governo. Por três anos, a companhia represou reajustes de preços e sacrificou seu caixa para evitar uma alta da inflação. A estatal estima que as perdas chegaram a R$ 80 bilhões no período.  Segundo os dados divulgados ontem, o endividamento líquido da companhia ficou em R$ 282 bilhões, descontadas as disponibilidades de caixa e financiamentos contratados no último ano. Mesmo com esses descontos, a Petrobras ampliou em 27% seu endividamento.

A alavancagem é um dos itens fundamentais na análise da segurança financeira da companhia para as agências de classificação de risco, por exemplo. A Moody´s atribuiu à fragilidade do indicador o motivo de retirar da empresa, em fevereiro, a nota de grau de investimento. Essa nota indica aos investidores que a empresa representa um risco muito baixo. As outras duas agências globais, a Standard & Poor’s (S&P) e a Fitch sinalizaram que poderiam também rebaixar a Petrobras.

Diante do grande desafio, Bendine informou que vai detalhar as estratégias para reduzir o endividamento no Plano de Negócios e Gestão para os próximos cinco anos, em um prazo estimado de 30 dias. Segundo ele, será preciso "controlar a ansiedade para entender a companhia daqui para frente".  "A melhora do endividamento se dará com a melhor geração de caixa, com a nossa financiabilidade. Já demonstramos que temos credibilidade com os organismos financeiros, como os recentes financiamentos obtidos. E se houver demanda com nosso plano de desinvestimentos", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.